A viagem de carro poderia ser descrita como cansativa se durante todo o trajeto Tyler não tivesse colocado músicas que eu gostava de ouvir, e se ele não tivesse puxado assuntos aleatórios que me fizeram rir.Falamos sobre o tempo e sobre como estávamos ansiosos para o Natal onde a neve ia cair e poderíamos usar nossas melhores roupas. Conversamos sobre os próximos lançamentos de filmes de super heróis que ele estava maluco para assistir e no meio disso, acabei descobrindo sobre universos fictícios e vilões que nunca tinha ouvido falar. E então acabei interessada em saber mais sobre histórias em quadrinhos e filmes que nunca foram do meu real interesse.Gostava de estudar sobre a mitologia nórdica, era algo de grande interesse da minha parte, mas não era como se só por isso eu decidisse assistir uma ordem cronológica inteira de filmes para conseguir entender dois ou três deles, por isso nunca tinha sentado na frente da televisão a fim de ver algo como Loki ou Thor e seus mais de dois
A notícia me fez engolir em seco e só não recuei alguns passos porque Tyler estava me segurando ali.Meu pai era gay. Edward Lisbon não estava com outra mulher, não tinha construído uma família com mais e mais filhos, ele só tinha se relacionado com outro homem, e nada mais.— É um prazer finalmente poder te conhecer, Hope! Seu pai falou tanto de você!Sorrindo, ele me estendeu a mão livre para um aperto porém não consegui me movimentar.Ele falou tanto de mim? Edward falou tanto de mim mas não fez mais nada que isso? De que adianta falar? Mudou alguma coisa na minha infância e adolescência? Eu não me lembrava de ter mudado.— Não seja mal educada, Hope — repreendeu o homem ao meu lado.— Não ser mal educada? Talvez eu teria uma educação melhor se tivesse alguém realmente decente para me educar. Mas adivinha só? Eu fui deixada com uma mãe alcoólatra que me batia para descontar toda a raiva dela. Então não me peça educação, Tyler. Ninguém aqui merece que eu seja educada!No momento e
Uma das coisas que mais ouvia saindo da boca de Benedict era que, o que mais admirava em mim era minha postura.Por diversas vezes nos três anos trabalhando com ele, precisei viajar para fora do país ao seu lado, fomos para reuniões importantes, fomos para resolver assuntos relacionados a sua família, e até mesmo para limpar uma ou outra sujeira de Tyler.Benedict dizia e repetia que eu era uma arma a ser usada. Minha postura causava segurança, e receio também. Segundo ele, ninguém conseguia se manter intacto diante o meu olhar e minha presença marcante. Se qualquer um quisesse passar a perna em nós ou oferecer um negócio que não seria justo o suficiente para ambas as partes, eles desistiam diante o meu olhar.Gostava de ter esse tipo de efeito e reconhecimento. Ele tinha razão em partes. Com o tempo fui me fazendo tão forte e tão resistente por causa de Nicole que acabei me tornando uma mulher admirável. Não que desejasse que as pessoas me admirassem, mas eu tinha a necessidade d
— Sei que errei com você. Sei que o que fiz é quase imperdoável, mas não posso deixar de tentar me aproximar de você e conseguir o seu perdão. Posso ter sido péssimo, posso ter pensado só em mim, mas nunca deixei de te amar, Hope. Eu nunca fui capaz de esquecer você e se errei, foi tentando acertar para poder te encaixar na minha vida bagunçada.Balancei a cabeça em negação e soltei um riso nasalado.— Sua vida não é bagunçada. Você é só uma pessoa normal, com um emprego normal e um marido normal. Suas justificativas nunca serão aceitáveis para mim. Nada vai mudar o fato de ter me deixado com aquela maluca e nada vai me fazer mudar de ideia quanto a sua índole. Se me amasse como está dizendo, você nunca me abandonaria. Não se abandona um filho, Edward. Posso não ser mãe, posso talvez nunca ser na vida, mas eu sei que uma criança indefesa não merece o abandono. Nenhuma.Ele olhou para baixo ao ouvir minhas últimas palavras, parecia estar prestes a chorar, então para evitar de protagoni
Havia tanta coisa passando pela minha cabeça.A conversa com Edward podia ter sido curta, mas eu já começava a criar diversos cenários em minha mente.E se eu o perdoasse? E se eu tentasse entender o seu lado? Isso seria mesmo possível? Eu não ia continuar alimentando raiva e rancor?Queria poder saber com clareza o que aconteceria se eu tentasse dar uma chance a ele, mas era realmente necessário dar essa chance? Passei tantos anos sem meu pai, sofri sem ele e enfrentei tudo sem ele, então eu realmente precisava de sua presença em meu dia a dia logo agora?— Não entendo essa sua fixação por me ver de bem com ele — comentei finalizando meu cookies.Tyler que já havia terminado de comer e estava sentado na cama do hotel mexendo em seu tablet, ergueu os olhos para me encarar e franziu o cenho quando percebeu que eu queria conversar ao invés de ficar naquele silêncio todo. Era estranho não trocar palavra com ele e era ainda pior vê-lo tanta atenção a um aparelho eletrônico do que a mim.
— Eu não sei se estou super preparado para falar sobre o que houve comigo e com o Benedict. Por mais que eu diga pra mim mesmo que é uma coisa banal, a verdade é que pesa muito nas minhas costas até hoje.— Falando assim você me deixa assustada — confessei.Ele soltou um riso nasalado e olhou para as mãos caídas em frente ao seu corpo.— Você já não gosta de mim, imagina se partilhasse do mesmo pensamento que o Bene… Aí sim a gente passaria nossos próximos anos vivendo um verdadeiro inferno. E não é o que eu quero. Meu maior desejo é que daqui pra frente tudo seja o mais harmônico possível. Sem brigas, sem receios, e sem você chateada comigo.Era para ficar ainda mais preocupada? Porque sim, fiquei. Ouvir Tyler falando de tal forma me deixou insegura.O que de tão ruim poderia ter acontecido? Ele tinha matado alguém? Era a única coisa ruim que entrava na minha cabeça. Bom, eu também havia descoberto sobre o acidente que ele sofreu há uns anos atrás, outro acidente, que envolvia uma
Dei de ombros, não sabendo ao certo se queria ou não iniciar aquela conversa. Talvez fosse preciso. É, talvez eu quisesse sim.— Eu sempre te achei egocêntrico e mandão. Até quando eu ia ajudar você queria impor coisas como se estivesse no total direito, e então eu via o Bene como um anjo, como alguém sem defeitos e injustiçado. Mas então a gente inventou essa história de casamento e quem passou a me tratar com desprezo e de uma forma que eu nunca imaginei foi ele. As coisas que disse, o modo como agiu parecendo um garoto mimado, tudo o que ele fez e disse me mostraram que talvez não haja um certo e um errado entre vocês dois.As feições de Tyler amenizaram ao ouvir minhas palavras e aquele brilho bonito em seus olhos pôde ser reparado por mim.— Mas isso não muda o fato de que não gosta de mim. Pode ter aberto os olhos para um outro lado do Benedict, mas só por isso você mudou a forma de olhar pra mim? Acho que não. Acho que só te trato melhor que ele, então sim, no momento eu sou o
Nunca imaginei que estaria bem ali, na frente daquela casa, esperando ser recebida logo por aquela pessoa, mas estava.Aguardei ansiosa para que o porteiro permitisse minha entrada e quando fez isso o motorista do táxi guiou o veículo até a majestosa casa que me deixava encantada.Paguei o homem com algumas notas a mais do que me foi cobrado e agradeci por ter me levado até lá. Não foram muitos os que se dispuseram a sair de Boston às três da manhã para ir até Nova Iorque. Ainda tive a sorte de não ser questionada sobre a minha vida pois o moço era muito na dele também. Consegui cochilar por alguns minutos e então estava onde queria estar.Ao descer do veículo o agradecendo mais uma vez e lhe desejando bom dia, parei intacta na frente da construção imensa. A mansão dos Legards não era super moderna e era exatamente isso que lhe dava um luxo sem igual. Tudo ali era incrível, desde as colunas gigantescas às janelas e detalhes nas paredes.Sem esperar mais, subi os degraus da escada ex