Após desfazer o mal-entendido com a pobre funcionária, que estava temendo o pior, Saulo e Oliver foram até o canavial, levando mais três homens para ajudar a tentar achar essa tal Rosa misteriosa, já que não havia mais nenhuma outra funcionária, ou moradora na vila com esse nome.— Tem certeza que isso não foi coisa de sua cabeça? — Oliver perguntava ao amigo, que já havia descrito a aparência de mulher uma cem vezes.Estava escurecendo e nenhum daqueles homens estava tendo sucesso no resultado das buscas.— Eu não sou doido Oliver, pensa numa morena linda, dos cabelos longos, pretinhos igual carvão, ela tinha um chapéu na cabeça e carregava o chinelo quebrado na mão, usava um shortinho jeans pequeno, revelando belas coxas.— Tudo bem, já chega! Do jeito que você já falou tanto dela, é perigoso eu vê-la também, como uma aparição na minha frente, seja lá quem for essa mulher, já deve ter ido embora daqui, daremos por cancelada essa busca, com certeza ela conseguiu achar o caminho de ca
Assustada ao ver o homem à sua frente, tentou se recompor.— E você, além de andar armado, fica de tocaia esperando uma vítima? — Nada melhor do que usar a defensiva para aliviar o susto e a vergonha. — Você não me deixou explicar, eu não sou nenhum maníaco, sou advogado, e a arma é para defesa pessoal. — Aproximou se explicando. — Se serve de consolo, a minha corrida ontem a tarde, também foi para defesa pessoal. — Explicou. O homem caiu na gargalhada. — Você é meio doidinha assim mesmo? — Se aproximou mais, a examinando de perto, estava louco para vê-la outra vez, pois a moça havia dominado seus pensamentos a noite toda, e quando dormiu, ela apareceu em seus sonhos. — Meu Deus, que coisa mais linda você é, além disso, tem um senso de humor incrível. Denise ficou sem jeito, não esperava ouvir um elogio, então resolveu ignorar o homem e continuar o seu caminho. — Já que desfizemos o mal-entendido, eu vou me embora. — Saiu dando passos largos e sem jeito, parecia até que se esqu
A noite, após o jantar, Denise ajudava arrumar a cozinha na casa da tia e aproveitava para perguntar sobre a conversa que ouviu do senhor Caetano mais cedo.— Por que ele não gosta da namorada do filho, tia? — A curiosidade era maior, queria saber de tudo que se passava naquela casa.— Porque ela é muito metida, não queira nem conhecer a criatura, já se acha a dona do lugar, sem ao menos ter se casado com o senhor Oliver ainda.— E como ela é? — Estava interessada. — De aparência, ela é muito bonita?— Você quer mesmo conhecê-la? Amanhã vá à farmácia, ela trabalha lá, finja que vai comprar alguma coisa, só para vê-la, a bicha é linda que só, mas é um poço de arrogância.— Ela é filha de alguém rico ou influente da região tia, por isso se comporta assim?— Que nada. — Lucia ria. — Ela veio num caminhão, com muitos peões procurando emprego, sua sorte, foi que o Oliver bateu o olho nela e a achou bonita, se não estava limpando galpão como a maioria das outras mulheres, empregadas aqui, n
Denise se sentiu muito ofendida com o que havia acabado de escutar, como aquele senhor teria coragem de insinuar uma coisa tão nojenta daquelas? Sem deixar que ele pensasse alguma coisa errada ao seu respeito, ela já o respondeu.— Está me estranhando por acaso? — Perguntou num tom mais elevado. — O senhor tem idade para ser meu pai, e, além disso, eu não sou esse tipo de pessoa não! — Disse direta, não daria liberdade para aquele velho safado.O homem por sua vez, se sentiu surpreso, não esperava que a moça respondesse mal a sua investida, pensou, que por ela ter uma cara de menina simples e meio matuta, achou que ela ficaria caladinha.Tentando reverter a situação, o homem se desculpou.— Você deve ter interpretado mal a nossa conversa, eu não quis dizer isso, você que entendeu errado, menina, olha! Vamos deixar isso de lado, tudo bem? Fica no refeitório mesmo, eu vou te encaminhar para lá. — Túlio suava frio. — E que esse mal-entendido morra aqui, está me ouvindo? — Perguntou deses
No caminho para o canavial, Denise e Saulo riam ao lembrar a primeira vez que se viram.— Não acredito que chamaram homens para me procurar. — Denise gargalhava.— Fiquei preocupado demais, esse canavial tem quilômetros de extensão.— Você achou que eu tinha algum problema de cabeça é?— Para ser bem sincero, até hoje acho. — Dessa vez, foi Saulo que gargalhou, vendo que Denise fez uma cara nada boa. — Estou brincando, fiquei preocupado porque você saiu sem direção e sem me escutar, me sentiria culpado se acontecesse algo com você.— Você seria culpado mesmo, aliás, por sua culpa machuquei meus pés.— Então a pomada para frieira é para isso? — Riu, desligando o carro, pois haviam chegado num ponto específico, que só daria para ir caminhando, já que era próximo ao rio.— Eu não comprei pomada, engraçadinho, comprei isso aqui. — Denise tirou o hidratante labial da bolsa, aproveitou que o carro estava parado, usou o espelho do quebra-sol para passar o hidratante de morango nos lábios.—
Denise contou tudo o que houve no escritório de Túlio, quando foi procurar por emprego mais cedo.— Olha morena, não se preocupa com isso, tudo bem? Darei um jeito de garantir que ele nunca mais te falte com respeito, você não irá mais passar por algo desse tipo na sua vida, eu garanto.— Obrigada, mais o que você vai fazer? — Perguntou preocupada.A última coisa que queria naquele momento, era causar algum tipo de confusão.— Nada de mais, só terei uma conversa com ele. — Se levantou. — É melhor irmos, está quase na hora do almoço, queria muito te convidar para ir até a capital, mas hoje não vai dar.— Sem problemas. — Respondeu triste.Ela pensou que os dois passariam o dia juntos, mas sentiu que ele estava com pressa em ir embora, então algumas dúvidas começaram lhe vir à mente.No caminho para casa, os dois estavam em silêncio, Denise até pensou se realmente foi uma boa ideia ter contado a Saulo sobre a atitude do administrador, já que ele dirigia o carro com um semblante muito sé
Eram quatro da tarde e Denise estava deitada em sua cama, pensando em Saulo. Havia dois sentimentos dominando seu coração, o primeiro era a felicidade por ter uma manhã maravilhosa e inesquecível, seu coração palpitava, ao lembrar daquele homem de olhos tão penetrantes, beijos apaixonados, de toque envolvente e intensos.O segundo, era a frustração, o fato dele ter ido embora rápido, a entristeceu.— Será que ele me achou fácil demais? — Sua consciência a perturbava.Ele havia deixado claro que queria beijá-la desde o primeiro dia, então com certeza, fazer aquilo que fizeram no rio, estava em seus planos também, tinha medo que agora por já conseguir o que queria, não a procurasse mais.Seus sentimentos estavam confusos, como que aquele homem conseguiu em tão pouco tempo tomar conta de seus pensamentos, e por que se sentia tão triste em pensar na possibilidade de não vê-lo outra vez?Denise saiu de seus devaneios, ao ouvir a porta da frente ser aberta, se assustou, pois não era horári
Denise explicou o mesmo que disse a tia, e mesmo desconfiado, o tio acreditou na versão da sobrinha.— Quando acontecer uma coisa dessas, você deve me chamar na mesma hora, filha, eu já não gostava muito do senhor Túlio, com uma dessas, agora fico mais revoltado ainda.— Mas o importante que já está tudo esclarecido, tio, o Saulo me ajudou.— Senhor Saulo, Denise, senhor! — Corrigiu. — Mesmo que vocês pareçam tem a mesma idade, ele é nosso patrão também, deve-se manter a distância e o respeito entre funcionário e chefe, para não ter nenhum tipo de confusão.— Tudo bem, tio, agora vou dar uma volta, tá?— E onde você vai?— Vou caminhar um pouco, como começo a trabalhar amanhã, tenho que aproveitar meu último finalzinho de tarde de folga.— Tudo bem, mas cuidado por aí, amanhã vai ter festa e estão montando algumas coisas lá na praça, tem muita gente estranha andando pela vila.— Está bem, mais tarde eu volto.Denise saiu de casa, e dando uma volta no quarteirão, encontrou o carro de S