Vincenzo D'AngelisA sala estava mergulhada em uma penumbra quase opressiva quando a porta se abriu, revelando meu pai, seguido por Salvatore. A presença dos dois, lado a lado, trazia consigo um peso quase físico, sufocante. O velho Salvatore, chefe do conselho, era a figura mais temida da nossa organização. Um homem que, apesar da idade avançada, carregava um olhar tão frio e implacável que, ao encontrar o meu, parecia despir minha alma e escavar até o fundo de meus pensamentos. Hoje, ele havia vindo pessoalmente, o que só podia significar uma coisa: eu estava prestes a ser encurralado.Respirei fundo antes de me levantar para recebê-los. — Buongiorno, Dom. Papa. Mantive o rosto inexpressivo, escondendo o desconforto que sua presença provocava.Salvatore se acomodou pesadamente em uma das poltronas de couro, a sombra do final de tarde refletindo em suas feições marcadas. — Buongiorno, Vincenzo — sua voz era como um trovão que reverberava pelas paredes da sala, enquanto meu pai, até e
Antonella FontanaDois meses depois...Os últimos meses passaram como um borrão. Entre as responsabilidades da famiglia e os preparativos do nosso casamento, parecia que o tempo havia escorregado pelos meus dedos. Vincenzo e eu, apesar da proximidade que construímos nos primeiros meses, agora estávamos mais distantes do que nunca. As obrigações com a máfia estavam consumindo cada segundo do seu dia, e isso estava afetando tudo — nós dois, nossa rotina, e até a nossa recém-formada família.Vince estava atolado em reuniões e operações, tentando segurar as rédeas da família enquanto o conselho lidava com uma onda crescente de traições e revoltas. As transações da famiglia vinham sendo cada vez mais sabotadas, nossos carregamentos interceptados, e os boatos de traição se alastravam como um veneno pelas ruas de Palermo. Eu via o cansaço nos olhos de Vincenzo sempre que ele conseguia passar alguns minutos em casa, mesmo que fosse apenas para jantar rápido e sair em seguida.Enquanto ele se
Vincenzo D'AngelisHoje era o grande dia, o dia em que eu me uniria a Antonella, corpo e alma, selando uma aliança não apenas conjugal, mas também uma parceria inquebrável dentro desse mundo brutal e implacável que é a máfia. Noi due contro il mondo, como dizemos.A igreja onde a cerimônia acontecia era imensa, com tetos altos e afrescos que pareciam tocar o céu. Uma grande ironia, considerando que mafiosos devotos ao catolicismo é uma contradição gritante. Mas, você sabe como é, a vida na famiglia está cheia dessas contradições. A aparência externa de santidade escondendo a escuridão em nossos corações.Eu estava em pé no altar, ajustando os punhos do meu terno preto de quatro peças. Ao meu lado, mio cugino Guilhermo e zio Leonardo, ambos com elegantes ternos azul-escuros e gravatas de um tom de rosa que contrastavam com a rigidez dos nossos semblantes. Do outro lado, onde Antonella se posicionaria, estavam mia sorella Giulia e zia Luiza, ambas radiantes em seus vestidos de madrinha
Vincenzo D'Angelis🔞🔞O quarto de hotel estava mergulhado em uma luz suave, graças às velas estrategicamente posicionadas ao redor do ambiente. As pétalas de rosas vermelhas estavam espalhadas pelo chão e pela cama, como eu havia solicitado. Não podíamos sair em lua de mel agora, mas esta noite seria o suficiente para começarmos nossa nova vida juntos.Antonella olhava ao redor, surpresa e encantada. — Não acredito, Vince... você preparou tudo isso?— Nossa lua de mel merece um momento especial, principessa. — Minha voz era baixa, mas cheia de intenção.Ela sorriu, suas bochechas tingidas de um leve rubor. — Me ajuda a tirar o vestido? São muitos botões... estou louca para me trocar.Aproximei-me dela por trás, o cheiro doce do seu perfume misturando-se com o leve aroma das velas. Minhas mãos encontraram os primeiros botões nas costas do seu vestido, desabotoando um por um, enquanto eu espalhava beijos suaves por seu pescoço. A cada botão que descia, minha boca seguia, traçando uma
Antonella D'Angelis (Fontana)🔞🔞🔞Ainda me sentia flutuando, como se o mundo ao nosso redor tivesse desaparecido desde a noite anterior. Vincenzo me possuiu com uma intensidade que eu jamais imaginaria sentir. Nunca havia sido tocada por nenhum homem antes, mas agora, depois de conhecê-lo dessa forma, eu sabia que não queria pertencer a mais ninguém. Meu corpo e meu coração eram dele, completamente.Agora, aqui estávamos nós, imersos em uma banheira gigantesca. A água quente nos envolvia como um manto, e o aroma de lavanda no ambiente tornava tudo mais íntimo. Eu estava de um lado da banheira, e ele do outro, massageando meus pés com uma delicadeza que contrastava com seu jeito bruto. De vez em quando, ele se inclinava para deixar beijos suaves em meus dedos, me fazendo tremer de antecipação. Cada vez que eu olhava para seu peitoral musculoso e seu olhar intenso, meu corpo respondia, e o desejo voltava a me consumir.— No que está pensando, mia piccola moglie? — ele perguntou, um s
Antonella D' Angelis (Fontana)O silêncio acolhedor da noite foi interrompido pelo som suave das rodas do carro rolando pela estrada de cascalho até os portões da casa que agora era minha também. Vincenzo estava ao meu lado, sua expressão séria como sempre, mas eu podia perceber a suavidade em seu olhar cada vez que ele me lançava um breve olhar. Depois de uma noite fora, finalmente estávamos de volta, e meu coração batia mais rápido do que eu gostaria de admitir.Quando ele parou o carro, eu mal esperei para ele vir abrir a porta. Minhas mãos tremiam de ansiedade, e eu não conseguia pensar em outra coisa além de uma pequena e preciosa razão: Enrico. Fazia apenas uma noite que estávamos longe dele, mas parecia uma eternidade para mim.— Vai, vai ver ele — disse Vincenzo, com um leve sorriso, quase como se estivesse lendo minha mente.Eu não precisei de mais incentivo. Subi as escadas quase correndo, meus passos ecoando pelos corredores silenciosos da casa. Ao abrir a porta do quarto d
Vincenzo D' AngelisAs paredes de madeira escura do meu escritório traziam um conforto estranho, mas necessário, enquanto eu esperava Guilhermo chegar. O relógio marcava onze da manhã, e os últimos dias, após o nosso casamento improvisado, haviam sido mais movimentados do que eu gostaria. Não era exatamente o que planejei para o início de uma vida ao lado de Antonella e do pequeno Enrico, mas o mundo que escolhi nunca me deu o luxo de viver em paz.Eu ajustei a gravata preta, tentando afastar a sensação constante de que havia algo se desenrolando bem debaixo do meu nariz. Algo que eu ainda não conseguia ver, mas sentia o cheiro, como uma tempestade prestes a atingir. E eu odiava não ter controle sobre isso.A porta do escritório se abriu, e Guilhermo entrou com sua postura habitual — ombros retos, queixo erguido. Ele era meu primo, um dos poucos em quem eu confiava plenamente. Seus olhos estavam afiados, mas havia um brilho de urgência ali que captou minha atenção de imediato.— Vince
Vincenzo D' AngelisO silêncio no carro era denso, opressor, enquanto eu e Guilhermo deixávamos para trás o galpão onde realizamos o interrogatório. A estrada deserta à nossa frente parecia se estender infinitamente, refletindo o turbilhão de pensamentos que ecoavam em minha mente. Guilhermo dirigia com o maxilar cerrado, os dedos tão firmemente apertados no volante que as juntas estavam brancas. Nenhum de nós ousava quebrar o silêncio. Eu sabia que, assim como eu, ele processava cada palavra dita pelo prisioneiro. As informações eram vagas, mas uma coisa estava clara: alguém próximo, alguém do conselho, estava tentando me destruir.O plano não era apenas desestabilizar minha liderança - era um ataque direto à minha honra, à minha família. Estavam usando Enrico, meu filho, como um ponto fraco. A ideia de que ele, com apenas dois meses de vida, já era alvo de intrigas, me enchia de uma fúria que queimava como um inferno dentro de mim.Chegamos à mansão dos D'Angelis ao cair da noite, as