Samara ficou parada, olhando para o carro de Benjamin desaparecer na escuridão. Só depois que as luzes traseiras sumiram por completo, ela desviou o olhar. Stéphanie aproximou-se dela, com passos leves. — Srta. Samara. — Hm? — Samara virou-se para encará-la. — Obrigada por falar por mim hoje. Obrigada mesmo... — A voz de Stéphanie quase falhou, e seus olhos ficaram vermelhos. Ela trabalhava para Benjamin desde jovem. Começou como empregada doméstica, depois tornou-se secretária e, por fim, guarda-costas pessoal. Passou por treinamentos severos e enfrentou situações perigosas. Todo esse histórico a tornou uma pessoa fria, indiferente a quase tudo e todos, exceto pelo próprio patrão. Mas a chegada de Samara havia mudado algo dentro dela. Pela primeira vez, Stéphanie experimentava um tipo de calor familiar que nunca havia sentido antes. Apesar de ser oficialmente sua empregada, ela tratava Samara mais como uma irmã, alguém que ela queria proteger e mimar. — Stéphanie, eu sei
Uma humilhação tão direta assim deixou Hélio completamente sem chão! Ele conhecia bem Benjamin: um sujeito frio, arrogante e imprevisível. Mesmo sabendo disso, ele achava que, agora que o sobrinho estava prestes a assumir a presidência da empresa, talvez fosse demonstrar um pouco mais de moderação — ainda mais na frente de Osvaldo. Mas, pelo visto, Benjamin era incapaz de maneirar, nem um pouco! Osvaldo, como avô, sentiu vontade de repreender o neto. Contudo, ao refletir, percebeu que nada do que Benjamin dissera estava errado. Ele próprio também desprezava o comportamento de Hélio e os amigos inúteis que ele costumava trazer para perto. Assim, limitou-se a tossir discretamente e beber um gole d’água, tentando disfarçar o desconforto. Íris, por outro lado, não conseguiu conter o constrangimento. Com a testa franzida, soltou uma repreensão. — Benjamin, que jeito é esse de falar com o seu tio? Mostre um pouco mais de respeito! — Haha... Ah, Íris, não diga isso do Benjamin. Para
Hélio lançou um olhar ressentido para a esposa, achando completamente desnecessário ela trazer esse assunto à tona naquele momento. Por mais que Samara fosse filha de Tânia, ela também era sangue de Felipe e, sem dúvida, uma legítima herdeira da família Marques. Apesar de considerar manipular aquela garota como parte de seus planos, no fundo, Hélio não queria que Benjamin realmente se casasse com Samara. Um casamento como esse seria uma união oficial entre duas grandes famílias, transformando Felipe no sogro de Benjamin e fortalecendo ainda mais a posição dele. Isso era tudo o que Hélio queria evitar. Ele precisava pensar em uma estratégia. Tinha que seguir dois caminhos possíveis: ou usava Samara para chantagear Benjamin e impedi-lo de assumir a presidência, ou aceitava que Benjamin se tornasse presidente, mas de forma alguma poderia permitir que ele se casasse com alguém da família Marques. As palavras de Benjamin fizeram o ambiente da sala de jantar pesar. Osvaldo franziu as
A voz de Benjamin subiu alguns tons, e uma veia saltou em sua testa. — Além disso, quando Tânia cometeu os crimes, Samara nem havia nascido. Ela é completamente inocente! O senhor não pode julgá-la com preconceito! — Os erros de uma geração podem não atingir diretamente a próxima, mas as consequências certamente a influenciam. — A voz de Osvaldo soou dura, sem deixar espaço para apelos. — Tânia criou essa menina. Que tipo de pessoa ela pode ser? Não precisamos ir muito longe. Veja Chica, a filha mais velha. Quantas vezes ela já não usou a reputação da mãe para intimidar os outros, até mesmo sua irmã? Sua mãe demorou para me contar essas coisas. E Samara, sendo irmã dela, criada pela mesma mãe, pode ser muito diferente? Íris prontamente concordou. — Isso mesmo! Exatamente o que eu penso! — Vovô! — Benjamin cerrou os dentes, tentando controlar a raiva que queimava dentro dele. — O senhor só encontrou Samara uma única vez. Nem sequer conversou com ela. Nunca tentou conhecê-la de v
— Benjamin! Você enlouqueceu? O que está dizendo? — Íris tremia de raiva, a voz quase falhando de tão alterada. Osvaldo encarou Benjamin diretamente, os olhares dos dois se cruzando como lâminas prontas para o embate. A tensão era palpável, como se a qualquer momento o ar pudesse explodir. Osvaldo sabia que este era o pior cenário que poderia imaginar: seu neto estava cada vez mais poderoso, forte a ponto de ameaçar sua própria autoridade. Benjamin já demonstrava sinais de que poderia ofuscar o domínio do avô sobre a família e a empresa. Osvaldo sentia o peso da idade, percebendo que, aos poucos, estava perdendo as rédeas. Hélio, por sua vez, tinha ambição, mas carecia de habilidade. O futuro do Grupo Júnior, inevitavelmente, estava nas mãos de Benjamin. Mas ceder? Isso era impossível. Ser ameaçado pelo próprio neto era uma humilhação intolerável. Como chefe da família, ele não podia permitir que sua liderança fosse desafiada daquela forma. Nesse momento, o celular de Hélio co
A atmosfera estava tensa, o ar parecia prestes a se transformar em gelo. Avô e neto não cederam um ao outro, e a situação já havia chegado a um ponto difícil de contornar.— Ah, haha... Ora, papai, Benjamin! Foi tão difícil juntar toda a família para um jantar. Vamos parar com isso! — Disse Hélio, com um sorriso conciliador, enquanto se aproximava de Osvaldo, ajudando-o a se sentar e massageando seus ombros. — Papai, Benjamin tem se esforçado tanto para administrar o enorme Grupo Júnior. Ele trabalha dia e noite, sem descanso. Ele é o maior pilar da nossa família! Benjamin olhava para ele com frieza, sem esconder o desprezo em seus olhos. Conhecia muito bem aquele sorriso falso e sabia que Hélio não estava planejando nada que prestasse. — Pense bem, papai. Em todos esses anos, Benjamin já pediu algo ao senhor? Osvaldo franziu a testa e, por um breve momento, parou para refletir. Seu primogênito havia falecido cedo, deixando Benjamin como o único neto homem da família. Desde jovem
Quando Benjamin chegou em casa, já era noite avançada. Stéphanie estava saindo da lavanderia com uma cesta de roupas nas mãos. Ao ver o patrão chegar, largou o que fazia para ir recebê-lo. — Samara já foi dormir? — Perguntou Benjamin, enquanto tirava o paletó e o jogava despreocupadamente para ela, o rosto iluminado de alegria. — Já sim, senhor. — Ah... — Ele suspirou, com uma ponta de desapontamento, mas logo voltou a sorrir, os olhos brilhando. — Então amanhã cedo eu conto para ela. Stéphanie piscou algumas vezes, intrigada. — Sr. Benjamin, alguma boa notícia? — Meu avô concordou. — Os olhos de Benjamin cintilavam, e sua voz tremia de emoção. — Ele finalmente concordou que eu me case com a Samara! — É sério? — Stéphanie mal conseguia conter as lágrimas de felicidade. — Parabéns, senhor! Finalmente o senhor e a Srta. Samara vão ficar juntos como sempre sonharam! Não há notícia melhor do que essa! — No caminho de volta, minha mãe me ligou. Disse que também aceitaria a
No instante seguinte, o coração de Samara se contraiu em um espasmo violento, como se tivesse levado um choque. Seu rosto, antes corado, empalideceu de repente. Parecia um passarinho assustado, tremendo sobre o galho de uma árvore. Ela mordeu os lábios e, quase sem perceber, soltou a mão de Benjamin.O homem prendeu a respiração por um breve segundo e, de forma quase possessiva, voltou a segurar a mão dela com firmeza.— Eu estar com a Samara, e daí? O que isso tem a ver com você? — Benjamin arqueou uma sobrancelha, sua expressão carregada de sarcasmo. O olhar frio e cortante cravou-se no rosto de Chica, que sorria com uma ponta de malícia mal disfarçada. — Srta. Chica, nunca imaginei que você fosse tão tradicional assim. Isso realmente não combina nada com o seu comportamento habitual.O coração de Chica deu um salto. Ela gaguejou, nervosa:— Vo-você está inventando coisas!— Inventando? Não me faça rir. Basta sair de Vila dos Lagos e perguntar para qualquer pessoa do círculo social d