POV: AVRIL
Suspirei, forçando-me a não reagir à provocação. Eu sabia que, no fundo, as palavras de Neandra não passavam de uma tentativa desesperada de me abalar.
— Não estou interessada em tomar o lugar de ninguém. — Respondi friamente, mantendo a compostura. — Certo, irei ver sua filha, mas você não interfere e se mantém longe.
Neandra cerrou os punhos ao lado do corpo, o tremor de sua raiva percorrendo cada centímetro de seu ser.
— Isto é um absurdo! Eu sou a mãe dela! — Sua voz saiu em um sussurro furioso, quase contido, mas carregado de ressentimento.
Eu dei um passo à frente, invadindo seu espaço pessoal, aproximando-me tanto que nossas respirações quase se misturaram.
— E eu? — Minha voz soou baixa, fi
POV: ARCHEREu sentia meu peito apertar com cada nova revelação de Luka. Sua voz cansada e o peso do que ele estava compartilhando me deixavam à beira do desespero. A certeza de que meu irmão estava morto já era uma ferida aberta em minha alma, mas agora havia algo ainda mais sombrio e profundo. A gravação que continuava a rodar me forçava a confrontar verdades que eu não estava pronto para aceitar.Luka continuou:"Depois que percebi que algo estava errado, vi um brilho vermelho... sangue. Havia sangue perto da cabana. Corri para procurar nosso pai, mas não o encontrava. Fui seguindo o rastro, ele desaparecia e surgia de novo pela neve. Era como se alguém tivesse arrastado algo pesado. O carro... o carro dele tinha sumido."Minha respiração ficou pesada, minhas mãos trêmulas segurando o gravador enquanto eu imaginava a cena. O silêncio da floresta, a neve imaculada manchada com rastros de sangue... E então, o carro desaparecido. O que Ethan estava fazendo? Qual era o seu plano?Luka f
POV: AVRILOs dias se arrastavam sem qualquer sinal de Archer Stone. Nem no escritório, nem pelos corredores da mansão, parecia que ele tinha desaparecido. Eu me sentava sozinha na mesa de jantar, as luzes suavemente baixas, o silêncio esmagador preenchendo cada canto daquela imensa casa. O ambiente parecia me sufocar, como se a ausência dele transformasse a mansão em algo ainda mais sombrio e opressivo.Compreendia o quão frágil era a nossa situação. Não esperava promessas nem juras de amor, e, afinal, fui eu quem o afastou. Mas já era demais passar dias sem um único sinal de vida. Estava começando a achar que sua ausência não era apenas uma questão de respeito às minhas escolhas, mas algo mais profundo.Enviei mais uma mensagem, deixando a provocação fluir em cada palavra:"Está tão mergulhado em sua arrogância que decidiu viver só disso agora? Não vai se alimentar? Venha jantar, essa mansão está parecendo um castelo assombrado no silêncio."Apertei o celular nas mãos, esperando uma
POV: AVRILWillow me olhou por um instante, como se estivesse ponderando se deveria seguir com o gesto, mas depois de uma breve hesitação, ela pegou seu copo e o ergueu também, um sorriso tímido se formando no canto de seus lábios.— Um brinde a isso, então. — Ela respondeu, e por um momento, o amargo em sua voz deu lugar a algo mais leve, quase amigável. Bebemos ao mesmo tempo, e a situação, apesar de ainda estranha, parecia menos pesada.Virei meu copo de suco, mas o alívio que esperava não veio. Pelo contrário, uma sensação pesada tomou conta de mim, e logo percebi que algo estava muito errado. O enjoo subiu rapidamente, o estômago revirou com violência, e minhas mãos começaram a suar frio. O mundo ao meu redor parecia girar, e o calor subiu à minha cabeça de forma sufocante. Sem perder tempo, tampei a boca com a mão e me levantei num salto, correndo em direção ao banheiro do andar de baixo.A sensação de urgência me dominou e, ao mal alcançar o assento, o jantar que havia consumid
POV: AVRIL— Você acha que estou aqui por vontade própria? — Rebati, minha voz finalmente ganhando um tom mais firme. — Acha que eu escolhi tudo isso? Escolhi ser arrastada para a vida de Archer, para os problemas dele? Acha que eu queria estar nesta casa, enfrentando a raiva e o desprezo de você e da sua mãe?Minha resposta a surpreendeu, e por um breve momento, pude ver a dúvida cintilar em seus olhos.— Eu nunca quis nada disso, Willow. — Continuei, minha voz saindo mais baixa, mas mais intensa. — Eu não estou roubando a sua vida, nunca quis Archer, nunca quis esse caos que se tornou a minha vida. Ele me trouxe porque você precisava de uma doadora compatível e por ironia de mal gosto do destino, eu era a única com o sangue dourado. As coisas aconteceram, e agora estamos aqui, presas em algo que está além do nosso controle.Ela hesitou, mas seu orgulho era forte demais para ceder.— A única coisa que sempre quis foi um pouco de paz. — Completei, dando um passo para trás. — Eu não s
POV: AVRILEle permaneceu em silêncio, seus olhos presos nos meus, como se procurasse respostas ou consolo. O peso de sua dor era visível, uma tristeza contida que preenchia o espaço entre nós, tão densa que parecia impossível ignorar. Aquele vazio em sua expressão me deixava inquieta, como se algo estivesse prestes a desmoronar, e ele soubesse disso.— Você está bem? — perguntei, minha voz suave, temendo invadir aquele espaço frágil que o envolvia. Me aproximei da borda, pronta para subir e me sentar ao seu lado, mas antes que eu pudesse alcançar o chão, Archer deslizou para dentro da água com um movimento fluido, ficando a centímetros de mim, nossos rostos tão próximos que eu podia sentir a tensão em sua respiração.— O que houve? — indaguei novamente, com mais preocupa&cce
POV: AVRIL— Não precisa carregar esse fardo sozinho. — Minha voz saiu mais suave do que pretendia.A verdade explodiu nele como uma represa que se rompe.— Ele se foi... — Archer sussurrou, suas lágrimas finalmente rompendo o controle rígido que ele mantinha. Fiquei paralisada por um segundo ao ver as gotas deslizando pelo canto de seus olhos. Minha mão tremia ao tocar seu rosto, acariciando sua pele quente e úmida enquanto ele continuava, a voz quebrada. — Eu o perdi...Meu coração afundou.— Quem, Archer? — Perguntei num fio de voz, com o cenho franzido, meus dedos secando as lágrimas com cuidado. — Quem você perdeu?Ele desviou o olhar, um soluço profundo escapando de sua garganta enquanto se deixava afundar em meu colo, como se todo o seu mundo tivesse desmoronado. A
POV: ARCHERAvril se afastou bruscamente, seu corpo molhado escorrendo água ao sair da piscina apressadamente. Pegou a toalha jogada no chão, envolvendo-a ao redor do corpo, a tensão evidente em cada um de seus movimentos. Seus olhos rapidamente alternavam entre mim e Willow, buscando uma saída para o confronto inevitável.— Willow... — Ela gaguejou, os olhos abaixados, sentindo o peso da culpa em suas palavras. — Eu sinto muito, me desculpe.Mas as desculpas só pareciam alimentar o fogo dentro de Willow. Seu rosto estava vermelho, os punhos cerrados ao lado do corpo como se ela estivesse se segurando para não explodir completamente. Eu sabia que aquilo não terminaria bem.— Ah, não me venha com suas desculpas falsas, suas palavras vazias! — Willow disparou, a voz carregada de mágoa e desprezo. — Eu confiei em você... Me abri, pensei que poderia te ver como uma amiga. — Ela balançou a cabeça em descrença, os olhos brilhando de lágrimas, mas também de uma raiva fervorosa que estava a p
POV: ARCHER— Posso ser mais do que isso... Mais do que ela jamais poderá ser para você... — Ela murmurou, passando os braços ao redor do meu pescoço, se aproximando na tentativa de me beijar. Seu desespero era palpável, mas eu me inclinei para trás, afastando-me. — Por favor, Archer... apenas me deixe provar!— Não, Will, para! — A segurei pelos braços com firmeza, interrompendo seu movimento. Nossos olhares se encontraram, e o desespero em seus olhos era quase sufocante. — Luka está morto, o corpo foi confirmado... — As palavras saíram pesadas, quase como se eu estivesse tentando convencê-la, ou talvez a mim mesmo. — Eu preciso da minha amiga, não de uma noiva forçada, não de uma obsessão doentia.Willow ficou imóvel, seus braços caindo ao lado do corpo como se a força tivesse sido drenada. As lágrimas que ela tentava segurar finalmente caíram, escorrendo silenciosamente pelas bochechas pálidas.— Eu... eu só queria que você me visse... — Disse, sua voz quebrando em meio às palavras