Olívia— Eu não acredito que consegui me atrasar desse jeito justamente no primeiro dia da semana! — retruco mal-humorada, esperando as portas do elevador se abrirem para mim. — Sabia que não devia ter ido dormir tarde daquele jeito. Céus, o ogro do chefe vai comer o meu fígado por isso. — As portas finalmente se abrem, mas o contrário do que vejo sempre aqui, os funcionários parecem bem relaxados, pois enquanto eles trabalham riem e conversam entre si como se esse ambiente de trabalho fosse a coisa mais normal do mundo. Contudo, não tenho tempo para perguntas e curiosidades, e vou imediatamente para a copa preparar o café do meu chefe. E claro, receber os seus berros e repreensões como prêmio de consolação. — Vamos querida, cada minuto é um passo meu em direção da forca! — resmungo para a pobre cafeteira que especialmente hoje parece mais lenta.— Bom dia, Olívia! — Barbara diz um tanto descontraída assim que adentra o cômodo.— Olá! Bom dia, Barbara! — A observo levar uma xícara vaz
Olívia— Deixe-me adivinhar, você é a nova enfermeira que ele contratou para atormentar os meus dias, certo? Mas advinha, eu não vou tomar porcaria de remédio nenhum! — balbucio sem saber ao certo o que dizer. No entanto, desvio os meus olhos de cima do homem e olho ao meu redor. Tudo está fora do seu lugar e tem muita coisa quebrada, e espalhada pelo chão. — Não vai falar nada? Por um a caso o gato engoliu a sua língua? — Respiro fundo e me encho de coragem.— O... meu nome é... Olívia.— Olívia? — Faço sim com a cabeça.— Olívia Martin. E não, eu não sou a nova enfermeira.— Nesse caso, o que está fazendo aqui, Olívia Martin? Foi o Athos quem te mandou vir aqui?— Aquele ogro? — bufo audivelmente. Ele arqueia as sobrancelhas para mim. — Não, ele não sabe que eu estou aqui. Na verdade, eu estou me escondendo dele. — Ele parece intrigado agora.— Por quê? — Dou de ombros e tento relaxar um pouco.— Você sabe, quando ele resolve berrar feito um maluco, não tem quem o segure. — O som de
OlíviaAlguns dias... — Tem certeza de que quer fazer isso sozinha, Olívia?— Eu preciso fazer, Anne — respondo enquanto ponho algumas roupas dentro de uma bolsa.— Por que não chama a Julien para acompanhá-la, querida? — Victória sugere nitidamente preocupada comigo.— Tia Ju tem a sua vida e ela tem as suas coisas para fazer. Não vamos importuná-la com os meus problemas. E não se preocupem comigo, eu não sou mais aquela garota boba que vocês conheceram há um ano. Estou mais forte agora e decidida também. Eu só quero ver a minha irmã e saber se ela está bem. E se não consigo fazer isso por telefone, farei pessoalmente.— Está bem, querida, mas não se esquece de ligar quando chegar lá e se acontecer algo, qualquer coisa...— Nada vai me acontecer, tudo bem? Eu vou ficar bem, só cuidem dos meus garotinhos até eu voltar e não permitam que o Senhor Mazza os veja. Por Deus, ele já está bem desconfiado de mim e se ele os vir não terá mais dúvidas de quem sou realmente. E eu...— Relaxe, O
Athos — Barbara, como anda o caso da tutela da família Campos? — pergunto para a minha mais nova contratada. A moça se acomoda em uma cadeira de frente para a minha mesa, abrindo um sorriso que eu gosto muito. Aquele presunçoso e com sabor de vitória.— Estamos indo bem, Senhor Mazza e acredito que até a próxima audiência a Senhora Campos estará com seu filho em casa.— Isso é ótimo! Sei que é um caso simples, mas você está só começando. Continue mostrando o seu trabalho e eu prometo que logo terá um destaque aqui nessa empresa. — Minha funcionária abre um sorriso largo.— Certo, Senhor Mazza! — Logo que Barbara se levanta da cadeira para sair da minha sala, observo Olívia através da parede de vidro transparente. Embora a minha secretária esteja trabalhando com afinco em suas traduções, sinto que há algo de errado com ela. Por puro impulso aperto o botão do seu ramal e a chamo até o meu escritório.— Sim, Senhor Mazza! — Ela diz adentrando a sala e a avalio por alguns instantes.— Es
AthosSair para um simples jantar com o meu irmão se tornou um sonho desde a tragédia que nos acometeu. Logo que ele saiu do hospital e descobriu a sua real condição, Artêmis desistiu de se socializar e passou a viver dentro do seu quarto, saindo de lá apenas quando eu saía de casa. No entanto, as rodas da sua cadeira nunca conheceram outro piso além do mármore branco da nossa casa. Tê-lo bem aqui sentado na minha frente parece surreal. Contudo, o nosso entrosamento nunca mais foi o mesmo. Não existe mais cumplicidade entre nós, nem risos e tão pouco alegrias. Como agora que ele parece me analisar como se ele fosse a porra de um psicanalista e eu o seu paciente.— E então? — Ele indaga depois de algum tempo e eu não sei o que falar. Quer dizer, eu lhe prometi uma conversa entre irmãos, mas exatamente agora a minha mente está vazia.— Macarronada com almôndegas? Você sempre gostou desse prato. — É sério, Athos vai enrolá-lo com essa pergunta estúpida?— Isso já faz muito tempo, Athos.
Olívia— Athos! — Puxo o fôlego quando ele finalmente deixa a minha boca para beijar a lateral do meu pescoço. No ato, me permito fechar os meus olhos e viajar nas sensações que os seus beijos me causam. Ardência, tremor, calor, afobação e... Deus, eu preciso fazê-lo parar. A minha consciência cobra pela minha sanidade. — Athos, Athos por favor, precisamos parar!— Não, não faça isso comigo, Olívia, por favor! — A sofreguidão em sua voz em conjunto com seus beijos e as leves sugadas na minha pele por um mísero segundo querem me lançar fora de órbita. Mas se eu permitir que isso aconteça, será um caminho sem volta.— Nós não podemos! — digo o fazendo parar e inebriado, os seus olhos se fixam nos meus. No entanto, tento sair do seu colo, porém, as suas mãos seguram firmes nos meus quadris impedindo-me de sair.— Por que não? — Ele interpele e céus, Athos Mazza parece um cãozinho faminto e abandonado no mundo. Balbucio algumas vezes, ainda tentando recuperar o meu fôlego z.— Porque eu s
OlíviaNa manhã seguinte...— Minha nossa senhora, que coisa mais linda é essa?! — Victória fala assim que entro na cozinha chamando a atenção de Anne, que está dando papinha para os bebês. Ambas me olham com curiosidade da cabeça aos pés e eu começo a me arrepender de caprichar tanto no meu visual.— O que houve com você? — Anne inquire ficando de pé.— Eu... exagerei, não é?— Exagerou? Meus Deus, garota você está arrasando! — Respiro fundo me sentindo incomodada— Tudo isso é para aquela perdição do Senhor Duran? — Minha amiga inquire e eu reviro os olhos.— Não. Na verdade, não é para ninguém em especial. Só quero me sentir bem comigo mesma — minto.— Sério? Não é o que parece.— Ok, acho que vou tirar isso tudo antes que eu...— Nada disso, mocinha! Você está linda e é isso que importa.— Tem certeza?— Você vai chamar a atenção dos homens daquele escritório inteiro, pode apostar. — Suspiro para o seu comentário e decido me desviar dessa conversa um pouco para dar a devida atençã
Athos— Ok, vamos para os tópicos dessa reunião — digo para uma equipe de advogados que circundam a mesa retangular da sala de reuniões e logo um a um começa a falar sobre os seus avanços e as dificuldades com suas respectivas audiências. No entanto, vez ou outra me pego verificando o relógio no meu pulso. Já passa das oito e meia e ela ainda não chegou. — E quanto ao caso do desfalque da fábrica de laticínios? — questiono usando o meu habitual tom profissional. Ok, estou lutando para manter o meu foco aqui e agora, mesmo depois de uma noite em claro com a perturbadora imagem de Olívia entrando naquele carro, mas está difícil. O Tim do elevador anuncia a chegada de alguém e o meu coração dispara por antecipação, porém, ele logo perde o seu ritmo quando vejo o zelador passar pelas portas metálicas. — Muito bem, estou orgulhoso de vocês e espero que continuem assim. Já podem voltar para os seus trabalhos. — Encerro a reunião e volto para a minha sala. Bo entanto, não demora para a porta