Ela inclinou o pescoço para trás, enquanto pensava, indignada: Que canalha!Só quando não restava mais nem um vestígio de chantilly em sua pele, Charles finalmente ergueu o rosto, a contragosto, e olhou profundamente nos olhos dela.— Assim, não fica melhor?— Melhor... Melhor o quê, seu idiota!Naquele momento, o peito de Olívia, macio como seda, estava marcado por pequenos pontos avermelhados, todos deixados pelos beijos de Charles!Ela virou o rosto, envergonhada, com a respiração ofegante. Seu rosto estava suado, e Charles também parecia extremamente nervoso, como se os dois tivessem acabado de passar por uma batalha intensa.— Charles, você não pode ver uma oportunidade que já quer ir além... Você é muito abusado! — Olívia disse, com os lábios rosados em um biquinho irritado, mas ainda assim encantador. Sua voz doce, com um leve tom de indignação, soava quase como um choro, o que tornava a cena ainda mais provocante.Charles estava completamente tomado pelo desejo, mas o medo de d
Durante vários dias seguidos, embora não tivessem mais intimidade física, as emoções entre os dois estavam no ar, carregando um calor sutil que parecia preencher cada canto da casa.Bianca preparava as três refeições diárias para eles, mas Olívia, sempre preocupada, insistia em ajudar, dizendo que não queria deixá-la sobrecarregada. No entanto, tanto Bianca quanto Charles a impediam de se meter na cozinha.— Você é alérgica à fumaça. Melhor ficar longe do fogão. Eu ajudo a Bianca, e você espera quietinha para comer. — Disse Charles, enquanto se aproximava por trás, envolvendo-a nos braços. Seus dedos entrelaçaram-se ao redor da cintura dela, e ele não resistiu a beijar suavemente o lóbulo quente da orelha de Olívia, apoiando o queixo em seu ombro.Diante de Bianca, Olívia ficou vermelha de vergonha, como uma flor de pessegueiro, e começou a se debater nos braços dele:— Para com isso! O que você acha que está fazendo? Um playboy mimado como você sabe cozinhar o quê?— Vou aprender. —
Embora eles já tivessem feito tudo o que casais costumam fazer, Charles sabia que Olívia ainda não o havia aceitado completamente, sem reservas. As interações íntimas entre eles, se não fossem iniciadas por ele, simplesmente não aconteciam.Mesmo que ela já tivesse dado seus abraços, seus beijos, seu corpo para ele, o coração dela ainda estava apenas parcialmente aberto, com uma pequena fresta que deixava Charles entrar de vez em quando.O homem cerrou os punhos em silêncio, mas logo seu semblante se firmou novamente. Ele se deu coragem. “Tudo bem, vai com calma. As coisas estão melhorando, certo?”— Nossa! Olha só! Que casal mais chamativo! A garota é linda, e o cara é um gato! Será que são modelos ou famosos? — Um grupo de pessoas que passava por eles começou a comentar, empolgadas.— Mas eles estão tão cobertos... Como você consegue dizer que são bonitos? — Questionou outra pessoa do grupo.— Ah, vai, olha o estilo, a postura, os corpos perfeitos... Com certeza são lindos de rosto t
Aos poucos, os curiosos foram se dispersando, afinal, assistir a um casal apaixonado trocando carícias por tanto tempo começava a deixá-los desconfortáveis.Os lábios de Charles e Olívia se afastaram lentamente, mas o olhar de Charles continuava fixo nela, transbordando de afeto.— Você... Você foi muito ousado. — Olívia arfava, ainda tentando recuperar o fôlego através da máscara, seus olhos brilhando com uma mistura de reprovação e embaraço. — Quem te deu permissão para me beijar assim?— Beijei porque quis. Nem pensei muito. — Charles respondeu com um sorriso satisfeito, enquanto ajeitava suavemente as mechas de cabelo dela, que haviam se soltado durante o beijo.— E se alguém nos reconhecer?— Não vão. Se fosse para descobrir, já teriam feito isso quando chegamos.Charles não era santo. Ele também tinha seus momentos de ciúme e possessividade, especialmente quando se tratava da mulher que ele amava com tanta intensidade. Ouvir aqueles comentários maldosos? Ele não ia deixar barato.
— De qualquer forma, eu vou pegar o Tristão antes da polícia.Homens... Especialmente quando estavam apaixonados, eram movidos por essa necessidade irresistível de vencer, de estar um passo à frente.Os dois terminaram suas ligações quase ao mesmo tempo e se viraram um para o outro.— Amanhã de manhã, vamos ao enterro da Vilma. — Disse Olívia, com os olhos levemente marejados.— Sim, iremos juntos. — Charles ponderou por um instante e, como um marido prestes a partir para uma viagem de negócios, envolveu a cintura de Olívia com seus braços, puxando-a suavemente para mais perto. — Vivia, amanhã… O grupo tem um projeto importante para discutir, e como presidente, eu preciso estar lá. Vou ter que viajar por alguns dias.— Quantos dias? — Olívia prendeu a respiração por um segundo.— Cinco dias, talvez… Dez.Charles sentiu um peso no peito. Mesmo sabendo que era uma mentira para protegê-la, ele ainda sentia um desconforto profundo por enganar a mulher que mais amava.Os olhos de Olívia bri
Diogo estava de costas para eles e apenas mexeu os longos dedos, chamando-os para se aproximarem.Bruna apertou os lábios, entregou o envelope para Cauã, que, por sua vez, o passou para Diogo.Antigamente, além de Olívia, Bruna era a única mulher que podia se aproximar de Diogo. Ela podia sentar-se no colo dele e flertar como se fossem amantes, fazer piadas inofensivas, e Diogo nunca ficava bravo com ela.Todos ao redor de Diogo naturalmente acreditavam que ele a gostava e a mimava.Mas Bruna sabia bem a verdade: ela não era nada. Não era sequer digna de amarrar os sapatos de Olívia.Para Diogo, ela não passava de um substituto barato. Quando estava de bom humor, ele brincava com ela para satisfazer seus próprios desejos. Mas, quando estava irritado, ele a maltratava como se fosse um nada, e com um simples gesto poderia destruí-la completamente.Por isso, ela parou de se aproximar dele por conta própria. Até mesmo cruzar o olhar com ele a deixava aterrorizada.Cauã entregou o envelope
Caso contrário, ele provavelmente iria até lá e, na frente de Olívia, transformaria Charles em um farrapo humano com uma arma!— Sr. Diogo, com todo o respeito. — Cauã disse enquanto guardava a seringa e enxugava o suor da testa. — Acho melhor o senhor evitar usar isso no futuro. Embora essa substância traga alívio imediato e até um certo prazer, ainda é uma droga experimental. O País M ainda nem concluiu os testes clínicos. A gente não sabe quais podem ser os efeitos colaterais.— Eu sei. Foi só desta vez. Não usarei mais. — Diogo fechou os olhos, soltando um suspiro pesado. — Um traficante de drogas nunca seria controlado por elas.A verdadeira substância que consumia sua alma não era a droga... Era Olívia.— Essas fotos, mande anonimamente para Érico. — Um sorriso maligno, quase insano, surgiu nos lábios de Diogo, como se fosse um veneno mortal, recheado de ódio e insanidade. — Érico adora a filha, não vai ficar de braços cruzados enquanto ela repete os mesmos erros e cai no mesmo a
Benjamin engoliu em seco. Charles pediu uma arma com a mesma casualidade de quem pede um café.— O País T tem um outro apelido: Terra sem Lei. Se Tristão está fugindo para lá, isso significa que ele conhece bem o local. Pode ser que ele tenha cúmplices esperando por ele, então não podemos baixar a guarda. Essa viagem pode ser muito perigosa.Após essas palavras, ambos ficaram com expressões tensas.Nesse momento, o celular de Charles vibrou. Era uma ligação de Felipe.Charles, com uma expressão séria, encerrou a chamada com Benjamin e atendeu o telefonema.— Chad, amanhã à tarde o presidente do Grupo J terá uma reunião por videoconferência conosco. Trata-se da nossa futura cooperação estratégica e da nossa expansão no País M. Eu e você precisamos participar. — Felipe disse, com o tom frio e autoritário de sempre.Sem hesitar, Charles respondeu:— Amanhã, tenho algo muito importante para fazer. Não poderei participar.— O que você está dizendo? Que pode ser mais importante do que isso?