Dedos macios se afundaram nos meus fios de cabelo e então fechei os olhos permitindo todas as lágrimas quentes caírem, escorrendo por minha face até ter fim nas coxas da mulher que estavam sob minha cabeça.Ela continuou cantarolando uma música antiga que eu não sabia o nome mas que me agradava muito no timbre dela, e então de pouco em pouco fui sentindo a calmaria de estar com Arti.Desejei que isso nunca acabasse, que apesar da correria diária e da nossa distância no dia a dia, sempre que precisássemos uma da outra, pudéssemos correr para colos quentinhos e amorosos.— É o casamento? — perguntou baixinho, com certo receio.Balancei a cabeça de um lado para o outro, esperando que ela entendesse que não. Não era apenas o casamento.Se pudesse dizer, de pudesse contar que era a mentira, que era o medo, a culpa e a dor de saber que praticamente abri mão da vida que eu tinha por causa de dez milhões, ficaria bem mais leve ao desabafar.Porém, mesmo sabendo que Arti jamais seria capaz de
A sorte de Arti era que não havia nenhum móvel para ser derrubado, pois da forma como ele entrou na casa, se tivesse algo em seu caminho, o homem teria levado junto.Tyler me olhou com uma preocupação que me deixou preocupada. Revirei os olhos mais uma vez porque aquilo era ridículo. Em todos os sentidos da coisa, ridículo.O que seria então? Eu ia correr para a minha melhor amiga para desabafar e tentar extrapolar sem falar demais, e então o causador de uma grande parte dos problemas ia aparecer na minha frente? Tudo porquê mesmo?Ah, claro. Ele era meu marido.— O que aconteceu? Eu vim o mais rápido que pude.O homem se aproximou do sofá onde eu estava sentada toda desajeitada e simplesmente ficou de cócoras ali de frente para mim.Arti cruzou os braços se encostando na parede que dividia a sala da cozinha e suspirou como uma boba, observando a cena deprimente que aconteceria, tudo porque ela achou que era uma boa ideia falar com meu marido.Traidora!— Estou bem, Tyler. Foi só uma
Agora eu era Hope Lisbon Legard, gostando disso ou não, eu ia fazer jus ao sobrenome.Benedict assim como eu tinha direito de escolha. Optou por ser um maldito filho da puta comigo, então que agora soubesse lidar com as consequências disso também.Não fui eu quem conseguiu os convites para o jantar? Não foi Tyler quem correu atrás e conseguiu a permissão para cobrir o evento? Então seria eu quem faria também a Hayans ter novos investidores. Se eu era a primeira dama, seria uma muito boa e competente.— Vamos para casa? Deixe o seu carro aqui, mando alguém buscar mais tarde. Só me deixa te levar, pode ser? Tomamos um belo banho, comemos alguma coisa e deixamos nossas mentes tranquilas. O que acha?Ergui os olhos para Tyler e de imediato sua boca me atraiu como um maldito imã.A vontade de beijá-lo foi enorme, mas me contive e só balancei a cabeça para confirmar que sim, era uma ótima ideia.Ele me soltou apenas para que eu fosse até Arti me despedir. Agradeci a gentileza de sair do s
Há erros que cometemos uma única vez e aprendemos a lição rapidamente. Nossa cabeça consegue armazenar com facilidade que não devemos repeti-lo, caso contrário, as consequências não são nem um pouco agradáveis.Bom, há erros que eu jamais voltaria a repetir, como por exemplo, confiar em uma mulher de peitos enormes, ou acreditar cegamente nas palavras de um jogador de futebol americano. Mas também, há erros em que vou querer me perder mais e mais vezes, disso eu sempre soube.Tyler Legard foi um erro. Ele foi o meu maior erro, porém, foi o mais gostoso também, em literalmente tudo.Ter seus lábios macios tocando meu pescoço com tamanha delicadeza, me deixava ainda mais perdida. Se achava que poderia encontrar um caminho para andar em linha reta com uma luz bem no fim sinalizando o destino certo, com Tyler me tocando sem pudor eu passava a caminhar no escuro, de olhos vendados, em um completo breu.Meu erro. Meu maior erro tinha sido ele, e mesmo assim continuava errando. Mesmo assi
— Acho que vamos nos atrasar — comentou fazendo com que meus medos fugissem da mente.Fiquei admirando Tyler deitado, olhando para o teto com seus braços tatuados sobre a barriga e os cabelos completamente bagunçados.Por que tinha que ser tão lindo? Por que ser agraciado com tanta beleza? Apenas para me fazer entrar em guerras internas onde os desejos lutavam contra a consciência?— Vou tomar um banho e começar a me arrumar — anunciei já imaginando o quão errado era ter repetido aquilo.Ter transado com Tyler, de novo? Onde é que eu estava com a cabeça? Merda!Ele girou o pescoço para me encarar quando viu que fiz menção de sair da posição de bruços. Seus braços tatuados foram levados até meu corpo e mais uma vez ele me puxou para si. Voltei a colar minhas costas em seu peito, voltei a sentir sua respiração tão perto e voltei a me sentir super confortável.Seu corpo colado ao meu era a melhor coisa do mundo pra mim. Não queria sair dali, de forma alguma.— Precisa se alimentar.— S
Quinta taça de champanhe e eu já estava me perguntando onde é que eu havia enfiado o meu juízo.Não costumava beber, isso de longe era uma coisa que não entrava no meu dia a dia. Álcool podia ser um real pesadelo, fosse nas mínimas doses, ainda assim podia fazer um estrago. Sabia muitíssimo bem disso.Conseguia me lembrar de quando minha mãe passava dias e dias bêbada, caindo pelos cantos da casa, às vezes se machucava feio e os vizinhos pensavam que ela havia apanhado de algum homem na rua, mas no final era só o resultado de sua bebedeira infindável e da sua necessidade de se vitimizar.Minha mãe amava ser vista com pena."Ah, olha só, a mulher que foi abandonada pelo marido com uma filha pequena para cuidar sozinha.""Tadinha, precisa dar conta de uma criança, e ainda vende o próprio corpo e se submete a machos para não deixar a menina passar fome."Eram essas e mais diversas frases que ouvia pelas ruas. Todos conseguiam olhar para a minha mãe e enxergar uma coitada, só que ningué
— Eu só não estou bem o suficiente para ficar aqui.— Claro que não está. Não comeu nada hoje. Aquele sanduíche durante a tarde não ia sustentar todo o peso desse dia — falou como uma bronca.Revirei os olhos e quando pensei em debater, senti um aperto no peito ainda maior.Não conseguia entender o que estava acontecendo. Parecia um alerta, algo me pedindo para sair logo daquele ambiente.Poderia optar por ar fresco, sair mesmo que fosse até a área reservada para fumantes a fim de fazer essa sensação ruim ir embora mas eu não consegui. Não tive muita vontade de reagir para nada. Se era o álcool não saberia dizer, se era só a falta de uma boa alimentação também não tinha certeza, o que me causou uma clareza absoluta foi que eu deveria ter dado ouvidos aos meus instintos muito antes.Já tinha que ter fugido dali.Olhei para Tyler e o vi com uma sobrancelha arqueada, parecendo bravo e ao mesmo tempo preocupado. Suas íris lindas queriam me transmitir coisas ruins porém não conseguiam,
"— Eu estou exausto de passar por isso mais uma vez! Você não cansa, nunca se cansa de fazer isso! Parece que faz por pirraça, porra! Mais um grito estridente e então todo o meu corpo chacoalhou em um tremor assustado.Não sabia se era possível, mas me encolhi ainda mais no cantinho da sala enquanto observava papai e mamãe discutindo mais uma vez.A voz feito um trovão não era nada parecida com a que me ninava todas as noites. Não sabia explicar muito bem porquê o tom mudava quando ele ia falar com minha mãe, mas mudava muito. Sabia que ele vivia chateado com ela, até mesmo saía batendo algumas portas bem forte quando ela chegava em casa caindo de um lado para o outro. Ele se afastava para não ter que discutir, mas ela ia atrás como se o intuito fosse exatamente o de tirar a paciência.Foi o que aconteceu, mais uma vez.Meu pai tentou fugir dela, tentou evitar uma briga na minha frente, mas não conseguiu fazer muito porque ela insistia em gritar e dizer que se não pudesse ser ouvida