Havia tanta coisa passando pela minha cabeça.A conversa com Edward podia ter sido curta, mas eu já começava a criar diversos cenários em minha mente.E se eu o perdoasse? E se eu tentasse entender o seu lado? Isso seria mesmo possível? Eu não ia continuar alimentando raiva e rancor?Queria poder saber com clareza o que aconteceria se eu tentasse dar uma chance a ele, mas era realmente necessário dar essa chance? Passei tantos anos sem meu pai, sofri sem ele e enfrentei tudo sem ele, então eu realmente precisava de sua presença em meu dia a dia logo agora?— Não entendo essa sua fixação por me ver de bem com ele — comentei finalizando meu cookies.Tyler que já havia terminado de comer e estava sentado na cama do hotel mexendo em seu tablet, ergueu os olhos para me encarar e franziu o cenho quando percebeu que eu queria conversar ao invés de ficar naquele silêncio todo. Era estranho não trocar palavra com ele e era ainda pior vê-lo tanta atenção a um aparelho eletrônico do que a mim.
— Eu não sei se estou super preparado para falar sobre o que houve comigo e com o Benedict. Por mais que eu diga pra mim mesmo que é uma coisa banal, a verdade é que pesa muito nas minhas costas até hoje.— Falando assim você me deixa assustada — confessei.Ele soltou um riso nasalado e olhou para as mãos caídas em frente ao seu corpo.— Você já não gosta de mim, imagina se partilhasse do mesmo pensamento que o Bene… Aí sim a gente passaria nossos próximos anos vivendo um verdadeiro inferno. E não é o que eu quero. Meu maior desejo é que daqui pra frente tudo seja o mais harmônico possível. Sem brigas, sem receios, e sem você chateada comigo.Era para ficar ainda mais preocupada? Porque sim, fiquei. Ouvir Tyler falando de tal forma me deixou insegura.O que de tão ruim poderia ter acontecido? Ele tinha matado alguém? Era a única coisa ruim que entrava na minha cabeça. Bom, eu também havia descoberto sobre o acidente que ele sofreu há uns anos atrás, outro acidente, que envolvia uma
Dei de ombros, não sabendo ao certo se queria ou não iniciar aquela conversa. Talvez fosse preciso. É, talvez eu quisesse sim.— Eu sempre te achei egocêntrico e mandão. Até quando eu ia ajudar você queria impor coisas como se estivesse no total direito, e então eu via o Bene como um anjo, como alguém sem defeitos e injustiçado. Mas então a gente inventou essa história de casamento e quem passou a me tratar com desprezo e de uma forma que eu nunca imaginei foi ele. As coisas que disse, o modo como agiu parecendo um garoto mimado, tudo o que ele fez e disse me mostraram que talvez não haja um certo e um errado entre vocês dois.As feições de Tyler amenizaram ao ouvir minhas palavras e aquele brilho bonito em seus olhos pôde ser reparado por mim.— Mas isso não muda o fato de que não gosta de mim. Pode ter aberto os olhos para um outro lado do Benedict, mas só por isso você mudou a forma de olhar pra mim? Acho que não. Acho que só te trato melhor que ele, então sim, no momento eu sou o
Nunca imaginei que estaria bem ali, na frente daquela casa, esperando ser recebida logo por aquela pessoa, mas estava.Aguardei ansiosa para que o porteiro permitisse minha entrada e quando fez isso o motorista do táxi guiou o veículo até a majestosa casa que me deixava encantada.Paguei o homem com algumas notas a mais do que me foi cobrado e agradeci por ter me levado até lá. Não foram muitos os que se dispuseram a sair de Boston às três da manhã para ir até Nova Iorque. Ainda tive a sorte de não ser questionada sobre a minha vida pois o moço era muito na dele também. Consegui cochilar por alguns minutos e então estava onde queria estar.Ao descer do veículo o agradecendo mais uma vez e lhe desejando bom dia, parei intacta na frente da construção imensa. A mansão dos Legards não era super moderna e era exatamente isso que lhe dava um luxo sem igual. Tudo ali era incrível, desde as colunas gigantescas às janelas e detalhes nas paredes.Sem esperar mais, subi os degraus da escada ex
— No meu caso eu precisei amadurecer sozinha, e quando me senti completa tive a capacidade de voltar para o Scott e ficar com ele. Não o larguei desde então, e nunca mais pensei em fazer isso. Mas a questão aqui é que problemas que nos afligem são responsáveis por nos desestabilizar em outras áreas. O Tyler sabe disso, por esse motivo está te incentivando a resolver as coisas com sua família. Quanto aos problemas dele, é como eu disse, tem coisas que ele vai ter que resolver sozinho.— Mesmo sabendo que pode contar comigo para o ajudar?— Sim. Mesmo sabendo disso. Às vezes ele só precisa sentir que é capaz de resolver sozinho. Não é por egoísmo, é só por necessidade mesmo. Não se sinta mal por ele ainda não conseguir te contar, na hora certa, quando estiver preparado, você vai saber o que precisar saber.— E enquanto isso eu finjo que essas coisas não atrapalham nossa relação? — Fiz a pergunta retórica.No fim, era isso. Eu teria que fingir que a situação entre ele e Benedict não afet
Com passos calmos e agora com as botas nos pés, desci a escada de mármore branco da casa dos Legards. Degrau por degrau fui indo até o andar de baixo pensando no que fazer dali em diante. Chloe recomendou que eu falasse logo com Tyler, porém não achava que era o melhor momento para isso. Eu ainda não havia raciocinado o suficiente.Quando pisei meus pés na sala e suspirei, tendo noção de que deixar meu marido sem informações era uma coisa a qual não deveria fazer, um corpo bem conhecido por meus olhos surgiu vindo da cozinha e então novamente toda a tensão retornou.Será que eu não teria um segundo sequer de paz?Desde que Tyler criou toda aquela situação desnecessária, tudo parecia estar seguindo por um caminho que eu não queria ir. Não era o rumo certo, não era o que me agradava, e definitivamente, não era o que estava me fazendo super bem.Permaneci parada observando o homem caminhar devagar em minha direção, mas ele foi fazendo isso sem notar minha presença pois seus olhos esta
— Acho que um dia você vai saber. Bom, precisa saber uma hora ou outra — comentou já passando pelos portões pesados da residência.Benedict pegou a estrada e em todo o restante do percurso preferiu ficar em silêncio. Suas palavras não saíram mais, assim como as minhas também não.Ia seguir o meu próprio conselho. Não perder tempo com ele. Não querer entender ou saber. Não ficar refém dos problemas de ambos que tinham o dom de tirar completamente a minha paz. Se achavam interessante fazer esse tipo de joguinho, eu achava infantil e ridículo da parte deles.Essa inserção de informações fragmentadas na minha mente não fazia bem algum. Como já disse antes, não era por curiosidade, era porque todos aqueles pequenos segredos que pareciam esconder me deixava terrivelmente intrigada.Ao chegar na minha casa, pensei em chamar Benedict para entrar, por pura educação, mas sabia que essa era uma péssima ideia. Se colocasse o homem lá dentro, na situação em que estávamos, as coisas podiam sai
— Hope, acho que não é o melhor momento para um sermão — Benedict intercedeu.O olhei por cima do ombro já levantando para parar ao seu lado.— Não sabe o inferno que esses últimos dias vêm sendo, então não queira me dizer o que devo ou não fazer! Você não é mais meu chefe e não deveria estar aqui também! Saia da minha casa. Agora — sibilei com raiva.— Se acha que vou deixar meu irmão assim, está muito enganada, Hope. Ele precisa de ajuda, de cuidados, e não de palavras feias que nem sequer vai lembrar quando voltar ao seu estado normal. Então não, eu não vou sair daqui agora e se quiser me tirar vai ter que chamar alguém com bastante peito para fazer isso.Ri com escárnio.Não era possível que logo agora ele ia querer pagar de moço correto. Fingir que amava o seu irmão e se preocupava com ele era mais um joguinho sádico também?— Você só quer ficar aqui para ver a desgraça do Tyler. Não venha ser falso comigo, Benedict! Eu não sou nenhuma idiota, e se precisar de alguém com peito p