Dois anos depois....
Mia Santana; idade: 18 anos.
- Mãe, estou indo! - gritei em direção a escada e corri para a cozinha, onde peguei uma maçã. Acordei muito tarde, então teria que comer na faculdade. Era meu primeiro dia, e de certa forma estava aliviada, já que uma nova fase da minha vida estava começando, mas ao mesmo tempo estava com medo, pois, coisas novas me assustam.
- Vamos, eu levo você - disse minha mãe no fim da escada, ela caminhou até o meio da sala, então se inclinou e pegou o chaveiro na mesa de centro. Ela não puxava muito assunto, era como viver com uma estranha. Não sabia se ela iria mesmo trabalhar, na noite anterior estava bebendo muito, sinceramente odiava isso, ela sempre parecia me tratar como algo pior que uma barata, pelo menos assim eu ainda existia, mas quando ela estava bêbada, ela nem se importava se eu ainda estava viva ou não. Parte do meu cansaço era por isso, apesar de seu desprezo, não podia dormir e deixá-la, tinha medo do que ela poderia fazer com si mesma.
Entramos no carro, minha mãe parecia ... Alegre, olhou para mim e sorriu. Abri a boca surpresa, minha mãe sorrindo, o que será que aconteceu?
- filha, você já tem 18 anos e... bom, está na faculdade...tão esforçada- disse ironicamente, virei a cabeça em sua direção rapidamente, ela nunca me elogiava, então sabia que ela tinha alguma intenção por trás.
- o que quer que eu faça? - perguntei de uma vez, sabia que ela não iria pagar a minha faculdade sem cobrar "favores".
- um favor - não disse.
- olha mãe, não me coloque nas suas loucuras - Minha mãe bebia muito, é verdade, mas ela nunca deixou isso atrapalhar sua vida profissional, quando não bebia, se afundava em trabalhos e mais trabalhos, e a vida dela se resumia a isso.
- Sustento você, não sustento? - disse ríspida, estacionou o carro na faculdade, quando ia sair do veículo, ela segurou meu braço, me irritei com sua atitude, ela não deveria me cobrar nada. Ou devia?
- Como você mesmo disse, tenho 18 anos, e arrumei um emprego em uma das cafeterias dos pais da Raquel, satisfeita? Vou pagar cada centavo que está gastando comigo - puxei meu braço, apesar dela ser uma vaca comigo a maior parte do tempo, não é como se eu pudesse dar na cara dela.
- Nem um pouco, já disse que não era para fazer isso, nem pensar!
Dona Lídia era ambiciosa demais, e muito mesquinha, com certeza estava preocupada que as amigas do clube que ela frequentava, soubessem que a filha é garçonete, para ela seria um escândalo.
O clube a propósito era do patrão dela, o cara era praticamente dono da cidade, o senhor Gustavo Fontoura, e não que a cidade fosse tão enorme assim, morávamos em Campos, no Sul do Brasil, a cidade se chamava assim, mas era o centro da construção civil, a Fontoura construção, uma das maiores empresas da América Latina ficava aqui, e minha mãe, Lídia Santana era diretora da empresa, mas, sabia que o maior sonho dela era se tornar uma das sócias.
Um dos lugares mais badalados da cidade era o Fontoura Clube, um lugar onde as mulheres ricas e exibidas como minha mãe gostavam de levar seus filhos. Ela sempre me levava lá, e era uma martírio, tinha que suportar os filhos dos sócios da Fontoura Construção, que se achavam a última bolacha do pacote. O quê me deixava frustrada naquele tempo era ter que ficar sozinha, sem minha melhor amiga Raquel, e o meu ex-namorado Nicolas, eles não podiam frequentar o clube, seus pais não eram contribuintes, e nem trabalhavam na famosa empresa de construção civil, além disso, minha mãe gosta de se sentir superior, ela ama o status, o fato de ser parte do clube e da burguesia da cidade, ela nem sequer tinha a educação de me deixar convidar um dos meus amigos para ir ao clube.
Resumindo: Ir ao clube era um a grande tortura, e ainda tinha o fato do irritante filho do chefe da minha mãe estar lá.
Minha mãe ainda se enquadra no estilo casamenteira, conheço Leonardo Fontoura desde sempre, esse fato me rendeu muita dor de cabeça, minha mãe sempre tentava me deixar sozinha com ele, depois que completei 15 anos, a situação apenas piorou, chegou a marca encontros para somente nós dois, eu tinha tanta vergonha.
Leonardo sabia que eu tinha namorado, mas, não parecia se importar. Nicolas odiava a situação, e ele não podia fazer nada a respeito. Afinal, ele não era bem vindo no clube, e muito menos iria bater de frente com o filho de um cara poderoso, como o senhor Gustavo.
Meu pai tentava amenizar a situação, ele era o único que conseguia convencer minha mãe a desistir de suas ideias mirabolantes. Depois que ele se foi, tudo ficou confuso, mas, minha mãe continuou trabalhando, tinha dias que ela bebia muito, mas na maior parte do tempo ela mergulha em trabalho, nos últimos meses começou a frequentar o clube novamente.
- Quero que apenas estude e já conversei com a Sara e o Luiz, você não vai trabalhar lá e nem pense em outro lugar da cidade - e ela sempre estava um passo à frente de mim.
- Quanto ao favor, vai ter um jantar em casa hoje, quero que fique bem bonita - ela apontou a porta, sabia que tinha mais coisa que "só um jantar", mesmo assim, minha reação foi apenas bufar e sair.
Manipuladora. Essa palavra definia minha mãe. Fechei os olhos tentando esquecer, mas as lembranças sempre voltavam.
"papai não!"
"Foi tudo culpa sua, sua" - minha mãe dizia.
" mamãe!"
" culpa sua, você os matou"
Abri os olhos, e segui, a dor sempre me acompanhava. A dor nunca ia embora, sabia que a minha mãe se sentia assim também, por isso que ela trabalha tanto, para tentar esquecer de sofrer, porém, o melhor passa-tempo dela até hoje, era controlar a minha vida.
Caminhei pelo campus até a recepção, então eu o vi.
Nicolas.
Ele estava no balcão, fiquei instantaneamente nervosa, não poderia voltar por onde entrei sem parecer uma idiota, respirei fundo, e fui até o balcão. Apesar de ter passado dois anos, ainda sentia um clima estranho quando o via.
- Olá - disse para a recepcionista, percebi pelo canto do olho Nick me encarando.
- Sou da turma nova de Arquitetura, vim pegar meu horário e saber a sala.
- Nome?
- Mia Santana - Não aguentei sentir o olhar de Nicolas queimar meu rosto, então o encarei e me arrependi no mesmo segundo. O olhar penetrante dele quase me fez derreter, talvez eu pudesse deixar o amor fluir, mas, não conseguia, se ele soubesse o que fiz, quem sabe entendesse o motivo de eu evitá-lo, o amor não é para mim....pelo menos não deve ser.
- Mocinha! - levei um susto - tome - a recepcionista me entregou o papel, me virei e fui para o corredor praticamente correndo.
- Mia! - era ele, fingi que não era comigo, ele ficou do meu lado e me acompanhou - vai continuar fingindo que não me viu? - Ele me encurralou na parede, colocando os braços em ambos os lados da minha cabeça. Tanta faculdade no mundo, por que ele tinha que vir justo para essa?
No fundo sabia que isso poderia acontecer, já que na cidade só tinha duas faculdades, uma pública e essa, que era particular.
- Mia eu não vou deixar você fugir, fugiu por dois anos, mas agora chega!
- me deixa passar - falei secamente. Bom, aprendi a ser fria com a minha mãe, porém o nó na minha garganta era tão grande que eu não suportaria continuar a olhá-lo por mais tempo.
- Você veio para minha toca e eu nunca deixo uma presa escapar - disse no meu ouvido, coloquei a mão no peito dele e o empurrei de leve, mesmo assim ele continuava muito perto.
- Para de ser idiota - disse eu, ele sorriu descaradamente e foi colando seu corpo ao meu, tentei empurrá-lo, dessa vez com força, mas é óbvio que não consegui.
- Ainda sinto que é minha - meu rosto pegou fogo, quando o Nick, aquele garoto adorável ficou tão....tão...olhei ele dos pés a cabeça...
...safado?
- pois não sou, Nicolas me solta! - tentei parecer que não estava afetada. Afinal quem nunca ficou olhando o corpo de um homem descaradamente? Se não, bem....um dia irão com certeza.
- Sei que não quer isso - ele lia pensamentos agora?
- Você não sabe nada da minha vida, você não estava lá - minha voz ficou embargada, simplesmente não conseguia controlar.
Nick. Enterro. Meu pai. Todos os pensamentos que me deixavam em desespero, estavam ali agora. Era isso que passava pela cabeça quando o via.
- Lá onde?...Sabe Mia, você me deve explicações e agora que você está aqui, não vai poder me negá-las - disse com convicção.
Nicolas se afastou de mim e foi embora.
- Amiga? O que foi isso? - era Raquel, ela se aproximou pelo lado oposto ao qual Nicolas saiu.
- Eu não sei Raquel .
- Sério? - perguntou e levantou as sobrancelhas - Faltou você se pegar nessa parede mesmo.
- Ele veio me cobrar explicações - me desencostei da parede - que ridículo! não temos nada e...
- Mas tinham, e você foi lá e terminou tudo, na verdade nem terminou, só deixou de falar com ele mesmo, pensando assim - ela colocou a mão no queixo - e levando-se em conta que vocês não terminaram oficialmente e nem ficaram com outras pessoas, então tecnicamente vocês ainda são namorados - olhei para ela espantada com sua lógica maluca.
- Como sabe que ele não ficou com ninguém? e sim eu terminei!
- Meu irmão Pedro, é o melhor amigo dele, então, eu sei - ela apontou para si mesma. Pedro, irmão da Raquel, cursava administração, ele e Nicolas terminaram o ensino médio no mesmo ano, ele e Nicolas tinham a mesma idade, 20 anos, e pelo que ela tinha me contado a um bom tempo atrás, eles tinham decidido cursar o mesmo curso na faculdade.
- não importa - disse um pouco irritada com o assunto, ela sorriu como se eu tivesse contado uma piada.
- só muito - dei língua para ela, e comecei a andar para a minha sala e ela me seguiu.
- Ele vai te perturbar muito, você teve sorte, pois quando tudo aconteceu o Nicolas não estava mais no colégio, senão você nunca ia ter conseguido "terminar" - disse Raquel desenhando aspas no ar - agora a situação mudou - Nicolas era dois anos mais velho, então ele saiu do colégio no ano seguinte.
- ele não vai fazer nada - começamos a caminhar para a nossas respectivas classes. Ela estava cursando Artes Cênicas.
- Pode continuar se iludindo Mia - ela saiu correndo para sua aula em seguida, sem esperar uma resposta minha.
(...)
A aula foi demais!
Primeiramente quis fazer arquitetura por influência da minha mãe, já que ela também é arquiteta, minha mãe sempre foi uma ótima profissional, mas depois de um tempo percebi que poderia ser legal. No entanto, queria fazer outro curso como letras por exemplo, pois, amo escrever. Escrever é a saída que encontro para todas as minhas frustrações.
- Vai comer alguma coisa? - perguntou Melanie ou Mel, minha mais nova colega de classe e candidata a amiga.
- Sim, vamos - estávamos no balcão do refeitório e então escutei ela dizer:
- Que gatinho.
- Quem? - Mel arregalou os olhos ao se dar conta que falou alto demais, quase ri da cara dela, porém, ela estava tão vermelha de vergonha que deixei para lá.
- Bom, acabou de entrar - disse ela, olhei para onde apontou, conhecia muito bem "o gatinho", era Leonardo, o filho do patrão da minha mãe, ele estuda aqui também? Mas que ótimo! Devo ser extremamente lerda, é claro que estudava.
Minha mãe me levava para as festas da empresa e Leonardo sempre ia, além de sempre encontrá-lo no clube, a vocação do garoto é me irritar.
Rezei: Que ele não me veja!
- Mia! ele está vindo para cá - continuei olhando para frente, onde estava a fila.
- Anjinho você aqui? Bem que a dona Lídia avisou - Leonardo era idolatrado por minha mãe, o engraçado era que ele não se aproveitava disso, a não ser para me atormentar - você está muito gata - disse tirando meu cabelo da minha bochecha, ao meu lado, Mel limpou a garganta.
- Oi. Léo - falei com uma alegria falsa - essa é minha amiga Mel - ele riu da forma nada educada que falei com ele.
- Olá Mel - disse olhando para ela, em seguida voltou a atenção para mim - E nossa Mia, continua tão temperamental quanto antes - EU temperamental? olha quem fala?
- Oi - disse Mel timidamente.
- Claro né, por que você foi canonizado, um verdadeiro santo - revirei os olhos.
- Já passei dessa fase - disse calmamente - agora eu não quero irritar as garotas, quero conquistá-las - ele deu uma piscadinha para mim, sorri falso para ele, a fila andou e Mel e eu fomos atendidas, pedimos pizza e suco, e fomos para uma mesa.
- Até mais anjinho, a gente se vê depois.
- O conhece de onde?
- Ele é filho do patrão da minha mãe, da Fontoura Construção.
- É claro, esse é Leonardo Fontoura, o playboy mais rico da cidade, o pai dele é dono de quase tudo, dizem até que metade dessa faculdade é dele.
- bom...eu não duvido - disse mordendo minha pizza.
- vocês estão namorando? - me engasguei com a pizza, e comecei a tossir desesperadamente chamando a atenção das mesas ao lado, tomei meu suco tentando parar a crise.
- Credo amiga - disse Raquel aparecendo de repente e batendo nas minhas costas.
- tá bom...cof...cof... estou melhor - Me encolhi na cadeira, que vergonha.
- Essa é a Bruna, uma amiga do curso de Artes Cênicas, Bruna essa é a Mia, minha melhor amiga - A garota era loira e tinha a ponta do cabelo rosa, usava roupas completamente pretas. A menina parecia me analisar com atenção.
- Oi Bruna, meninas, essa é a Mel - Mel acenou para elas - Mel essa é a Raquel.
Sentamos todas juntas, e começamos a conversar sobre assuntos aleatórios.
- e então, o que conversavam antes de chegarmos Mia? - perguntou Raquel.
- de Leonardo Fontoura - respondeu Mel, sorrindo provavelmente lembrando da cena ridícula que passei.
- Você o viu Mia? ele está um pedaço de mal caminho, não? - disse Raquel enquanto se abanava - pena que tem fama de encrenqueiro.
- é, mas parece que o pai dele anunciou que ia colocar o filho na linha, em uma entrevista em um dos jornais mais famosos do país - disse Mel.
- Nossa! Eles são tão poderosos assim? - perguntou Bruna.
- Só crescem - disse Raquel.
- o que ele fez de tão grave? - perguntou Bruna, pela primeira vez parecia interessada em algum assunto.
- Se envolveu em corrida de carro ilegal, rachas, o pai dele está tentando abafar o caso - disse Raquel - a Mia sabe, a mãe dela é diretora da Fontoura construção.
- o que eu sei é só isso, se o Leonardo estressa o pai dele, o pai dele estressa a minha mãe e sobra pra mim, pois minha mãe me estressa - Raquel riu.
- ódio e amor andam lado a lado - cantarolou Raquel. Mel riu, e Bruna apenas ficou séria.
- haha Raquel haha.
Por fim a aula acabou, foi ótimo. Fui para casa, minha avó paterna veio morar com a gente hoje, fui com minha mãe buscá-la no aeroporto, só tenho ela de avós, pois os maternos e assim como meu avô paterno já haviam falecido, estava muito contente de ter mais alguém em casa.
- Minha neta, estou tão cansada.
- Regina vamos ter um jantar hoje à noite, quer participar? - minha mãe perguntou, mas sabia que ela preferia não ter feito isso.
- Não Lidia. Como disse estou muito cansada - acompanhei minha avó até o quarto de hóspedes - obrigado Mia.
- Estou tão feliz que está aqui - abracei-a e beijei sua bochecha.
- Eu também Mia, como está? - olhei para o chão, minha avó me puxou para outro abraço - não foi culpa sua Mia, você sabe, não deixa a Lídia te manipular.
- vovó ... Eu estava tão irritada e...
- não fale nada, você é inocente - assenti, queria que o meu coração acreditasse nisso e...minha mãe também.
- Mia! Vá se arrumar- minha mãe gritou da cozinha.
Escolhi um vestido creme com folhas pretas desenhadas na barra da saia, que terminava um pouco acima do joelho, e coloquei uma sapatilha da mesma cor, deixei os cabelos castanhos soltos, e passei uma maquiagem básica.
Desci as escadas e fui para a cozinha onde minha mãe arrumava a mesa.
- Mia, faça tudo o que eu mandar. Trouxe sua avó para morar aqui, então me agradeça seguindo minha ordens, se não amanhã mando-a para um asilo bem longe daqui, entendeu?
- Por que faz isso mãe? Você gosta dela, não deveria ficar usando-a para me chantagear.
- Faça o que eu mandar, eu sustento essa casa, então me obedeça, meu emprego depende disso.
- Como assim? o que quer dizer com isso?
- o senhor Gustavo vai fazer uma proposta, já sei o que é, mas, quero que saiba somente no momento.
- não enrola mãe, o que tenho que fazer?
- aceitar a proposta.
(...)
A campainha tocou, entraram o senhor Fontoura e a esposa, quando pensei que não iria entrar mais ninguém, eis que surge o Leonardo. Aaaah só fica melhor!
Estávamos na mesa de jantar agora. Minha mãe tinha servido um jantar para a família Fontoura, ela adorava puxar o saco dos chefes.
- A comida estava ótima - disse dona Abgail, mãe do Leonardo, estávamos na sobremesa, pudim com sorvete.
- Ótimo mesmo- repetiu Leonardo, minha mãe sorriu para ele, revirei os olhos.
- Mia! - parece que ela viu o que eu fiz.
- Que é! - percebi que falei de forma rude, então me corrigi - sim mãe? - perguntei com voz suave e dei um sorriso forçado em seguida, todos ficamos encarando ela, mas é claro que ela não iria brigar comigo ali, em vez disso, colocou um sorrisão no rosto e desviou o olhar do meu.
- Vamos para a sala conversar- disse ela, todos a acompanhamos.
- Você está linda anjinho - sussurrou Leonardo quando passou por mim - sentei no sofá pequeno com minha mãe, Leonardo sentou em uma poltrona e seus pais no sofá maior.
- Esse jantar foi feito com um propósito - começou o senhor Fontoura e dona Abgail bateu palmas.
- Nosso filho Leonardo precisa de um compromisso sério - complementou ela. Para tudo, diz que não é o que eu estou pensando que é.
- Achamos que isso vai ajudá-lo a criar juízo, ele precisa de uma garota sensata como você Mia - disse o senhor Fontoura, como se aquela situação fosse completamente normal, se ainda estivesse comendo tinha me engasgado novamente, em vez disso, o encarei pensativa.
- Leonardo, o que acha disso? - perguntei, querendo saber se ele aceitava esse circo todo.
- Quando cheguei, já sabia, meu pai me contou essa tarde e... Seria bom...
- Um momento! Um namoro de mentira é bom para você? - estava em choque...quem são essas pessoas? Eu só posso estar em uma novela mexicana mesmo.
- Querida, acho que não entendeu - disse minha mãe carinhosamente, desde quando ela descobriu como conversar assim? - filha, o namoro vai ser real, vocês vão namorar, isso é um fato. E quem sabe em um futuro próximo noivar.
- o quê? - praticamente gritei.
- Que isso Mia, você sabe que me namorar não vai ser nenhum sacrifício - brincou Leonardo, mas ele parecia um pouco nervoso, talvez a conversa com o pai dele não tivesse sido tão tranquila quanto eles tentavam aparentar.
- Mia, quer que eu fale com sua avó?- traduzindo: Coloque sua avó num asilo - por que eu posso fazer isso!
- não precisa ela está cansada - traduzindo: Não vou deixar você fazer nada com ela.
Ela percebeu que nossos convidados estavam esperando a minha resposta.
- Então Mia? - perguntou o senhor Fontoura.
- Tudo bem - disse me dando por vencida, poderia até aceitar o namoro, mas não estou prometendo que vai ser um mar de rosas.
- Fale com clareza Mia - disse minha mãe.
- Sim eu aceito ser a namorada do Leonardo - dona Abgail me abraçou, nossa o que quer que Leonardo tenha aprontado foi realmente grave, para fazer todo esse showzinho para me convencer a aceitar isso, sei muito bem que o senhor Gustavo, Abgail e minha mãe combinaram tudo, pois a ambição da minha mãe não tem limites, ainda mais agora sem o meu pai.
É oficial... parece que agora eu tenho um....Namorado?
Mia SantanaA semana passou voando, meu namoro está normal, levando-se em conta que nada mudou exatamente, estou tentando evitar o assunto o resto da semana, ou seja, estou evitando Leonardo, Raquel, e bom...é claro, o Nicolas, mas acho que ele não conta, já o evitava bem antes disso.- Por que não foi mais ao refeitório? Aquele garoto vive te procurando - disse Mel se acomodando na carteira, ela sempre se sentava ao meu lado, o professor ainda não havia chegado.- Leonardo?- Ele mesmo.- Sabe o que é...- não ela não sabe, e pelo visto ninguém - disse Raquel. De onde essa cria
Mia SantanaEra sábado, o dia de acordar tarde, era o que gostaria de fazer, no entanto...- Acorda amiga - gritou Raquel.- Quel para, é sábado - disse colocando minha cabeça debaixo do travesseiro.- Vamos se levantar, nós vamos à praia, já até combinei com as meninas...poxa amiga se levanta- ela começou a puxar meu pé - vamos!- Tá bom! - pulei da cama e fui tomar banho, coloquei uma roupa confortável, quando voltei encontrei Raquel sentada na minha cama. Ela às vezes se esquecia onde era a casa dela, e se mudava para a minha.(...)Fomos tomar café da manh&
Mia SantanaDepois da dura conversa que tive com Nicolas, fui para casa, ao chegar lá encontrei minha avó na sala.- Oi vó - disse enquanto fechava a porta.- Oi querida, como foi na praia? - perguntou quando eu já estava sentada na poltrona.- intenso - peguei meu telefone e liguei para a Raquel, minha avó se levantou, e foi para a cozinha.- Oi Quel.- Onde você está? Não consegui te esperar, estava muito sol - disse bufando - como foi a conversa?- Foi boa, você tinha razão - declarei - precisávamos tê-la.- lógico que tin
Mia SantanaHavia passado um mês, como também, um mês de namoro, a corrida de Leonardo se aproximava, e estava nervosa, pois, descobri que na última vez Leonardo havia sofrido um acidente, agora entendia o entusiasmo da dona Abgail quando aceitei o namoro, um dos motivos do namoro era para Leonardo se afastar dessa vida e se tornar mais responsável, o que pra mim não fazia sentido algum na época. Ainda não consegui falar com ele sobre isso, não nos vimos no domingo, penso que não precisamos ficar grudados 24 horas. Além disso, passei o domingo estudando para mais um entre os duzentos trabalhos da faculdade que tenho para fazer, no entanto, minha apresentação não foi nada do que eu imaginava.- Não se preocupe, Mia.- Eu sei, mas, estudei tanto para nada! - disse levemente irritada, sempre ficava nervosa quando tinha que me apresentar em público, na hora parecia que tudo o que tinha que falar desaparecia da minha cabeça - e você? - perguntei, Mel parecia tão distraída recentemente e sab
Bruna MartínezEstava na sala de música novamente, aquele lugar era como um refúgio para mim.- Está levando isso extremamente a sério, não? - disse Diego.- Quando eu cismo com uma coisa, vou até o fim - meu coração acelerou, pois aquilo era a mais pura verdade. Fiquei um pouco nervosa, tinha medo de Diego ver a escuridão dentro de mim.- Assim que se fala - ele sorriu e pegou a guitarra que estava no canto da sala.- Vamos lá- ele começou a ajustar o instrumento - está estudando as partituras?- Sim professor! - ele riu.Passamos a tarde ali, tocando, era somente a
Bruna MartínezQuando conheci Alonzo, ele era diferente, ele era meu irmão, não consegui entender a razão disso ter mudado.Na primeira vez que nos vimos foi quando comecei a estudar em uma escola perto do orfanato, tinha sete anos, fazia pouco tempo que minha mãe tinha se suicidado, e aquilo, todo o sangue me assombrava, tinham tentado me adotar pelo menos duas vezes, mas sempre que eu tinha uma crise de pânico, devolviam-me, e não era algo que pudesse controlar.- Ei! - um garoto se colocou na minha frente. No recreio sempre me sentava em um balança no pátio, ficava lá parada, tinha medo de falar com os outros, tinha medo de facas e q
Mia SantanaO cinema foi demais, agora estávamos na praça de alimentação do shopping, e estava tomando apenas uma vitamina de mamão.- Filmes de ação são os melhores, foi demais - disse Leonardo entusiasmado.- O filme ou os beijos? - perguntei rindo e Mel acompanhou-me, Pedro revirou os olhos como se tivesse incomodado.- Os beijos com certeza - disse Leonardo mordendo minha orelha, arrepiei-me e corei em seguida, pois, tínhamos platéia, o empurrei levemente.- Vocês são muito fofos - disse Mel, olhando de soslaio para Pedro. Pedro era muito carinhoso com ela, e deveria mesmo, Mel era uma pessoa bonita tanto por dentro quanto por fora, com seus li
Mia SantanaÉ engraçado, mas ao mesmo tempo frustrante como o mundo não pode parar de girar nos melhores momentos de sua vida, o tempo passa, e não cessa. Sinto-me intensamente mergulhada em uma bolha de sentimentos, porém, tenho medo dessa bolha estourar. A mais pura verdade é que sempre tememos, sempre hesitamos.Por esse motivo acho que está na hora de me libertar, abrir as minhas asas e voar. A pergunta é: Quando é o momento certo? Observo Leonardo, que está dormindo ao meu lado tranquilamente, contorno seu rosto com os dedos, ele sorri e abre os olhos aos poucos, virando a cabeça para me olhar.- Amanheceu? - perguntou sonolento.- Sim, você dormiu aqui - sentei-me um pouco amedrontada - caramba! O que min