AIDENOuvi ela suspirar profundamente. Então disse: — Muito obrigada por ter vindo. Eu realmente agradeço. Fiz um aceno rígido com a cabeça, meus olhos fixos na minha filha. — Bem. — Ela começou de forma desajeitada. — Nos precisamos ir ao médico para que o processo comece imediatamente. Soltei um suspiro pesado. Sim, o processo. Era por isso que eu estava aqui… a razão pela qual ela foi forçada a me contar que tinha uma filha minha… o único motivo pelo qual me permitiram conhecer minha própria filha era porque ela estava à beira da morte. Senti meu interior começar a ferver de raiva mais uma vez. Ao mesmo tempo, a facada da traição e da dor ainda estava lá, cravada em mim. Com um último olhar para Amie, engoli toda a raiva e apenas assenti. — Vamos, então. Precisávamos começar imediatamente, para que tudo isso, para que eu ser apresentado à minha filha não fosse em vão no final das contas. Ela foi na frente. O caminho até o consultório foi silencioso, tenso. Mas sobr
AIDENOs sons patéticos dos meus soluços cessaram quando senti os dedos dela se mexerem contra os meus. Rapidamente enxuguei as lágrimas do rosto e ergui a cabeça. Os olhos dela estavam bem abertos, me encarando. Por um segundo, apenas encarei de volta. Ela estava mesmo acordada ou era só o que eu queria enxergar? Ela piscou. Eu sorri. Apertei levemente sua mão entre as minhas. Não era ilusão. Ela realmente estava acordada. — Oi. — Falei com a voz rouca. — O cara da caneta. — Ela disse, com a voz fraca e o rosto sério. Meu sorriso se alargou. — Você se lembra de mim. Ela assentiu. — Eu amei a caneta. Ainda amo. Ela ainda está em casa. É minha caneta favorita. A essa altura, já sentia meus olhos marejando de novo. — Fico feliz. — Sem saber bem o que dizer, disparei. — Posso te trazer mais, se quiser. Quantas? Uma dúzia? Duas? Um pacote inteiro? Revirei minha memória tentando lembrar onde tinha comprado a caneta, para poder conseguir mais para ela. Ela sorriu su
ANASTASIA— Ele não é meu pai! Ouvi Amie dizer em um tom defensivo bem na hora em que voltei para o quarto.Eles ainda não tinham notado minha presença, então fiquei parada, observando enquanto Aiden se enrijecia e não dizia nada. Pareciam estar em uma espécie de disputa de olhares. O olhar de Amie estava carregado de hostilidade, e Aiden… ele parecia derrotado.A enfermeira, finalmente percebendo a tensão no ar, gaguejou ao tentar encontrar algo para dizer, olhando de uma para o outro. No fim, murmurou um envergonhado:— Entendi.Lancei um olhar para a enfermeira. Talvez ela tenha feito alguma pergunta que provocou essa reação da Amie. Talvez, por nunca ter visto Aiden antes, tenha perguntado se ele era o pai.Mas não a culpei. Ela era nova por ali, provavelmente não conhecia nem a mim, nem ao Dennis.Talvez a culpa fosse minha. Ah, quem eu queria enganar? A culpa era minha. Eu devia ter dado um jeito de explicar para Amie que ela tinha outro pai além do Dennis. O pai por quem ela se
ANASTASIAEu encarei Amie, que me olhava fixamente, esperando pela minha resposta.Eu não fazia ideia do que dizer. Eu não podia dizer a ela que Aiden não era seu pai, não mais. Não depois dele já ter dado a entender isso. Eu não podia dizer que ele não era seu pai para depois, no futuro, contar que o homem que eu disse que não era o pai dela, na verdade era.Isso seria estúpido. E seria mentir. Sempre ensinava a Amie a não mentir, mas que exemplo eu estaria dando?Além disso, Aiden provavelmente nem gostaria disso. Isso poderia deixá-lo furioso. E eu não podia correr o risco de ele voltar atrás na decisão de ajudar.Mas seria o momento certo para contar? Fisicamente, ela já estava sofrendo, e seria cruel submetê-la ao turbilhão emocional que essa revelação traria. Por mais que fosse algo que, cedo ou tarde, ela teria que enfrentar, mas eu não podia fazer isso agora. Eu não queria que fosse agora.Ela conhecia o Dennis como pai. E, por enquanto, eu queria manter assim.— Mamãe? O papai
ANASTASIAEu estava exausta, principalmente mentalmente, quando finalmente cheguei em casa. Arrastando os pés até a porta, comecei a listar mentalmente as coisas que precisava fazer. Separar alguns livros de pintura para Amie...Depois que tentamos ligar para Dennis e ele não atendeu, Amie concordou que ele poderia mesmo estar ocupado com o trabalho, como eu tinha dito.Então ela disse: — Você vai pra casa hoje, né? Quando chegar, fala pra ele que tô morrendo de saudade! E pede pra ele trazer meus materiais de pintura quando vier. Eu sempre fico entediada quando não estou dormindo. — Depois sorriu animada. — E eu prometi que ia desenhar uma coisa pra ele.Aproveitei isso como uma chance de animá-la e implorei para saber o que ela ia desenhar, mas ela não quis contar. Só disse: — É um segredo entre meu papai e eu.Suspirei e parei em frente à porta. Tentei destrancar, mas, para minha surpresa, já estava aberta.Dennis já voltou? Meu coração se aqueceu. Ele ter escolhido voltar mais c
SHARONEsfreguei os olhos enquanto soltava um bocejo.Forcei a vista para a planilha na tela, mas quanto mais eu encarava, mais as palavras e os números se embaralhavam e mais pesadas minhas pálpebras ficavam.Estava com medo de ir para a cama, porque toda vez que fechava os olhos, tudo o que eu via era Aiden e Anastasia, cheios de carinho um com o outro.Cada momento em que eu ficava à toa era tomado por pensamentos dos dois juntos. Eu não queria ter esses pensamentos. Não queria imaginar que meu marido seria pai da filha de outra mulher.Desde que aquela bruxa voltou para nossas vidas, eu não tinha mais notícias de Aiden. Não sabia nem se ele voltou pra casa, porque a primeira coisa que fiz na manhã seguinte à minha noite de bebedeira foi reservar um voo, arrumar minhas coisas e deixar o país.Havia deixado meu negócio aqui e voado direto para Aiden sem pensar duas vezes. Quem ficou no comando da empresa até que fez um bom trabalho, mas eu não estava satisfeita.Eu não queria algo ap
DENNISO som mais lindo foi o primeiro que ouvi quando abri os olhos: a risada dela. Apesar da dor de cabeça, um sorriso involuntário surgiu nos meus lábios.Aquele som… já bastava para iluminar o meu dia.Olhei de relance para ela, curioso sobre o que a fazia rir daquele jeito. Estava sentada na beirada da cama, de costas para mim, falando ao celular. Fiquei imaginando com quem ela conversava. Amie? Não conseguia pensar em ninguém além da nossa filha que pudesse arrancar dela uma risada tão gostosa.Quando estendi a mão para puxá-la para perto de mim, seus ombros tremeram com mais uma risada. Então, ela balançou a cabeça e disse: — Aiden… — Arrastando a última sílaba.O sorriso bobo desapareceu do meu rosto, meu corpo esfriou e minha mão congelou no ar.Claro, engoli seco.Lentamente, baixei a mão e a coloquei de volta sobre o rosto.Senti as emoções de sempre, raiva, amargura, tristeza, ciúme, ressurgirem de onde eu tentei afogá-las no dia anterior.Como pude esquecer? Aiden estava
DENNISFui bem criterioso com as coisas que comprei. Escolhi exatamente as flores que ela gostava e apenas presentes que eu sabia que ela iria valorizar.Lancei um olhar para o banco do passageiro, onde estavam as flores e os presentes, enquanto dirigia para dentro do estacionamento do hospital e assenti para mim mesmo. Ela ia adorar. Encontrei uma vaga rapidamente e estacionei o carro.Antes de sair, peguei os itens e segui para dentro.— Sr. Dennis! — Uma das enfermeiras da recepção exclamou. — Que bom tê-lo de volta!Assenti, surpreso de verdade. — Obrigado. — Murmurei, esboçando um sorriso enquanto seguia para o quarto da Amie.Assim que empurrei a porta, os olhos dela se voltaram para mim e seu rosto se iluminou na mesma hora.— Papai!Acelerei o passo para que ela não precisasse correr até mim, mas ela já estava de pé e tinha dado alguns passos antes que eu a alcançasse.— Papai! — Repetiu, se agarrando às minhas pernas. Coloquei as coisas na cadeira mais próxima e a ergui nos