DEENAContra a vontade de Eve, acabo de colocá-la para dormir e me dirijo a sala, onde Henry já me espera. Ele está sentado no sofá, relaxado com as pernas abertas e os braços abertos apoiados em cada lado do sofá como asas, parece que meu sofá é pequeno demais para ele, espaçoso e folgado como é. Paro a sua frente e ele me dirige aquele sorrisinho vitorioso, que dá vontade de desmanchar na pancada.— No que você estava pensando, quando resolveu enganar a minha filha novamente?— Eu não...— Não o quê? Eu e minhas amigas tínhamos acabado de conversar com ela, para não te chamar de pai, você quer brincar com a minha cabeça, então brinque. Eu sei lidar com isso, mas Eve... — meus olhos começam a esquentar. — ela só tem três anos e um pai biológico horrível que ela não sabe quem é.Ele recolhe os braços do encosto do sofá e fita o carpete.— Me desculpe! — diz finalmente em um suspiro.O quê? Eu estou ouvindo direito? Só me desculpe?— Só me desculpe? Só isso que tem a dizer?Ele bufa e s
HENRYOuvir “Bom dia, papai!” e ter que responder foi uma faca no coração. Mas, tenho que confessar que essa coisa de pai de família, me conquistou. Esse sorriso gratuito de Eve, logo cedo iluminou meu dia.— Vamos! — Escuto a voz seca e apressada de Deena as minhas costas, mas logo ela passa a nossa frente. Estou de mãos dadas com Eve, o que me exige um pouco de curvatura, mas tudo bem. Hoje, minha garota está uma fera, mas eu sei que essa irritação toda vem do fato de que ela não consegue me resistir. Eu percebi como ficou vermelha quando peguei em seu joelho e como se atrapalhou toda quando acariciei sua mão. Por que é tão difícil para essa mulher aceitar carinho?— Evelyne... sem gracinhas hoje, hein! Hoje é um dia de muito trabalho e não podemos nos atrasar.— Evelyne? Você se chama Evelyne? — pergunto, divertido para a menina, que assente sorrindo. Evelyne, que estranho nome para uma criança, não sei por que, mas tive uma sensação de ser um nome muito sério para uma garotinha tã
DEENANão deveria ter dito aquilo, deveria expulsá-lo da minha vida de uma vez por todas e ao invés disso, acabei rastejando para ele. Como me odeio por isso!Assim que ganho o campo pela porta de trás do galpão, o vento gélido me atinge, por isso, fecho meu casaco com as mãos, enquanto sinto minhas bochechas queimarem pelo frio. Me concentro no clima e nas montanhas no horizonte para não deixar as lágrimas subirem aos meus olhos.Sinto o celular vibrando no bolso de trás da calça. É meu advogado.— Pronto! — atendo.— Srta. Hoyth?— Sim.— Aqui é o Sr. Nohwals...— Eu sei. — corto impaciente, já com as mãos suando de ansiedade. Suas ligações nunca significavam boas coisas. — Pode ir direto para o assunto?Ouço sua respiração pesada do outro lado da linha e um farfalhar de papéis.— Srta. Hoyth, sinto dizer que a ordem de restrição que você pediu só pode se aplicar a você. Com relação a Evelyne, isso não é possível, já que ela é filha biológica do seu ex-marido, ele tem todo o direito
HENRYChego algum tempo depois de Deena e, quando abro a porta sou preenchido pelo aroma de xampu e sabonete que paira no ambiente. Isso nunca aconteceria no meu apartamento. O máximo que conseguiria seria o cheiro estéril do pinho usado na limpeza. Não esse cheiro doce, cítrico e convidativo que estou sentindo agora.— Deena? — chamo. — Deena?Ela não deve estar me ouvindo por causa do chuveiro.— Papai? — escuto quando estou me desvencilhando dos meus tênis. Ainda é difícil para mim ser chamado dessa forma. Eu gosto muito dessa garotinha, de verdade, quero protegê-la de qualquer coisa ruim, mas esse mesmo carinho é o que me machuca, porque eu sei que não tenho a menor condição moral para assumir este lugar e quando eu “pisar na bola” e eu sei que eu vou em algum momento, ela pode se machucar muito, e só de pensar nisso, “cara” ! Me corta lá no fundo da alma. Respiro fundo antes de responder.— Olá, bonequinha! — olho para ela: olhos brilhantes e cheios de expectativas emoldurados pel
DEENAEnquanto seus lábios quentes e úmidos deslizam pelos meus se**s, sinto que meu corpo todo está pulsando por ele, sinto que meu coração está a bater dentro da minha cabeça como um bumbo, tão grande é o desejo de tê-lo dentro de mim. Assim que ele se posiciona entre minhas pernas, algo acontece. Junto ao meu desejo, também vem a culpa. Não deveria estar fazendo isso, está tudo tão errado. Não posso me estreitar a ele dessa maneira e agir como se nada estivesse acontecendo no outro dia... Mas isso, que está acontecendo aqui e agora já é alguma coisa. Assim como o que aconteceu em seu apartamento algum tempo atrás. Abro os olhos e vejo que Henry me encara preocupado.— O que foi? — pergunto, agora, me sentindo culpada por ter estragado esse momento.— Você parou. — ele diz, ajeitando a calça novamente.— Eu só... — começo a chorar e não consigo mais dizer nada coerente.— Você não quer? — pergunta em tom choroso, saindo de cima de mim e se deitando ao meu lado.— Me desculpe, me des
HENRYQueria poder ficar enrolado com ela eternamente naquela cama, por que é tão difícil fazê-la entender o tanto que quero ficar com ela? É que, de repente ela me vem com essas palavras, bom, foram minhas palavras, mas parece que se eu responder qualquer coisa, será a coisa errada a se dizer. Então ela fica esquisita e conversar se torna impossível, não posso negar que tenho culpa nisso, já que não consigo engolir uma provocação.Enquanto ela está tomando um banho, faço torradas e frito uns ovos. Estou terminando de passar o café, quando ela aparece em um jeans colado ao corpo, coroado com um cinto de franjas, que posso dizer que me trazem algumas lembranças da noite anterior. Volto a minha atenção para a cafeteira, engolindo o nó que se formou em minha garganta.Sirvo uma xícara de café e passo para ela.— Hoje você pode ir com as suas roupas de playboyzinho. É uma festa! Aproveite!Suas palavras carregam uma certa acidez contida. Após dizer essas palavras, ela se volta para o corr
DEENAMe contraio na cadeira onde estou. Sorte a nossa que a Sra. Paterson não hesita:— Mas é claro que sim. — diz em seu tom autoritário. — Meus funcionários vão para a plantação muito antes do sol nascer e a casa do Sr. Denis fica muito longe daqui.— O horário dele começa as sete. — a Srta. Madders diz em um tom preocupante.— Sim, mas ele tem ajudado muito por aqui. — intervenho.A Srta. Madders me dirige um olhar pensativo. Quero me encolher para fugir do seu olhar, mas não o faço. Tento manter minha pose.— Mentiria se dissesse que ele está acordando junto com os meus funcionários, porém tem sido de grande ajuda. – conclui a Sra. Patterson.A Assistente Social analisa e rabisca muitas coisas em sua prancheta em um silencio interminável, até que nos dispensa da conversa, mas pede para Henry ficar. Diz que precisa trocar umas palavras com ele.Fico curiosa, claro. E até com uma pontinha de ciúmes, já que a Srta. Madders é muito bonita. Que pensamento horrível, o meu.— AGORA! RUF
HENRYEla percebeu, a Srta. Madders percebeu algo no ar. Me olhou no fundo dos olhos e disse que eu não iria conseguir muitas coisas apenas seduzindo pessoas. Claro que eu jurei de pés juntos que eu não estou fazendo nada disso, mas fico preocupado com o que isso pode causar as minhas garotas. Ela também me disse que com a ação que meu pai está planejando, provavelmente a semana que vem já não precise mais cumprir com os Serviços Sociais e eu disse a ela que o trabalho aqui tem me tornado tão orgulhoso de mim, que não quero redução da minha pena. Ela ficou muito admirada com isso e talvez, ainda mais desconfiada.Não me importo, por pior que possa parecer, vindo de mim, não passa da pura verdade. Nunca me senti tão necessário, quanto tenho me sentido aqui. Meu trabalho é necessário, os rapazes querem ouvir o que eu tenho a dizer enquanto tomamos cerveja e Deena... Sinto que preciso protegê-la e amá-la, bem como a pequena Eve, que precisa de um pai e praticamente me adotou.Sei que ser