Hebe vestiu a camisa branca de Breno com alegria. Era tão larga que parecia um vestido oversized. Ela deu uma volta leve em frente ao espelho, girando com os braços abertos, tão radiante que parecia mais feliz do que em qualquer vestido luxuoso que já tivesse usado.De repente, o som do celular tocando a fez dar um pequeno salto de susto.Hebe caminhou devagar até a cama, tentando não fazer barulho. Quando pegou o celular e viu o nome da mãe na tela, seu coração disparou. Ela hesitou, nervosa, mas sabia que não podia ignorar. No fim, decidiu atender para não preocupá-la.— Hebe, por que você ainda não voltou para casa? Onde você está? — A voz de Glória soava claramente preocupada.— Eu... Eu estou bem, mãe, de verdade.— Onde você está agora?— Estou em Yexnard... Estou com o Breno. — Hebe respirou fundo, reunindo coragem antes de continuar. — Mãe, hoje à noite eu não vou voltar. O Breno não está bem, eu quero ficar com ele.Do outro lado da linha, o silêncio veio como uma onda pesada,
— Não! Nunca pense assim! Estar ao seu lado me faz feliz todos os dias. Nunca me senti injustiçada! — Hebe segurou o rosto molhado de Breno entre as mãos, seus olhos começando a brilhar com lágrimas inquietas. Ela sentia como se cada gota que ele derramava caísse diretamente em seu coração, deixando marcas profundas.Ninguém conhecia a força de Breno melhor do que ela. Ele havia enfrentado desafios ao lado de Gilbert e Olívia por tanto tempo, abrindo caminho para eles como uma lâmina poderosa em meio às adversidades. Mas agora, por causa dela, por causa do que aconteceu naquele dia, aquele homem tão imponente, que sempre mantinha a cabeça erguida, havia se refugiado na cozinha para chorar em silêncio. Quão devastado ele precisava estar para que sua armadura se quebrasse, revelando tamanha vulnerabilidade?Breno abaixou os cílios úmidos, sua voz rouca e carregada de dor:— Hebe, você é a filha querida da família Bastos, o tesouro do Sr. Érico e da Sra. Glória, a irmãzinha amada de todos
Breno envolveu Hebe em seus braços com uma ternura que transbordava pelos olhos. Palavras firmes e carregadas de emoção saíram de seus lábios, uma a uma:— Eu posso carregar o sobrenome Vieira, mas no momento em que eles te atacaram com aquelas palavras cruéis, deixei de ter qualquer ligação com a família Vieira.Hebe sentiu o coração apertar, dividida entre a emoção e a preocupação.— Breno...— Eu não tenho mais uma família. — Ele soltou uma risada baixa, carregada mais de alívio do que de tristeza. — Daqui em diante, Breno é só Breno. O Breno da família Vieira... Esse morreu.— Quem disse que você não tem uma família? — Hebe franziu as sobrancelhas, interrompendo-o ao pressionar delicadamente o dedo contra seus lábios. — Enquanto você tiver a mim, terá um lar. Minha família agora é sua também....Sob o brilho suave da lua, os dois dividiram a mesma cama. Tudo aconteceu de forma natural, mas nada além disso. Breno, como sempre, manteve-se respeitoso. Ele vestia um pijama de mangas c
O céu cinzento estava carregado, e desde cedo uma chuva fina e constante caía sobre a cidade. Um clima melancólico, mas perfeito para visitar o cemitério e prestar homenagens aos que partiram.Olívia e Charles estavam novamente no túmulo de Camila. O casal levou flores, limpou o local, ocupados como se fossem se reunir com a mãe dele para um almoço em família.Embora Camila estivesse debaixo da terra, o cuidado e a saudade que eles demonstravam certamente faziam com que ela não se sentisse só.— Mãe, eu e a Vivia finalmente vingamos você. Tânia foi condenada à pena de morte. Vinte anos de injustiça, finalmente encerrados. — Charles apertou a mão de Olívia com força, o olhar firme. — O tempo faz justiça, e o destino cobra seu preço. Espero que agora a senhora possa descansar em paz.O casal inclinou-se profundamente diante da lápide, em um gesto de respeito e amor.De repente, passos lentos e ritmados ecoaram pelo caminho de pedras, aproximando-se aos poucos.— É o vovô! — Olívia virou-
Olívia e Charles acharam que o avô realmente sabia como ser mordaz com as palavras. Mas, honestamente, ele estava certo. Era exatamente o que eles queriam dizer.— Pai, Camila era minha esposa! Eu só vim visitar o túmulo dela. Por que vocês todos me tratam com tanta hostilidade? — Felipe finalmente perdeu o controle, quase se desmanchando diante do pai.— Sua esposa? Sua esposa não é a criminosa condenada à morte, Tânia? — Haroldo soltou uma risada sarcástica.O rosto de Felipe ficou vermelho de raiva, e ele apertou os punhos com tanta força que as unhas quase perfuraram a palma de sua mão.Durante vinte anos, Haroldo nunca havia reconhecido Tânia como nora. Mas agora, ao chamá-la assim, com um tom de escárnio, ele não estava apenas humilhando Felipe, mas também aprofundando suas feridas.— Pai... A verdade sobre a morte de Camila demorou vinte anos para vir à tona. Você acha que isso não me machucou também? — Felipe gritou, com os olhos vermelhos e a voz trêmula. Ele bateu com força n
Ao ouvir isso, Olívia e Charles trocaram um olhar cúmplice, como se seus corações ressoassem na mesma frequência. Felipe observava suas silhuetas se afastando, seu rosto completamente pálido, como se tivesse sido banhado da cabeça aos pés por um balde de água gelada. …Do lado de fora do cemitério, três carros de luxo alinhavam-se. Olívia e Charles entraram no primeiro, enquanto Haroldo acomodou-se no segundo. Pouco tempo depois, Felipe saiu do portão, com o semblante abatido, acompanhado por Robinson. — Sr. Felipe. — Caio aproximou-se com respeito e disse, inclinando levemente a cabeça. — O Sr. Haroldo pediu que o senhor suba no carro. Ele gostaria de conversar com o senhor. Os olhos de Felipe escureceram, sua expressão tornando-se ainda mais sombria. Dentro do carro, pai e filho sentaram-se lado a lado, mas o silêncio construiu uma muralha invisível entre eles. — Pai, o que mais o senhor tem para me dizer? — Perguntou Felipe, com a voz baixa. — Agora que Tânia confess
Como todos sabiam, Haroldo, embora tivesse deixado o cargo de presidente do Grupo Marques, ainda detinha ações e era o controlador de fato de várias empresas, além de presidente honorário. A Elo Forte e a Espaço Alfa continuavam sob seu controle pessoal. Felipe, por diversas vezes, tentou se envolver nesses negócios, mas Haroldo nunca lhe deu qualquer oportunidade. Agora, no entanto, ele simplesmente entregava tudo de bandeja para Charles! Era uma demonstração clara de favoritismo único, um gesto que proclamava ao mundo que Charles era o escolhido, o herdeiro natural do Grupo Marques. — Por que está calado? Não está satisfeito com a minha decisão? — Perguntou Haroldo, com frieza no olhar. — O senhor tomou essa decisão, certamente após muita reflexão. — Felipe hesitou por um instante antes de continuar. — Mas Chad ainda é jovem, e o senhor está lhe entregando muito... Tenho receio de que isso o sobrecarregue, dispersando sua atenção e prejudicando o desenvolvimento dele no futuro.
— Sr. Diogo, esta é a Blue Mountain da Jamaica, que chegou hoje de manhã por transporte aéreo. O senhor acha que o sabor lhe agrada? Com mãos finas e delicadas, Magnolia movia-se com maestria sobre o tabuleiro de café, seus gestos elegantes transformando o preparo em um espetáculo de arte. Em poucos minutos, uma nova xícara foi colocada suavemente diante de Diogo. O aroma encorpado da bebida preencheu o ambiente, misturando-se com a névoa que subia da superfície quente. Magnolia, com seu rosto ao mesmo tempo radiante e frio, parecia uma contradição harmoniosa. Sua pele, imaculadamente clara, não tinha a menor imperfeição. Mas, pensando bem, as pessoas ao redor do senhor nunca eram comuns. Cada um ali era moldado à perfeição, cuidadosamente lapidado. Qualquer falha, qualquer deslize, e já teriam desaparecido do mundo sem deixar vestígios. — Muito obrigado, Srta. Magnolia. — Diogo ergueu a xícara, mas seus olhos, carregados de uma expressão complexa, permaneceram fixos no rosto d