ANASTASIAO processo de infusão das células-tronco ocorreu mais rápido do que o esperado, e constatou-se que não haveria necessidade de cirurgia. As células-tronco de Justin foram infundidas em Amie exatamente da mesma forma que se realiza uma transfusão de sangue.Após a transfusão, o médico pediu para conversar com Kevin e comigo.— Agora que a transfusão foi concluída, a próxima etapa é a fase de recuperação e aquela em que esperamos que as células-tronco infundidas viagem até a medula óssea e comecem a produzir células sanguíneas saudáveis. Isso é chamado de enxertia e normalmente ocorre dentro de 2 a 4 semanas. Essa frase é crítica, pois, embora esperemos que não ocorram complicações, elas podem surgir; portanto, ela permanecerá no hospital até que o engraftamento esteja completo.— Então. — Disse Dennis arrastado. — Ela ainda ficará aqui por mais um mês?— Sim. — Assentiu o médico. — Enquanto ela estiver aqui, realizaremos exames de sangue regulares para verificar o engraftamento
SHARON— Sra. Aiden! — Eu suspirei antes de me virar para a próxima pessoa que me reconheceu.— Oi. — Respondi com um sorriso enérgico, tentando acompanhar o entusiasmo dela, embora não tivesse a menor ideia de quem ela fosse.— Estou tão empolgada em te ver. — Disse ela após se apresentar.A resposta perfeita teria sido: — Sim, dá pra ver. Está escrito no seu rosto.Mas, em vez disso, ampliei meu sorriso e respondi: — Eu também. E você, como está?Ela me contou que estava ótima, que eu a inspirava e bla, bla, bla. Eu sabia que elas não estavam realmente empolgadas em me ver, mas apenas ansiavam por se conectar comigo de maneira pessoal. Consegui equilibrar simpatia com uma certa reserva, fazendo com que se limitassem a perguntas genéricas, embora essa tenha sido ousada.Enquanto falava, lançou alguns olhares para a minha barriga. Depois de trocarmos números, ela perguntou:— Há quantos meses você está?Quando o Aiden anunciou de repente que iríamos à festa da Amie logo após me dizer
DENNISMeu dilema era ridículo. Qualquer um que soubesse disso riria na minha cara. Eu vinha evitando minha própria funcionária desde aquele dia infeliz, e essa evasão não começou no ambiente de trabalho; me recusei inclusive a tomar os banhos nos dias marcados e, nos momentos em que a fuga parecia impossível, explodia com ela e a repreendia seriamente por questões insignificantes.O clima, que antes animava a filial do meu bar, se tornara tenso, pois ninguém ousava atrair a minha ira. Todos andavam como se pisassem em ovos, aguardando o instante em que eu finalmente me retirasse para o fim do dia. Eu não sabia se fazia tudo aquilo por medo de cair novamente na armadilha dela ou simplesmente por vergonha – talvez ambos. Além disso, a constatação de que meu autocontrole não era tão rígido quanto sempre imaginei foi um verdadeiro tapa na cara.Enquanto folheava as regras do contrato mais recente que estava prestes a assinar com uma academia, ouvi uma batidinha suave na porta.— Entre. —
PONTO DE VISTA DA AUTORA— Você quer que eu entre com você? — Perguntou Dennis, se agachando diante de Amie.Amie balançou a cabeça, exibindo um sorriso no rosto.— Estou bem, papai. Eu consigo entrar sozinha.Embora estivesse assustada, fazia tanto tempo e ela não sabia se seus amigos ainda se lembravam dela. No entanto, não queria que o papai se preocupasse. Além disso, ele precisava ir trabalhar, pois ela sabia que ele não podia ficar na escola com ela. Dennis notou a incerteza nos olhos de Amie antes que ela a disfarçasse com um sorriso suave. Ele ia a confrontar, mas parou na última hora."Provavelmente, ela precisa resolver isso sozinha." Pensou para si mesmo.Então, pressionou um beijo em sua testa e acrescentou:— Se certifique de levar sua comida, tá bom?Amie assentiu, mantendo o sorriso.— E se precisar de alguma coisa, vá até o diretor e peça para ele me ligar ou ligue para sua mãe, tá?— Sim, papai. Eu vou.Dennis retirou um fio de cabelo do rosto dela e, com voz suave, d
SHARONAchava que estava ficando maluca. Metade do tempo, eu queria gritar todas as minhas frustrações. O tempo passava, e a data do meu parto se aproximava rapidamente. Aiden havia marcado essa data no calendário, bem ao lado da nossa cama. Todas as manhãs, era a primeira coisa que eu via ao abrir os olhos, o que só piorava a situação.Conforme o dia se aproximava, eu ainda não tinha pensado nem agido com rapidez. Precisava pensar antes de agir, mas não conseguia imaginar nada que realmente ajudasse. Cheguei a considerar adotar um recém-nascido. Mas, além de ser algo muito difícil, isso envolveria muitas pessoas, o que tornaria o segredo ainda mais difícil de manter. Eu não podia correr esse risco. E nem começaria a discutir o quão complicado seria encontrar uma criança que tivesse apenas alguns dias ou semanas de vida.E, quanto mais os dias passavam, maior ficava o meu medo de que ele descobrisse. Eu nem queria imaginar ele me deixando, mas não conseguia evitar.O fato de que a Ana
DENNISMesmo depois de demitir a Tabitha, a culpa persistia e eu não conseguia olhar para a Ana sem reviver aqueles breves minutos na água com a Tabitha. Naquele instante, estava tomado pela culpa. Já tentei contar para a Ana, mas sempre parecia ser o momento errado. E por onde eu começaria, se finalmente achasse que era a hora certa?— Ei, Ana, enquanto esperávamos a Amie se curar, eu, tolo, me juntei a uma igreja falsa e, lá, um dos membros, que, por acaso, é minha funcionária, tentou me seduzir. Talvez tenhamos se beijado e ido além disso. Zombei de mim mesmo. Soava como um completo tolo, e imaginava a dor que veria nos olhos dela; sabia que precisava manter essa imagem intacta, mesmo que apenas em minha imaginação, pois ver a Ana verdadeiramente magoada me despedaçaria. Naquela manhã, depois de uma sessão de beijos apressados, me vi dizendo para a Ana:— Que tal uma escapada? — Murmurei enquanto mordiscava suavemente sua orelha. — Algo romântico, só nós dois.Ela colocou a palma
Minha aliada pediu que nos encontrássemos hoje e eu concordei. Olhei para o meu rosto no espelho e pude notar a preocupação estampada em meus traços. Meu olhar recaiu sobre a minha barriga, aquela barriga falsa.Essa “aliada” se recusara a explicar por que queria me ajudar, e eu fiquei me perguntando: será que ela sabia sobre minha gravidez falsa? Assim, quando ela propôs um encontro pessoal, aceitei de imediato.Respirei fundo e alisei a blusa com as mãos.— Vamos ver do que se trata toda essa confusão. — Murmurei.Peguei minha bolsa e saí de casa.Assim que me sentei no carro, expirei novamente e revirei a bolsa para confirmar se o spray de pimenta, a arma de choque e o taser estavam intactos.Ela não parecia perigosa, mas nunca se podia ter certeza; além disso, quem sabia meu segredo, agora, pudesse representar algo arriscado.Disquei o endereço que ela me enviou e parti rumo a um restaurante antigo, localizado em uma área remota. Estacionei cerca de um quilômetro de distância e ca
TABITHAOlhei com fúria para Sharon enquanto ela desfilava para fora do café com a cabeça erguida. Em meio àquele bairro degradado, ela se destacava como se pertencesse a um universo distinto. Mesmo trajada de maneira casual, exalava uma fragrância inebriante e ostentava um visual capaz de fazer inveja à mais rica das bilionárias. Conquistar Sharon como nossa cliente seria o ápice do mundo.Contudo, ela era tão letal quanto abastada. Eu percebia isso na forma como me alertava e na expressão estoica que adornava seu rosto desde o nosso primeiro encontro. Não se tratava de alguém com quem se pudesse brincar ou ludibriar com facilidade. Isso era evidente, e devia ter ouvido o Sid.Ciente de que, se insistisse, ela certamente me faria prender, decidi manter distância. Sem outra alternativa, optei por vender a minha história.— Como foi? — Os caras perguntaram quando retornei naquele dia.— Fracasso épico. — Respondi de forma sucinta antes de me recolher para o meu quarto, sabendo que era