O trânsito estava lento no trajeto para o chalé Petrelli. Era a primeira vez que Luck dava uma festa que não era em um club do seu pai, depois do horário que fechou, em uma clareira ou em um campo de golf. Dessa vez, era oficial, ele estava usando um chalé do seu pai que ficava no interior da cidade para dar essa festa. Por isso, ela era mais especial que as outras.
O caminho iluminado, ladeado por pequenos arbustos cortados no formato do brasão da família, a grande fonte iluminada com luzes neon de frente para o hall de entrada. Era tudo fantástico, quase tão grande quanto a escola que, ultimamente, era minha casa. O carro parou. Apertamos as mãos umas das outras e esperamos que Mateus abrisse nossas portas. Respiramos, fundo e descemos, despedindo-nos de Mateus, que apenas acenou por não estar feliz por estarmos ali.Eu não sabia como ele não contou para minha mãe, mas acho que tinha haver com Vivian ter ameaçado contar sobre o caso que ele tinha para mulher dele.Seguimos mansão à frente. Sim, porque definitivamente aquele chalé era uma mansão. Quase totalmente de madeira e vidro, de frente para um lago gigantesco de águas escuras e ladeado por uma floresta densa. Dava para ver claramente do lado de fora o local que era a boate improvisada. Porque as luzes neons piscavam do lado de fora pelo vidro no segundo andar.Subimos, a música tocava alto no grande salão de festas. Havia um grande bar à direita com altos bancos à disposição, onde deveria ficar Barman, mas estava vazio. Essa era uma festa de “formatura” informal, onde Luck era o anfitrião. Acontece que ele sempre havia sido fã de festas. A maioria das vezes a gente só ignorava quem usava o iPhone para cheirar cocaína, quem estava fumando maconha, e os gemidos em algum canto de alguém que estava transando. Porque no fundo a gente só queria se sentir livre e se apaixonar como qualquer adolescente. Porém, as coisas não pareciam funcionar assim para mim. Eu tinha problemas sérios de socialização, era muito tímida e era insegura comigo mesma. Eu nem se quer tinha beijado alguém aos Dezessete anos. Era constrangedor só de falar.Acho que era isso que me encantava em Luck, ele era corajoso, ousado, aventureiro. No fundo, era isso que eu queria para mim. E ele também tinha uma reputação a manter, ele era filho do prefeito, o rosto queridinho da cidade. A nova geração de New Braunfels.Mas aqui estava ele, dando uma festa que ele chamava de “Formatura” para alguns alunos das escolas próximas. O convite era secreto e só para pessoas selecionadas, e claro, Vivian arrumou três convites garantindo para nós uma formatura decente, diferente daquela coisa chata da nossa escola. Olhei para a parte arrumada como uma boate. Luzes neon ofuscavam a visão. A batida eletrizante das músicas pareciam estremecer os lustres. — Aaaaaaah! Eu amo essa música! — Vivian balançou os quadris de um lado para o outro, enquanto cantava alto. Eu definitivamente não sei qual o problema dela, pois mesmo se saindo mal, ela insistia em cantar. — Vamos! — ela disse, puxando minhas mão enquanto dançava e cantava, indo em direção à boate.Balancei a cabeça negativamente. Ok, eu bebi, mais dançar no meio de um monte de desconhecidos, era algo que eu me negava.— Tá tudo bem, Vivian — Avisei. — Olha, porque não vai com Alice? — Olhei para o lado procurando minha amiga e percebi que ela já estava distante, conversando com outras meninas que conhecemos em outra festa de Luck.— Melhor, por que não vai sozinha? Eu vou dar uma volta e daqui a pouco a gente se encontra, vou conhecer mais o lugar, até porque não é todo dia que o filho do prefeito Christopher Petrelli, abre a porta do seu humilde chalé, e oferece uma formatura para as alunas.— Como se o Luck não tivesse um dedinho nisso, né? — ela soltou um sorriso abafado e continuou. — Então tá, mas não faça nada que eu não faria. — Piscou e seguiu música a dentro.Passaram-se algumas horas, conversei com colegas de outras festas, e as bebidas não paravam de chegar até a mim. Em algum momento, até arrisquei dançar um pouco com Vivian e Alice.Saí da boate improvisada quando Vivian começou a enfiar a língua na boca de um cara que devia ser uns dez anos mais velho, e eu nunca havia visto em nenhuma festa anterior. Não demorou muito para que ela saísse para um canto escuro com ele. Caminhei, para em sequência, encontrar Alice sendo amassada por alguém contra uma parede. A verdade é que quase todos ali estavam assim. Esse era o ponto da festa que a maioria das pessoas ficavam loucas, se bebida, drogas ou tesão.Na verdade, acho que eu apenas percebia isso porque sempre era a única mas que não estava quase dentro de alguém em público. Andei lentamente, cortando caminho diante do grupo mediano que ainda estava na festa, ignorando a tontura resultante da mistura das bebidas que havia consumido, em direção ao bar, seguindo essa linha de raciocínio: bom, se não tenho ninguém, a bebida será minha companhia hoje.— Eu não acredito que já começaram a se divertir sem mim!Algo golpeia dentro do meu peito e eu levanto minha cabeça para olha-lo. A voz rouca de Luck era capaz de me causar arrepios. Ele fez um discurso de merda, sobre aproveitar a nossa vida ao limite.Quando algum amigo dele mandou ele se foder, Luck respondeu que estava sendo um bom samaritano ajudando na campanha do pai, candidato mais uma vez naquele ano. Só por isso houvera demorado, mas esperava que todos estivessem com essas escolhas de palavras: Fodendo seus cérebros até o amanhecer. E que deveria ser uma formatura inesquecível para essa porra de cidade.E eu queria que fosse inesquecível, como queria...Deus! Ele era lindo. Com só parte do traje social. A blusa branca com botões desfeitos, um pouco amarrotada no pescoço como se tivesse tentado abri-la com pressa, as mangas da blusa foram puxadas até seus antebraços totalmente cobertos por tatuagens. A calça azul marinho, a única coisa imaculada sobre ele, esculpia seu corpo perfeitamente. O cabelo sublime estava uma bagunça, confesso que isso lhe dava um ar mais perigoso. Meus olhos o seguiram enquanto ele cumprimentava uns amigos e pegava uma garrafa grande de uísque no ar. Que um dos seus amigos jogou. — Amiga, você está literalmente babando. — Alice me deu um pequeno empurrão no queixo e, em seguida, uma piscadela. — Você gosta mesmo dele? — Soltou um sorriso tristonho. — Olha, Nicole... — Ela pigarreou. — Eu sei que não é a hora nem o lugar, mas tem tantos meninos legais por aí, e você é linda! Tão linda quanto eu e Vivian.Cortei-a logo quando percebi para onde estava seguindo a conversa. — Olha, eu sei que vocês se preocupam, mas eu já sou grandinha. Não é como se fosse rolar algo entre a gente, a gente nunca se falou. — Disfarcei olhando para o lado, como se aquelas palavras não me magoassem. — Ei, amor você sumiu. — Um rapaz bonito chamou atenção de Alice, cortando bruscamente a conversa. Ela se virou e beijou seus lábios com doçura. Percebi que esse era o mesmo cara que ela estava antes. — Nicole, esse é Alec. — Alec, essa é minha fiel escudeira Nicole. Cumprimentamo-nos. Eles se olhavam e se beijavam e eu lhes dei privacidade. Não que eles se conhecessem há muito tempo, mas ela parecia bem à vontade com ele e eu não quis interromper. Ela gesticulou e percebi que queria ir, mas não queria me deixar sozinha. Não seria justo ela deixar de sair com alguém por causa da amiga sem par. Alguns garotos tinham até chegado em mim. Eu não era estúpida, estava gata, mas quem eu queria sequer tinha me o
Duas horas mais tarde. Caminhei pelo grande jardim do chalé Petrelli. Tendas gigantes adornavam o jardim, protegendo os convidados do prefeito do sol escaldante do Texas. Mesas brancas estavam espalhadas, haviam garçons servindo bebidas e canapés. Havia uma foto enorme do prefeito estendida e a bandeira enorme da bandeira solitária do Texas ao lado da dos Estados Unidos. Tudo parecia muito diferente da última vez em que estive ali. Segui andando vagarosamente à procura de Luck, tentando não chamar atenção, o que não estava funcionando, já que estavam todos arrumados tão exageradamente, e eu apenas de regata preta, calça jeans e tênis Converse, como de costume. — Não é permitida a criadagem sem estar devidamente uniformizada deste lado do evento. — Um senhor alto e magro me alertou, antes que eu continuasse minha procura na parte externa da casa. — Err... eu não sou... estou com Antony... — menti, quando o amigo de Luck da festa anterior se aproximar, tomando uma taça de champanhe.
— Mais bebida? — Ele me ofereceu, andando em direção a um pequeno bar no luxuoso quarto. Ligou o pequeno som, onde tocava Miss you love, do Silverchair. Não sei porque, mas a batida calma da música me relaxou um pouco. Pensei em negar por já ter bebido muito além do que eu poderia aguentar. Eu preten— Sinto muito. — Engulo um pouco da minha humilhação, minha voz encharcada de vergonha crua. — Eu não tenho costume de beber. Mostro a ele a garrafa de água. — Realmente, — ele abaixou a cabeça para falar no meu ouvido. — É a primeira vez que vejo você bebendo em uma festa minha. Isso quer dizer que ele me notou antes? Isso não pode mesmo estar acontecendo. Ignorando a queimadura traiçoeira em minhas bochechas, procuro dizer algo ousado. — Na verdade, eu tô querendo curtir o agora. — Joguei para ele o olhar mais sexy que encontrei. Jesus Maria José! de onde saiu isso? — Hum... uma garota que gosta de curtir os momentos. E o que você gostaria de curtir hoje à noite, Nicole? — Ele desli
Ele se massageou e colocou a camisinha, posicionando-se na minha frente. Eu ainda estava de calcinha. Na mesma hora, meu corpo ficou tenso, e hesitei em abrir as pernas. Mas ele fez isso por mim, as abriu o mais distante uma da outra que podia. Mais uma vez me afastei, com medo do que viria a seguir. Eu não era tola, sabia que a minha primeira vez doeria, mas eu realmente pensei que Luck seria um pouco mais carinhoso, que iria mais devagar. Porque, droga, com um dedo já havia doído para cacete, imagina aquilo tudo. Eu realmente estava com medo...olhei finalmente para cima e depois para o seu membro, e o observei me olhando com olhos curiosos. — Você achou que subiria aqui comigo para quê? Para brincarmos de boneca? Você quis subir, então vamos terminar isso e então você pode ir, mas agora, que tal me mostrar como fode com os outros caras? Minha mandíbula apertou com força, é uma maravilha eu não ter quebrado um molar O quê?! Que tipo de garota ele achava que eu era? Eu ainda era vir
Cheguei na entrada da escola e não me surpreendi em encontrar Vivian e Alice do lado de fora, me esperando. Desci do táxi e caminhei calmamente na direção delas. — Nicole, qual o seu problema? — Vivian correu de encontro a mim, abraçando-me com força. — Estávamos quase ligando para a polícia. E pior, tivemos que inventar a desculpa mais louca para que Mateus e a supervisora acreditasse e não relatasse isso a sua mãe. Para Matheus falamos que você se sentiu mal e veio para cá antes de nós. Também assinamos sua lista de chegada como se fosse você. Se não, pode apostar que a sua mãe já teria desembarcado aqui. — Nicole, aonde você estava? — Alice aproveitou a deixa para perguntar. — É que, eu conheci alguém. — A mentira flui dos meus lábios. — Nós conversamos até tarde... me esqueci do horário. — Ai. Meu. Deus! Não me diga que transou com um desconhecido? — A boca de Vivian formou um grande “ O” de surpresa. Eu poderia explicar a história, mas estava com uma dor de cabeça que mal me
— Amor, o que tá acontecendo aqui? — Ela se levantou, ficando entre nós. — Você a conhece, por acaso? Quem é ela? O que ela quer? — Ela cuspiu uma sequência de perguntas sem dar espaço entre elas. — Amor? — sussurrei, olhando para ele, sentindo confusão instantemente. Eu definitivamente não sabia que ele tinha alguém. Foi um choque tão grande para mim, que uma onda de vertigem me atingiu. Ele estreitou os olhos, fechando a boca e estalando o maxilar. Eu nunca havia visto aquela face furiosa de Luck, nem no dia em que dormimos juntos. senti-me como uma gazela indo ao encontro do lobo. — Ela não é ninguém — ele respondeu, enfim. Mas eu vejo, eu vejo o brilho escuro em suas pupilas, o lampejo de advertência. O ódio. — Apenas uma assessora da campanha do meu pai. Por que não vai lá pagando já que estamos de saída? — Ele pegou o cartão de crédito e o deu na sua mão. Em seguida, levantou da cadeira, deixando-me sozinha. Comecei a segui-lo, eu precisava de uma explicação. Saímos. Ele segu
— Hã.... não... Como disse, apenas estou mal por causa da gripe. — Tentei não as encarar para que não percebessem minha mentira. — Hei, Nicole, por quanto tempo vai continuar com isso? Nós já sabemos. É impossível não perceber quando olhamos para você. Olhei para Vivian, suando frio. — Eu sinto muito, meninas. Pensei que daria certo, nunca imaginei que chegaria a esse ponto. Eu queria, pelo menos uma vez... — Desabei em lágrimas. — Shiiii. Ei, mas não é certo ficar fugindo do Mateus. Ele vai acabar falando com a sua mãe. Ter regras não é ruim. — Vivian rolou os olhos. — Cedo ou tarde, você ter que assumir a empresa da sua mãe. Não fique assim, isso pode ser bom para você. O que? Como assim? Pensei que elas estavam falando de Luck, mas elas achavam que eu estava mal porque teria que ir embora. Pensavam que estava surtando porque não queria mais aceitar as regras de Madeleine. — Quando chegamos à Starbucks ontem e não te encontramos, ligamos para o seu celular e você não atendeu.
— Vivian... — eu disse. — Por favor, preciso de você. — Ok? Está no seu quarto? — Sim... — respondi, antes de vomitar novamente e, mais uma vez, deitar no chão frio. — Estou perto, chego rapidinho. Alguns minutos se passaram quando ouvi passos no meu quarto. Em seguida, Vivian se ajoelhou ao meu lado. — Ai, meu Deus! Nicole, o que você tem? — Eu não sei... acho que estou morrendo — disse, encolhida no chão com a mão no estômago. — Não diga bobagens. Vamos, vou te ajudar a levantar. Eu vim com Mateus, vamos levá-la ao médico. Mais passos; em seguida, Alice entrou correndo, histérica, dizendo algo sobre eu não estar comendo direito. Mateus estava junto e me pegou no colo. Apoiei minha cabeça em seu ombro sujando ele de vomito, e adormeci. O barulho dos monitores acabou me acordando. Abri meus olhos e olhei para o meu braço, que estava com acesso ligado ao soro. Sentei na maca devagar. Arranquei os fios do monitor ligados em meu peito e dedo da mão. Olhei em volta, o quarto do h