Enquanto voltávamos para o hospital, a viagem correu em silêncio. A verdade é que pela primeira vez, eu não acreditei nele. Colle era um homem quebrado e um homem quebrado era capaz de qualquer coisa. — Ele assistiu desenho — minha mãe disse quando voltei ao quarto de hospital. — Recebeu visitas de Will, Vivian, Maria e a irmã. Alice ligou também. — Ela sorriu para mim, levantando da cadeira. — Ele está bem, levantou, andou, o médico o examinou. O corpo está se recuperando aos poucos. Ele logo vai estar em casa. —Deu-me um sorriso encorajador. — Embora seu remédio seja muito forte. Ele deve dormir profundamente pelas próximas horas. O médico está pensando em começar a suspender amanhã. — Isso é ótimo. — Massageio minha nunca tensa, tentando desfazer o nó que se formou ali e sorrio fraco para a minha mãe. — Está tudo bem querida? Como foi lá com Ethan? — Ela perguntou, mantendo a voz baixa para não atrapalhar o sono de Nicholas. — Estou preocupada com ele mãe. — Confesso. —
Um estalo mais próximo ecoou do corredor, fazendo-me dar um pulo. Fechei a porta, deixando uma pequena brecha. Houve um silêncio mortal, a cena do hospital vazio poderia muito bem ser usada para um filme de terror. Houve outros estalos. Pow. Pow. Pow. A bile sobe pela minha garganta e tentar engoli-la só ameaça me fazer engasgar.Minhas pernas tremiam, eu estava em um tremendo conflito entre olhar e fechar a porta. Porque eu realmente não fazia ideia do que estava acontecendo. Não passou um segundo antes que eu visse Will andando apressado, mas aparentemente bem, e minhas emoções começaram instantaneamente a se controlar. Abri totalmente a porta para dizer-lhe que estávamos bem, mas foi tarde demais porque eu não havia visto Luck, que estava bem atrás dele.Ele vestia uma roupa que, tenho certeza, um dia foi elegante, mas estava amarrotada e suja de sangue; seu rosto também estava sujo e seu cabelo desgrenhado, olhos com olheiras e pupilas dilatadas. Ele parecia fo
— Ah, eu vou. — Ele nem hesita, Seus olhos baixam em decepção, e ele se inclina sussurrando como se estivéssemos compartilhando um maldito segredo. — Se você não me deixar entrar, eu vou estourar a porra da sua cabeça, e de quem mais estiver vivo aqui. — Ele se afasta muito pouco, só o suficiente para encarar meus olhos azuis chorosos. E continua sussurrando — Eu vou entrar de qualquer maneira. — Ele sorri ternamente, sínico. — A diferença Nicole é que eu não vou terminar o massacre nessa porra de lugar. Eu só vou olhar uma última vez o meu filho, me despedir e ir embora. — Você é um monstro! Você não pode, não pode... — Solto um soluço. — Não faça mal ao Nosso filho — imploro em um sussurro enquanto as lágrimas queimam meus olhos. Luck fica lá por apenas um segundo antes de limpar seu choque e endireitar os ombros.— Não vou matá-lo. — Afirma. Então fica tenso novamente e, desta vez, com meu peito pressionado contra o dele, quase posso sentir sua agonia física irradiando p
Tenho me questionado sobre a sensibilidade da vida, sobre como somos insignificantes; em um momento somos tudo, e logo não somos nada. Eu nunca pensei na nossa história terminando assim, nunca. Agora está tudo acabado. Não que eu me importasse, mas é realmente uma cena que sei que não esquecerei tão cedo. — Pode vê-lo agora — disse a enfermeira. Entrei na sala e Ethan estava sentado na maca com alguns hematomas no rosto e cerca de cinco pontos perto do cabelo. Olhei para ele, que ainda não me encarava. — Eu perdi o controle, e não há nada que eu vá fazer ou dizer que vá mudar isso. — Ele olhava para baixo. — Eu errei, magoei e não pude proteger vocês. Eu prometi a você anos atrás e não pude cumprir minha promessa. — Ele parece deplorável, com sua voz oprimida e cheia de vergonha.Abaixo meu rosto em minhas palmas e as esfrego. — Porque não me contou? — Não posso lutar contra a enxurrada de lágrimas que desce pelo meu rosto. — Porque não falou que seu pai era responsáv
— Me deixa ser alguém para você. Me deixa te ajudar a encontrar o seu lugar. Que é aqui. — Apoiei a mão em meu coração.Colle me abraçou, me pedindo perdão enquanto me segurava. — A cabeça dele, — Fungo. — Colle, tinha pedaços para todos os lados. — Ele fecha os olhos, também com a lembrança assombrosa de Luck. — Nos olhos dele, de repente, não havia mais vida. E ele estava me olhando... — Minha frequência cardíaca aumenta. — Estava me olhando quando fez, Colle. — Eu sinto tanto baby, sinto tanto. — Sua voz profunda vibra contra os meus cabelos.— A cada momento que lembro tenho medo de sonhar com isso, fico pensando que poderia ser você. Se não fosse por Lucian... eu tenho tido pesadelos com isso... eu... Sua mandíbula endurece novamente enquanto me observa com depressão, então balança a cabeça.— Eu sinto muito que Luck tenha cometido suicídio na sua frente. Se te conforta, eu também tenho pesadelos desde quando fui levado e por cada vítima que eu, um dia, perdi. É difíci
— Você fodeu tudo Thomas, mais que porra você fez! Estou encostada na porta, do closet ouvindo, rezando para ele não me escutar espiando seu telefonema. — Mais que Merda — Colleri Diz baixo. — Foi uma maldita chacina. Você viu os jornais?! — Se altera. — Isso é Loucura Thomas! Espio pela brecha da porta, e vejo Ethan, ele veste uma calça social, uma blusa branca, que já está com alguns botões desfeitos. Seu cabelo está desgrenhado e ele massageia seus olhos, para a aliviar a tensão enquanto apoia o celular entre o ouvido e ombro. — Vou transferir meio milhão para uma conta no Brasil. Vou arranjar passaportes e novas identidades. Ele se cala, por um momento. Ouvindo Thomas, antes de assumir com tensão. — Sim, eu prometo. Você é um maldito fora da sua mente. Provavelmente vai sair de lá morto. Mas eu não vou ficar nulo nessa situação Thomas. Respira pesado. Antes de anotar o endereço que Thomas passa, assim como o Numero de telefone. Espero passar bons três
O amor cega as pessoas, é evidente. Mesmo que antes nunca acreditasse nisso, a realidade estava ali, mais clara que água cristalina. Na verdade, olhando para trás com mais cautela, percebi que realmente não havia jeito daquela situação ser de outra forma, eu sempre fora dele. Sempre. A tatuagem no meu pulso direito me dizia exatamente isso. Meu pensamento corria de forma diferente do tempo que passava à minha volta. O homem que eu olhava, meu Carrasco, queria correr em minha direção e me proteger, esse homem faria qualquer coisa por mim. Ouso afirmar que esse homem morreria por mim. Seus lábios mexiam, em confusão e nervoso, dizendo para que eu me abaixasse. Ele dava passos frenéticos em minha direção, mas foi baleado na barriga. Meu primeiro instinto foi correr para ele, ver se estava bem. Mas ele continuava a balear os homens, não prestava mais atenção em mim. Olhei para o lado, taças de cristal explodiam, assim como louças caríssimas. Eu realmente deveria me abaixar, me
Onze anos antesSentei na beirada da cama do meu pai. O homem, antes ativo, agora vivia na maior parte do tempo sedado. Eu, de verdade, preferia assim. Ao menos ele não me assustava, como quando começava a gemer e gritar à noite por causa das dores. Ele usava uma máscara de oxigênio para ajudar a respiração, seus braços estavam ligados ao acesso que levava a seu corpo a medicação; havia também monitores que apitavam a todo o momento. Eu ainda não entendo muito bem isso tudo, o que sei é que ele está muito doente. — Eu sei que você vai ficar bem, papai — disse, enquanto beijava o seu rosto. Peguei meu ursinho Teddy e deitei ao seu lado, encolhida. Eu vestia um blusão de bolinhas que ia até a canela, meus cabelos estavam na altura das costas. Eu adormeci por um momento, e acordei com sua tosse seca. Não. Não. Não. Eu não podia suportar aquilo, ele claramente sentia dor. Onde estava Clarissa? Ela costumava ser uma enfermeira carinhosa, mas eu via claramente que ela não t