— Hã.... não... Como disse, apenas estou mal por causa da gripe. — Tentei não as encarar para que não percebessem minha mentira. — Hei, Nicole, por quanto tempo vai continuar com isso? Nós já sabemos. É impossível não perceber quando olhamos para você. Olhei para Vivian, suando frio. — Eu sinto muito, meninas. Pensei que daria certo, nunca imaginei que chegaria a esse ponto. Eu queria, pelo menos uma vez... — Desabei em lágrimas. — Shiiii. Ei, mas não é certo ficar fugindo do Mateus. Ele vai acabar falando com a sua mãe. Ter regras não é ruim. — Vivian rolou os olhos. — Cedo ou tarde, você ter que assumir a empresa da sua mãe. Não fique assim, isso pode ser bom para você. O que? Como assim? Pensei que elas estavam falando de Luck, mas elas achavam que eu estava mal porque teria que ir embora. Pensavam que estava surtando porque não queria mais aceitar as regras de Madeleine. — Quando chegamos à Starbucks ontem e não te encontramos, ligamos para o seu celular e você não atendeu.
— Vivian... — eu disse. — Por favor, preciso de você. — Ok? Está no seu quarto? — Sim... — respondi, antes de vomitar novamente e, mais uma vez, deitar no chão frio. — Estou perto, chego rapidinho. Alguns minutos se passaram quando ouvi passos no meu quarto. Em seguida, Vivian se ajoelhou ao meu lado. — Ai, meu Deus! Nicole, o que você tem? — Eu não sei... acho que estou morrendo — disse, encolhida no chão com a mão no estômago. — Não diga bobagens. Vamos, vou te ajudar a levantar. Eu vim com Mateus, vamos levá-la ao médico. Mais passos; em seguida, Alice entrou correndo, histérica, dizendo algo sobre eu não estar comendo direito. Mateus estava junto e me pegou no colo. Apoiei minha cabeça em seu ombro sujando ele de vomito, e adormeci. O barulho dos monitores acabou me acordando. Abri meus olhos e olhei para o meu braço, que estava com acesso ligado ao soro. Sentei na maca devagar. Arranquei os fios do monitor ligados em meu peito e dedo da mão. Olhei em volta, o quarto do h
— Não, não, não... — Eu estava em choque. — O que eu vou fazer agora?! Chorei baixinho. A médica, que pareceu se comover, aproximou-se, acariciando os meus ombros. — Se quiser, posso pedir para alguém entrar. As pessoas da sala de espera estão com os nervos à flor da pele. Vai fazer bem para você ter alguém para compartilhar isso. Eu não respondi. Estava em choque. E só conseguia chorar. Minutos se passaram enquanto ela imprimia o papel do ultrassom, a prova física de que aquilo estava mesmo acontecendo. — Aqui está! — ela disse, entregando-me um envelope branco com ultrassom. — Você vai precisar começar um acompanhamento pré-natal o mais breve possível e tomar as vitaminas necessárias, além de se alimentar de forma adequada para que não passe mal de novo. Se desejar manter a gestação, isso pode ser muito prejudicial para você e o bebê. Eu não conseguia responder, apenas sinalizei com a cabeça e apoiei os exames na mesa ao lado. — Você provavelmente vai precisar de alguém que
— Você não precisava ser tão má. —As palavras foram ditas debaixo de sua respiração tensa. — Por Deus Vivian. — Ela sussurra infeliz. — E não acho que seja a melhor pessoa para dizer coisas assim, você sabe o porquê! — Alice estreitou os olhos para Vivian, que estava entre nós. Ambas compartilhando um segredo do qual eu não fazia ideia. — Alice, eu só disse o que você queria dizer há muito tempo! Você não tem mais dez anos, Nicole, vê se cresce. — Eu queria ter contado, juro, só não sabia como. Eu estava tão confusa... — Suspirei fundo entre os soluços. — Nunca pensei que Luck me trataria assim. — Nicole, por favor... — Alice disse, alisando meus braços carinhosamente de cima para baixo. — Se ele lhe fez algo, se você não queria, ou se ele te forçou, você precisa nos falar. Não há vergonha nisso, mas nós precisamos saber de tudo. — E que credibilidade eu tenho? — falei. — Eu quis! Subi para o seu quarto por livre e espontânea vontade. — Limpei meu rosto. — E mesmo não querendo con
Passei o dia pensando no que iria fazer. Vivian estava certa, não havia modo de sair dessa situação sem cometer um aborto. Esperei que pelo menos uma delas me ligasse e me ajudasse, de alguma forma, ao menos com uma palavra amiga. Que bobeira. Que tipo de apoio dariam para uma amiga mentirosa. Sentei na pequena cama que era minha quando criança e puxei a pequena caixa em que costumava a guardar fotos, olhando cada uma delas. No verão anterior à doença de meu pai ele havia me dado um urso Teddy. A foto me mostrava feliz, segurando-o em volta de uma arvore de Natal. É uma das poucas lembranças boas que tenho antes que ele adoecesse. Passei cada foto, sentindo as lágrimas escorrerem pelo meu rosto. As lembranças eram dolorosas, por isso eu nunca havia voltado. A casa me fazia lembrar de mais coisas ruins do que de coisas boas. Momentos depois, botei tudo em seu devido lugar e me ajeitei desconfortavelmente na cama. Tive uma noite péssima. Summer bateu algumas vezes na porta e jantamos j
Duas horas mais tarde. Caminhei pelo grande jardim do chalé Petrelli. Tendas gigantes adornavam o jardim, protegendo os convidados do prefeito do sol escaldante do Texas. Mesas brancas estavam espalhadas, haviam garçons servindo bebidas e canapés. Havia uma foto enorme do prefeito estendida e a bandeira enorme da bandeira solitária do Texas ao lado da dos Estados Unidos. Tudo parecia muito diferente da última vez em que estive ali. Segui andando vagarosamente à procura de Luck, tentando não chamar atenção, o que não estava funcionando, já que estavam todos arrumados tão exageradamente, e eu apenas de regata preta, calça jeans e tênis Converse, como de costume. — Não é permitida a criadagem sem estar devidamente uniformizada deste lado do evento. — Um senhor alto e magro me alertou, antes que eu continuasse minha procura na parte externa da casa. — Err... eu não sou... estou com Antony... — menti, quando o amigo de Luck da festa anterior se aproximar, tomando uma taça de champanhe.
— Se eu soubesse... — eu engulo as lágrimas que se formam, não deixando que elas caiam novamente por ele. — Se eu soubesse quem você era de verdade jamais teria dormido com você. Eu nunca teria ido a aquela festa. Eu só vim aqui para te contar que estou grávida e que o bebê é seu! Ele levanta uma sobrancelha grossa, parecendo bonito, lindo até, mas é o tipo de beleza que notórios assassinos em série usam para atrair suas vítimas. Honestamente não ficaria surpresa se ele matasse por esporte. — Eu acho que você é uma ótima atriz garota. — Ele da novamente aquele sorriso que me dá nos nervos. Mas todo mês uma puta como você me procura dizendo que está grávida de mim. É oque elas querem afinal? Um cara rico como eu, bonito, bem sucedido. Mas isso não vai acontecer, comigo e nem com você. É uma solução que você quer? Trinquei os dentes, revoltada com suas acusações. — Pode apostar que eu não queria isso de forma alguma. — disse com amargura. — Quer saber? — ele disse, passando por mim
Summer deu uma piscadela, esticando as mãos para Vivian em um convite. Vivian demorou um pouco para aceitar, mas acabou cedendo e seguiu com ela casa adentro, enquanto eu finalmente estava sozinha com Madeleine. Fiquei parada por um longo período. Não sabia o que fazer, se falava ou se a esperava falar. Pigarreei de leve. Sem resposta. Aproximei-me um pouco mais da poltrona. — Madel... Mamãe... — disse enfim. — Não pensei que teria coragem — ela disse com a voz baixa e firme. — Percebi pela demora para falar comigo. E desde que passou por aquela porta, estou esperando. — Err... eu... uh... você estava distraída, não pensei que fosse... notar minha presença. — Mas eu sempre noto! — ela disse bruscamente. — Eu me preocupo! E não sei que diabos você acha que é o motivo desta conversa! Mas eu não sou de rodeios e você sabe. — Ela se levantou, expressão neutra. Caminhou até a mesa, servindo-se novamente de Bourbon. Meu olhar seguiu cada passo, cada piscada que seus olhos deram, seu