O fato de os duzentos milhões de Tânia estarem no Banco País R indicava claramente que aquele dinheiro era fruto de corrupção. Se ela pôde sacar essa quantia tão facilmente, era porque as somas que ela desviou, provavelmente de várias fontes dentro do Grupo Marques, já deviam ter atingido números astronômicos. Além de desviar dinheiro da empresa, Tânia também aceitava subornos usando seu status de esposa do presidente.— Dante, esse dinheiro já foi transferido para o Tristão? — Charles perguntou, seu olhar penetrante.— Sim, já foi.— Ele já retirou?— Ainda não. Com uma quantia dessas, ele vai precisar de um caminhão para carregar. Se ele sair andando com essa grana toda, vai chamar muita atenção. E ele ainda precisa fugir.Charles assentiu levemente.— Certo. Entre em contato com a polícia agora e peça para congelarem a conta do Tristão.— Sim, senhor, Presidente Charles! — Dante se levantou imediatamente para executar a ordem.Congelar uma conta era uma tarefa simples para a polícia
— Não pode? — Charles fixou seu olhar no de Benjamin, a voz rouca. — Eu não posso fazer o que todo casal quer fazer com minha futura esposa?— Somos todos adultos aqui, se vocês dois estão de acordo, ninguém tem nada a ver com isso. Mas... Você usou proteção? — Perguntou Benjamin.— Proteção? — Charles franziu levemente o cenho.— Você usou camisinha? Na última vez, você usou? — Benjamin perguntou sem rodeios. Afinal, entre homens, falar desse tipo de coisa não era tabu, especialmente porque ele sabia que seu amigo, apesar da imagem de durão e implacável, era praticamente um novato em questões de relacionamento, e sua única experiência até então era com Olívia.Charles respondeu com sinceridade:— Não. Da última vez, eu estava sob efeito de drogas, nem teria como lembrar disso.— E dessa vez?— Controlei... Ejaculando fora.— Cara, se seus milhões de espermatozoides estiverem a todo vapor, ejacular fora não adianta muito. Ela ainda pode engravidar. — Benjamin passou o braço pelo ombro
Gilbert estava realmente preocupado com sua irmã problemática. Ele pensou em ir até lá para impedir o que poderia acontecer e dar uma surra em Charles, o homem que já havia machucado sua irmã profundamente no passado. No entanto, foi interrompido por Bernardo.— Mano, deixa pra lá. O que adianta você ir agora? A noite já passou, eles não são mais crianças. O que tinha que acontecer já aconteceu, e se tiver que acontecer de novo, você acha que vai conseguir evitar?— Como assim? — Gilbert olhou para ele, surpreso. — Você está apoiando os dois?— No mínimo, não apoio a Vivia com o Diogo. — Respondeu Bernardo, sem rodeios.— Mesmo assim, você só está propondo que ela aceite o menos pior. Charles e Diogo, nenhum dos dois é o homem certo para ela. — Gilbert balançou a cabeça, frustrado.— Mas pelo menos o Charles é sincero com ela. Ele já pisou na bola, não vou negar, mas também tem se esforçado para compensar os erros que cometeu no passado, colocando sua vida em risco para protegê-la. Ag
Bernardo recolheu o cigarro com um movimento ágil e se levantou de forma despreocupada, pegando uma tigela e bebendo um gole sem muita cerimônia.— Muito aguada.Gabriel estreitou os olhos, quase explodindo de raiva. Estava a um passo de virar a mesa de centro.Como podia? Érico era um homem poderoso, pai de filhos que eram verdadeiros exemplos de sucesso, mas Bernardo... Bernardo parecia um caso à parte, um verdadeiro espírito livre, uma aberração genética!Bernardo saiu da sala bocejando, deixando Gilbert e Gabriel sozinhos. A atmosfera mudou instantaneamente, o silêncio se instalou, criando uma tensão quase palpável no ar.Gilbert, no entanto, não levantou nem o olhar para ele, tratando Gabriel como se fosse invisível. Aquela indiferença, aquela frieza, desestruturava completamente o homem, acostumado a conquistar corações com um simples olhar ou sorriso.Gabriel, que já tinha visto e lidado com todo tipo de pessoa, não conseguia decifrar as intenções de Gilbert. Será que ele estav
Com um estrondo, Gabriel foi arremessado contra a estante de livros. Vários volumes despencaram ao chão, e um deles o acertou na cabeça, fazendo seus ouvidos zumbirem de dor.— Ai... Gilbert! O que você está fazendo?— Eu avisei, mas você não quis ouvir. — Gilbert respondeu, vendo que ele se machucara, mas mantendo seu semblante impassível. — Gabriel, é verdade que minha irmã pediu sua ajuda, mas isso não significa que você pode fazer o que quiser comigo. O que aconteceu naquela noite, acabou ali. Se você se comportar, continuamos como parentes. Mas se fizer isso de novo, nem eu sei do que sou capaz.Gilbert nunca foi conhecido por ser uma pessoa paciente. Na verdade, ele era o mais temperamental de todos os filhos da família Bastos. Se fosse dez anos atrás, qualquer homem que ousasse se aproximar dele dessa maneira já teria seus tendões cortados, sem hesitação.— Gilbert... Então você não vai assumir o que fez comigo naquela noite? — Gabriel apertou os punhos, sua voz tremendo de indi
Maia não conseguiu esconder sua preocupação.— Gilbert, naquele dia você tem que ir junto. Aconteça o que acontecer, vamos fazer de tudo para proteger a Vivia. Não podemos deixar que ninguém a prejudique!— Isso é certo, tia Maia. Obrigado por me contar tudo. — Respondeu Gilbert, com um olhar firme.Assim que ele saiu, Maia entrou no quarto.— Gabriel, o que aconteceu aqui? Você brigou com o Gilbert?Gabriel estava agachado, recolhendo os livros que haviam caído no chão, de costas para Maia. Sua voz saiu abafada, quase como um resmungo.— Não, está tudo bem.— Não me venha com essa! O barulho foi tão grande que eu ouvi lá de fora. Só não consegui ouvir sobre o que estavam falando. Gilbert é um homem tão calmo, em todos esses anos nunca o vi perder a paciência. E você, em poucos dias, já conseguiu tirá-lo do sério? Com certeza, a culpa é sua!Ao ouvir isso, Gabriel se exaltou.— Eu? O que eu fiz de errado? Foi o Gilbert que me tratou mal!— Gabriel! Não venha com essas desculpas esfarra
Olívia abaixou os cílios delicados e afastou a mão quente dele.— Vai abrir a porta primeiro.Ela disse, passando ao lado de Charles, sem sequer olhá-lo. Ele percebeu que havia algo errado em seu comportamento, como se ela guardasse algum ressentimento.Olívia correu até a entrada e abriu a porta.— Bianca!— Sra. Marques!Com uma mala simples na mão, Bianca jogou o pacote no chão e, emocionada, abraçou Olívia com força.— Ai, Sra. Marques… Eu senti tanta falta da senhora! — Apesar de seus mais de cinquenta anos, Bianca chorava como uma criança.— Eu também senti sua falta. Mas agora, vendo você tão bem, fico aliviada. — Olívia disse, com a voz embargada, enquanto acariciava as costas da Bianca com carinho.Nesse momento, Charles também apareceu, surpreso ao ver Bianca ali. Mas ele não precisou de explicações para saber que foi Olívia quem a chamou.— Bianca, o Sr. Charles não tem se sentido muito bem ultimamente. Eu ando com muitas coisas para fazer, então pensei em pedir sua ajuda pa
Olívia saiu do banho, fez sua rotina de cuidados com a pele e se jogou na cama, soltando um suspiro profundo.Antes, ela jamais se deixaria abalar por um homem. Provavelmente já estaria saindo para se divertir com seus irmãos, curtindo a noite sem preocupações. Mas, depois de ouvir a conversa entre Charles e Benjamin naquela manhã, uma tristeza profunda tomou conta dela. O que ela menos queria agora era ver a cara de Charles.Ela sabia que não podia culpar Charles completamente pela perda do filho, mas, no fundo, ainda não conseguia superar isso. Mesmo que não falasse sobre o assunto e tentasse não pensar nele, aquilo estava sempre lá, como uma ferida que nunca cicatrizava.O som de batidas suaves na porta interrompeu seus pensamentos. Ela pensou que Charles estava vindo perturbá-la de novo, então fechou os olhos e se escondeu debaixo do cobertor, decidida a ignorá-lo.— Sra. Marques, sou eu. A senhora já dormiu? Eu trouxe um copo de leite quente, se ainda estiver acordada, por que nã