Gregório Montreal A conversa com Durval e sua chegada me fazem refletir ainda mais sobre tudo o que tem acontecido por aqui. Preciso admitir que o caso de Carmen é assustadoramente semelhante ao dos meus sogros. Talvez, de fato, ela esteja sendo envenenada.Mas por quem? E quando? Essas são as questões.Ainda não a vejo desde que foi internada, mas, na próxima semana, após as festas de fim de ano, as visitas serão liberadas. Então, poderei tirar tudo isso a limpo.Durval segue seu caminho, e eu, o meu. Cristóvão, como sempre, parece um pavão, exibindo-se com o peito estufado pelos elogios recebidos. No entanto, está claro que Durval esconde algo, e tenho certeza de que logo descobrirei o que é.Neste momento, viro o carro na esquina do condomínio, chegando enfim a este lugar que nunca considerei como lar. Sempre me senti como um prisioneiro aqui, nada além disso.Entro, deixando o carro na porta principal da mansão e entregando as chaves a um dos seguranças para que ele as guarde. Já
Gregório Montreal Tento me conter para não cometer uma loucura da qual possa me arrepender depois. Mas está difícil... muito difícil resistir ao que sinto com Brenda tão próxima a mim. Estamos sozinhos. É noite... silêncio... Não consigo me controlar.— Cazzo! — murmuro.Sua voz soa como um sussurro, uma melodia sensual que faz meu corpo inteiro vibrar. Não penso em mais nada e, de uma vez, mergulho nessa tentação em forma de mulher. Com uma das mãos atrás do seu pescoço, encaro-a. Sinto chamas em meus olhos, meu corpo vibra como nunca e implora pelo dela.Não sei como nem quando esse sentimento surgiu, mas ele existe. E é só perto dela que me sinto vivo... inteiro... completo.Não posso mais evitar. Essa mulher é muito importante para mim, e a desejo como nunca desejei outra.Nossos olhares se fixam um no outro. Um brilho intenso e um azul límpido me puxam para ela.Afundo os dedos em seus cabelos e, por um instante, nossos olhares recaem sobre os lábios um do outro com a mesma inte
"O amor é como uma roleta-russa. Nunca sabemos exatamente onde ele está, apenas que a possibilidade de acontecer existe." — Autor Desconhecido ❤️Gregório MontrealManhã do dia seguinte Desperto e me levanto da cama quase me arrastando, sem vontade alguma. Não dormi quase nada e, para piorar, estou com uma dor de cabeça dos infernos. Mas sou o presidente da empresa e, querendo ou não, o chefe desta família. Tenho muitas responsabilidades, e uma delas é honrar minha palavra.Mesmo sendo a semana que antecede o Réveillon, a empresa não pode parar de produzir, e muito menos os contratos vão se assinar sozinhos. Como sempre, preciso renegar quem sou e o que gostaria de fazer para atender às vontades de outras pessoas.Arranco o fio do despertador da tomada e sigo até o banheiro. Paro diante do espelho e mal me reconheço.— Porra, Gregório! Você está parecendo um lixo com essa cara amarrotada. E essas olheiras? Está igual a um membro da Família Addams! Precisa dar um jeito nisso, ou vai
Gregório Montreal Penso, e logo sinto sua mão envolver meu braço silenciosamente. Descemos os degraus da escada e seguimos para a mesa, onde o café da manhã já está servido.Puxo a cadeira para que ela se sente ao meu lado e ocupo a cabeceira, retirando os óculos escuros logo em seguida. Assim que estamos prestes a começar, meu telefone toca. Tiro-o do bolso do paletó, olho para o visor e, sem hesitar, o guardo novamente.— Não vai atender? — ela pergunta, pousando a mão sobre a minha e me olhando fixamente.— Não! Nada é mais importante do que tomar café da manhã ao lado da minha nova secretária!Falo enquanto puxo minha mão de volta, evitando qualquer toque que me desestabilize. Desvio a atenção para a mesa, pego a xícara e me sirvo de café. Mas, como um ímã, meus olhos já estão nela novamente. Ela morde os lábios, fitando os meus.Respiro fundo, tentando manter um controle que já não existe. Quando estou prestes a dizer algo, uma voz atrás de nós interrompe o momento:— Secretária
Gregório Montreal Penso que, enfim, terei algumas horas de sossego no escritório. Mas, assim que coloco os pés ali, percebo que será um dia tão difícil quanto os outros—ou talvez pior. Antes, apenas as merdas que Cristóvão dizia e fazia me davam dor de cabeça. Agora, com a chegada de Durval, minha paciência se esgota de vez. Engulo em seco e ignoro de imediato as perguntas de Cristóvão. Permaneço sentado na poltrona, refletindo friamente sobre qual atitude tomar. Quando finalmente decido responder, o maldito se adianta, fazendo-me perder o resto da paciência que eu já não tinha. — E aí, irmãozinho, vejo que foi bem rápido trazendo sua ninfetinha—ou melhor, sua empregadinha—para trabalhar no escritório — diz ele, sarcástico. Fecho os olhos, furioso, e respondo de imediato: — O que faz aqui, Cristóvão? Se não me falha a memória, você não tem mais nada que o ligue à Montreal Laticínios. Ou estou enganado? — Estou aqui na tentativa de que você tenha voltado ao seu juízo perfeito e
Gregório Montreal Me aproximo de Durval, sirvo o café e me sento novamente na cadeira.— E então, Durval, o que te trouxe de volta ao Brasil? Tenho certeza de que não foi para examinar minha nova secretária, certo? — pergunto, irônico, enquanto tomo um gole de café.Ele me encara com uma sobrancelha arqueada.— Você nem desconfia do motivo do meu retorno?Cruzo os braços, analisando-o.— Bom, poderia dizer que é pelo seu filho, mas não acha um pouco tarde para essa preocupação toda?Durval solta um suspiro pesado, depois encosta os braços na mesa e encara o vazio.— Você, mais do que ninguém, sabe muito bem os motivos que me fizeram entregar meu filho para Carmen. Se Jorge tivesse ficado comigo, possivelmente teria morrido pouco tempo depois. Sabe quanto tempo demorei para me reerguer, Gregório? Cinco longos anos. Acha mesmo que um recém-nascido suportaria o frio, a chuva, a fome e as doenças? Não! Abri mão dele para salvá-lo da morte. Se foi errado ou egoísta aos olhos dos outros, p
Brenda OrtizHoras antes de ir para a empresaSentada na poltrona, olhando para o espelho, me amaldiçoo.Burra! Mil vezes burra.Foi por tão pouco... tão pouco... que ainda não acredito que eu, Brenda Ortiz, não consegui tê-lo ao meu lado, nos meus braços e, principalmente, na minha cama.Passei a madrugada inteira acordada, me revirando entre os lençóis, pensando nele, lembrando do seu toque e sentindo seu perfume impregnado no meu corpo de uma maneira única. Isso me causa a pior sensação possível: a maldita saudade de algo nunca vivido.Tudo poderia ser tão fácil para nós dois, mas ele sempre estraga tudo. Se não fosse por sua maldita consciência, teríamos tido uma noite inesquecível nesses lençóis.Mas não... Como sempre, você foge e se esquiva, Gregório. Por quê? Por que você é tão diferente dos outros homens? Por que precisa tornar tudo ainda mais difícil?Um fogo arde dentro de mim apenas por pensar em você ou sentir seu perfume. Odeio tudo o que me faz sentir apenas com um olha
Brenda Ortiz É mais do que evidente o quanto Gregório mexe comigo e reacende sentimentos que eu jurava estarem mortos. Mas, durante esta madrugada, percebo que nada é tão fácil quanto imaginei.Todo aquele teatro, com direito a falsas lágrimas, foi meticulosamente planejado com a ajuda de João, fazendo com que Gregório viesse ao meu encontro imediatamente. No entanto, todas as minhas expectativas se desmancham diante das suas atitudes.João, como sempre, é perspicaz e sabe bolar as melhores estratégias para que tudo aconteça como eu desejo. Mas estou com um pé atrás com ele, principalmente por suas atitudes suspeitas. Ainda tenho contas a acertar com esse abusado, pois tenho certeza de que ele me traiu ao entregar as cartas da minha filha, Zoe, para Cristóvão. O motivo dessa traição, logo descobrirei.Ontem, porém, não era o momento certo para discutir ou colocá-lo contra a parede. Mas, certamente, sua hora de responder pelos seus atos e afrontas vai chegar. E coitado do Joãozinho...