— Eu só estava pensando na conversa que tive com o seu irmão esta noite. Foi realmente intrigante. — Essa foi a última vez. — Charles ainda se arrependia de ter permitido o encontro entre os dois. Ele apertou Olívia contra si com mais força. — Não vou deixar você ter contato com meu irmão novamente. Isso foi um acidente, não pense mais nisso. — Quem está pensando demais aqui é você. — Olívia ergueu o rosto corado, os olhos brilhando de malícia. Com o dedo delicado, cutucou o peito dele. — Aqui, ainda está doendo de ciúmes? Charles segurou a mão dela e depositou um beijo suave na palma. — Hm, agora está bem melhor. — Não há motivo para tanto alarde. — Ela se ajeitou, encontrando uma posição confortável sobre o peito dele. — E, para ser honesta, você está pensando de forma muito simplista. Você acha mesmo que seu irmão vai passar o resto da vida no País M? Mais cedo ou mais tarde, ele vai voltar. Pense bem: primeiro, ele convenceu Andrew e Fred a negociarem com o Grupo Marques;
Stéphanie piscou os olhos, lançando um olhar para o jantar farto que havia preparado e, em seguida, voltou-se preocupada para Samara. Eles haviam combinado que jantariam juntos naquela noite, os três. Desde a tarde, Stéphanie estava ocupada organizando tudo. Samara, mesmo não sendo muito habilidosa na cozinha, tinha ajudado como podia, correndo de um lado para o outro. Mas, ao ver Benjamin tão apressado, com cara de quem não ficaria para o jantar, Stéphanie não se incomodou por si mesma. O que a preocupava era que Samara pudesse ficar decepcionada. — Benjamin, você não vai jantar em casa? — Perguntou Samara, franzindo levemente as sobrancelhas, os olhos piscando de maneira quase infantil. Benjamin sorriu de forma carinhosa. Sem pensar, aproximou-se dela, pousando a mão grande e quente sobre os cabelos macios de Samara, bagunçando-os levemente. — Hoje à noite eu tenho um compromisso. Não vou poder jantar aqui. — Não dá para... Adiar um pouquinho? — Samara ergueu os cílios lo
Samara ficou parada, olhando para o carro de Benjamin desaparecer na escuridão. Só depois que as luzes traseiras sumiram por completo, ela desviou o olhar. Stéphanie aproximou-se dela, com passos leves. — Srta. Samara. — Hm? — Samara virou-se para encará-la. — Obrigada por falar por mim hoje. Obrigada mesmo... — A voz de Stéphanie quase falhou, e seus olhos ficaram vermelhos. Ela trabalhava para Benjamin desde jovem. Começou como empregada doméstica, depois tornou-se secretária e, por fim, guarda-costas pessoal. Passou por treinamentos severos e enfrentou situações perigosas. Todo esse histórico a tornou uma pessoa fria, indiferente a quase tudo e todos, exceto pelo próprio patrão. Mas a chegada de Samara havia mudado algo dentro dela. Pela primeira vez, Stéphanie experimentava um tipo de calor familiar que nunca havia sentido antes. Apesar de ser oficialmente sua empregada, ela tratava Samara mais como uma irmã, alguém que ela queria proteger e mimar. — Stéphanie, eu sei
Uma humilhação tão direta assim deixou Hélio completamente sem chão! Ele conhecia bem Benjamin: um sujeito frio, arrogante e imprevisível. Mesmo sabendo disso, ele achava que, agora que o sobrinho estava prestes a assumir a presidência da empresa, talvez fosse demonstrar um pouco mais de moderação — ainda mais na frente de Osvaldo. Mas, pelo visto, Benjamin era incapaz de maneirar, nem um pouco! Osvaldo, como avô, sentiu vontade de repreender o neto. Contudo, ao refletir, percebeu que nada do que Benjamin dissera estava errado. Ele próprio também desprezava o comportamento de Hélio e os amigos inúteis que ele costumava trazer para perto. Assim, limitou-se a tossir discretamente e beber um gole d’água, tentando disfarçar o desconforto. Íris, por outro lado, não conseguiu conter o constrangimento. Com a testa franzida, soltou uma repreensão. — Benjamin, que jeito é esse de falar com o seu tio? Mostre um pouco mais de respeito! — Haha... Ah, Íris, não diga isso do Benjamin. Para
Hélio lançou um olhar ressentido para a esposa, achando completamente desnecessário ela trazer esse assunto à tona naquele momento. Por mais que Samara fosse filha de Tânia, ela também era sangue de Felipe e, sem dúvida, uma legítima herdeira da família Marques. Apesar de considerar manipular aquela garota como parte de seus planos, no fundo, Hélio não queria que Benjamin realmente se casasse com Samara. Um casamento como esse seria uma união oficial entre duas grandes famílias, transformando Felipe no sogro de Benjamin e fortalecendo ainda mais a posição dele. Isso era tudo o que Hélio queria evitar. Ele precisava pensar em uma estratégia. Tinha que seguir dois caminhos possíveis: ou usava Samara para chantagear Benjamin e impedi-lo de assumir a presidência, ou aceitava que Benjamin se tornasse presidente, mas de forma alguma poderia permitir que ele se casasse com alguém da família Marques. As palavras de Benjamin fizeram o ambiente da sala de jantar pesar. Osvaldo franziu as
A voz de Benjamin subiu alguns tons, e uma veia saltou em sua testa. — Além disso, quando Tânia cometeu os crimes, Samara nem havia nascido. Ela é completamente inocente! O senhor não pode julgá-la com preconceito! — Os erros de uma geração podem não atingir diretamente a próxima, mas as consequências certamente a influenciam. — A voz de Osvaldo soou dura, sem deixar espaço para apelos. — Tânia criou essa menina. Que tipo de pessoa ela pode ser? Não precisamos ir muito longe. Veja Chica, a filha mais velha. Quantas vezes ela já não usou a reputação da mãe para intimidar os outros, até mesmo sua irmã? Sua mãe demorou para me contar essas coisas. E Samara, sendo irmã dela, criada pela mesma mãe, pode ser muito diferente? Íris prontamente concordou. — Isso mesmo! Exatamente o que eu penso! — Vovô! — Benjamin cerrou os dentes, tentando controlar a raiva que queimava dentro dele. — O senhor só encontrou Samara uma única vez. Nem sequer conversou com ela. Nunca tentou conhecê-la de v
— Benjamin! Você enlouqueceu? O que está dizendo? — Íris tremia de raiva, a voz quase falhando de tão alterada. Osvaldo encarou Benjamin diretamente, os olhares dos dois se cruzando como lâminas prontas para o embate. A tensão era palpável, como se a qualquer momento o ar pudesse explodir. Osvaldo sabia que este era o pior cenário que poderia imaginar: seu neto estava cada vez mais poderoso, forte a ponto de ameaçar sua própria autoridade. Benjamin já demonstrava sinais de que poderia ofuscar o domínio do avô sobre a família e a empresa. Osvaldo sentia o peso da idade, percebendo que, aos poucos, estava perdendo as rédeas. Hélio, por sua vez, tinha ambição, mas carecia de habilidade. O futuro do Grupo Júnior, inevitavelmente, estava nas mãos de Benjamin. Mas ceder? Isso era impossível. Ser ameaçado pelo próprio neto era uma humilhação intolerável. Como chefe da família, ele não podia permitir que sua liderança fosse desafiada daquela forma. Nesse momento, o celular de Hélio co
A atmosfera estava tensa, o ar parecia prestes a se transformar em gelo. Avô e neto não cederam um ao outro, e a situação já havia chegado a um ponto difícil de contornar.— Ah, haha... Ora, papai, Benjamin! Foi tão difícil juntar toda a família para um jantar. Vamos parar com isso! — Disse Hélio, com um sorriso conciliador, enquanto se aproximava de Osvaldo, ajudando-o a se sentar e massageando seus ombros. — Papai, Benjamin tem se esforçado tanto para administrar o enorme Grupo Júnior. Ele trabalha dia e noite, sem descanso. Ele é o maior pilar da nossa família! Benjamin olhava para ele com frieza, sem esconder o desprezo em seus olhos. Conhecia muito bem aquele sorriso falso e sabia que Hélio não estava planejando nada que prestasse. — Pense bem, papai. Em todos esses anos, Benjamin já pediu algo ao senhor? Osvaldo franziu a testa e, por um breve momento, parou para refletir. Seu primogênito havia falecido cedo, deixando Benjamin como o único neto homem da família. Desde jovem