Vincenzo D'Angelis O escritório estava silencioso, exceto pelo som constante de cliques e teclas enquanto Alessandro, navegava pelos arquivos das câmeras de segurança. O clima era pesado; cada homem presente sabia que encontrar quem invadiu sua privacidade era vital para a segurança da família.Vincenzo mantinha-se em pé próximo à janela, as mãos cruzadas nas costas, o olhar fixo na escuridão lá fora. Leonardo, subchefe, estava sentado em uma poltrona, segurando um charuto apagado que nunca parecia ter intenção de acender. Guilhermo, inclinava-se sobre a mesa, observando atentamente as imagens que Alessandro exibia. Giuseppe, permanecia em um canto, analisando uma folha de anotações que tinha em mãos.— Revisei os arquivos das câmeras externas três vezes — disse Alessandro, finalmente rompendo o silêncio. — O único movimento incomum foi aquele carro estacionado próximo à entrada oeste.— E o homem de boné que vimos perto dos arbustos? — perguntou Guilhermo, apontando para a tela. — E
Vincenzo D'Angelis Eu sabia que algo estava errado, mas não tinha ideia da extensão da traição até que a encontrasse bem diante dos meus olhos. Marcelo, ex-segurança da nossa casa, tinha se envolvido em algo que não apenas me afetaria, mas a minha família inteira. Era tarde demais para ser gentil ou pedir explicações com calma. O que ele fez, o que ele tentou fazer, não poderia ser perdoado.O dia em que o pegamos não foi algo que eu planejei, mas aconteceu rápido. Meu pessoal o localizou em um bar sujo no centro da cidade, tentando se esconder. Ele sabia que estava sendo caçado, mas o medo de ser descoberto nunca foi suficiente para fazê-lo tomar uma atitude inteligente. Ele estava tentando desaparecer, mas a nossa rede de informantes era maior.Fui até ele, com Guilhermo, Leonardo e Alessandro. Não dissemos nada. Não havia necessidade de palavras nesse momento. Quando o encontramos, ele estava olhando para o celular, completamente distraído, como se fosse possível fugir de tudo aqu
Vincenzo D'Angelis O restaurante estava silencioso, um contraste com o caos que rodava na minha mente. Escolhi o lugar a dedo: afastado, discreto, e com mesas estrategicamente dispostas para evitar olhares indiscretos. Nada podia sair do controle naquele encontro.Elena Vitorino, filha de um dos chefes do conselho, já me aguardava. Ela tinha chegado antes de mim, o que já era um sinal de nervosismo. Estava sentada com a postura impecável, os cabelos loiros presos em um coque perfeito. Seus olhos claros se ergueram quando me aproximei, mas não havia a frieza usual. Ela parecia... frágil. Vulnerável. Mas eu não estava ali para me comover.— Vincenzo — ela disse, levantando-se, um sorriso hesitante no rosto.— Elena. — Cumprimentei-a com um aceno curto, dispensando qualquer formalidade.Sentei-me à sua frente, meu olhar firme cravado no dela. Ela tentou sustentar meu olhar, mas logo desviou, mexendo nervosamente no guardanapo sobre a mesa. Esperei o garçom se aproximar e afastá-lo com u
Antonella D'AngelisO calor parecia irradiar do meu corpo como se uma febre incontrolável me queimasse por dentro. Minha cabeça pulsava, as náuseas iam e vinham, e até mesmo levantar do sofá parecia um esforço monumental.- Antonella, você precisa comer algo - insistiu minha mãe, sua preocupação evidente enquanto ajeitava meu cabelo atrás da orelha.- Não consigo, mãe. Só o cheiro da comida me faz querer vomitar - respondi, afundando a cabeça nas almofadas.Ela suspirou, mas não insistiu. Sabia que, além dos sintomas físicos, o que mais me consumia era a distância de Vincenzo. Ele fazia parte de mim, e ficar longe dele, sabendo dos perigos ao seu redor, era insuportável.Minha mãe voltou com um pano molhado, colocando-o na minha testa.- Talvez seja só estresse, filha. Tudo isso que está acontecendo, a tensão, a saudade... - disse ela, sentando-se ao meu lado.Fechei os olhos, tentando ignorar o aperto no peito.- Acho que é isso, mãe. Eu tento ser forte, tento manter a cabeça erguida
Antonella D' AngelisAcordei com a cabeça pesada, a luz do dia invadindo o quarto através das cortinas, mas o peso do que havia visto ainda estava em minha mente. O que quer que fosse, aquele momento parecia continuar me assombrando, como se eu fosse incapaz de afastar a imagem da foto. Tentando me recompor, olhei ao redor e vi Camille e minha mãe, Germana, me observando, suas expressões cheias de preocupação.- Antonella, querida, como você está? - Camille foi a primeira a falar, com um tom suave, mas cheio de apreensão.Eu tentei me levantar, mas uma onda de tontura me fez hesitar. O que aconteceu? Lembrei-me do susto que tomei quando vi aquela foto. O meu estômago ainda revirava só de pensar naquilo. Respirei fundo, tentando me controlar.- O que aconteceu? - Falei, tentando entender o que estava acontecendo.Minha mãe, que estava ao lado da cama, se aproximou com um olhar gentil e calmante.- Você desmaiou, filha. Ficou nervosa depois de ver algo que te abalou muito. Não se preocu
Vincenzo D' AngelisJá se passou um mês desde que começamos essa maldita caçada, e o que parecia ser uma perseguição frenética agora se transformou em uma espera quase insuportável. Depois de todas as torturas que impusemos a Marcello, depois de expor suas mentiras e enganos, não apareceu um único culpado. Nenhum, nem um. A informação que ele tinha, as pistas que nos levou a seguir, todas falharam.Mas o mais estranho, o mais incompreensível, é que os ataques cessaram de forma repentina, como se a pessoa que nos atacava soubesse que estávamos chegando cada vez mais perto. Desde então, as cargas voltaram a ser repassadas normalmente. Não houve mais nenhum sinal de ataque, como se estivéssemos sendo vigiados, monitorados. Como se nossos inimigos soubessem exatamente o que estávamos fazendo e, talvez, até os próximos passos que daríamos.Eu não sou de acreditar em coincidências, muito menos no silêncio absoluto que paira sobre nós agora. Algo está acontecendo, e sei que não é bom. Mas, p
Vincenzo D'AngelisColoquei Enrico na cama que minha sogra estava dormindo com cuidado, deixei o rodeado de travesseiros para que ele não caia, cada movimento meu sendo calculado para não perturbar o sono profundo do meu filho. Eu não queria sair dali, não queria deixá-lo, mas sabia que precisava. Meu peito apertava ao pensar que, em breve, ele poderia não ter o mesmo conforto, a mesma segurança.Quando me virei, Antonella estava ali, com seus olhos marejados, ainda absorvendo a conversa que acabamos de ter. Eu podia ver a dor no olhar dela, mas também a determinação, uma força silenciosa que sempre me fez amá-la ainda mais. Ela não disse nada, mas seus olhos me imploravam para que eu não a deixasse. Que eu não os deixasse.Ela se aproximou de mim, seus dedos gelados tocando levemente o meu ombro, e eu não resisti. A dor da despedida, o medo do que viria, fez meu coração acelerar. Eu sabia que o perigo estava lá fora, mas neste momento, aqui, com Antonella, eu queria me esquecer disso
Vincenzo D'AngelisAcordei lentamente, o sol da manhã invadindo o quarto com sua luz suave. O som tranquilo da respiração de Antonella ao meu lado me fez sorrir. Ela estava ali, ao meu lado, com o rosto sereno e tranquilo, como se o mundo lá fora não existisse, como se fôssemos apenas nós, em nosso pequeno refúgio. O tempo parecia ter parado naquele momento, e eu desejei com todas as forças que pudéssemos continuar assim para sempre.Enrico estava ali, entre nós, ainda adormecido em seu pequeno berço, com a mãozinha delicadamente sobre o cobertor. Ele estava tão calmo, tão bonito, que eu mal conseguia acreditar que era meu filho. O vínculo que já existia entre nós era tão forte, tão profundo. Olhei para ele, depois para Antonella, e senti uma imensa gratidão por ter essas duas pessoas em minha vida.Levantei-me cuidadosamente para não acordar Antonella, sentindo a necessidade de fazer algo especial, algo que representasse o que ela significava para mim. A casa estava tranquila, a luz