DEENAAcompanho Eve, que está correndo pela neve. Já fez anjos de neve, brincou de guerra de bolas de neve com as outras crianças e agora, estamos procurando um lugar para montar nosso boneco de neve.É início de dezembro e há quase um mês que não converso com Henry, com muita dor no coração, bloqueei suas mensagens, não vejo mais nada que venha do seu número. Para não dizer que não o vi, estava assistindo a um programa de fofocas e o vi, quando os filmaram em um evento social. Ali eu tive certeza de que meu coração ficará para sempre partido. Ela é linda, loira e alta, mais alta do que ele e, acima de tudo: Fina. Fina como só o dinheiro pode fazer uma mulher. Coisa que nunca serei.Eve ainda pergunta e fala muito sobre ele, sobre o que farão juntos quando ele voltar. Não tive coragem de dizer que ele não vai voltar. Conversarei com a Dra. Mônica na próxima sessão.Encontramos um bom lugar e começamos a moldar as bolas de neve, estamos treinando para a competição de melhor boneco de n
HENRY— Eu já disse que não. Não vou assinar anulação nenhuma.— Katiana, não me faça perder a paciência.— Eu não posso voltar para a Rússia e não sou uma refugiada.— Katiana, precisamos resolver essa... — ela me interrompe batendo a porta do meu próprio quarto na minha cara. Não sei mais o que fazer para convencê-la a assinar os documentos da anulação. Deena me bloqueou de todos os seus contatos e não sei mais o que fazer, sinto que estou beirando a loucura.Abro a porta do quarto e entro.— Esse é o meu quarto e você vai ter que me escutar.— Não tenho que escutar nada. É meu quarto também, sou sua esposa, não sou?— Não é. NÃO É! E é isso o que você não está entendendo. Por que você não entende? Eu não te quero! Você está f*****o com a minha vida! — Oras, Henry Denis, sua vida já estava f****a bem antes de mim.— Assine a droga dos papéis!— Não posso! — diz em um tom quase inaudível e incerto.— POR QUÊ?!!! — grito, inconsolável.— Porque eu assinei a minha Procuração.O san
DEENA — Você não deveria ter feito isso! — esbravejo com Welma. — Você não vê o quanto estou abalada? — Vejo muito mais do que isso. — ela diz, distraidamente, rabiscando em uma folha de papel. — Eu não posso mais ter contato nenhum com ele. Você sabia que ele está casado? Ela respira fundo. Desisto de falar com ela, parece até uma parede, acha que está com a razão. Pego meu casaco e começo a deslizá-lo pelo meu braço. — Você não tem nada para me contar, menina? — sua pergunta estranha só não é mais estranha do que o olhar que ela levanta na minha direção. Como se eu estivesse escondendo dela algo que ela já tem conhecimento. Repasso todas as minhas ações, tentando encontrar algo minimamente errado ou repreensível. Não encontro. — Não. — respondo um pouco hesitante. Ela dá um sorrisinho e meneia a cabeça. Ela está tirando um sarro da minha cara? Como ela não diz mais nada, termino de vestir o casaco e saio porta afora. Estamos naquela época do ano em que toda a visão que temos
HENRYVolto para casa andando nas nuvens. Nem acredito que a tive em meus braços mais uma vez. Está leve como uma pluma, será que está tão gravemente doente como diz? Não vou deixá-la ir ao médico sozinha, que tipo de homem eu seria se deixasse?O carro para. Não! Não disse a Otto que iria para o Hotel. Respiro fundo e subo para o meu apartamento. Quando chego ao meu andar, escuto música e vozerio vindo dele. Me aproximo devagar, a porta está entreaberta.Pessoas formam pequenos grupos, conversam e riem enquanto uma música brasileira preenche o ambiente. Ao me ver perdido, Katia vem até mim com uma taça de champanhe.— Boa noite, marido! Não sabia que viria para casa esta noite, então resolvi dar uma festa.— Quem são essas pessoas? Achei que não conhecia ninguém aqui.— Ah! Achou que nunca tinha vindo para a América? — ela gargalha, jogando a cabeça para trás de um jeito muito genuíno. — Moramos aqui cerca de uns oito anos aleatórios. Primeiro dois, depois três, dois e depois um. Não
DEENA— Vocês só podem estar malucas. Claro que eu não estou grávida!— A sua outra opção é muito melhor, não é? — Lana diz irônica, lançando a caixa do teste na minha direção.— Claro que eu não quero ter câncer, mas estar grávida não é uma opção, eu uso implante por causa da minha endometriose.— Então não tem problema se você fizer o teste, se afinal de contas ele vai dar negativo. — Judith diz me empurrando para o banheiro. Eu resisto, me virando de frente para elas.— Eu saberia se estivesse grávida, eu saberia, já tive uma filha e não tive esses sintomas.— Você já olhou seus peitos no espelho? — Lana me coloca de frente para o espelho oval do banheiro. — Mesmo com o seu emagrecimento, seus peitos estão maiores e mais redondos do que nunca! Já estávamos desconfiadas disso a um tempo, mas tive certeza quando estava medindo a manga do seu vestido.Me observo no espelho. Também já tinha percebido, mas achava que era um processo normal que essa parte do corpo demorasse um pouco mais
HENRYAs coisas estão caminhando bem e nosso acordo de divórcio está bem favorável para ambas as partes. Tudo o que Katiana quer é independência e liberdade e tudo o que eu mais quero é ter minha família de volta.Katiana já se mudou para Miami, levou a maior parte de suas coisas para lá e eu recuperei meu apartamento, para a felicidade de Margot, que não aguentava mais as loucuras que a mulher fazia com seus horários.Gostaria mesmo que Margot aceitasse minha ajuda para realizar seus sonhos, tão nova e com todos esses trejeitos de senhorinha! Bem, o mais importante é que hoje vou a fazenda ver Deena, sei que ela vai me xingar e me expulsar, mas eu não ligo, eu sei que é recíproco.A última vez que nos vimos foi há duas semanas naquele pub. Só de pensar me arrepio todo. Preciso daquela mulher por todos os dias da minha vida e dessa vez, nada vai nos impedir....Caminho alguns passos depois da porteira e a vejo com uma prancheta nas mãos, conversando muito séria com alguns homens. Est
DEENAQue viagem a minha de ligar a minha situação a da minha tia. Grávida novamente, quem diria? Da primeira vez, com Eve, pensei que não engravidaria por causa da endometriose, então eu e Anton nunca nos prevenimos, mas com Henry, eu já usava implante para controlar o avanço da doença que me rende muitas cólicas e fluxos inesgotáveis. Jamais pensei que engravidaria novamente.Pensando ou não, esse bebê está aqui, dentro de mim. Agora estamos na décima quinta semana e não posso dizer que os enjoos acabaram, mas com os remédios, com o aumento da hidratação e com algumas dicas simples para combater o início dos enjoos, como por exemplo: comer um biscoito seco logo cedo e comer de três em três horas, evitando alimentos pesados e superprocessados, tenho conseguido me sentir muito melhor.Ainda não contei para Eve, ela está sentindo muito a falta de Henry. Pensei que logo ela o esqueceria, porém está sempre perguntando dele. Na última consulta com a psicóloga, ela me chamou para conversar
DEENAWelma tinha razão, eu tinha mesmo que estar sentada.— Como assim? — pergunto em um fio de voz.— Ele pegou um carro sport e saiu dirigindo sem rumo depois de uma briga com o pai, eu não entendi bem... e eu não sei por que, talvez por você, eu sou um dos contatos de segurança dele e... e o hospital me ligou, depois o Otto me ligou... eu não sei o que fazer.Fico em silêncio porque eu não consigo falar, pensar ou me mexer, penso que se ficar parada por tempo suficiente vou acordar desse pesadelo.— Deena? Deena?! Não deveria ter te ligado...— Tudo bem. Está tudo bem... Vou chamar uma das filhas de Koren para cuidar de Eve e depois vamos ao hospital. — digo, tentando disfarçar a voz tremula.— Está bem... — ela diz, antes de desligar.— Mamãe, por que você está sentada no chão?Encaro Eve, atônita. Não sei o que dizer a ela, acabei de lhe dar uma notícia animadora, não posso destruir esse momento para ela. Me apoio no móvel do telefone, me levantando devagar.— Está tudo bem, que