— No meu caso eu precisei amadurecer sozinha, e quando me senti completa tive a capacidade de voltar para o Scott e ficar com ele. Não o larguei desde então, e nunca mais pensei em fazer isso. Mas a questão aqui é que problemas que nos afligem são responsáveis por nos desestabilizar em outras áreas. O Tyler sabe disso, por esse motivo está te incentivando a resolver as coisas com sua família. Quanto aos problemas dele, é como eu disse, tem coisas que ele vai ter que resolver sozinho.— Mesmo sabendo que pode contar comigo para o ajudar?— Sim. Mesmo sabendo disso. Às vezes ele só precisa sentir que é capaz de resolver sozinho. Não é por egoísmo, é só por necessidade mesmo. Não se sinta mal por ele ainda não conseguir te contar, na hora certa, quando estiver preparado, você vai saber o que precisar saber.— E enquanto isso eu finjo que essas coisas não atrapalham nossa relação? — Fiz a pergunta retórica.No fim, era isso. Eu teria que fingir que a situação entre ele e Benedict não afet
Com passos calmos e agora com as botas nos pés, desci a escada de mármore branco da casa dos Legards. Degrau por degrau fui indo até o andar de baixo pensando no que fazer dali em diante. Chloe recomendou que eu falasse logo com Tyler, porém não achava que era o melhor momento para isso. Eu ainda não havia raciocinado o suficiente.Quando pisei meus pés na sala e suspirei, tendo noção de que deixar meu marido sem informações era uma coisa a qual não deveria fazer, um corpo bem conhecido por meus olhos surgiu vindo da cozinha e então novamente toda a tensão retornou.Será que eu não teria um segundo sequer de paz?Desde que Tyler criou toda aquela situação desnecessária, tudo parecia estar seguindo por um caminho que eu não queria ir. Não era o rumo certo, não era o que me agradava, e definitivamente, não era o que estava me fazendo super bem.Permaneci parada observando o homem caminhar devagar em minha direção, mas ele foi fazendo isso sem notar minha presença pois seus olhos esta
— Acho que um dia você vai saber. Bom, precisa saber uma hora ou outra — comentou já passando pelos portões pesados da residência.Benedict pegou a estrada e em todo o restante do percurso preferiu ficar em silêncio. Suas palavras não saíram mais, assim como as minhas também não.Ia seguir o meu próprio conselho. Não perder tempo com ele. Não querer entender ou saber. Não ficar refém dos problemas de ambos que tinham o dom de tirar completamente a minha paz. Se achavam interessante fazer esse tipo de joguinho, eu achava infantil e ridículo da parte deles.Essa inserção de informações fragmentadas na minha mente não fazia bem algum. Como já disse antes, não era por curiosidade, era porque todos aqueles pequenos segredos que pareciam esconder me deixava terrivelmente intrigada.Ao chegar na minha casa, pensei em chamar Benedict para entrar, por pura educação, mas sabia que essa era uma péssima ideia. Se colocasse o homem lá dentro, na situação em que estávamos, as coisas podiam sai
— Hope, acho que não é o melhor momento para um sermão — Benedict intercedeu.O olhei por cima do ombro já levantando para parar ao seu lado.— Não sabe o inferno que esses últimos dias vêm sendo, então não queira me dizer o que devo ou não fazer! Você não é mais meu chefe e não deveria estar aqui também! Saia da minha casa. Agora — sibilei com raiva.— Se acha que vou deixar meu irmão assim, está muito enganada, Hope. Ele precisa de ajuda, de cuidados, e não de palavras feias que nem sequer vai lembrar quando voltar ao seu estado normal. Então não, eu não vou sair daqui agora e se quiser me tirar vai ter que chamar alguém com bastante peito para fazer isso.Ri com escárnio.Não era possível que logo agora ele ia querer pagar de moço correto. Fingir que amava o seu irmão e se preocupava com ele era mais um joguinho sádico também?— Você só quer ficar aqui para ver a desgraça do Tyler. Não venha ser falso comigo, Benedict! Eu não sou nenhuma idiota, e se precisar de alguém com peito p
Após um banho onde eu e Benedict mais nos molhamos do que realmente ajudamos, deixamos Tyler deitado em sua cama e fomos até a cozinha em busca de algo para comer.Susan pediu mil desculpas por não estar presente quando Tyler se embebedou, porque tinha pedido autorização para chegar mais tarde e eu me lembro bem de ter concedido, então se o pior acontecesse, ninguém poderia ter feito nada, e isso não seria culpa dela ou minha.— Me desculpe por dizer que o estado do Tyler era resultado das suas brigas. Eu não queria culpar ninguém de fato, só estava nervosa demais. No fim, ele faz isso porque algo dentro dele está quebrado — murmurei e após isso bebi um gole generoso de café quente.Benedict continuou mastigando o cookies e depois de limpar a boca com um guardanapo se pronunciou:— Talvez eu tenha uma parcela de culpa, sabe? Mas quero pensar que não. Pelo menos por enquanto prefiro dar algum tipo de apoio ao invés de continuar com essas briguinhas adolescentes.Apenas balancei a cabeç
Acordei sentindo minha cabeça sendo acariciada. Os dedos ultrapassaram os fios e me tocaram devagar, massageando lentamente, quase me fazendo não acordar. Porém, tinha quase certeza de que dormi demais. Meu relógio biológico dizia que já era noite e que eu precisava me levantar porque meu estômago tinha de ser abastecido.— Você precisa comer alguma coisa — falou como se pudesse ler meus pensamentos.Abri os olhos com preguiça. O abajur ao lado da cama estava aceso mas havia uma peça de roupa sobre ele para impedir que a luz no meu rosto fosse muito forte.Com preguiça, observei Tyler sem camisa ainda acariciando minha cabeça. Seus dedos enfim saíram dela e foram deslizando pelo meu rosto, desceram pelo queixo até tocar o pescoço. Me arrepiei e ele sorriu pequeno.— Você está melhor? — Me remexi na cama, tentando me sentar para conversar normalmente.— Estou bem. Me desculpe pelo o que aconteceu. Eu não sei o que deu em mim, eu… — Deixou a fala morrer porque realmente não sabia ex
Você sabe que sua vida está completamente fora dos eixos quando tem duas mulheres em seu quarto, falando e falando sobre vestidos e jóias, enquanto você só deseja se enfiar em um quartinho escuro e chorar por horas.Bom, não que eu quisesse muito chorar no momento. Para algumas pessoas, superar a rejeição é uma coisa difícil e complicada, para mim, após um ano e meio, tudo estava perfeito e dentro do aceitável.Eu segui a risca tudo o que estava escrito no meu contrato com Tyler. Fui uma esposa excepcional na frente de todos, e dentro de casa evitei ele ao máximo. Foram quase dois anos fingindo que não estávamos sob o mesmo teto. Não havia refeições juntos, não havia visitas surpresas no quarto, e definitivamente, nunca houve Benedict para ajudar em algo porque não foi necessário e porque obviamente os dois continuaram com suas brigas idiotas. Mas isso para mim era o de menos.O que me incomodava no momento era a conversa de Arti e Sophie que não cessava de forma alguma. As duas
— Podemos sair um pouco? Que tal um jantar fora? Tem aquele restaurante maravilhoso que abriu em Boston, seria bem legal! O que me dizem?A animação de Arti não me alcançou, mas alcançou Sophie. As duas começaram a criar planos e eu me levantei pedindo licença, alegando que precisava fazer uma ligação.Bom, de fato precisava. Quando cheguei na sacada de uma das salas, a mesma sacada onde vi Tyler quase caindo, peguei meu celular e disquei o número de Conan. No terceiro toque ele atendeu, e eu apoiei meus antebraços no concreto bem pintado que protegia de uma queda.— Achei que você não fosse me ligar — resmungou do outro lado da linha.— As meninas estão aqui hoje então esperei surgir uma brecha… Como você está?— Com saudades. Muita. Quero te ver.Sorri observando Susan cuidando do jardim.— Que tal um jantar hoje? Posso ir na sua casa, você me faz um prato bem saboroso e a sobremesa sou eu. Não te parece interessante?Conan riu e eu ajeitei a postura, abaixando meu vestido que es