Passado Amanhã é o meu aniversário. Você pensaria que estou animada por chegar aos dez anos de idade, mas é apenas mais um lembrete de que a vida não vai ficar melhor. Eu costumava ir para a cama à noite pensando que amanhã seria um novo dia, um desejo esperançoso às estrelas. Mas as estrelas não concedem desejos. Eu vivo nessa casa com Pike há quase dois anos, e agora eu sei que amanhã é nada, exceto uma repetição do dia anterior e as estrelas não são nada além de pedras queimadas. Gostaria de saber se vou ao menos ser deixada fora deste armário no meu aniversário. Improvável. Este é o lugar onde eu passei quase todo fim de semana desde o dia primeiro que Carl me amarrou um ano e meio atrás. Quando eu contei para Bobbi o que tinha acontecido, a sua resposta foi: — Bem, o que você fez para provocá-lo? — sim, resulta que ela não dá a mínima para mim ou Pike. Não somos nada mais do que o seu salário. Um meio para sobreviver, para pagar suas contas e colocar comida na mesa, a comida qu
Passado Minha vida continua a ser um terreno baldio. É simplesmente inútil até mesmo tentar ver o lado bom em qualquer coisa. Agora tenho 12 anos de idade. A única esperança que eu me agarro é que em dois anos, eu vou ter meu pai de volta. Mas essa esperança se transformou em cinzas e poeira quando minha assistente social passou por aqui ontem. — Só mais dois anos. — eu disse, e com um olhar confuso, ela perguntou: — O que acontece em dois anos? — Eu consigo o meu pai de volta. — falei para ela. — Eu posso ir para casa. Ela pareceu irritada quando balançou a cabeça e suspirou: — Não é assim que funciona. — O que você quer dizer? — O estado acabou com os direitos dele sobre você. Quando ele sair, você não vai voltar para casa. Ele não está autorizado a ter qualquer contato com você. Meu rosto aquece em raiva pura, quando ela acrescenta: — Essa é a sua casa, aqui, com Carl e Bobbi. Afastei-me dela nesse momento. A desesperança e derrota foram demais para eu esconder e não queria
Passado Após o ataque do Carl, Pike não entrou no meu quarto por um tempo. Tudo o que eu queria era morrer, dar um basta e sair dessa miséria. Eu nem sei como entender o que acabou de acontecer lá em baixo. Tudo veio tão rápido, e eu nunca tinha experimentado tanta dor na minha vida. A dor nas minhas costas foi desaparecendo quando ele começou a estuprar uma parte do meu corpo que eu nunca esperaria. E agora, eu estava deitada de barriga, com o rosto enterrado no meu travesseiro, tentando abafar meus soluços. Meu top ainda estava fora por causa do ardor das minhas costas. Estou com muito medo de olhar e ver o que ele fez comigo. — Oh meu Deus. — eu fracamente ouvi através do meu choro, e quando levanto minha cabeça, eu vejo Pike olhando para mim. Ele está horrorizado, não pergunto por quê, estou tão humilhada. Ele se ajoelha ao lado da minha cama com um gemido doloroso e coloca sua mão no meu braço, acariciando-o com o polegar trêmulo. Um lado do seu rosto está inchado e machucado
Passado Meus dentes tremem quando ando para casa, da escola. Acabei por ficar em apuros por brigar com uma garota que estava tirando sarro de mim hoje, me deixando de detenção, após a escola, pelas próximas duas semanas. Pike está trabalhando mais e mais, portanto, não temos ido muito para casa juntos ultimamente, e ele se recusa a deixar-me vender junto com ele. Ele diz que não quer me misturar com seus amigos, mas sempre garante estar em casa antes de Carl chegar lá, para que eu não fique sozinha com ele. A vida não mudou muito. Tenho quatorze anos - um pouco mais alta, mais preenchida, meu cabelo cresceu mais algumas ondas do que costumava ter, e tenho mais cicatrizes nos pulsos. Parece que eu tenho tentado cortá-los, mas seis anos sendo amarrada com um cinto em um pequeno armário faz isso com você. Mas escondo-as bem, uso mangas longas que caem pelos meus pulsos, que muitas vezes puxo mais para baixo. Desde que soube da morte do meu pai há dois anos, eu fiquei bastante insensív
Passado Eu não preciso dizer o que aconteceu em seguida. Você já sabe. A vida sem Pike foi pior do que os pântanos do inferno. Sozinha. Desolada. Uma vida que ninguém quer acreditar que é real, mas é. Tornei-me escura por dentro. Não. Isso não é verdade. Eu tornei-me incolor. Você não conseguiria pintar um retrato meu, porque eu já não existia. Para existir, você tem que ter vida e eu era apenas um robô, uma máquina, diga-me o que quer e eu faço, paralisada para emoções e consequências. Foda-se a vida. Te odeio. No momento em que Pike saiu pela porta, Bobbi veio até meu quarto. Eu estava chorando, pedindo-lhe para usar o telefone quando a ameaça veio. Ela me disse que sabia sobre Pike e eu fazendo sexo, e se eu contasse a alguém ou tentasse sair, ela iria dizer ao Serviço Social e eu seria colocada sob avaliação mental em um hospital estadual. Ela também me disse que Pike seria preso e enviado à cadeia por estupro de um menor, uma vez que dezessete anos é a idade legal de consen
Presente Natal passou e Bennett está em casa nas últimas semanas. Com os feriados, o tempo está passando rápido, quase sem interação com Declan. Encontramos para tomar um café antes de Bennett voltar para Dubai. O encontro foi mais agradável do que a nossa tensão habitual. Apenas conversamos, e ele me contou sobre a vida na Escócia e sobre os problemas na empresa do pai. Eu quase me senti mal por está-lo manipulando tanto, quase. Meu propósito é claro, e ninguém vai ficar no caminho do que eu tenho que fazer. Para apaziguar Jacqueline, concordei em encontrá-la para almoçar com outras meninas. Então, quando Baldwin me deixa em Le Sardinha, um bistrô francês local, no West Loop15, eu vejo as meninas já sentadas em uma das mesas, com toalhas de linho branco. — Ela chegou. — diz Jacqueline quando me aproximo e me sento. — Desculpem o atraso. Eu tive que atender algumas ligações. — Você está pronta para a véspera de Ano Novo? — Marcia pergunta enquanto bebo a água que elas tinham pedid
Presente Retorno para casa e ouço alguns recados de última hora antes da festa de hoje à noite e escuto a risada irritante de Richard, sócio de Bennett, vinda do escritório. Coloco minhas sacolas de compras sobre a mesa da sala de jantar antes de ir para a cozinha. — Querida, é você? — Bennett pergunta do outro lado da casa. — Sim querido. Eu pego uma garrafa de vinho Chardonnay gelada da geladeira e começo a abri-la, no momento em que os rapazes entraram na cozinha. Sorrio para Bennett quando ele se move atrás de mim, então viro a cabeça para que ele possa me dar um beijo. — O que vocês dois estão discutindo? — pergunto. — Apenas algumas oportunidades de fusão, só isso. Abaixo a garrafa, e respondo: — Eu não sabia que vocês estavam interessados em algo assim. — Nós não estamos. — Richard deixa escapar. — Não vamos aceitar qualquer uma das ofertas. Viro-me para enfrentar Bennett, e ele nem sequer toma conhecimento de Richard conforme seus olhos estão focados em mim com um lev
Presente — Meu bem. — Sim? — eu digo, enquanto pego mais alguns cabides de camisas do armário de Bennett e caminho de volta para o quarto para embalá-las na sua mala de roupas. — Eu queria conversar com você sobre Baldwin. Vou precisar continuar levando-o comigo para as minhas viagens para Dubai. Eu só quero ter certeza que você está bem com isso. — Discutimos isso antes, e eu lhe disse que estou bem. Mas por que você precisa levá-lo com você? — pergunto. — As leis lá são rigorosas, e eu gosto de tê-lo para manter um olho em tudo. — ele explica. — É mais seguro que eu não esteja sozinho. Depois de fechar a sua bagagem, eu vou até ele e pergunto, no momento que envolvo meus braços na sua cintura. — Eu deveria ficar mais preocupada com você? — Não. Eu não quero que você se preocupe com nada, é por isso que Baldwin vai viajar comigo. — Só de você falar isso já fico preocupada. — É só que, na última vez que estive lá, surgiu uma situação com um casal que dividiu um táxi que estava