Antonella D' AngelisAcordei com a cabeça pesada, a luz do dia invadindo o quarto através das cortinas, mas o peso do que havia visto ainda estava em minha mente. O que quer que fosse, aquele momento parecia continuar me assombrando, como se eu fosse incapaz de afastar a imagem da foto. Tentando me recompor, olhei ao redor e vi Camille e minha mãe, Germana, me observando, suas expressões cheias de preocupação.- Antonella, querida, como você está? - Camille foi a primeira a falar, com um tom suave, mas cheio de apreensão.Eu tentei me levantar, mas uma onda de tontura me fez hesitar. O que aconteceu? Lembrei-me do susto que tomei quando vi aquela foto. O meu estômago ainda revirava só de pensar naquilo. Respirei fundo, tentando me controlar.- O que aconteceu? - Falei, tentando entender o que estava acontecendo.Minha mãe, que estava ao lado da cama, se aproximou com um olhar gentil e calmante.- Você desmaiou, filha. Ficou nervosa depois de ver algo que te abalou muito. Não se preocu
Vincenzo D' AngelisJá se passou um mês desde que começamos essa maldita caçada, e o que parecia ser uma perseguição frenética agora se transformou em uma espera quase insuportável. Depois de todas as torturas que impusemos a Marcello, depois de expor suas mentiras e enganos, não apareceu um único culpado. Nenhum, nem um. A informação que ele tinha, as pistas que nos levou a seguir, todas falharam.Mas o mais estranho, o mais incompreensível, é que os ataques cessaram de forma repentina, como se a pessoa que nos atacava soubesse que estávamos chegando cada vez mais perto. Desde então, as cargas voltaram a ser repassadas normalmente. Não houve mais nenhum sinal de ataque, como se estivéssemos sendo vigiados, monitorados. Como se nossos inimigos soubessem exatamente o que estávamos fazendo e, talvez, até os próximos passos que daríamos.Eu não sou de acreditar em coincidências, muito menos no silêncio absoluto que paira sobre nós agora. Algo está acontecendo, e sei que não é bom. Mas, p
Vincenzo D'AngelisColoquei Enrico na cama que minha sogra estava dormindo com cuidado, deixei o rodeado de travesseiros para que ele não caia, cada movimento meu sendo calculado para não perturbar o sono profundo do meu filho. Eu não queria sair dali, não queria deixá-lo, mas sabia que precisava. Meu peito apertava ao pensar que, em breve, ele poderia não ter o mesmo conforto, a mesma segurança.Quando me virei, Antonella estava ali, com seus olhos marejados, ainda absorvendo a conversa que acabamos de ter. Eu podia ver a dor no olhar dela, mas também a determinação, uma força silenciosa que sempre me fez amá-la ainda mais. Ela não disse nada, mas seus olhos me imploravam para que eu não a deixasse. Que eu não os deixasse.Ela se aproximou de mim, seus dedos gelados tocando levemente o meu ombro, e eu não resisti. A dor da despedida, o medo do que viria, fez meu coração acelerar. Eu sabia que o perigo estava lá fora, mas neste momento, aqui, com Antonella, eu queria me esquecer disso
Vincenzo D'AngelisAcordei lentamente, o sol da manhã invadindo o quarto com sua luz suave. O som tranquilo da respiração de Antonella ao meu lado me fez sorrir. Ela estava ali, ao meu lado, com o rosto sereno e tranquilo, como se o mundo lá fora não existisse, como se fôssemos apenas nós, em nosso pequeno refúgio. O tempo parecia ter parado naquele momento, e eu desejei com todas as forças que pudéssemos continuar assim para sempre.Enrico estava ali, entre nós, ainda adormecido em seu pequeno berço, com a mãozinha delicadamente sobre o cobertor. Ele estava tão calmo, tão bonito, que eu mal conseguia acreditar que era meu filho. O vínculo que já existia entre nós era tão forte, tão profundo. Olhei para ele, depois para Antonella, e senti uma imensa gratidão por ter essas duas pessoas em minha vida.Levantei-me cuidadosamente para não acordar Antonella, sentindo a necessidade de fazer algo especial, algo que representasse o que ela significava para mim. A casa estava tranquila, a luz
Antonella D'AngelisAcordei com um puxão violento no braço. Meus olhos se abriram de repente, mas tudo que vi foi escuridão. Antes que pudesse entender o que estava acontecendo, uma mão pesada tapou minha boca. O gosto do couro do que parecia ser uma luva inundou minha língua, e meu corpo congelou.O instinto de sobrevivência tomou conta de mim, e tentei me debater, chutar, gritar, mas os braços que me seguravam eram fortes demais. Quem quer que fosse, sabia exatamente como me imobilizar. Meu coração batia tão rápido que parecia que ia explodir no meu peito.Pensei, desesperada. Onde estavam os guardas que vigiam a gente? Como alguém conseguiu entrar no esconderijo?Fui arrastada para fora do quarto, meu corpo quase flutuando entre o chão e o aperto brutal que me guiava pelos corredores. Cada tentativa de gritar era abafada pela mão firme em minha boca, e os sons ao redor - passos, o farfalhar de roupas - eram a única coisa que eu podia ouvir. Tudo parecia surreal, como se eu estivess
Vincenzo D' AngelisO telefone vibrou sobre a mesa ao meu lado. O movimento de pegar o aparelho foi automático, mas o que senti ao ver o nome da mãe de Antonella na tela não foi. Um aperto gelado atravessou meu peito, um presságio que eu não consegui ignorar.- Signora Fontana? - atendi, tentando soar normal, mesmo que algo dentro de mim já soubesse que isso não seria possível.- Vincenzo... - A voz dela era quase um sussurro, quebrada, hesitante. - Antonella... ela desapareceu.Meu corpo travou.- O que você disse? - As palavras saíram mais como um rosnado.- Eu acordei com o Enrico chorando. Ele nunca chora assim... Quando fui pegá-lo no berço, percebi que ela não estava lá, então desci para procura-la, ela não estava em lugar nenhum - suspira tentando controlar o choro - Vincenzo, encontrei os seguranças mortos, todos eles.Meu coração, que já parecia prestes a explodir, parou por um segundo.- Mortos? Onde? - O controle na minha voz era ilusório, um disfarce fino cobrindo a tempes
Vincenzo D'AngelisEu não sabia o que era pior: sentir que estava perdendo Antonella ou a angústia de não saber onde ela estava. Cada minuto que passava sem qualquer pista, sem qualquer sinal dela, aumentava o peso que eu carregava nos ombros. Fazia dias que tínhamos iniciado a busca, mas tudo parecia em vão. Não havia rastros, nem testemunhas, nada. A mulher que havia se tornado tudo para mim, a mãe do meu filho, simplesmente desaparecera.As palavras de Guilhermo ainda ecoavam na minha mente. "Não encontramos nada, Vincenzo. Nenhum indício." Isso só me deixava mais irritado. Estávamos à procura dela, dia e noite, sem descanso, e nem sequer um vestígio de onde ela poderia estar. Antonella desaparecera como uma sombra, sem deixar um único rastro.E Enrico... meu filho. Meu pequeno garoto estava com febre, a cabeça queimando com a temperatura alta. Eu sabia o que estava acontecendo. Ele sentia falta de Antonella. O olhar perdido dele, a maneira como ele procurava por ela quando acordav
Vincenzo D' AngelisQuando recebi a confirmação de que tínhamos um ponto de partida, uma localização para onde Antonella poderia estar, algo dentro de mim mudou. Não era alívio completo, não enquanto ela ainda estivesse nas mãos daquele desgraçado. Mas, pela primeira vez em dias, senti que a incerteza começava a se dissipar. Agora, era hora de agir.Reuni os homens de confiança da família na sala principal da mansão: Guilhermo, meu braço direito; Alessandro, meu pai; Leonardo, meu tio; e Giuseppe, um dos nossos melhores estrategistas. O clima era tenso, mas todos estavam focados. Ninguém ousava subestimar a gravidade da situação.- Temos uma localização, - comecei, olhando cada um nos olhos. - Uma fazenda em uma cidade pequena, cerca de trinta minutos de onde estávamos escondidos antes. As informações vêm de fontes confiáveis, mas precisamos ser meticulosos. Este homem não é tolo, e não podemos permitir nenhum erro.Leonardo foi o primeiro a se manifestar, a voz calma, mas com um peso