Eu voltei para a casa do doutor de madrugada, a essa hora todo mundo já devia estar dormindo. Me sentei no parapeito da varanda e fiquei observando o céu. Ele extremamente límpido, diferente do de Liandria, que tinha um tom verde e quase não dava pra ver nenhuma estrela. Eu havia tomado minha decisão, era óbvio que continuaria a lutar contra Liandria. O que mais eu poderia fazer? Só que eu percebi que não podia prosseguir sozinha... Eu que tinha tanta fé em meus poderes... Pensei que poderia lidar com Heutz sem ajuda, pensei que venceria Staltz facilmente, achei que com o suporte do exército da Jacsônia poderia enfrentar Liandria. No fim, tudo que eu arrumei foram derrotas atrás de derrotas e em todas essas situações, eu precisei de ajuda para sair viva. Eu finalmente percebi o quanto aliados eram importantes, por isso precisava daquelas pessoas que estavam dentro dessa casa.
Enqu
Por quanto tempo estava desmaiada? Não sabia dizer, mas mesmo desse jeito eu sabia o que havia feito. Eu vi tudo, como se fosse um sonho, só que real. Como eu pude? Matei tantas pessoas. Eu não sabia nem se eu deveria acordar, acho que todos ficariam mais seguros se eu não acordasse...De repente eu me vi em uma estrada de tijolos, olhei em volta e não havia mais nada além dessa estrada, era como se ela estivesse flutuando no meio do nada. Fiz a única coisa que podia fazer e segui em frente.Amedida que fui avançando pude ver ao longe um lugar estranho, parecia um castelo, só que feito de vidro. Havia dormido apenas umas três horas, não era nem perto de ser o suficiente, mas foi o que eu consegui. Minha cabeça estava cheia com tantas coisas, a nossa derrota na Jacsônia, a resposta que doutor Fischer nos pediu e Fritz... Que saudades dele. Apesar de tanta coisa ter acontecido, não fazia nem uma semana que ele se fora, e a minha dor ainda não tinha ido embora. E após ontem, um pensamento ficou agarrado à minha cabeça... A libertação de Luniantes não parecia estar nem um pouco mais perto de acontecer. Será que... Fritz se sacrificou em vão? Esse idiota devia estar rindo de mim lá de cima, já que sempre dizia que eu pensava demais. Ele dizia que se perdesse tempo demaiKlaus
Em uma hora estávamos prontos para ir. A nossa bagagem se resumia a uma mochila que estava nas costas de Morelo. Nenhum de nós achou uma boa idéia levar mais do que necessário, pois poderia atrapalhar. Imagine só chegar no meio do laboratório liandrino cheio de guardas, carregando um monte de coisa. Além do mais, se déssemos sorte resolveríamos tudo hoje mesmo.Infelizmente não estávamos levando nenhuma arma. Acabamos perdendo as nossas lá pela Jacsônia e não era possível comprar nenhuma em lojas, pois não era vendido. Armas eram proibidas para pessoas normais nesse continente.Estávamos todos reunidos na sala, prontos pra ir.- Klaus, antes de ir posso falar com você em particular?- Chamou Fischer.- Claro.O resto do pessoal foi na frente deixando eu e o doutor sozinhos.- O que foi doutor?- Pe
Eu acabei cochilando no assento do trem e como vinha acontecendo ultimamente, sonhei com outras pessoas. Sonhei com aquele homem malvado chamado Heutz, ele estava com a presidente Frings no mesmo quarto de hotel de antes. A presidente estava tomando uma bebida espumante.- A invasão foi um grande sucesso.- Disse Heutz.- Pois bem, graças a você, meu braço direito. Uma pena que não tome champanhe, beber sozinha é um pouco sem graça.- Um manequim não sente o efeito do álcool.- Que seja. Com a queda da Jacsônia não temos nada a temer. Tudo que nos resta é derrubar a Presléia e os outros dois gigantes do leste. Depois disso o continente todo será nosso.- Me disseram que Staltz está desaparecido.- Será que ele morreu?- Difícil, ele deve estar tramando alguma coisa.
Passei o resto da viagem no deque de observação, depois do tratamento frio de Klaus não estava muito a fim de conversar. Mas valeu muito a pena por conta da vista, a paisagem de pinheiros agora dava lugar a um belíssimo mar. Havíamos chegado na cidade de Paloschi, no nordeste do país de Naudínia. Era uma grande cidade formada por várias pequenas ilhas separadas por canais e ligadas por pontes. Eu só tinha lido sobre tal cidade, nunca pensei que estaria aqui, e pessoalmente ela era muito mais bonita que qualquer descrição de livro. Descemos em uma das ilhas.- É só chamarmos um táxi agora, certo?- Perguntou Morelo.- Um táxi aqui não vai rolar.- E por que não?- Você sabe que aqui são várias ilhas, certo? Agora estamos em uma, a casa do Gabbiadini fica em outra perto daqui. A propósito, c
Não precisamos procurar muito para achar o tal cassino. Era um dos pontos mais requisitados da cidade. Andamos pelos becos estreitos até chegarmos em uma rua sem saída, que era onde ficava o cassino. O lugar se chamava ''Freccia d'oro'' e pra fazer jus ao nome sua fachada era toda dourada e tinha uma flecha de neon com o nome do local gravado na parte de cima da entrada. Havia um segurança guardando a porta, ele era enorme e musculoso, tinha pele escura e cabelo raspado, além disso estava usando um terno. Assim que chegamos, ele nos observou com cuidado.- Crianças não são permitidas, traga ela de volta quando tiver dezoito.- Ele disse apontando para Cara.- Não viemos jogar, queremos falar com o dono desse lugar.O segurança ergueu uma sobrancelha e continuou nos estudando, como se estivesse tentando entender de que planeta tinhamos vindo.- Ele não está
O plano da Ophelia foi inteligente, porém não foi dos mais confortáveis. Estávamos no setor de carga do avião divididos dentro de dois caixotes. Morelo e Cara em um e eu e Ophelia em outro. Nós não queríamos ir juntos depois do clima ruim de mais cedo, mas Morelo insistiu. Os caixotes eram meio apertados, o único jeito que podíamos ficar era sentados, e de vez em quando o caixote dava uma balançada, fazendo minha cabeça bater. Ou seja, conforto zero. Além disso, estava absolutamente escuro lá dentro. Os olhos verdes de Ophelia geralmente brilhavam mais do que olhos normais, por isso no começo eu conseguia ao menos ver sua cara, mas agora ela estava de olhos fechados.- Ophelia?- O que é?- Ela perguntou secamente- Esta acordada?- Essa aí é uma pergunta idiota.Ela não estava errada. Era idiot
De dentro do táxi, olhando pela janela eu pude ver pela primeira vez a famosa Cidade Capital e seus prédios negros gigantescos, além disso, seu céu era um pouco diferente, tinha um tom esverdeado.- Uau.- Eu soltei.O taxista deu um sorriso.- Incrível não é? Vocês são turistas?- Eu não.- Respondeu Ophelia desinteressada. - Passei maior parte da minha vida aqui.- Idem.- Disse Morelo.- Eu também.- Finalizou Cara.Nessa hora eu percebi que eu era o único que nunca havia vindo aqui antes.A medida que continuávamos na viagem, o táxi passava por ruas cada vez mais desertas. Nós então entramos em uma que não tinha literalmente nada além de mato e alguns prédios velhos, e provavelmente abandonados.- Vamos descer aqui.- Ophelia disse.- Tem certe