Dois meses depois… — Cara, você precisa entender que sou advogado e não fazendeiro. Saulo estava em minha sala do escritório, daquele jeito de sempre, seu sarcasmo e humor nunca mudaram, independente de como as coisas estavam. — Não reclama, pois sei que você está gostando. — Eu gosto, não vou negar, mas você me colocou para assumir o seu lugar, tem ideia da responsabilidade? — Foi por isso que te escolhi, confio em você e não se preocupa, logo voltará a sua vida normal e monótona. — O provoquei. — Ei! Minha vida de monótona não tem nada em. — Fingiu-se ofendido. — Se você está falando. — Oliver, você já está trancado nesse escritório praticamente há dois meses, cara, você ainda não conseguiu provas suficientes para tirar o Noah da Liana? — Estou juntando tudo, preciso do máximo possível, não quero correr o risco dela recorrer ao tribunal. Quando eu pegar a guarda total do Noah, quero que seja definitiva, então a mandarei embora e darei ordens a toda segurança para que ela nã
— Vem comigo, com esse barrigão aí, você não aguenta mais abaixar não. — Ai, Rafa, obrigada! Estava caminhando com Rafaela até o centro. — Olha, Aurora, se eu fosse você, eu pegaria um atestado. Você está com seis meses de gestação, mas parece que já está para ganhar. — Bem, é por causa desses dois garotinhos aqui dentro. Descobri esperar dois menininhos. — Você já devia ter escolhido os nomes, Aurora. — Eu sei, mas vou esperar mais um pouquinho. — Escuta, o Tácio já contratou uma pessoa para a limpeza, você ficará apenas responsável pela copa. — Ele e suas gentilezas, olha Rafa, acho que já passou da hora de você falar dos seus sentimentos para ele. — Insistia. — Como vou falar agora? Ainda mais ele gostando de você. — Rafaela! — A repreendi — Eu já te falei que entre nós dois, não há possibilidade nenhuma de algo acontecer, mesmo se você não gostasse dele. Eu já tenho uma pessoa no meu coração e é por ela que lutarei. — Lutar como? Você nem conversou ainda sobre sua gravi
— Oliver se acalma, o que vai fazer? Eu andava de um lado para o outro no escritório, enquanto Saulo ficava na porta, com medo de que eu saísse e arrebentasse a cara de Liana. — Quero que você pegue o Noah e a Denise e saia daqui imediatamente! — Disse nervoso. — Eu não vou deixar você sozinho. — Eu não vou fazer nada com ela, não se preocupa. — Mesmo assim, mandarei Joaquim levar a morena e o Noah para bem longe, pega logo toda essa gravação e vamos até à delegacia agora. — Ela matou meu pai, Saulo! — Engolia um nó na garganta enquanto falava isso. — Meu pai foi assassinado! — Fala baixo, cara, não adianta fazer nada contra ela agora, eu juro que estou tão nervoso quanto você e minha vontade é esganá-la, mas, você disse mais cedo, que pensa no Noah, imagina ele crescer sem a presença do pai, por ele estar atrás das grades. — Eu se, eu sei! — Tentava raciocinar sem deixar minhas emoções me dominarem. — Chama a Denise e o Joaquim aqui agora! Sentei-me na mesa e comecei fazer o
“Um acidente aconteceu agora a pouco, na estrada que liga a uma das fazendas mais importantes do país. A notícia que se tem é que houve uma vítima fatal, que já foi identificada. Liana Passos, de 26 anos, estava dirigindo uma Ferrari em alta velocidade, quando perdeu o controle do veículo, que acabou caindo da ponte. Liana teve o corpo carbonizado, morrendo na hora, um carro que passava no local registrou tudo. Nas imagens, pode-se ver a Ferrari em alta velocidade. Liana era solteira, mas deixou um filho menor de 1 ano, mais notícias em breve” Na televisão, que ficava na recepção do saguão do consultório, passava as últimas notícias do trágico acidente que acabava de acontecer. — Bom dia, Rafa! — Falo, entrando no saguão, havia acabado de fazer uma ultrassonografia, o que me fez chegar atrasada. — Bom dia, Aurora. — Por que o volume da televisão está tão alto? — Ah, é porque estava ouvindo uma notícia. — O que aconteceu de tão importante para chamar sua atenção? — Foi um acident
Eu estava parado no acostamento da ponte, enquanto a equipe de bombeiros tentava descer para tirar o resto que sobrou do corpo de Liana. Saulo estava mais adiante no celular, acho que ele conversava com Denise para voltar para casa. Enquanto observava a cena e os destroços do carro de Liana, me lembrei de quando o comprei para lhe dar de presente. Ela amava carros de luxo e disse que seu sonho sempre foi ter um desses, então, no dia do seu aniversário, lhe fiz uma surpresa. Ela ficou radiante no dia, e eu, como estava perdidamente apaixonado, me hipnotizava com aquele sorriso. Sempre a tratei como uma criança mimada, dando tudo o que queria e fazendo seus gostos. Fui muito errado, mas na época só pensava nela e em sua felicidade. Me senti mal por meu pai, ele não merecia o que aconteceu. Tantas vezes tentou me alertar sobre ela, mas eu estava cego. Ninguém naquela época poderia mudar minha mente, nem mesmo quando a peguei no flagra. A cena perturbou minha mente por tanto tempo, p
Peguei o celular da mão da Denise imediatamente, tentei ligá-lo, mas parecia está descarregado. — Me tragam um carregador agora! — Gritei. Estava nervoso. O que Liana havia feito com a Aurora? Denise trouxe um carregador, então coloquei o celular na tomada, mas o telefone demorou para ligar. — Mas que merda! — Meu estresse já havia voltado. — Calma Oliver. — Saulo falava. — Como ter calma, Saulo? O celular dela estava com a Liana, o que ela fez com a Aurora? — Perguntei preocupado. — Vamos perguntar para a Bia. — Ela está inconsciente, esqueceu? — Que droga, é verdade! Vamos à polícia denunciar o desaparecimento de Aurora então. — Saulo tentava achar uma solução. Minha cabeça começou a doer de um jeito desesperador, após checar o celular, vi que as últimas conversas que tive por mensagem com a Aurora, foram, na verdade, respondidas por Liana. — E se Liana matou a Aurora? Denise falou e logo uma pontada forte veio em minha cabeça, comecei a ver a casa rodar e senti meu corpo
— Estou indo para a capital. — Disse, enquanto arrumava minhas coisas. — O quê? Uma hora dessas? — Saulo me repreendia. — Não posso mais perder tempo, Saulo, Aurora pode estar passando por necessidades. — Minha preocupação era toda para ela naquele momento. — Eu sei, cara, mas descansa hoje, esse dia já foi muito cheio, fica com seu filho um pouco. — Você quer que eu fique com o Noah, para você ficar com a Denise, não é mesmo? Um sorrisinho de canto brotou em seus lábios. A cara de Saulo não negava que eu havia pegado-o no flagra. — Também, não vou negar. — Riu — A morena está como um cão de guarda por muito tempo, hoje a noite eu iria comemorar nossa liberdade. — Tudo bem… Além disso, o que eu poderia fazer hoje, não é mesmo? O Noah também precisa de mim, já faz um tempo que não temos um tempinho só para nós. — Pois é, descanse. Amanhã bem cedo irei com você para a capital, iremos buscar a Aurora, nem que tenhamos que revirar todo o país, aliás, e se ela foi para fora
Eu não sei o que anda acontecendo comigo, se essa maré de azar e sorte é algum sinal divino, mas… Toda vez que penso que minha vida vai se resolver, acontece algo, eu não suporto tanta informação simultaneamente. Após voltar para a fazenda e arrumar nossas malas, pegamos o avião para o sul do país. Atrás desse especialista. Saulo e Denise vieram juntos. Denise como babá e Saulo como amigo. Mesmo dando as férias para Denise, eles insistiram em adiá-la até que a suspeita sobre Noah chegasse ao fim. Gratidão era pouco sobre o que tinha por ele. Meu melhor amigo e irmão do coração, não havia palavras para descrever o que sentia. Já fazia quase um ano que ele estava comigo na fazenda, sem um dia sequer de descanso. Faz um tempo que ele quer levar Denise para conhecer a família, mas toda vez tem adiado por minha causa. Eu seria eternamente grato por tudo que ele me fez. Sentado na poltrona do avião, com meu filho no colo, sentia que a vida me afastava mais da possibilidade de encontrar a