Se eu soubesse que morreria em uma manhã de sábado ensolarado, teria dado prioridade ao por de sol, as estrelas brilhantes, ao horizonte vermelho alaranjado.
Teria mergulhado mais nas ondas do oceano, escutado mais música, lido mais livros visto mais filmes.
Teria feito mais amizade, cativado mais amores, cultivado mais energia positiva. Teria agradecido mais, reclamado menos, distribuido sorrisos.
Teria me reconciliado com a família, dito mais eu te amo, adotaria um bichinho, plantaria uma árvore, viajaria mais.
Se eu soubesse que não viveria mais que quarenta anos, teria andado descalça na areia, meditado, praticado boas ações, prezado por quem me amava.
Teria mentido menos, decepcionado menos, causados menos dores, menos sofrimento. Teria abraçado mais, me desculpado mais.
Teria feito diferente. Casado. Teria sido boa mãe, boa filha, boa afilhada, boa namorada.
Se eu soubesse que morreria nos braços de Júlio sem a chance de
PARTE II - JÚLIO CÉSAR Ano: 2012- Júlio César?- Sim, sou eu!- Por favor, me acompanhe. A doutora está lhe aguardando.- Obrigado......- Bom dia Júlio, tudo bem?- Bom dia, doutora.- Sente-se por favor.- Obrigado.- Então, Júlio. Soube que você veio através de uma indicação.- Sim. Quem me recomendou foi a esposa de um amigo, Renata.- Ah sim !!! Renata é minha paciente há an
- Bom dia Júlio César. Tudo bem?- Tudo bem sim, doutora. E você?- Também. Sente-se por favor.- Obrigado.- Como foi a sua semana, Júlio?- Foi bem. Muito trabalho, mas foi tudo bem.- Quer me contar um pouco sobre o seu trabalho?- A gente até poderia conversar sobre isso, se eu não tivesse participando de uma operação que ainda é sigilosa.- Sem problemas, Júlio.....- Bom, na semana passada nós paramos na parte em que você foi convidado a se retirar do colégio militar.- Sim...- Quando você saiu do colégio, o que exatamente aconteceu?- Bom, meu pai me matriculou em outra escola.- Do nível do colégio que você estudava?- Na verdade Carolina, não acredito que tenha uma escola do nível militar. Mesmo que muitas escolas particulas de
- Bom dia, Júlio.- Bom dia, doutora. Desculpe o horário Carolina, sei que é muito cedo, mas se não fosse assim não conseguiria manter nosso encontro semanal.- Não se preocupe com isso, Júlio. Seis e meia da manhã não é tão cedo assim para começar a trabalhar. Rs...- Eu não tenho outro horário disponível, estou atolado no trabalho. Saindo de um plantão e entrando em outro.- Eu entendo perfeitamente. Aonde você está nesse exato momento?- Dentro do carro. Vou para casa descansar e mais tarde volto para trabalhar.- Você não está dirigindo, né?- Não. Só quando acabarmos a sessão.- Muito bem. Em relação a fazermos nossa sessão dessa maneira não tem problema algum. A chamada de vídeo é boa, conseguimos nos olhar e v
- Oi Júlio. Boa tarde, tudo bem? - Oi doutora Carolina. Estou novamente bagunçando o seu horário, né? - Não se preocupe com isso. Consegui remanejar a agenda e te encaixar. - Obrigada. - Eu adorei as flores, Júlio. Elas são lindas e toda paciente que atendo elogia muito. - Fico feliz, doutora, afinal com meus horários instáveis, você sempre consegue me atender, mesmo que seja por chamada de vídeo. É só uma forma de agradecer pela sua atenção. - Júlio... Pode não parecer, mas você me paga muito bem para que receber a minha atenção. - Hahaha! É verdade Carolina... É verdade. ... - Como está sendo a sua semana, Júlio? - No trabalho, tumultuada. - E com Tamires? - A mesma coisa de sempre. - Eu estava revisando em vários aspectos nossos últimos encontros e gostaria de continuar a falar sobre a sua ex-namorada Luísa. Acho que ela pode ser um grande ponto para desencadear algumas questõe
Ao longo do tempo, comecei a perceber uma transição quando ingressamos na faculdade.Não sei extamante em que momento tudo mudou.Se foi quando pegamos o resultado das provas ou quando as aulas tinham começado, mas acredito que tenha sido logo nos primeiros meses.Eu estava muito ansioso com o resultado do vestibular.Precisava passar para uma universidade pública ou então, não sabia o que faria da minha vida.Sofria muita pressão em casa, afinal já tinha sido reprovado na escola duas vezes e não passar para faculdade seria a gota dágua, principalmente para meu pai que não parecia muito satisfeito a investir em mais quatro anos de faculdade particular.Então não me restou escolha. Era passar ou passar e até hoje quando olho para trás, não sei como consegui ser aprovado, mesmo sem ter estudado, dedicando todo o tempo dispon&i
O fato de Luísa ter sido minha primeira namorada, provocou mudanças não somente em mim, mas em tudo relacionado a minha vida.Se por acaso teve algo real naquele relacionamento, além do amor que sentia por ela, foi o que de ruim ela trouxe para mim.Estava destruído e fechado para qualquer relacionamento.Passei algum tempo sem confiar ou acreditar em alguém.As pessoas conversavam comigo e eu duvidava de todas as histórias que ouvia e quando as histórias vinham de mulheres com quem ficava, era ainda pior.Eu desconfiava até a última palavra e mesmo preferindo namorar do que ficar casualmente com alguém, ainda sim evitava relações profundas.O medo de me envolver novamente e ser atraído para um buraco negro de mentiras e falsidades, me mantinha distante de qualquer pessoa.Dizem que a paixão nos cega e é prov&aac
Quando Gilberto chegou em casa, Rosana, meu pai e eu estávamos sentados na cozinha, enquanto tentava esclarecer detalhes do que acontecia. Sagazmente, Rosana me fazia perceber os pequenos detalhes nas histórias que Luísa contava e dos quais acreditava cegamente. Alguns tão bobos que me faziam rir de desespero, outros nem tanto a ponto de me fazerem literalmente cair em um buraco obscuro e fundo da loucura que se escancarava a minha frente. Gilberto colocou as crianças para o quarto e ficou conosco, para tentar entender também a dimensão dos problemas causados por Luísa e quanto mais falava sobre sua inocência, mais me arrependia ao imaginar a destruição que causaria por mentiras. Era inacreditável! Inviáve! Eu estava pasmo como todo mundo, com o labirinto que Luísa tinha montado para nos fazer de ratinhos de laboratório, pois era assim que me sentia. Toda a situação era surreal. Perdi as contas de quantas vezes, pedi perdão a Ros
Ao voltar para a realidade o meu mundo estava mais vazio e mais silencioso. Fiquei dois dias dentro do quatro, sem querer falar com ninguém. Sem querer ver ninguém. Desliguei o celular e fiquei recluso no escuro, na minha cama pensando e chorando. Eu não comia, não saía e automaticamente não interagia com meus próprios familiares. Pensava e repensava nos mínimos detalhes todas as histórias que Luísa havia inventado e juntando as peças, vi o quão ingênuo fui em suas mãos. Muitas vezes chorei de soluçar no chão do banheiro para que ninguém me ouvisse. Outras vezes, socava o travesseiro para abafar a minha raiva e então chorava semelhante a uma criança contrariada. Sentia saudades, mas na maior parte do tempo também sentia raiva. Muita raiva, convicto de não querer falar ou vê-la em hipótese alguma. ... Quando finalmente resolvi sair do quarto, dei o ar da graça na cozinha procurando o que comer e depar