Mundo de ficçãoIniciar sessão
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CAPÍTULO 69
Quinta taça de champanhe e eu já estava me perguntando onde é que eu havia enfiado o meu juízo.Não costumava beber, isso de longe era uma coisa que não entrava no meu dia a dia. Álcool podia ser um real pesadelo, fosse nas mínimas doses, ainda assim podia fazer um estrago. Sabia muitíssimo bem disso.Conseguia me lembrar de quando minha mãe passava dias e dias bêbada, caindo pelos cantos da casa, às vezes se machucava feio e os vizinhos pensavam que ela havia apanhado de algum homem na rua, mas no final era só o resultado de sua bebedeira infindável e da sua necessidade de se vitimizar.Minha mãe amava ser vista com pena."Ah, olha só, a mulher que foi abandonada pelo marido com uma filha pequena para cuidar sozinha.""Tadinha, precisa dar conta de uma criança, e ainda vende o próprio corpo e se submete a machos para não deixar a menina passar fome."Eram essas e mais diversas frases que ouvia pelas ruas. Todos conseguiam olhar para a minha mãe e enxergar uma coitada, só que ningué
CAPÍTULO 70
— Eu só não estou bem o suficiente para ficar aqui.— Claro que não está. Não comeu nada hoje. Aquele sanduíche durante a tarde não ia sustentar todo o peso desse dia — falou como uma bronca.Revirei os olhos e quando pensei em debater, senti um aperto no peito ainda maior.Não conseguia entender o que estava acontecendo. Parecia um alerta, algo me pedindo para sair logo daquele ambiente.Poderia optar por ar fresco, sair mesmo que fosse até a área reservada para fumantes a fim de fazer essa sensação ruim ir embora mas eu não consegui. Não tive muita vontade de reagir para nada. Se era o álcool não saberia dizer, se era só a falta de uma boa alimentação também não tinha certeza, o que me causou uma clareza absoluta foi que eu deveria ter dado ouvidos aos meus instintos muito antes.Já tinha que ter fugido dali.Olhei para Tyler e o vi com uma sobrancelha arqueada, parecendo bravo e ao mesmo tempo preocupado. Suas íris lindas queriam me transmitir coisas ruins porém não conseguiam,
CAPÍTULO 71
"— Eu estou exausto de passar por isso mais uma vez! Você não cansa, nunca se cansa de fazer isso! Parece que faz por pirraça, porra! Mais um grito estridente e então todo o meu corpo chacoalhou em um tremor assustado.Não sabia se era possível, mas me encolhi ainda mais no cantinho da sala enquanto observava papai e mamãe discutindo mais uma vez.A voz feito um trovão não era nada parecida com a que me ninava todas as noites. Não sabia explicar muito bem porquê o tom mudava quando ele ia falar com minha mãe, mas mudava muito. Sabia que ele vivia chateado com ela, até mesmo saía batendo algumas portas bem forte quando ela chegava em casa caindo de um lado para o outro. Ele se afastava para não ter que discutir, mas ela ia atrás como se o intuito fosse exatamente o de tirar a paciência.Foi o que aconteceu, mais uma vez.Meu pai tentou fugir dela, tentou evitar uma briga na minha frente, mas não conseguiu fazer muito porque ela insistia em gritar e dizer que se não pudesse ser ouvida
CAPÍTULO 72
Eu não deveria fazer, mas sabia que se não fizesse os atos de Tyler poderiam ser desastrosos. Os CEOs da Hayans e da Calisto não tinham uma fama à toa. As pessoas sabiam que ambos eram briguentos. Não sabiam que entre si, eles quase se matavam, mas sabiam que os dois gostavam de uma ou outra confusão.Tyler tentou partir para cima mais uma vez, e então eu enfim o impedi.— Quer parar, porra? Ele é o meu pai!No momento em que as palavras saíram da minha boca, o homem que eu praticamente tinha em meus braços cedeu. Ele relaxou os músculos mas não foi por estar de fato relaxado, e sim por ter levado um baita susto.As íris lindas de Tyler foram até o homem novamente, e então retornaram para mim.Pude ver uns trezentos pontos de interrogação na sua testa e ter logo ele sem fala foi um tanto perturbador. Queria muitas vezes calar a boca dele, só que no momento presente tudo o que mais desejava era poder ouvi-lo falando alguma coisa. Qualquer que fosse.— Acho que perdi o direito de ser
CAPÍTULO 73
O que se pode dizer para alguém a quem mentimos?Nós sabemos que mentir nunca resulta em algo bom, que a mentira em si quase nunca dura por uma eternidade, e que hora ou outra pelo menos uma parte dela é revelada.E mesmo assim, mesmo sabendo de todos os contras, nós contamos mentiras porque isso é do ser humano. Vem de dentro de nós, de um lado mais feio e mais errado, mas vem.Quando Tyler me questionou sobre meus familiares vivos antes de assinar o contrato, bom, eu omiti algumas coisas pois achei que seria totalmente irrelevante falar sobre.Quem poderia imaginar que o meu pai estaria de volta em algum momento da minha vida? E pior, quem é que ia fuçar tanto o meu passado a ponto de descobrir sobre onde minha mãe estava e em quais situação se encontrava?Exatamente, repórteres malucos. Foi o que Tyler me disse.Cruzei as pernas sem falhar a postura. Não ia me sentir intimidada pelas palavras raivosas do homem. Se ele queria brigar, falar um monte de merda sobre eu ter mentido,
CAPÍTULO 74
— Não vou conseguir deitar a cabeça no meu travesseiro sabendo que você está mal. A briga com o Benedict te deixou chateada, e agora tem mais essa do retorno daquele homem. Não me peça para te deixar sozinha porque sei que não é o que realmente quer.— E como sabe disso? Agora tem o poder de ler a minha mente?Ele soltou um riso nasalado e umedeceu os lábios grossos.— Não posso ler a sua mente mas os seus olhos dizem muito, Hope. Você não está bem, e quero ficar ao seu lado até que se sinta melhor. Não posso fazer isso?— Não deveria fazer! Não está no nosso contrato consolar um ao outro em momentos difíceis.— Acho que eu prometi cuidar de você no dia do nosso casamento, sendo assim, quero fazer isso. E além do mais, me preocupo com você mesmo que não se permita acreditar nisso.Fraca, tanto pelas situações pesadas do dia como por ter as mãos de Tyler em mim, levei as minhas até seus ombros e praticamente me apoiei nele. Tinha a sensação de que todo o peso daquele dia que parecia e
CAPÍTULO 75
Como pode tudo mudar repentina e drasticamente?Há poucas semanas estávamos nos virando nos trinta para dar um jeito de conseguir falar com Carl Terris e resolver uma coisa que Tyler tinha causado. O problema era que, uma notícia publicada na Hayans acusava o homem de estar envolvido com o tráfico de uma nova droga que havia chegado nas ruas. A matéria era muito clara quanto aos fatos, que claro, foram desmentidos em um tribunal.Bom, eu me lembrava pouco sobre o caso e sabia que de um jeito ou de outro Carl conseguiu provar sua inocência nessa mentira contada.E então veio Tyler com essa história de precisar cobrir o jantar, e tudo o que fiz foi focar em conseguir um convite para ele, além é claro, de conseguir acesso para a Hayans enviar seus repórteres. E então como tudo se perdeu? Como uma coisa que soava tão importante passou a ser algo banal?Eu estava tentando entender tudo, e a única coisa que entrou na minha cabeça foi que, trabalho não é tudo na vida.Ter sacrificado o me
CAPÍTULO 76
— Não. Bom, não por enquanto. Não acho que o Carl fará algum mal para ele. Foi só para te desestabilizar de alguma forma. O Joshua não deve ter superado o fim do relacionamento, e com a possibilidade de ter sido traído isso fica pior. Eu era o chefe dele, então é um belo chute no saco receber a notícia de que eu e você estamos juntos, imagine só… E o Carl, bom, posso dizer que esperava algo vindo dele.Deixei meus ombros caírem e senti vontade de gritar vários "porra" pela casa.Que inferno! Como é que Joshua podia saber de tanto? E pior, como teve a capacidade de falar sobre minha família para alguém como Carl Terris? Filho da puta! Ele era um maldito filho da puta!Passei a caminhar pela sala de um lado para o outro. Meus sintomas físicos de ansiedade agora iam me corroendo e nublando toda a minha mente. Haviam tantos "e se" que eu poderia colapsar em segundos.— Como tem certeza de que esse idiota do Carl não vai fazer nada demais contra os meus pais? Vocês são todos lunáticos!