Alex e Jenifer saíram cedo no dia seguinte. Segundo informações, conseguiriam uma praia ali perto. Ele não gostava de praias, mas Jenifer dissera que nunca visitara nenhuma e ele queria aproveitar bem os dias com a menina para que ela se divertisse bastante.
Chegaram cedo. Era um lugar pouco movimentado e com a água bem limpa. Colocaram uma toalha no pé da única árvore que ali acharam. Sentaram na sombra. Olharam a imensidão do mar e sorriram.
Jenifer estava feliz por estrear um biquíni que comprara na loja com Alex. Tinha ali tudo que precisava. Uma pessoa que lhe fazia feliz e paz.
Naquele dia, a menininha provou o famoso camarão no espetinho, feito com tempero de limão e assado sob o sol da praia. Era uma delícia. Comeu cinco. Alex se divertia com a menina que experimentava aquelas comidas.
Chegaram na beira da água e molharam os pés. Por mais que p
A quarta-feira amanheceu com chuva. Alex acordara cedo com o intuito de levar Jenifer para passear em algum lugar. Entretanto, com a chuva forte, não poderiam sair.A menina levantou, ainda com as roupas de praia.– Ei, princesa, você dormiu muito ontem. Precisa de um banho.Ela nem mesmo olhou para Alex:– Estou indo.Alex estranhou a resposta da menina. Nos dois dias anteriores, ela o tratara com muito amor e carinho, e dera uma resposta fria para Alex naquele momento.A menina demorou no banho quente, chateada ainda com a ideia de que Alex não iria ficar com ela. Ela tinha tantas esperanças, e na verdade, se sentia enganada. Naquele momento, não achava Alex melhor do Estela.Terminou o banho. Ele a esperava com um reforçado café da manhã. Comeu sem dirigir uma palavra a ele. Depois, voltou para seu quarto e deitou, se cobrindo com as cobertas coloridas.O pro
Jenifer acordara cedo. Já se passara a segunda, a terça na praia, a quarta passara deitada com pensamentos ruins. Restavam apenas três dias e não queria de forma alguma perder nenhum tempo que pudesse passar com Alex.Foi ao quarto. Ele dormia profundamente. Retornou para a cozinha. Olhou o que tinha ali e resolvera preparar o café da manhã. Pegou água, ferveu para fazer o café. Colocou leite na leiteira e esquentou. Arrumou em uma bandeja pão, queijo, presunto e geleia. Levou para a sala.Alex, escutando o barulho na cozinha, despertou. Chegou na sala na hora que ela acabava de arrumar tudo:– Acordou cedo, Jenifer.A menina se assustou. Estava distraída.– Oi, Alex. Eu preparei o café para nós.– Vejam só! Cheia de habilidades!Tomaram café juntos. Conversaram como se o dia anterior não tivesse acontecido. Riram,
Alex e Jenifer se acostumaram com a companhia um do outro. Aqueles sete dias juntos fizeram com que criassem um laço muito forte. Tão forte que não conseguiam nem mais pensar em viverem separados.Para Alex, era a renovação. Era a menina que mudara sua vida. Para Jenifer, era a chance de estar com alguém que realmente a amava.Mas o sonho estava acabando. Chegara o domingo de noite e, na segunda, Alex voltava a trabalhar e teria que levar a menina com ele. Ela deveria voltar para aquele abrigo frio, com o medo de Estela fazer alguma coisa.Aquela semana juntos passou muito rápido. O domingo despontara e nem mesmo sabiam como era possível. Jenifer pediu para não sair de casa naquele dia. Queria aproveitar a presença de Alex o dia inteiro.Quando a noite chegou, os dois se abraçaram. Ficaram abraçados, sentados na cama de Jenifer. Choravam. Choravam porque não queriam
Quando o dia acabou no abrigo, Alex levou Jenifer até seu carro. Depois, retornou e pegou uma caixa que deixara na sua sala. Colocou na mala do carro.Estela observava os dois saindo. Não conseguia acreditar que a menina estava indo embora de novo. Se bem que era indiferente. Não ia conseguir nada naquela noite com a menina. Precisava de uma solução urgente, o homem esperava que ela entregasse a menina o quanto antes.Andou pela sala e se irritou mais uma vez. Teria que se livrar de Alex se quisesse ter a menina. Mas não era tão simples assim. Ele tinha uma grande influência e ela apenas tinha uma desconfiança de quem pudesse ser a pessoa por trás de Alex. Mal sabia que essa pessoa estivera naquele dia com ela no abrigo.Tentou ligar para João. Queria saber se ele conseguira algum avanço em seu plano B. Como sempre, ele não atendeu o telefone. Ela ficara ainda mais irritada
As semanas seguintes passaram sem nenhuma mudança. Alex levava Jenifer para o abrigo e a trazia de volta no final do dia. Estela e João estavam quietos. O doutor continuava sua investigação e contatara o Capitão Silva.Tudo mudaria naquele dia.Alex e Jenifer foram para o abrigo pela manhã, como faziam sempre. Desceram do carro e carregaram seus pertences para a sala de informática. A menina, como sempre, estava abraçada a sua boneca.As aulas aconteciam normalmente.Alex percebeu uma diferente movimentação na sala de Estela. Dois homens, um usando um tapa-olho e outro de terno e gravata, conversavam com Estela e João, como que discutindo alguma coisa importante.Para sua surpresa, ele foi chamado para a conversa, assim que passou pela sala. Estela o gritou:– Alex, venha aqui, esse assunto cabe a você.Sem saber o que poderia acontecer, ao mesmo
Jenifer nascera em uma família com uma alta condição financeira. Sua mãe engravidara, Antes da menina nascer, ela já havia se separado do pai. Tiveram uma briga que resultou no final de um longo namoro. Ele nem ao menos soube que seria pai. E ela jamais o vira de novo para contar da menina.Gerente de uma grande loja de venda de produtos, ela passava grande parte do dia trabalhando em frente ao computador. Foi assim durante toda a gravidez.Quando Jenifer nasceu, teve a ajuda de sua mãe, já muito idosa, que tinha na neta a última fonte de alegria da vida. Ajudava a cuidar da menininha e a embalava em seus braços já gastos do tempo, acalmando-a. Era uma pessoa grata por ter visto a neta nascer.Os anos foram passando e, perto de Jenifer completar quatro anos, a avó adoeceu e morreu.Sozinha com a menina, em uma enorme casa de dois andares, ela sentia a necessidade de companhia. Ol
O doutor ligou para um amigo advogado e explicou toda a situação. Disse o quanto a menina sofria e o quanto precisava de uma solução rápida.– Doutor, vou entrar com um pedido agora para que ele seja investigado. Não sei se conseguirei algo hoje ainda.– Você não está entendendo a gravidade. O homem que batia nela tem sua guarda. E quer levar a menina.– Doutor, temos que seguir a lei. E, provavelmente, o juiz vai dar a guarda ao pai.– Padrasto.– Sim, mas ele vai alegar que criava a menina junto com a mãe. É o responsável legal. Não sei se conseguiremos vencer. Tentarei.– Obrigado.Estela, João e Marcelo esperavam o retorno de Alex com a menina. Estavam já impacientes pela demora. Marcelo foi o primeiro a se manifestar:– Onde está aquele desgraçado com
Alex voltara a ter insônia. Aquela fora a pior de suas noites desde que se mudara para a cidadezinha. A menina não estava ali com ele. Era ela que lhe trazia alegrias. Era ela que lhe dava um motivo para viver de novo.Ao ver Jenifer entrar no carro e dizer “eu te amo”, um antigo sentimento, uma lembrança dolorosa, talvez a pior de todas, voltou à sua mente. Sua filha, em seus braços, olhando para ele e dizendo: “papai, eu te amo”, e fechando os olhos, sem vida. Ver Jenifer entrar naquele carro lhe trouxe de volta aquele sentimento, aquela sensação de que não era capaz de salvar ninguém. Sentia-se um lixo, um inútil. Fora justamente este sentimento, este acontecimento, que motivara Alex a fazer tudo que fez depois.Antes de levantar do sofá, seu celular tocou, indicando que recebera uma mensagem. Pegou e abriu. Era uma mensagem de Jenifer para ele:“Estou be