Capítulo SeteQuando chegamos à Ilha Encantada, o céu estava tingido de laranja pelo último suspiro do sol, como se fosse uma tela em que o universo pintava o fim de um dia comum. A ilha sempre me parecia tranquila, com seu feitiço invisível envolvendo a todos ali, longe de qualquer perigo externo. Mas, naquele momento, algo estava diferente. A tensão pairava no ar, como se a calma fosse só uma fachada. Atlas estava mudando, e eu sabia que o mundo ao nosso redor também estava prestes a fazer o mesmo.Assim que aterrissamos, Nani já nos esperava, como sempre. Sua expressão séria se suavizou ao nos ver, mas havia algo em seu olhar que demonstrava preocupação. Atlas voou até ela, os pés ainda tocando o chão, como sempre, com um sorriso brincalhão no rosto.— Atlas, você está irreconhecível! — Nani disse, rindo enquanto observava seus cabelos, que estavam mais longos e bagunçados. Ela parecia a própria imagem da irmã que não via há anos.Atlas, como de costume, passou a mão pelos cabelos,
Capítulo OitoOs dias passaram rapidamente, e a rotina na Ilha Encantada continuava intensa. Atlas, cada vez mais imerso no treinamento, se mostrava uma versão nova de si mesmo a cada dia que passava. Embora seu humor irreverente e sua maneira de provocar não tivessem diminuído, algo em seu olhar havia mudado. Havia uma seriedade mais profunda nele, algo que não estava presente no início de nossa jornada juntos.E, embora eu tentasse manter a distância, ele não demorava a me surpreender com suas atitudes. Quando começou a me chamar de "mestra", eu sabia que era uma tentativa de reafirmar seu respeito, mas também percebi que, por trás disso, havia algo mais. Algo que ele não conseguia esconder, mesmo com seus sorrisos galanteadores e palavras provocativas.— Mestra, posso pedir um favor? — Ele se aproximou de mim em um dia particularmente quente de treino, quando os ventos da ilha pareciam dançar ao nosso redor. Sua expressão era séria, mas havia uma pitada de humor, como se ele estive
Capítulo NoveO tempo passou depressa, como areia escorrendo por entre os dedos. Mais um ano se foi, e Atlas agora tinha 17 anos. Ele não era mais um menino-era um homem. Seu corpo, antes mais franzino, agora estava definido pelo treinamento intenso. Seus olhos carregavam uma maturidade que não possuíam antes. Ainda brincalhão, ainda provocador, mas agora com um olhar mais sério, ciente da responsabilidade que carregava sobre os ombros.Amanhã partiríamos. Nossa jornada estava apenas começando, e nosso objetivo era claro: encontrar aliados para a guerra que estava longe de terminar. Oregon continuava em busca de Atlas, e, cedo ou tarde, precisaríamos enfrentá-lo. Mas, para isso, precisávamos de forças além das nossas.- Fique parado, seu pentelho. - resmungou Nani, cortando os longos cabelos de Atlas que insistiam em crescer de forma absurda.Ele riu, inclinando a cabeça para trás de propósito.- Ai, Nani... Você tem mãos de ferro! Cuidado para não cortar minha cabeça junto.- Seria m
Capítulo DezO céu estava limpo e a brisa leve balançava as folhas das árvores ao redor da Ilha Encantada. O dia da partida havia chegado.Atlas ajustava as alças da mochila enquanto Nani terminava de organizar os últimos suprimentos. Havia um ar de expectativa misturado à melancolia da despedida.— Tem certeza de que não quer vir, Nani? — perguntei, dobrando o mapa e guardando-o no bolso.Ela sorriu, mas seus olhos carregavam um peso que eu conhecia bem.— Alguém precisa proteger a Ilha Encantada enquanto vocês estiverem fora. Além disso, esse é o destino de vocês dois, não o meu.Atlas bufou, cruzando os braços.— Isso é um absurdo! Você luta tão bem quanto a Kate. Se viesse, nossa missão seria mais fácil.— Ou talvez vocês se tornassem dependentes demais da minha ajuda. — Nani sorriu de lado e bagunçou o cabelo dele. — Agora vá, antes que eu mude de ideia e te prenda aqui para sempre.Atlas revirou os olhos, mas não conseguiu esconder o brilho emocionado ao encarar a mulher que o c
PARTE.02: Jornada ao Reino ÉlficoCapítulo UmO céu escuro se estendia acima de nós, salpicado por incontáveis estrelas. Estávamos há mais de um dia voando sem descanso, e o peso do cansaço começava a se acumular em nossos corpos. Atlas, como sempre, fazia piadas para tentar quebrar a monotonia, mas nem mesmo ele conseguia ignorar o fato de que precisávamos de um descanso.Foi então que avistei uma pequena ilha abaixo de nós, cercada por um mar calmo e iluminada apenas pelo brilho prateado da lua.— Vamos parar ali. — Falei, apontando.Atlas suspirou em alívio.— Finalmente! Achei que minha mestra fosse me obrigar a voar até meus músculos se desfazerem.Revirei os olhos e comecei a descer.Mas assim que nos aproximamos da ilha, percebi algo estranho. O lugar estava silencioso demais. Nenhum som de criaturas noturnas, nem mesmo o barulho das ondas quebrando contra as rochas.Foi então que vimos.No centro da ilha, um grupo de criaturas sombrias se movia em círculos ao redor de algo—ou
Capítulo DoisA noite caiu sobre a pequena ilha, e uma leve brisa soprou enquanto nos sentamos ao redor de uma fogueira improvisada.Atlas suspirou dramaticamente, segurando o estômago.— Kate, se não comermos logo, vou virar pó!Revirei os olhos e murmurei um feitiço. Folhas próximas começaram a brilhar suavemente e, em poucos segundos, se transformaram em pão, frutas e pedaços de carne seca.— Aqui está sua comida, drama ambulante. — Empurrei um pedaço de pão para ele.Atlas pegou a comida e deu um sorriso satisfeito.— Você é a melhor, xuxuzinho!Filomena observava tudo com curiosidade, segurando um pedaço de fruta.— Vocês sempre brigam assim?Atlas riu.— Brigar? Eu chamo de amor fraternal... apesar de Kate ser péssima em demonstrar afeto.Eu o encarei.— E eu chamo de paciência, porque conviver com você é um verdadeiro teste.Filomena riu baixinho, parecendo mais relaxada.— Vocês são engraçados.Atlas se virou para ela com um olhar curioso.— E você, Filó? Posso te chamar de Fi
Capítulo Quatro Eu confesso que estava completamente exausta. O peso da viagem e da batalha contra os demônios de Oregon começaram a cobrar seu preço assim que paramos diante dos enormes portões do palácio élfico. Meu corpo doía, minha mente estava saturada e, por um momento, desejei apenas me afundar em um colchão macio e dormir por dias.Mas ainda não era hora de descanso.O interior do castelo era um espetáculo à parte. Altas colunas de pedra entrelaçadas por raízes douradas sustentavam a estrutura, e vinhas luminosas pendiam do teto, espalhando um brilho suave e acolhedor. Pequenas fadas voavam ao redor, observando-nos com curiosidade, e a arquitetura refinada refletia toda a graça e grandiosidade do povo élfico.No centro do salão principal, sentado em um trono esculpido em madeira viva e adornado com folhas prateadas, estava Lord Eldrin, o Rei dos Elfos.Ele era um elfo alto e imponente, de cabelos longos e prateados como a luz da lua, olhos cor de âmbar e uma expressão sábia,
Capítulo CincoO sono havia me envolvido como um manto acolhedor, proporcionando-me um descanso merecido após dias de viagem e batalhas. Mas, como sempre, minha mente não encontrava verdadeira paz.Sonhos invadiam minha consciência.Eles nunca eram simples devaneios. Sempre carregavam um peso maior, visões que muitas vezes se tornavam realidade.Desta vez, eu estava diante dele.O rei Oregon.Sua figura imponente pairava sobre mim, os olhos escuros como o abismo brilhando com algo que eu não conseguia decifrar. Mas sua presença me sufocava, e cada palavra dita carregava um peso indescritível.— Você sabe a verdade, Kate. Você sente isso.A voz dele ecoava em minha mente, reverberando em meu peito como um trovão. Eu tentei responder, mas as palavras não saíam.Então, ele sorriu.— Nós somos iguais.Frio percorreu minha espinha. Havia algo errado, algo terrivelmente errado.— O que você quer dizer? — minha voz finalmente emergiu, carregada de hesitação.Mas Oregon apenas riu.— Você log