A noite estava silenciosa, e Charles permanecia sozinho no quarto, sentado no sofá, com o semblante carregado de preocupação.Durante toda a noite, ele pensou em ir até Olívia, mas o medo de irritá-la o impediu de tomar qualquer iniciativa. Ele sabia que, se ela o visse, poderia ficar ainda mais chateada, e ele não queria incomodá-la.Embora Bianca tivesse retornado, ela não deu muitos detalhes sobre o motivo da raiva de Olívia. No entanto, as duas conversaram longamente sobre Tânia. Bianca acabou chorando bastante, mas garantiu que, ao voltar para Vila dos Lagos, fingiria não saber de nada para evitar que Tânia suspeitasse e tomasse alguma atitude precipitada.Agora, o fogo da vingança já estava aceso, e tudo estava sendo cuidadosamente planejado nos bastidores. Não havia espaço para erros. Qualquer passo em falso poderia comprometer a revelação dos crimes de Tânia, que eram muitos e graves.— Sr. Charles, eu tenho uma sensação... A Sra. Marques parece carregar algo muito pesado no co
Ela entendia bem demais o que ele estava sentindo. Durante aqueles três anos de casamento, ela também viveu com o medo constante, dia e noite, de que ele parasse de falar com ela, de que ele pedisse o divórcio.Agora, o sofrimento que ela passou por amor, ele também teria que experimentar.Olívia entrou no quarto e abriu a caixa de bolo. O aroma doce e irresistível do bolo de morango com chantilly invadiu o ar, fazendo-a engolir em seco.Mas, para Charles, aquele bolo não tinha nada de tão atraente quanto a mulher à sua frente. Comparado ao bolo, ele preferia devorar Olívia...Ela cortou duas fatias com agilidade e ofereceu uma a Charles.— Eu nunca soube que você gostava de doces. Você nunca me disse. Antes, quando eu fazia sobremesas para você, nem chegava a provar. Achei que não gostasse.Os dedos de Charles tremiam enquanto segurava a colher. Ele engolia grandes pedaços de bolo, mas sentia um gosto amargo na garganta.— Está bem doce... Obrigado...— Vai com calma, não tem ninguém
Ela inclinou o pescoço para trás, enquanto pensava, indignada: Que canalha!Só quando não restava mais nem um vestígio de chantilly em sua pele, Charles finalmente ergueu o rosto, a contragosto, e olhou profundamente nos olhos dela.— Assim, não fica melhor?— Melhor... Melhor o quê, seu idiota!Naquele momento, o peito de Olívia, macio como seda, estava marcado por pequenos pontos avermelhados, todos deixados pelos beijos de Charles!Ela virou o rosto, envergonhada, com a respiração ofegante. Seu rosto estava suado, e Charles também parecia extremamente nervoso, como se os dois tivessem acabado de passar por uma batalha intensa.— Charles, você não pode ver uma oportunidade que já quer ir além... Você é muito abusado! — Olívia disse, com os lábios rosados em um biquinho irritado, mas ainda assim encantador. Sua voz doce, com um leve tom de indignação, soava quase como um choro, o que tornava a cena ainda mais provocante.Charles estava completamente tomado pelo desejo, mas o medo de d
Durante vários dias seguidos, embora não tivessem mais intimidade física, as emoções entre os dois estavam no ar, carregando um calor sutil que parecia preencher cada canto da casa.Bianca preparava as três refeições diárias para eles, mas Olívia, sempre preocupada, insistia em ajudar, dizendo que não queria deixá-la sobrecarregada. No entanto, tanto Bianca quanto Charles a impediam de se meter na cozinha.— Você é alérgica à fumaça. Melhor ficar longe do fogão. Eu ajudo a Bianca, e você espera quietinha para comer. — Disse Charles, enquanto se aproximava por trás, envolvendo-a nos braços. Seus dedos entrelaçaram-se ao redor da cintura dela, e ele não resistiu a beijar suavemente o lóbulo quente da orelha de Olívia, apoiando o queixo em seu ombro.Diante de Bianca, Olívia ficou vermelha de vergonha, como uma flor de pessegueiro, e começou a se debater nos braços dele:— Para com isso! O que você acha que está fazendo? Um playboy mimado como você sabe cozinhar o quê?— Vou aprender. —
Embora eles já tivessem feito tudo o que casais costumam fazer, Charles sabia que Olívia ainda não o havia aceitado completamente, sem reservas. As interações íntimas entre eles, se não fossem iniciadas por ele, simplesmente não aconteciam.Mesmo que ela já tivesse dado seus abraços, seus beijos, seu corpo para ele, o coração dela ainda estava apenas parcialmente aberto, com uma pequena fresta que deixava Charles entrar de vez em quando.O homem cerrou os punhos em silêncio, mas logo seu semblante se firmou novamente. Ele se deu coragem. “Tudo bem, vai com calma. As coisas estão melhorando, certo?”— Nossa! Olha só! Que casal mais chamativo! A garota é linda, e o cara é um gato! Será que são modelos ou famosos? — Um grupo de pessoas que passava por eles começou a comentar, empolgadas.— Mas eles estão tão cobertos... Como você consegue dizer que são bonitos? — Questionou outra pessoa do grupo.— Ah, vai, olha o estilo, a postura, os corpos perfeitos... Com certeza são lindos de rosto t
Aos poucos, os curiosos foram se dispersando, afinal, assistir a um casal apaixonado trocando carícias por tanto tempo começava a deixá-los desconfortáveis.Os lábios de Charles e Olívia se afastaram lentamente, mas o olhar de Charles continuava fixo nela, transbordando de afeto.— Você... Você foi muito ousado. — Olívia arfava, ainda tentando recuperar o fôlego através da máscara, seus olhos brilhando com uma mistura de reprovação e embaraço. — Quem te deu permissão para me beijar assim?— Beijei porque quis. Nem pensei muito. — Charles respondeu com um sorriso satisfeito, enquanto ajeitava suavemente as mechas de cabelo dela, que haviam se soltado durante o beijo.— E se alguém nos reconhecer?— Não vão. Se fosse para descobrir, já teriam feito isso quando chegamos.Charles não era santo. Ele também tinha seus momentos de ciúme e possessividade, especialmente quando se tratava da mulher que ele amava com tanta intensidade. Ouvir aqueles comentários maldosos? Ele não ia deixar barato.
— De qualquer forma, eu vou pegar o Tristão antes da polícia.Homens... Especialmente quando estavam apaixonados, eram movidos por essa necessidade irresistível de vencer, de estar um passo à frente.Os dois terminaram suas ligações quase ao mesmo tempo e se viraram um para o outro.— Amanhã de manhã, vamos ao enterro da Vilma. — Disse Olívia, com os olhos levemente marejados.— Sim, iremos juntos. — Charles ponderou por um instante e, como um marido prestes a partir para uma viagem de negócios, envolveu a cintura de Olívia com seus braços, puxando-a suavemente para mais perto. — Vivia, amanhã… O grupo tem um projeto importante para discutir, e como presidente, eu preciso estar lá. Vou ter que viajar por alguns dias.— Quantos dias? — Olívia prendeu a respiração por um segundo.— Cinco dias, talvez… Dez.Charles sentiu um peso no peito. Mesmo sabendo que era uma mentira para protegê-la, ele ainda sentia um desconforto profundo por enganar a mulher que mais amava.Os olhos de Olívia bri
Diogo estava de costas para eles e apenas mexeu os longos dedos, chamando-os para se aproximarem.Bruna apertou os lábios, entregou o envelope para Cauã, que, por sua vez, o passou para Diogo.Antigamente, além de Olívia, Bruna era a única mulher que podia se aproximar de Diogo. Ela podia sentar-se no colo dele e flertar como se fossem amantes, fazer piadas inofensivas, e Diogo nunca ficava bravo com ela.Todos ao redor de Diogo naturalmente acreditavam que ele a gostava e a mimava.Mas Bruna sabia bem a verdade: ela não era nada. Não era sequer digna de amarrar os sapatos de Olívia.Para Diogo, ela não passava de um substituto barato. Quando estava de bom humor, ele brincava com ela para satisfazer seus próprios desejos. Mas, quando estava irritado, ele a maltratava como se fosse um nada, e com um simples gesto poderia destruí-la completamente.Por isso, ela parou de se aproximar dele por conta própria. Até mesmo cruzar o olhar com ele a deixava aterrorizada.Cauã entregou o envelope