Não era o que eu queria, era a escolha dela, mas que alternativa eu tinha? Diferentemente dos pais de Vivian e Alice. Elas podiam escolher, os pais eram mais normais. Apesar disso, a mãe delas não tinha saído na Forbes como uma das mulheres mais poderosas do estado de NY.
Minha mãe era poderosa, dona de uma rede de joalherias mundialmente conhecidas. Seus pais, meus avós, não só criaram como ampliaram a empresa com muito esforço. Dizem também que meus bisavós eram garimpeiros, e tinham o grande sonho de crescer no império da produção de joias. E assim, de uma simples ideia, surgiu uma empresa multimilionária, passada de geração a geração. Quando minha mãe teve idade, ela assumiu a empresa dos meus avós, triplicando os lucros com ajuda do meu pai, que era um CEO.Oque para uns era uma vida de luxo e glamour era para mim um verdadeiro pesadelo. Nesses últimos anos, não fui capaz de reatar ou construir uma boa relação com a minha mãe, pois ela viajava frequentemente a negócios e pouco se importava com a filha deixada para ser criada em uma escola para moças. Até meus 8 anos de idade, lembro-me que meus pais me tinham, praticamente como uma família de milionários normais, porém, quando meu pai adoeceu, ela acabou nos estabelecendo em New Braunfels, uma cidadezinha nos confins do Texas por questões médicas. Seis meses depois, ele morreu. Minha mãe me achava grande demais para ter uma babá e, por isso, matriculou-me em um colégio interno para moças, ao norte da cidade.Foi lá que conheci Vivian e Alice. Que é sinceramente a única parte boa de ter sido deixada para trás por ela. Elas fizeram os meus dias melhores e mais felizes. A minha infância foi difícil, eu me sentia constantemente sozinha, tinha saudades do meu pai; ele foi tudo o que minha mãe não tinha sido: amoroso, atencioso, cuidadoso, um bom pai, mesmo que não estivesse sempre presente. Eu só queria voltar para casa, sentia saudades até da minha mãe, apesar de não termos muita ligação. Constantemente chorava até adormecer. Mas como disse, meus dias foram melhores graças a minhas amigas. A vida melhorou um pouco quando passamos para o ensino médio. Hoje eu esperava que melhorasse um pouco mais.— Nossa! — Tosse. — O que — tosse — tem aqui? — Tosse.Alice engasgou depois de beber do pequeno cantil de alumínio que Vivian bebeu e passou para ela.— Uísque. — Ela sorriu quando pegou a bebida da sua mão e tomou. — Ah, o que é, Nicole? Não me olhe com essa cara, nós vamos para faculdade. — Ela faz um barulho de protesto com a garganta quando deu seu próprio gole na bebida. — Droga, isso é forte. — Ela riu com aquela voz enjoada. — Ninguém vai contar para sua mamãe! — Ela deu uma piscadela generosa para Mateus, que olhava pelo espelho retrovisor, com olhar desaprovador — Ah, vamos! Só um gole! Até a Alice bebeu.— Depois de quase morrer sufocada! — ela rebateu, sua voz rouca, forçando uma cara feia.— Eu não sei...Encarei Mateus, que parecia distraído com o trânsito.— Ah, quer saber? — Ela usou o app do celular e aumentou o som do carro no último volume, espalhando pelo carro a melodia Complicated, de Avril Lavigne. — E então? — ela levantou uma sobrancelha, como em um desafio.Bom, eu poderia ter negado, elas não teriam me pressionado. Eu poderia simplesmente dizer que não, mas estava cansada das regras que, mesmo de longe, Madeleine me impunha.Não saia sozinha! Não beba! Não fume!Fique longe de homens, eles só querem uma coisa!Preserve o seu futuro, você será uma grande CEO quando me substituir!Eu já calculei tudo, Nicole! Nicole!Nicole!Nicole! Quase podia ouvir a sua voz.Mas me diga, como dar ouvidos a alguém que não me criou? Que não fez parte da minha vida? Que me abandonou quando eu mais precisei? Todos aqueles anos sozinha. Quando ela ou sua assistente mandavam simples presentes em datas comemorativas. Quantos aniversários, natais, ações de graças, formaturas passei sozinha. E nunca, nunca fiz nada fora o que ela me mandou. Hoje eu queria que fosse o contrário. Repeti internamente, como um mantra“Hoje será diferente”.Alice soltou um suave pigarro, olhando para mim com os olhos lacrimejando, enquanto segurava a garrafa após o seu segundo gole.— Tudo bem, querida — ela disse, fazendo um leve carinho em minha mão. — Você tem que se sentir bem, não pressionada. — Sorriu docemente.— Eu sei... — disse em um sussurro, mais para mim do que para elas. — Mas acho que eu quero. — Afirmei incerta.— Eu só tô cansada de todas as regras. Eu nunca serei destemida como a Vivian e roubarei uma moto. — Sorri, lembrando de uma história hilária em um verão que passamos na casa dos pais de Alice. — Ou serei determinada como você. — Sorrio para Alice. — Mas eu queria ser eu, por um dia. Fazer oque realmente desejo. É por isso que vou beber. — Concluí, afinal, oque poderia ocorrer de tão ruim?Peguei o cantil e bebi. O líquido quente desceu queimando em minha garganta, tossi algumas vezes e encarei os olhos curiosos em cima de mim. Foi aí que cantei o último refrão da música. Primeiro sozinha, depois, acompanhada por elas.Why do you have to go and make things so complicated? (Yeah, yeah) I see the way you'reActing like you're somebody else, gets me frustratedAnd life's like this you,You fall and you crawl and you break and you take what you get and you turn it into Honesty, you promised me I'm never gonna find you fake itNo, no, noCantamos em sincronia, gesticulando com as mãos, sentindo nossos ânimos e emoções à flor da pele. Depois rimos, relembramos os velhos tempos, fizemos planos para o futuro, cientes que, dali para a frente, tudo seria diferente.Só não sabia se seria para melhor.O trânsito estava lento no trajeto para o chalé Petrelli. Era a primeira vez que Luck dava uma festa que não era em um club do seu pai, depois do horário que fechou, em uma clareira ou em um campo de golf. Dessa vez, era oficial, ele estava usando um chalé do seu pai que ficava no interior da cidade para dar essa festa. Por isso, ela era mais especial que as outras. O caminho iluminado, ladeado por pequenos arbustos cortados no formato do brasão da família, a grande fonte iluminada com luzes neon de frente para o hall de entrada. Era tudo fantástico, quase tão grande quanto a escola que, ultimamente, era minha casa. O carro parou. Apertamos as mãos umas das outras e esperamos que Mateus abrisse nossas portas. Respiramos, fundo e descemos, despedindo-nos de Mateus, que apenas acenou por não estar feliz por estarmos ali. Eu não sabia como ele não contou para minha mãe, mas acho que tinha haver com Vivian ter ameaçado contar sobre o caso que ele tinha para mulher dele. Seguimos mansão
Cortei-a logo quando percebi para onde estava seguindo a conversa. — Olha, eu sei que vocês se preocupam, mas eu já sou grandinha. Não é como se fosse rolar algo entre a gente, a gente nunca se falou. — Disfarcei olhando para o lado, como se aquelas palavras não me magoassem. — Ei, amor você sumiu. — Um rapaz bonito chamou atenção de Alice, cortando bruscamente a conversa. Ela se virou e beijou seus lábios com doçura. Percebi que esse era o mesmo cara que ela estava antes. — Nicole, esse é Alec. — Alec, essa é minha fiel escudeira Nicole. Cumprimentamo-nos. Eles se olhavam e se beijavam e eu lhes dei privacidade. Não que eles se conhecessem há muito tempo, mas ela parecia bem à vontade com ele e eu não quis interromper. Ela gesticulou e percebi que queria ir, mas não queria me deixar sozinha. Não seria justo ela deixar de sair com alguém por causa da amiga sem par. Alguns garotos tinham até chegado em mim. Eu não era estúpida, estava gata, mas quem eu queria sequer tinha me o
Duas horas mais tarde. Caminhei pelo grande jardim do chalé Petrelli. Tendas gigantes adornavam o jardim, protegendo os convidados do prefeito do sol escaldante do Texas. Mesas brancas estavam espalhadas, haviam garçons servindo bebidas e canapés. Havia uma foto enorme do prefeito estendida e a bandeira enorme da bandeira solitária do Texas ao lado da dos Estados Unidos. Tudo parecia muito diferente da última vez em que estive ali. Segui andando vagarosamente à procura de Luck, tentando não chamar atenção, o que não estava funcionando, já que estavam todos arrumados tão exageradamente, e eu apenas de regata preta, calça jeans e tênis Converse, como de costume. — Não é permitida a criadagem sem estar devidamente uniformizada deste lado do evento. — Um senhor alto e magro me alertou, antes que eu continuasse minha procura na parte externa da casa. — Err... eu não sou... estou com Antony... — menti, quando o amigo de Luck da festa anterior se aproximar, tomando uma taça de champanhe.
— Mais bebida? — Ele me ofereceu, andando em direção a um pequeno bar no luxuoso quarto. Ligou o pequeno som, onde tocava Miss you love, do Silverchair. Não sei porque, mas a batida calma da música me relaxou um pouco. Pensei em negar por já ter bebido muito além do que eu poderia aguentar. Eu preten— Sinto muito. — Engulo um pouco da minha humilhação, minha voz encharcada de vergonha crua. — Eu não tenho costume de beber. Mostro a ele a garrafa de água. — Realmente, — ele abaixou a cabeça para falar no meu ouvido. — É a primeira vez que vejo você bebendo em uma festa minha. Isso quer dizer que ele me notou antes? Isso não pode mesmo estar acontecendo. Ignorando a queimadura traiçoeira em minhas bochechas, procuro dizer algo ousado. — Na verdade, eu tô querendo curtir o agora. — Joguei para ele o olhar mais sexy que encontrei. Jesus Maria José! de onde saiu isso? — Hum... uma garota que gosta de curtir os momentos. E o que você gostaria de curtir hoje à noite, Nicole? — Ele desli
Ele se massageou e colocou a camisinha, posicionando-se na minha frente. Eu ainda estava de calcinha. Na mesma hora, meu corpo ficou tenso, e hesitei em abrir as pernas. Mas ele fez isso por mim, as abriu o mais distante uma da outra que podia. Mais uma vez me afastei, com medo do que viria a seguir. Eu não era tola, sabia que a minha primeira vez doeria, mas eu realmente pensei que Luck seria um pouco mais carinhoso, que iria mais devagar. Porque, droga, com um dedo já havia doído para cacete, imagina aquilo tudo. Eu realmente estava com medo...olhei finalmente para cima e depois para o seu membro, e o observei me olhando com olhos curiosos. — Você achou que subiria aqui comigo para quê? Para brincarmos de boneca? Você quis subir, então vamos terminar isso e então você pode ir, mas agora, que tal me mostrar como fode com os outros caras? Minha mandíbula apertou com força, é uma maravilha eu não ter quebrado um molar O quê?! Que tipo de garota ele achava que eu era? Eu ainda era vir
Cheguei na entrada da escola e não me surpreendi em encontrar Vivian e Alice do lado de fora, me esperando. Desci do táxi e caminhei calmamente na direção delas. — Nicole, qual o seu problema? — Vivian correu de encontro a mim, abraçando-me com força. — Estávamos quase ligando para a polícia. E pior, tivemos que inventar a desculpa mais louca para que Mateus e a supervisora acreditasse e não relatasse isso a sua mãe. Para Matheus falamos que você se sentiu mal e veio para cá antes de nós. Também assinamos sua lista de chegada como se fosse você. Se não, pode apostar que a sua mãe já teria desembarcado aqui. — Nicole, aonde você estava? — Alice aproveitou a deixa para perguntar. — É que, eu conheci alguém. — A mentira flui dos meus lábios. — Nós conversamos até tarde... me esqueci do horário. — Ai. Meu. Deus! Não me diga que transou com um desconhecido? — A boca de Vivian formou um grande “ O” de surpresa. Eu poderia explicar a história, mas estava com uma dor de cabeça que mal me
— Amor, o que tá acontecendo aqui? — Ela se levantou, ficando entre nós. — Você a conhece, por acaso? Quem é ela? O que ela quer? — Ela cuspiu uma sequência de perguntas sem dar espaço entre elas. — Amor? — sussurrei, olhando para ele, sentindo confusão instantemente. Eu definitivamente não sabia que ele tinha alguém. Foi um choque tão grande para mim, que uma onda de vertigem me atingiu. Ele estreitou os olhos, fechando a boca e estalando o maxilar. Eu nunca havia visto aquela face furiosa de Luck, nem no dia em que dormimos juntos. senti-me como uma gazela indo ao encontro do lobo. — Ela não é ninguém — ele respondeu, enfim. Mas eu vejo, eu vejo o brilho escuro em suas pupilas, o lampejo de advertência. O ódio. — Apenas uma assessora da campanha do meu pai. Por que não vai lá pagando já que estamos de saída? — Ele pegou o cartão de crédito e o deu na sua mão. Em seguida, levantou da cadeira, deixando-me sozinha. Comecei a segui-lo, eu precisava de uma explicação. Saímos. Ele segu
— Hã.... não... Como disse, apenas estou mal por causa da gripe. — Tentei não as encarar para que não percebessem minha mentira. — Hei, Nicole, por quanto tempo vai continuar com isso? Nós já sabemos. É impossível não perceber quando olhamos para você. Olhei para Vivian, suando frio. — Eu sinto muito, meninas. Pensei que daria certo, nunca imaginei que chegaria a esse ponto. Eu queria, pelo menos uma vez... — Desabei em lágrimas. — Shiiii. Ei, mas não é certo ficar fugindo do Mateus. Ele vai acabar falando com a sua mãe. Ter regras não é ruim. — Vivian rolou os olhos. — Cedo ou tarde, você ter que assumir a empresa da sua mãe. Não fique assim, isso pode ser bom para você. O que? Como assim? Pensei que elas estavam falando de Luck, mas elas achavam que eu estava mal porque teria que ir embora. Pensavam que estava surtando porque não queria mais aceitar as regras de Madeleine. — Quando chegamos à Starbucks ontem e não te encontramos, ligamos para o seu celular e você não atendeu.