Antonella D'AngelisHavia semanas desde que Vincenzo declarou guerra a todos que ousassem se opor a nós. Essa decisão gerou uma onda de tensão por toda a máfia, do topo às famílias menores. Uns diziam que ele era louco, outros afirmavam que essa era a postura de um verdadeiro líder. A controvérsia, no entanto, era combustível para consolidar sua imagem como capo.O conselho decidiu organizar uma festa para celebrar o apoio das famílias aliadas, um gesto político para reforçar os laços e ostentar poder. Eu sabia, porém, que aquela festa seria mais do que uma simples demonstração de força. Entre os rostos sorridentes, estariam aqueles que fingiam lealdade enquanto tramavam contra nós.O salão principal onde ocorria as grandes festas era o cenário escolhido. Era um lugar imponente, com paredes cobertas por painéis de madeira trabalhada, candelabros dourados pendendo do teto alto e abóbadas decoradas com afrescos renascentistas. As mesas estavam impecavelmente postas, forradas com toalhas
Vincenzo D'Angelis🔞🔞🔞Essas festas sempre tinham o mesmo sabor amargo: sorrisos falsos e sussurros carregados de veneno pelos cantos. Eu estava exausto, desgastado pelos jogos de poder que nunca cessavam, mas o que mais me incomodava naquela noite era o silêncio de Antonella. Ela não disse uma única palavra desde que saímos da festa. Assim que entramos em casa, ela caminhou em direção ao quarto do nosso bambino, onde ficou parada por longos minutos, apenas observando-o dormir.Respeitei seu momento. Sabia que algo a estava atormentando, mas eu também precisava de um momento para respirar. Tomei um banho rápido e, ao sair, me joguei na cama ainda com a toalha presa à cintura. Antonella passou por mim em silêncio, dirigindo-se ao banheiro. O peso em seus ombros era evidente, e a expressão de seu rosto me dizia que tinha chorado.Quando ela voltou, eu não aguentei mais.— Antonella, chega de silêncio. Me diga, o que aconteceu?Ela hesitou, mordendo o lábio inferior como sempre fazia
Vincenzo D'AngelisNão imaginei que tudo isso me traria tantas dores de cabeça. Faz um mês que as ameaças começaram, e elas simplesmente não cessam. Minha casa, que antes era um refúgio, agora se transformou em um entra e sai constante. Homens da família, associados e até curiosos vêm até mim ou ao meu pai, trazendo palavras de apoio, reclamações ou, mais frequentemente, seus medos.No galpão, nossos interrogatórios eram infrutíferos. Por mais que pressionássemos os informantes, ninguém trazia nada de relevante. Era como se estivéssemos rodeados por sombras, incapazes de distinguir aliados de inimigos. Meu estresse estava no limite, e, para piorar, quase não via Antonella ou meu filho. Cada dia que passava, sentia que essa distância só aumentava meu desconforto.Eu estava sentado no escritório da casa quando Guilhermo entrou, segurando um envelope.- Deixaram isso para você. Germana pegou na entrada e me trouxe.Suspirei, cansado.- Deve ser mais uma ameaça vazia. Algo que tentam usar
Antonella D' Angelis ( Fontana)Eu não consegui pregar os olhos a noite toda. O quarto estava silencioso, mas minha mente era um turbilhão. Meus olhos viajavam entre Vincenzo, que dormia ao meu lado, e nosso pequeno Enrico, adormecido no berço próximo. A decisão de Vincenzo de nos mandar para longe pesava como uma pedra em meu peito. Isso só podia significar que a situação estava pior do que eu imaginava. A cada suspiro que Vincenzo dava em seu sono, eu me perguntava como seria ficar longe dele sem saber se estaria seguro. Ele era forte, poderoso, alguém que foi moldado por esse mundo, mas até mesmo os homens mais fortes têm seus limites. E essa guerra... ela parecia ser diferente de tudo que já enfrentamos.Eu estava absorta nesses pensamentos quando Vincenzo se mexeu, rolando na cama até me encarar.- Não dormiu? - Sua voz era grave, ainda carregada de sono, mas seu olhar parecia captar minha inquietação.Eu apenas neguei com a cabeça, limpando uma lágrima apressada antes que ele pu
Antonella D'Angelis (Fontana)A viagem até o esconderijo transcorreu em silêncio, quebrado apenas pelo som abafado do motor do carro e pelo ocasional sussurro entre os seguranças que nos escoltavam. No carro, estávamos nós: eu, Enrico, minha mãe, Luiza, Camille e Giulia. Vincenzo e os outros homens ficaram para trás, e a ausência dele pesava no ar como um luto.Enquanto o carro avançava pelas estradas sinuosas, tentei manter minha atenção na paisagem. As colinas verdes e os campos cheios de oliveiras eram de uma beleza pacífica, quase irônica, considerando a tempestade que deixávamos para trás. Cada quilômetro nos afastava da mansão D'Angelis e, principalmente, dele.Deixei Vincenzo para trás.Aquela frase martelava na minha mente como um lembrete cruel. Eu sabia que não tinha escolha, que minha prioridade era proteger Enrico e seguir o plano. Mas o peso de partir sem olhar para trás era insuportável. Vincenzo não havia dito muito antes de sairmos, mas o olhar dele ao me ver partir di
Vincenzo D'Angelis O escritório estava silencioso, exceto pelo som constante de cliques e teclas enquanto Alessandro, navegava pelos arquivos das câmeras de segurança. O clima era pesado; cada homem presente sabia que encontrar quem invadiu sua privacidade era vital para a segurança da família.Vincenzo mantinha-se em pé próximo à janela, as mãos cruzadas nas costas, o olhar fixo na escuridão lá fora. Leonardo, subchefe, estava sentado em uma poltrona, segurando um charuto apagado que nunca parecia ter intenção de acender. Guilhermo, inclinava-se sobre a mesa, observando atentamente as imagens que Alessandro exibia. Giuseppe, permanecia em um canto, analisando uma folha de anotações que tinha em mãos.— Revisei os arquivos das câmeras externas três vezes — disse Alessandro, finalmente rompendo o silêncio. — O único movimento incomum foi aquele carro estacionado próximo à entrada oeste.— E o homem de boné que vimos perto dos arbustos? — perguntou Guilhermo, apontando para a tela. — E
Vincenzo D'Angelis Eu sabia que algo estava errado, mas não tinha ideia da extensão da traição até que a encontrasse bem diante dos meus olhos. Marcelo, ex-segurança da nossa casa, tinha se envolvido em algo que não apenas me afetaria, mas a minha família inteira. Era tarde demais para ser gentil ou pedir explicações com calma. O que ele fez, o que ele tentou fazer, não poderia ser perdoado.O dia em que o pegamos não foi algo que eu planejei, mas aconteceu rápido. Meu pessoal o localizou em um bar sujo no centro da cidade, tentando se esconder. Ele sabia que estava sendo caçado, mas o medo de ser descoberto nunca foi suficiente para fazê-lo tomar uma atitude inteligente. Ele estava tentando desaparecer, mas a nossa rede de informantes era maior.Fui até ele, com Guilhermo, Leonardo e Alessandro. Não dissemos nada. Não havia necessidade de palavras nesse momento. Quando o encontramos, ele estava olhando para o celular, completamente distraído, como se fosse possível fugir de tudo aqu
Vincenzo D'Angelis O restaurante estava silencioso, um contraste com o caos que rodava na minha mente. Escolhi o lugar a dedo: afastado, discreto, e com mesas estrategicamente dispostas para evitar olhares indiscretos. Nada podia sair do controle naquele encontro.Elena Vitorino, filha de um dos chefes do conselho, já me aguardava. Ela tinha chegado antes de mim, o que já era um sinal de nervosismo. Estava sentada com a postura impecável, os cabelos loiros presos em um coque perfeito. Seus olhos claros se ergueram quando me aproximei, mas não havia a frieza usual. Ela parecia... frágil. Vulnerável. Mas eu não estava ali para me comover.— Vincenzo — ela disse, levantando-se, um sorriso hesitante no rosto.— Elena. — Cumprimentei-a com um aceno curto, dispensando qualquer formalidade.Sentei-me à sua frente, meu olhar firme cravado no dela. Ela tentou sustentar meu olhar, mas logo desviou, mexendo nervosamente no guardanapo sobre a mesa. Esperei o garçom se aproximar e afastá-lo com u