O céu cinzento estava carregado, e desde cedo uma chuva fina e constante caía sobre a cidade. Um clima melancólico, mas perfeito para visitar o cemitério e prestar homenagens aos que partiram.Olívia e Charles estavam novamente no túmulo de Camila. O casal levou flores, limpou o local, ocupados como se fossem se reunir com a mãe dele para um almoço em família.Embora Camila estivesse debaixo da terra, o cuidado e a saudade que eles demonstravam certamente faziam com que ela não se sentisse só.— Mãe, eu e a Vivia finalmente vingamos você. Tânia foi condenada à pena de morte. Vinte anos de injustiça, finalmente encerrados. — Charles apertou a mão de Olívia com força, o olhar firme. — O tempo faz justiça, e o destino cobra seu preço. Espero que agora a senhora possa descansar em paz.O casal inclinou-se profundamente diante da lápide, em um gesto de respeito e amor.De repente, passos lentos e ritmados ecoaram pelo caminho de pedras, aproximando-se aos poucos.— É o vovô! — Olívia virou-
Olívia e Charles acharam que o avô realmente sabia como ser mordaz com as palavras. Mas, honestamente, ele estava certo. Era exatamente o que eles queriam dizer.— Pai, Camila era minha esposa! Eu só vim visitar o túmulo dela. Por que vocês todos me tratam com tanta hostilidade? — Felipe finalmente perdeu o controle, quase se desmanchando diante do pai.— Sua esposa? Sua esposa não é a criminosa condenada à morte, Tânia? — Haroldo soltou uma risada sarcástica.O rosto de Felipe ficou vermelho de raiva, e ele apertou os punhos com tanta força que as unhas quase perfuraram a palma de sua mão.Durante vinte anos, Haroldo nunca havia reconhecido Tânia como nora. Mas agora, ao chamá-la assim, com um tom de escárnio, ele não estava apenas humilhando Felipe, mas também aprofundando suas feridas.— Pai... A verdade sobre a morte de Camila demorou vinte anos para vir à tona. Você acha que isso não me machucou também? — Felipe gritou, com os olhos vermelhos e a voz trêmula. Ele bateu com força n
Ao ouvir isso, Olívia e Charles trocaram um olhar cúmplice, como se seus corações ressoassem na mesma frequência. Felipe observava suas silhuetas se afastando, seu rosto completamente pálido, como se tivesse sido banhado da cabeça aos pés por um balde de água gelada. …Do lado de fora do cemitério, três carros de luxo alinhavam-se. Olívia e Charles entraram no primeiro, enquanto Haroldo acomodou-se no segundo. Pouco tempo depois, Felipe saiu do portão, com o semblante abatido, acompanhado por Robinson. — Sr. Felipe. — Caio aproximou-se com respeito e disse, inclinando levemente a cabeça. — O Sr. Haroldo pediu que o senhor suba no carro. Ele gostaria de conversar com o senhor. Os olhos de Felipe escureceram, sua expressão tornando-se ainda mais sombria. Dentro do carro, pai e filho sentaram-se lado a lado, mas o silêncio construiu uma muralha invisível entre eles. — Pai, o que mais o senhor tem para me dizer? — Perguntou Felipe, com a voz baixa. — Agora que Tânia confess
Como todos sabiam, Haroldo, embora tivesse deixado o cargo de presidente do Grupo Marques, ainda detinha ações e era o controlador de fato de várias empresas, além de presidente honorário. A Elo Forte e a Espaço Alfa continuavam sob seu controle pessoal. Felipe, por diversas vezes, tentou se envolver nesses negócios, mas Haroldo nunca lhe deu qualquer oportunidade. Agora, no entanto, ele simplesmente entregava tudo de bandeja para Charles! Era uma demonstração clara de favoritismo único, um gesto que proclamava ao mundo que Charles era o escolhido, o herdeiro natural do Grupo Marques. — Por que está calado? Não está satisfeito com a minha decisão? — Perguntou Haroldo, com frieza no olhar. — O senhor tomou essa decisão, certamente após muita reflexão. — Felipe hesitou por um instante antes de continuar. — Mas Chad ainda é jovem, e o senhor está lhe entregando muito... Tenho receio de que isso o sobrecarregue, dispersando sua atenção e prejudicando o desenvolvimento dele no futuro.
— Sr. Diogo, esta é a Blue Mountain da Jamaica, que chegou hoje de manhã por transporte aéreo. O senhor acha que o sabor lhe agrada? Com mãos finas e delicadas, Magnolia movia-se com maestria sobre o tabuleiro de café, seus gestos elegantes transformando o preparo em um espetáculo de arte. Em poucos minutos, uma nova xícara foi colocada suavemente diante de Diogo. O aroma encorpado da bebida preencheu o ambiente, misturando-se com a névoa que subia da superfície quente. Magnolia, com seu rosto ao mesmo tempo radiante e frio, parecia uma contradição harmoniosa. Sua pele, imaculadamente clara, não tinha a menor imperfeição. Mas, pensando bem, as pessoas ao redor do senhor nunca eram comuns. Cada um ali era moldado à perfeição, cuidadosamente lapidado. Qualquer falha, qualquer deslize, e já teriam desaparecido do mundo sem deixar vestígios. — Muito obrigado, Srta. Magnolia. — Diogo ergueu a xícara, mas seus olhos, carregados de uma expressão complexa, permaneceram fixos no rosto d
— Tânia já está fora do jogo, uma peça completamente descartada. — Diogo estreitou os olhos, sua voz cheia de frieza. — Agora, no Grupo Marques, só Charles reina absoluto. Não há mais ninguém para equilibrar o poder. Tenho receio de que Felipe, por culpa ou pela pressão de Haroldo, acabe cedendo ainda mais espaço a ele. Se isso acontecer, Charles terá um controle imbatível. — Jogue. — A voz do homem atrás da cortina foi calma, enquanto ele movia uma peça no tabuleiro. Diogo apertou os lábios e, antes de fazer sua jogada, o homem voltou a falar, com um sorriso enigmático. — Sr. Diogo, você está tão ansioso para que eu volte... É mesmo por minha causa? Ou seria para ter mais um aliado, um reforço para os seus próprios planos? Será que você quer me usar contra Charles, para que ele tropece e, assim, facilite o seu caminho até Olívia? — Não, senhor! — Diogo respondeu imediatamente, sentindo o suor frio ensopar seu terno. — Eu sou completamente leal ao senhor, jamais faria algo assi
— Você não está me dizendo que ficou com medo, está? — Magnolia soltou uma risada sarcástica. — O que você fez no País F, até eu sei de cor e salteado. Agora, é só encontrar algumas pessoas para sacrificar em nome de uma causa grandiosa, algo que será lembrado para sempre. Não me diga que está hesitando? O olhar sombrio de Diogo cravou-se direto no rosto dela, onde um misto de sarcasmo e desprezo dançava livremente. Essa mulher não tinha absolutamente nada de Vivia. Vivia era a luz em sua vida sombria, a única chama que iluminava o abismo gelado em que vivia. Ela era sua borboleta delicada, seu anjo. Magnolia, por outro lado, não passava de uma ferramenta fria e calculista, um objeto bonito e eficiente que o "senhor" havia encontrado, moldado para obedecer sem questionar. — Magnolia, não fale assim. — A voz do homem atrás da cortina era calma, quase gentil, mas carregada de uma autoridade que não podia ser ignorada. — Afinal, vidas humanas estão em jogo. É natural que o Sr. Dio
— Srta. Bruna, há quanto tempo. Continua deslumbrante como sempre. — O homem lançou um olhar tranquilo para o rosto de Bruna, sereno como a luz da lua, enquanto sorria com leveza. — Agradeço o elogio, senhor. — Bruna respondeu com os cílios abaixados, a voz equilibrada, sem humildade ou arrogância. — Não é à toa que o Sr. Diogo passou anos moldando você. Tão delicada, serena e elegante. Às vezes, penso que você é Olívia. Você é, sem dúvida, o substituto mais perfeito que já vi. Bruna permaneceu impassível, mas seus olhos se tornaram densos como tempestades silenciosas. A palavra "substituto" fez com que todos os elogios anteriores do homem soassem como pura ironia. Diogo ignorou a provocação e abriu o pequeno baú que trouxera. Com cuidado, revelou o objeto que estava dentro. — Este é um vaso de porcelana com pintura em esmalte e design vazado, adquirido em um leilão no País Y. Um pequeno presente, espero que goste. Magnolia arqueou uma sobrancelha com leve surpresa. Ela