- Kimberly, estou esperando uma explicação. - Falou o garoto enquanto aguardava eu dizer algo.
KIMBERLY? Ele nunca tinha me chamado assim antes e eu nunca tinha o visto daquele jeito, tão sério e preocupado.
- Eu… Eu cai da escada.
Ele me olhou surpreso e se afastou de mim, nossos olhares se cruzaram, e eu não consegui dizer mais nada. Connor me olhava de um jeito estranho, não gostei daquele olhar, senti como se ele tivesse desapontado comigo. Queria estar errada.
- Eu pensei que você confiasse em mim.
Abaixou a cabeça e saiu da sala. Corri atrás dele para saber o que ele faria, tinha medo de que ele fizesse alguma loucura.
- O que você vai fazer? - O puxei pelo braço fazendo com que ele se virasse para mim.
- O que você deveria fazer. Vou denunciá-lo.
- Não, você não pode.
- Posso e não
Ao voltar pra casa, me deitei no sofá e tentei dormir, mas eu só conseguia pensar em Connor, e na forma tão terna que ele me tratava. Ah, seu toque, seu beijo, a forma doce dele me tratar, o seu jeito de me olhar, tudo nele era fascinante, seria estranho se eu não me apaixonasse por ele, se eu não o desejasse com loucura, de um modo que eu não sabia que era possível desejar alguém. Era um amor sincero, verdadeiro, sem maldade, tudo o que queríamos era poder viver o nosso amor, e sermos felizes, e eu tinha a esperança de que esse dia ainda chegaria, ainda seríamos muito felizes, e eu viveria uma felicidade que até então eu desconhecia, ah, como eu queria que isso acontecesse logo, será que era pedir muito?Lucas trabalhava para uma empresa de forma home office, no entanto, antes dele começar a me torturar, estava buscando um outro emprego que não fosse como o atual,
Dia após dia, semana após semana e o inferno só aumentava, eu estava acabada, não tinha vontade de nada, estava com hematomas por todo o meu corpo, tudo doía, eu mal conseguia ficar em pé, pois as agressões eram constantes, ele me batia por besteiras, como quando eu falei que daria banho nas meninas, e ele disse que não tinha necessidade de eu dar naquele horário, então eu falei que aquela hora seria melhor porque depois ficaria muito tarde, ai ele disse ''ah, vai me desobedecer, é?'' e aí foi cintada para todos os lados. Lucas estava mais violento do que o normal, pois antes ele ainda tinha momentos em que era carinhoso e até romântico, mas ultimamente ele só me dirigia a palavra para brigar, as vezes me batia até na frente das meninas e nem adiantava ambos chorarem e berrarem para ele parar, pois ele só parava quando cansava, e demorava para isso acontecer, quando
Assim que o sinal para o segundo período tocou, eu chamei Kevin para conversar e nos dirigimos até a sala de reforço, que estava vazia. Me sentei de frente para ele e o olhei, o garoto estava cabisbaixo, nem conseguia me olhar nos olhos, estava visivelmente triste e envergonhado. Por um momento cheguei a me ver nele, eu sabia exatamente o que aquele pobre menino estava sentindo, e eu sabia o quão difícil era contar isso para alguém, se eu tivesse coragem de contar que comigo acontecia o mesmo, talvez ele tivesse coragem de se abrir comigo, mas e se não fosse isso? E se ele estivesse se envolvido em alguma briga de adolescentes? Sem falar no fato que eu não conseguia me abrir sobre isso para qualquer pessoa.- Quer me contar o que está acontecendo? - Peguei em suas mãos lhe passando segurança. Ele me olhou e fez menção em falar. - Ah, e não me dê desculpas bobas, porque eu n
- Professora, me ajuda, por favor, eu não quero mais isso. - Falou Kevin.Pensei por um instante, não sabia o que fazer, eu não podia levá-lo para minha casa por conta do maluco que morava comigo, e o pobre garoto me contou que não tinha nenhum lugar que ele pudesse ir, foi aí que eu tive uma brilhante ideia.- Acho que eu sei como te ajudar.- Como? - Seu olhar refletia curiosidade.- Me encontra na frente da sala 301 assim que o sinal tocar. Já sei o que faremos.Kevin não havia entendido nada, mas estava curioso para saber no que eu havia pensado, eu estava torcendo para dar tudo certo, pois eu queria muito ajudá-lo, não conseguiria saber que um aluno meu está passando por isso e que eu não fiz nada para ajudar, eu não permitiria e nem seria conivente com um absurdo desses.Trabalhei super malnesse dia, mal conseguia me concentrar
Kevin e Connor estavam cada dia mais amigos, não se desgrudavam, e a tia do meu menino estava tratando o meu aluno do mesmo jeito que ela tratava o sobrinho, ou seja, como um filho. E havia ficado decidido, que Kevin ficaria morando lá pelo tempo que ele precisasse.Connor e eu estávamos em uma sala de aula, recém havia tocado o sinal para irmos embora, mas havíamos decidido ficar um pouquinho mais, de vez em sempre fazíamos isso.- Obrigada por estarem cuidando dele. - Falei.- Kim, ele foi tão machucado, eu não consigo nem imaginar o que esse garoto sofreu, eu jamais o trataria de outra forma, tudo o que ele merece é ser cuidado, amado e protegido. E quer saber? Tô adorando ter um irmão.Lhe dei um selinho calando-o e lhe pegando de surpresa. Como eu já disse antes, seria impossível eu não me apaixonar por ele, e seria impossível se meu coraç&a
ConnorKevin e eu chegamos em minha casa, largamos nossas mochilas em cima do sofá e fomos direto para nosso quarto. Sim, o meu quarto havia virado nosso, minha tia até tinha comprado uma cama de solteiro para ele, ah, confesso que eu curtia ter com quem conversar durante a noite.Não vou negar o fato que eu sentia um pouco de ciúmes com essa aproximação dele com a Kim, mas aos poucos, eu estava começando a adorar esse moleque, o mino é mó da hora, acho que o dia que ele não morasse mais em minha casa, eu sentiria falta.- Então, quer dizer que você tá pegando a professora de espanhol? - Kevin se jogou em sua cama e me encarou aguardando por minha resposta.-Aconteceu tudo tão naturalmente. Em um dia, ela era apenas uma professora como as outras, mas no outro dia eu já estava completamente apaixonado. Sabe, eu nunca namorei antes e nunca tinha me
KimFiquei muito surpresa com o que Connor havia me dito, o meu menino tão doce e sensível estava falando em matar uma pessoa, eu não sabia se ele seria capaz de um ato tão cruel assim, mas não queria pagar pra ver, e por pior que Lucas pudesse ser, ninguém tem o direito de tirar a vida de ninguém, só quem tem esse poder é Deus, bem que Ele poderia me ajudar nessa, mas Ele é tão bom que não quer mandar esse encosto nem pro Diabo.- Amor… Eu não quero que você machuque ele e nem ninguém. - Falei. - Pensa só, você o mata, mas daí não podemos ficar juntos porque você vai preso. Claro que eu não te denunciaria, mas não existe crime perfeito, né?- Eu não ligo se eu passar a minha vida inteira atrás das grades, eu só não quero mais te ver assim, toda machucada.Dei
No dia seguinte, acordamos bem cedinho para metermos o pé na estrada. Eu estava com tanto medo do que pudesse acontecer dali em diante, mas mesmo assim eu quis correr o risco, vai que dessa vez ele não me encontrasse, era tudo o que eu mais queria.Ao acordarmos, tomamos banho bem rápido, primeiro eu tomei com as meninas e depois Connor também tomou, tomamos um café rapidamente no quarto mesmo, pagamos a conta e então colocamos os pés na estrada.Mais horas e horas de viagem e sem termos para onde ir, Connor e eu só pensávamos em ir para o mais longe possível, ele queria que a gente saísse do país, mas eu não queria isso, pois assim eu ficaria mais longe também do meu pai.Após um pouco mais de 12 horas de viagem (contando as pausas para as refeições), a gente parou para acampar em um camping, no meio do caminho, havíamos comprado u