Passei o dia pensando no que iria fazer. Vivian estava certa, não havia modo de sair dessa situação sem cometer um aborto. Esperei que pelo menos uma delas me ligasse e me ajudasse, de alguma forma, ao menos com uma palavra amiga. Que bobeira. Que tipo de apoio dariam para uma amiga mentirosa. Sentei na pequena cama que era minha quando criança e puxei a pequena caixa em que costumava a guardar fotos, olhando cada uma delas. No verão anterior à doença de meu pai ele havia me dado um urso Teddy. A foto me mostrava feliz, segurando-o em volta de uma arvore de Natal. É uma das poucas lembranças boas que tenho antes que ele adoecesse. Passei cada foto, sentindo as lágrimas escorrerem pelo meu rosto. As lembranças eram dolorosas, por isso eu nunca havia voltado. A casa me fazia lembrar de mais coisas ruins do que de coisas boas. Momentos depois, botei tudo em seu devido lugar e me ajeitei desconfortavelmente na cama. Tive uma noite péssima. Summer bateu algumas vezes na porta e jantamos j
Duas horas mais tarde. Caminhei pelo grande jardim do chalé Petrelli. Tendas gigantes adornavam o jardim, protegendo os convidados do prefeito do sol escaldante do Texas. Mesas brancas estavam espalhadas, haviam garçons servindo bebidas e canapés. Havia uma foto enorme do prefeito estendida e a bandeira enorme da bandeira solitária do Texas ao lado da dos Estados Unidos. Tudo parecia muito diferente da última vez em que estive ali. Segui andando vagarosamente à procura de Luck, tentando não chamar atenção, o que não estava funcionando, já que estavam todos arrumados tão exageradamente, e eu apenas de regata preta, calça jeans e tênis Converse, como de costume. — Não é permitida a criadagem sem estar devidamente uniformizada deste lado do evento. — Um senhor alto e magro me alertou, antes que eu continuasse minha procura na parte externa da casa. — Err... eu não sou... estou com Antony... — menti, quando o amigo de Luck da festa anterior se aproximar, tomando uma taça de champanhe.
— Se eu soubesse... — eu engulo as lágrimas que se formam, não deixando que elas caiam novamente por ele. — Se eu soubesse quem você era de verdade jamais teria dormido com você. Eu nunca teria ido a aquela festa. Eu só vim aqui para te contar que estou grávida e que o bebê é seu! Ele levanta uma sobrancelha grossa, parecendo bonito, lindo até, mas é o tipo de beleza que notórios assassinos em série usam para atrair suas vítimas. Honestamente não ficaria surpresa se ele matasse por esporte. — Eu acho que você é uma ótima atriz garota. — Ele da novamente aquele sorriso que me dá nos nervos. Mas todo mês uma puta como você me procura dizendo que está grávida de mim. É oque elas querem afinal? Um cara rico como eu, bonito, bem sucedido. Mas isso não vai acontecer, comigo e nem com você. É uma solução que você quer? Trinquei os dentes, revoltada com suas acusações. — Pode apostar que eu não queria isso de forma alguma. — disse com amargura. — Quer saber? — ele disse, passando por mim
Summer deu uma piscadela, esticando as mãos para Vivian em um convite. Vivian demorou um pouco para aceitar, mas acabou cedendo e seguiu com ela casa adentro, enquanto eu finalmente estava sozinha com Madeleine. Fiquei parada por um longo período. Não sabia o que fazer, se falava ou se a esperava falar. Pigarreei de leve. Sem resposta. Aproximei-me um pouco mais da poltrona. — Madel... Mamãe... — disse enfim. — Não pensei que teria coragem — ela disse com a voz baixa e firme. — Percebi pela demora para falar comigo. E desde que passou por aquela porta, estou esperando. — Err... eu... uh... você estava distraída, não pensei que fosse... notar minha presença. — Mas eu sempre noto! — ela disse bruscamente. — Eu me preocupo! E não sei que diabos você acha que é o motivo desta conversa! Mas eu não sou de rodeios e você sabe. — Ela se levantou, expressão neutra. Caminhou até a mesa, servindo-se novamente de Bourbon. Meu olhar seguiu cada passo, cada piscada que seus olhos deram, seu
Acordei com um forte estalo na minha janela. Levantei, abri as cortinas e olhei, Vivian estava na varanda, batendo na madeira. — Vivian? O que você tá fazendo aqui essa hora? — Você pode abrir? — ela disse, esfregando os braços para cima e para baixo, como para se aquecer. — Está frio aqui fora. — E sorriu. — Sim, claro. — Abri a janela, Vivian atravessou com facilidade. — Bom, o que é tão importante que você não poderia ligar? — Sorri docemente e sentei ao seu lado. — Me desculpe por aquela cena toda no hospital. — Baixou o olhar triste. — Eu não devia ter falado aquelas coisas para você. Eu fui rude e cruel. — Tá tudo bem, eu também não devia ter mentido. — Eu deveria ter percebido que você não estava pronta para contar o que aconteceu. E também que não esperava esse bebê, foi tão surpresa para você como foi para nós. E como foi com Luck? Alice me contou que tinha ido lá. — Nada bem, na verdade. Eu acho que o odeio — disse secamente, sentindo o amargor subir na minha garganta.
Claramente que eles não se davam bem. E de repente tudo mudou, eles não se desgrudavam. Tanto eu quanto Alice desconfiávamos que eles haviam tido algo, mas para mim era apenas uma tensão sexual, não algo tão profundo. Depois de um tempo ela teve suas férias fora de época. Julguei que tivesse sido por causa da decepção amorosa. Meu coração doeu com sua história. Pobre Vivian, por um momento, ela tinha tido tudo e, no momento seguinte, não havia mais nada. — Depois disso, eu realmente saí de férias. Fiquei duas semanas na Itália, e aquele tempo foi bom para mim, mas não curou e nem vai curar esse vazio aqui. — Ela disse, colocando as mãos em direção ao coração. — E meu pai me presenteou com meus silicones. — Ela piscou para mim e soltou uma risada triste. — Eu sinto muito, Vivian, não sabia que você tinha passado por isso. Eu poderia ter lhe dado força, eu não sei, poderia ter feito qualquer coisa. — É essa força que eu gostaria que você tivesse sobre si mesma. Você pode, Nicole! Pel
Segui em direção ao avião. Tinha chegado a minha vez de me virar sozinha, eu não sabia o que me aguardava ou o que iria fazer, ou ainda, se iria dar certo. A única coisa que me importava é que eu tinha alguém para proteger, e fosse qual fosse o caminho que viesse, ele estaria envolto por muito amor. E sobre Madeleine, bem, um dia ela entenderia. A carta que eu escrevi e deixei sobre a mesa lhe daria todas as respostas que precisava. E mesmo que ela não entendesse, uma parte de mim rezava para que, um dia, ela me perdoasse. Madeleine, Eu nunca quis que as coisas chegassem a esse ponto entre nós. Uma parte de mim só queria que você entendesse. Eu te decepcionei porque sabia dos seus planos, mas esse bebê é parte de mim e eu quero e vou tê-lo. Ele será muito amado. Não te culpo por ser assim comigo, sei que também te magoei, mas agora preciso de um tempo para mim, e eu sei que vai dar tudo certo. Não se preocupe, estarei bem. E você estava certa, eu não sei nada da vida, portanto, ag
Era um quarto muito grande, com cama de dossel, mais parecia um cômodo para alguém da realeza. Nossa, se aquele era o quarto de hóspedes, imagino o principal. Era tudo perfeito. O lustre. Os papéis de parede. Tinha até um banheiro com uma ducha esplêndida, tudo impecável. — Bom, espero que esteja bom para você. Esse é um dos melhores quartos da casa. O almoço é servido às onze horas, caso esteja à vontade para descer. Se não, posso pedir que lhe tragam aqui, sei que deve estar cansada da viagem. — Oh, sim, claro, seria muito gentileza da sua parte. — Sentei na beirada da cama. — Eu nem sei como agradecer toda essa gentileza. — Sorri para ela, enquanto alisava o lençol de seda floral. — O Sr. Colleri pediu para que você tivesse a melhor recepção possível, ele deverá estar presente à noite, já que está na cidade a negócios. Bom, tire o dia para descansar, amanhã posso lhe familiarizar melhor com os serviços. — Sim. Agradeço. Depois que Maria saiu, senti-me aliviada. Pelo menos part