Fiz uma careta para tais palavras e esperei Bene começar a dar risada dizendo que estava de sacanagem, só que isso não aconteceu. Ele permaneceu com um sorriso pequeno mas deu para perceber que tinha falado sério.— Desde quando o Tyler faz isso? — murmurei embasbacada.— Sei lá. Acho que depois daquele episódio com a bebida ele passou a me mandar mensagens quando achava que você estava mal. Mas isso não importa agora. Precisamos saber como ele está e depois quero entender melhor toda essa coisa que aconteceu entre ele e o Conan.Concordei, porém não me satisfiz com as poucas informações passadas. Como é que eu não sabia dessa tal aproximação dos dois? E pior, Tyler pegou dicas com Benedict para tentar me deixar melhor em situações onde eu estava chateada? Enfim, só mais um mistério para resolver quando envolvia aqueles dois.Não sei se foi a beleza e o sorriso de Bene que conquistou a enfermeira nojenta, mas em poucos minutos fomos levados até o quarto onde Tyler estava e quando e
Caramba. Minha vida tinha virado mesmo uma verdadeira bagunça.Se há dois anos alguém me dissesse que estaria casada com Tyler Legard e que não bastasse isso, estaria levando café da manhã na cama para ele, eu daria tanta risada, mas tanta que acabaria com a barriga doendo de tanto gargalhar.Aquilo era algo que eu nunca tinha imaginado que aconteceria afinal, era Tyler.Talvez uma vez ou outra eu tenha criado sim alguma expectativa em relação a Benedict. Nosso beijo aconteceu no primeiro ano em que entrei na Calisto. Houve uma confraternização e nela, em um lençol jogado na grama do jardim, teve um jogo de verdade ou desafio. O que aconteceu foi óbvio, fomos desafiados a nos beijar e não demos para trás, só que aquilo foi banal para nós dois. Estávamos bêbados, não queríamos aquilo de verdade, então conseguimos ignorar muito bem aquela junção de bocas que durou uns dois minutos.Não me apeguei àquele dia, mas às vezes acabava sonhando com cenas que repetiam aquilo. Benedict era um
— Você não me deve desculpa alguma — afirmei abrindo meus olhos. — A base do nosso casamento é um contrato, Tyler. Nós seguimos ele à risca e é isso o que importa.— Não. Nós não seguimos o que realmente importa porque eu me fechei para o que estava sentindo e para o que poderia vir a sentir, mas não tem jeito, Hope — levou as mãos até minha cintura e girou meu corpo para que eu ficasse de frente para ele — posso ter tentado evitar, ainda assim acabei gostando de você de um jeito que não deveria.— E é exatamente por isso que precisamos acabar de vez com esse contrato. Você já conseguiu o respeito da sua mãe, não precisamos mais seguir com isso, Tyler. Vamos parar, por favor.Sim, eu praticamente implorei para que ele colocasse um fim em tudo.O homem suspirou me encarando com os olhos brilhando. Os raios de sol invadiam o quarto pela janela aberta e isso fazia a cor das íris dele realçar ainda mais. Eram tão lindas. Tinham uma intensidade tão absurda que eu podia jurar que consegui
— Posso ficar com a Arti por um tempo, isso vai ser o de menos. Só tenho que saber se posso continuar trabalhando com a Sophie, se isso não vai te desagradar ou sei lá, se quer que eu me distancie de todos eles.Tyler balançou a cabeça em negação um tanto apressado e também cruzou os braços.— Jamais pediria que se afastasse da Sophie ou da minha mãe. Quero que continuem como estão, mesmo que as coisas entre eu e você sejam diferentes, eu não me importo. Elas vão ficar bem se pelo menos ainda tiverem você por perto. A Sophie te ama e a minha mãe… bom, acho que não preciso dizer.É, não precisava. As duas me amavam assim como eu as amava também. Só Tyler não sabia como era sentir isso por mim. Apenas ele.— Então está decidido. Isso acaba agora — indaguei por fim.Ele balançou a cabeça em concordância e voltou a falar:— Posso só te pedir uma última coisa?Franzi o cenho, tendo medo de ouvir o que viria.— Pode pedir, só não garanto que terá.Ele balançou a cabeça em confirmação mais
Respirei fundo uma, duas, três, quatro, e não sei mais quantas vezes antes de fazer aquilo, mas fiz.Recolhi minha última peça de roupa e a coloquei na mala pequena. Todos os outros pertences já haviam sido encaixotados e estavam a caminho da casa de Arti, lugar onde ficariam por um certo tempo até que eu decidisse para onde ir de fato.Edward e Raul tinham razão, agora que o divórcio tinha sido assinado, os repórteres poderiam voltar a ser um saco em cima de mim com a finalidade de conseguir informações que nunca foram fornecidas a eles. Se eu fosse analisar a situação, seria melhor passar uns dias na casa deles enquanto tudo ia amenizando, e não na casa de Arti. Novamente eu podia me ver segura com meu pai, e isso não me soava nem um pouco ruim.A notícia foi passada apenas para nossa família, e como vinha me comunicando com meu pai de uma forma meio rotineira, acabei contando que eu e Tyler não éramos mais marido e mulher. Faziam menos de dois dias que assinamos o divórcio e qu
— Achei que já tinha ido.Absorta em meus pensamentos, me assustei ao ouvir a voz grossa. Me virei de supetão e tentando regular os batimentos cardíacos com um exercício de respiração, pude ver Tyler parado na porta do quarto com as mãos no bolso da calça social.Se queria que o meu coração deixasse de palpitar, houve uma falha nisso quando vi o homem com os cabelos bagunçados e a barba não tão ajeitada como de costume. Tyler tinha olheiras profundas e seu semblante não era o melhor do mundo, mas não deixava de estar lindo vestido em seu terno caríssimo.— Estou saindo agora — anunciei baixinho.Ele apenas balançou a cabeça em concordância.— Precisa de ajuda com a mala? — Apontou para a bolsa de rodinhas que não era tão grande e não estava tão pesada.— Não. Posso carregar sozinha. Aliás, vou indo.Apontei para a porta com o intuito de dizer "me dê licença, por favor" mas ele continuou parado, sem se movimentar, apenas me encarando com certa tristeza. Mas o que queria? Quando fica
Eu não entendia o porquê, mas morder o lábio inferior por dentro era uma coisa que fazia eu me desligar do mundo e descontar um pouco da ansiedade. Não me importava se ia machucar e se depois quando fosse tomar um suco de limão a ardência me causaria um arrependimento enorme, eu só precisava fazer alguma coisa que me mantivesse calma e sem entrar em surto.Limpei a mão suada na calça e continuei mordiscando a boca. Agora até as bochechas entravam na jogada enquanto eu observava a parede pintada em um tom forte de laranja à minha frente. Bem brega, podia afirmar com certeza, e se o intuito era transmitir alegria, com aquelas flores pintadas todas tortas e quase abstratas, não trazia conforto algum.— Os pacientes é quem desenharam. Faz parte do projeto de Arte — informou a recepcionista sorridente.Continuei olhando para a parede por mais perturbador que fosse e agora minha perna balançava em um ritmo frenético.— Hope Lisbon, ela está te esperando! — anunciou uma outra senhora que
Sim, eu sabia que ela e minha tia não se davam nada bem e que fugiam uma da outra porque compartilharam um passado ruim, contudo, eu precisava abrir mão de Nicole Clark e para isso, não podia mais ter ela como uma preocupação todos os dias. Sendo assim, ofereci uma boa mesada para que sua irmã se encarregasse de fazer o mínimo. Minha mãe ia permanecer por mais alguns meses na casa de repouso, mas após isso, se não encontrasse o seu final ali mesmo, teria que encontrá-lo com minha tia.— Onde está o seu pai? Como conseguiu achar ele? Vocês estão se falando? Aquele desgraçado, filho da puta! Ele abandonou nós duas e você consegue olhar para a cara daquele porco asqueroso? — perguntou iniciando seus gritos. — Você é uma merda, como ele é, Hope! Você puxou tudo para ele. É nojenta como ele. Deve ser tão asquerosa quanto ele! Me diz, aquele maldito ainda gosta de comer bunda de homem?Entendendo que a conversa não chegaria a nenhum lugar interessante, respirei fundo olhando para ela com