Athos— Como você está? — pergunto assim que entro o quarto do meu irmão, fechando a porta atrás de mim, enquanto o olho perdido em pensamentos na pequena sacada. Ele parece despertar quando escuta o som da minha voz e se afasta um pouco, virando-se para me olhar. É nesses momentos que eu me arrependo de tudo que fiz. Ver essa dor nos seus olhos, no rosto levemente distorcido. Com certeza ele estava pensando nos seus momentos de glória. Aqueles que inconscientemente roubei da sua vida.— Como você acha que eu estou? — Ele retruca com uma irritação palpável e eu volto a me martirizar. — Aquela garota é... irritante! Como ela pode agir daquela maneira? Será que ela não percebe?! — Franzo o cenho para essa frase.— Ela não fez por mal, Artêmis. — Tento defendê-la, mas ela bufa audivelmente e a sua cadeira logo o guia para o outro lado do quarto.— Só a mantenha longe de mim, Athos. Não quero ser tachado de intolerante quando ela é a causadora de toda a minha frustração!— Tudo bem! Aliás
Athos— O que você acha? — indago enquanto o meu amigo lê as mensagens.— Com certeza é ela. — Ele ralha e eu entorno a minha bebida. — O que pretende fazer, Athos? — Solto uma respiração alta pela boca.— Eu não sei. Ignora-la talvez?— Acha que ela vai deixar isso barato? — bufo audivelmente.— Logo agora que tudo está indo tão bem! — resmungo contrariado.— Como assim, logo agora? Cadê aquele meu amigo autoritário? Aquele que não permite que ninguém se meta na sua e nem nas suas decisões? — O encaro fixamente.— E se eu cair, Romão?— Não estou acreditando no que estou ouvindo, Athos! Pare para se perguntar: o que você sente pela Olívia? — Dessa vez quase me engasgo com a minha própria saliva e incomodado com essa pergunta me mexo em cima da cadeira.— Eu... a amo! — digo meio hesitante e céus, nunca foi tão difícil falar uma frase tão curta! — Puta merda, como é bom dizer isso em voz alta! — rosno me sentindo aliviado e o meu amigo sorrir para mim.— Então está aí a sua resposta,
Olívia— Você está linda! — Ele resmunga sorrateiramente passando rapidamente do meu lado, me aquecendo apenas com o seu sussurro. Portanto, respiro fundo e olho ao meu redor, constatando cada funcionário focado no seu trabalho e tento fazer o mesmo, mas eu garanto. Não está fácil não.— Olívia, pode fazer algumas xerox desses arquivos para mim? — Barbara pede se aproximando da minha mesa e me despertando desse meu estado alucinado. Portanto, forço um sorriso profissional para ela.— Claro. Você tem pressa de recebê-los? É que eu preciso levar um café para o meu chefe... — Nossa, estou ficando descarada e mentirosa! Mas o que posso fazer se manter a distância é quase impossível? Contudo, o olhar que a minha colega me lança me deixa um tanto sem graça. Ela já sabe, é claro que sabe. A final Athos Mazza é um poço de águas transparentes agora.— Só não demore muito, ok?— Ok! — sibilo com um sorriso de boca fechada para ela e imediatamente corro para a copa. Preparo uma xícara de café e
Athos— Você se lembra de quando nos conhecemos? — Ela pergunta me dando as costas e caminha pelo meu escritório como se nada tivesse acontecido entre nós algum dia. A porra toda é que estou olhando-a atentamente e nada. Não sinto o costumeiro impacto da sua presença como ela sempre fazia acontecer. Pela primeira vez sinto que o seu poder não me atinge, que não sou mais o seu fantoche, que o seu jogo de sedução não é mais capaz de me envolver. Contudo, a raiva que ela me faz sentir agora é monstruosa.— Como poderia me esquecer? — Me pego respondendo a sua pergunta. Então ela me olha e sorri. Contudo, permaneço sério.— Foi o esbarro que mudou a minha vida. — Você não faz ideia do quanto mudou a minha também. Penso.— O que você quer de mim, Estela? — Não detenho o tom frio que sai da minha boca.— Como assim, o que eu quero, docinho?— Não me chame de docinho! — exijo com um rangido entre dentes, fechando as minhas mãos em punho.— Eu sei que está com raiva de mim, mas acredite, eu n
OlíviaAbrir os olhos na manhã seguinte com um sorriso gigante nos lábios foi muito fácil. Contudo, ao arrastar minha mão pelo colchão e sentir o seu lado vazio me fez virar e olhar ao meu redor a sua procura.— Athos? — Chamo, mas só recebo o silêncio do cômodo. Entretanto, olho para o relógio em cima da mesa de cabeceira. — Merda, Athos por que você não me chamou? — Salto imediatamente para fora da cama e corro para o banheiro. Lembrar de nós dois na noite passada me faz sorrir me sentindo meio travessa. A maneira como entramos no nosso quarto deixando um rastro de roupas espalhadas pelo chão. A urgência de ter de tocar um ao outro, quando fazia tão pouco tempo que havíamos feito amor dentro do carro. A necessidade de dar e de receber prazer. A explosão de sensações que nos consumiu por inteiro, os sons que fazíamos. Penso que também já não consigo mais viver sem ele e que se algo lhe acontecesse, faria o meu mundo inteiro desabar. No final, o meu ogro carente fez um pedido que me d
Athos— Parece que eu adotei uma fera para a minha vida — ralho com um tom brando agora, porém, mantenho o meu olhar firme no seu e as minhas mãos agora estão espalmadas na parede, em cada lado da sua cabeça. Sua respiração extremamente pesada e quente bate violentamente no meu rosto, e os seus olhos ainda estão lindamente irritados. — Eu te disse, Olívia, sou seu. Completamente seu. — Desconverso completamente o assunto anterior, deixando-a claramente perdida. No ato, seguro a sua mão e mesmo ela lutando para livrar-se do meu toque, eu insisto e a faço tocar-me. — E você é minha.— Athos, eu estou furiosa demais para... — A faço calar-se com um beijo.— Inteiramente minha! — rosno ávido e completamente áspero em sua boca, tocando-a com impetuosidade, porém, mais intimamente. Deslizando a minha mão atrevidamente para baixo e encontrando o meio das suas pernas. Olívia arfa sofregamente bem diante dos meus olhos, então intensifico o nosso beijo, tirando-a do chão imediatamente e a traze
Olívia— Oi! — digo um tanto receosa quando me aproximo da minha irmã no jardim. — Anne, pode nos deixar a sós um pouco? — peço para a minha amiga que estava confortando a minha irmã. Ela me lança um sorriso de boca fechada.— Claro, querida! —Anne se afasta e eu observo a carinha emburrada de Kim. Contudo, ela evita me olhar e com uma respiração alta me sento do seu lado na mureta de uma fonte.— Kim...— Olha só, se você veio falar sobre o imbecil do Artêmis, não perca o seu tempo! Estou cansada de ouvir o quanto o coitadinho sofreu e que ele precisa de paciência, amor e carinho. Nós também não tivemos uma vida fácil e eu não vivo maltratando as pessoas ao meu redor por isso.— Uau, eu nunca te vi assim antes!— Ele consegue extrair o pior de mim, Ollie. É irritante, sufocante e dá raiva ficar perto dele! — Ela bufa e eu... bom, não sei o que dizer.— Enfim, eu não vim falar do Artêmis.— De que então? — Kim indaga interessada.— A mamãe ligou.— Quando?— Agora há pouco.— E o que
Olívia— Você está bem? — Athos pergunta baixinho segurando na minha mão assim que o carro para em frente a minha antiga casa. Os olhares antes acusadores e curiosos parecem pasmos agora. É como se toda a vizinhança desse barro tivesse sido atraída apenas para me assistir sair desse veículo. E eu entendo. Todos aqui esperavam pela minha derrota, que eu voltasse para casa me rastejando e implorando perdão dos meus pais, mas não foi isso que aconteceu. Pisar no solo de concreto com os meus saltos altos e exibir uma postura tão elegante quanto as roupas que estou usando agora causou um burburinho entre eles. Contudo, respiro fundo e olho para a fachada da casa buscando coragem para entrar lá. — Quer que eu entre com você? — Ele indaga, mas eu só consigo fazer um sim com a cabeça à medida que os meus dedos apertam a sua mão.Foi tão fácil da outra vez. Penso. Havia um misto de raiva e de ansiedade movendo toda a adrenalina dentro de mim, mas agora sinto que estou sufocando só de pensar em