Capítulo 2
O vento suave da noite continuou a soprar o meu cabelo para frente e para trás, enquanto eu estava parada lá fora com a mala ao meu lado. Finalmente, eu estava fora daquela casa. Depois de andar um pouco pelas ruas, eu notei luzes brilhando forte na minha direção e um sorriso leve surgiu em meus lábios porque eu notei logo quem era a pessoa que se aproximava.

O carro vermelho esportivo extravagante parou logo do lado onde eu estava parada, e uma mulher ainda mais extravagante estava no banco do motorista abanando os dedos para mim enquanto baixava a janela.

Era a Grace.

Grace não era só minha amiga, ela também era a minha parceira de negócios. Nós eramos inseparáveis desde os nossos dias de colégio, e como nós sempre partilhamos o mesmo amor pela moda, nós decidimos tornar os nossos sonhos em realidade cofundando a companhia Vogue Luxo, um site de compras online moderno e inovador que se tornou num favorito entre os jovens e influencers.

Grace tinha um talento nato para o design de roupas, por isso ela era responsável por desenhar as coleçoes e modelos explendidos, enquanto isso eu me focava no design das joalharias no nosso estúdio, a Aurora Jóias. Aurora Jóias era um estúdio de moda sofisticado que atendia uma clientela de elite. A nossa visão de negócios e criatividade nos catapultou para o mundo dos milionários.

Eu soube logo que vi aquele sorriso na cara dela que ela ia zoar de mim logo asseguir. Zoar uma a outra para nós era tão normal quanto respirar. Eu entrei no banco de passageiro do carro da Grace, suspirando enquanto apertava o meu cinto de segurança.

— Finalmente decidiu deixar aquele canalha e voltar ao trabalho? — Grace falou brincando com um sorriso travesso nos lábios.

— Eu não consigo entender porquê você desperdiçou três anos da sua vida para ser uma dona de casa cuidado de um cafajeste que nem te ama.

Eu enrolei os meus olhos. — Eu estava cega, mas agora posso ver. Já ouviu isso antes?

Grace deu uma risada enquanto ligava o carro. — Bem, estou feliz por saber que os seus olhos estão abertos agora. Nós temos muito que fazer, não vale a pena deixar você por aí distraída por um cara que nem sabe o seu valor.

—Sabe, Sydney, eu tenho de falar de novo, aquele papo de “casada” com aquele cara? Eu odiava ver você naquela situação! — Ela olhou brevemente para o portão da casa do Mark. — Nossa, como esperei para te dizer isso!

Eu dei uma risada, encostando o meu cotovelo na janela da porta do carro por causa de cansaço enquanto pensava. “Ah, me poupe. Desde o início Grace sempre odiou o meu casamento com o Mark. Ela tentou da sua maneira mostrar a reprimenda que sentia de forma direta e indireta. Havia vezes que que ela falava abertamente e das outras vezes era de forma mais sutil, como por exemplo da forma que ela hesitava para me felicitar por mais um aniversário ou da forma que ela mudava de assunto sempre que eu mencionasse algo relacionado ao meu casamento. Eu estava feliz porque finalmente podia fazer piadas e falar abertamente acerca disso.”

— Quer dizer, qual era o problema com aqueles vestidos sem graça e sapatos sensatos? Que mico!

— Grace! — Eu dei uma outra risada.

— O Sr. Errado teve mesmo uma influencia no seu guarda-roupa? Eu nunca vi tanta cor castanha na minha vida. E naquele dia que te vi usando aqueles sapatos rasos com aquele vestido de coquetel eu quase desmaiei.

Eu explodi de risadas de novo, abanando a minha cabeça enquanto concordava, — Você sabe que eu só estava tentando me ajustar naquela imagem de ‘espoosa perfeita’. Nunca mais!

— Graças a Deus você saiu daquele buraco.

Eu continuei achando que o que ela disse fosse engraçado, e dei uma tapinha nela.

— Mas sabe, eu não acho que aquele vestido fosse tão ruim assim!

— O quê ?! — Grace disse sorrindo. — Talvez só para um cego.

Isso me recordou daquele evento em que eu tinha participado com o Mark, usando aquele vestido e achei que estava elegante, mas ele mais tarde acabou dizendo que aquele vestido era revelador para uma esposa. Os insultos deles não só me ofenderam profundamente, mas também o que me doeu ainda mais foi a humilhação pública que ele me fez passar na frente dos outros. Esse incidente chegou nos ouvidos dos meus pais e criou ainda mais vergonha. Eu acho que foi daí que o meu guarda-roupa começou a mudar. Eu estava tentando agradar a todos, especialmente ao Mark e meus pais. Que tola eu fui.

Eu suspirei. — Nossa, senti saudades da gente!

Grace assentiu. — É, eu também. Disse ela, enquanto pisava no pedal de gás e o motor do carro rugia de volta a vida antes de acelerar e se mesclar ao fluxo de tráfico na rua.

— Então, para onde a gente vai?

— Para o aeroporto claro! Senti uma vontade imensa de fazer uma pequena viagem.

— Uau, eu achei que você quisesse vir a minha casa pelo menos por essa noite ou algo. — Comentou a Grace.

Eu dei de ombros e disse: — Eu só quero me afastar daqui por um pouco.

Grace se encostou no banco dela, relaxando o braço dela na porta do carro enquanto o outro braço estava no volante. — Bem, até que é preciso mesmo! Isso me faz lembra, — Acrescentou a Grace, — Tem uma companhia interessada em comprar o nosso website, você não vai acreditar, a oferta é absurda, confesso que chamaram a minha atenção.

— Eu não estou com cabeça para trabalho agora. Falamos disso quando eu regressar, — Eu falei olhando para Grace, que assentiu compreendendo. — Tá certo!

Eu realmente precisava daquela viagem, para descansar a minha mente um pouco e se aproveitar da liberdade que acabava de ter do Mark e também daquela rotina sufocante pela qual eu havia ficado escrava. Eu sabia que os meus pais ficariam furiosos, eles ficavam sempre que eu tentasse me libertar das exigências deles. Mas eu já não queria saber de nada, viesse o que viesse. A ideia de deixar tudo para trás era muito libertadora. Grace entrou no aeroporto. Assim que o carro foi parando, eu desapertei o cinto de segurança e peguei na minha bolsa, tirando o meu celular com todo o entusiasmo. Eu disquei um número e segurei o celular no meu ouvido.

— Eu já estou aqui, onde está você? — Eu falei primeiro. — Tá certo, tá certo, Acrescentei enquanto o recetor da chamada respondia antes de terminar a chamada.

Grace olhou para mim curiosa e pergunto, — Quem era?

— Você verá. — Eu falei enquanto sorria enigmaticamente. Grace me deu um olhar desconfiado, mas não comentou nada mais.

Enquanto esperávamos no carro, um homem num terno elegante se aproximou do carro com uma maleta. Eu logo o reconheci, eu disse para a Grace, — Espere aqui! — Antes de sair do carro para me encontrar com ele.

— Boa noite! — Ele me cumprimentou cordialmente e eu retornei a gentileza assentindo levemente.

Ele era um advogado que eu havia contatado antes para ajudar com os papéis de divórcio. O advogado abriu a maleta e tirou um envelope contendo os papéis de divórcio. Enquanto ele fazia isso, eu olhei para o caro e vi a Grace olhando curiosamente.

— Aqui! — Ele me entregou os papéis. Eu folhei eles um por um, atentamente, com um sentimento esmagador das coisas estarem chegando a um fim.

— Você precisa de mais tempo para ler eles? — O homem perguntou. Eu abanei a cabeça e falei, — Não, onde assino?

Ele apontou para lugares diferentes nas páginas e disse: — Aqui, aqui... — Disse ele, folhando entre as páginas, — E mais aqui e aqui — Ele indicou. Depois ele entregou me uma caneta.

Eu assinei as páginas em todos os locais onde precisava da minha assinatura, finalmente devolvendo os papéis e a caneta para ele.

— Eu mandarei uma cópia o Senhor Torres, assim como uma cópia sua também — Ele disse enquanto colocava os papéis de volta na mala.

— Você pode mandar pelo correio eletrónico.

— Tá certo. — Disse ele.

Eu assenti e disse: — Obrigado. — Enquanto apertava a mão dele.

— É o meu trabalho. — Disse ele enquanto sorria.

Quando eu voltei a entrar no carro e fechei a porta, eu deixei sair um suspiro pesado. Estava mais quente dentro do carro em comparação com o lado de fora.

Grace olhou para mim, perguntando imediatamente:

— Então? Vai matar a minha curiosidade agora?

Eu olhei para ela e respondi: — Ele era meu advogado. Eu assinei os papéis de divórcio.

Os olhos da Grace se esbugalharam, e ela deixou um grito dramático escapar, — Você está louca? Você está mesmo deixando a indenização?

Ele é um bilionário, você poderia ganhar até cem milhões de indenização.

Eu sorri amargamente dizendo: — Não me importa, eu só quero o meu divórcio dele assim que possível. Eu mesma sou uma milionária, não preciso dele para aumentar o meu valor.

Grace abanou a cabeça. — Mas mesmo assim, cem milhões... — Ela parecia estar sofrendo tanta dor, que eu até quase me ri dela.

Eu dei de ombros e disse, — Deixa ele ficar com o dinheiro dele, nós somos maiores que isso na mesma. Eu só quero continuar com a minha vida.

— Oh... amiga. Eu entendo completamente. — Grace se aproximou e apertou na minha mão, dizendo, — Eu estou aqui com você, venha o que vier!

— E é isso mesmo o que me importa. — Eu sorri e apertei na mão dela de volta. Por um minuto, nós devíamos estar parecendo melhores amigas atuando numa telenovela.

Grace nos tirou daquele pequeno momento emocional — Está bem, está bem. Vamos pegar as suas coisas. — Disse ela enquanto saía do carro para me ajudar a tirar a minha mala do banco de trás.

— Diga para todos os solteiros da cidade que a rainha está de volta! — Eu anunciei em voz alta para o vento.

— É isso aí! A rainha está de volta gente. — Grace gritou logo depois de mim.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo