Quando voltou para casa, Yasmin estava exausta. Depois de desabafar tanto com Olívia e chorar até não ter mais forças, ela simplesmente desmaiou na cama, dormindo direto até a tarde do dia seguinte. Quando acordou, encontrou a casa vazia. Sua mãe havia saído para trabalhar na casa da vizinha. Yasmin, sem ânimo para sair, decidiu ligar para o dono da loja de costura onde já havia trabalhado e encomendou alguns tecidos. Ela queria começar a fazer a mochila para Dante. Se fosse outra pessoa, talvez ela não se desse ao trabalho de realizar algo tão trabalhoso. Mas, quando Dante fez o pedido, havia algo na sinceridade do olhar dele, na forma cuidadosa e genuína com que falou, que fez Yasmin se sentir tocada. Desde então, ela não conseguia tirar isso da cabeça e queria terminar o mais rápido possível. À noite, o dono da loja ligou de volta, informando que os tecidos já estavam a caminho. Ele havia pedido a um funcionário para entregá-los na porta de sua casa. Yasmin agradeceu e começou
Viaturas da polícia e ambulâncias se aglomeraram na entrada do antigo conjunto habitacional. Os moradores, alarmados com a notícia de uma invasão violenta, formaram uma pequena multidão de curiosos, cochichando entre si em tom de preocupação. Vasco, que não conseguia deixar de se preocupar, ordenou que sua equipe levasse o criminoso para a delegacia enquanto ele acompanhava a ambulância até o hospital com Dante e Yasmin. No caminho, ele ainda fez questão de ligar para Charles e Olívia, avisando sobre o ocorrido. Dentro da ambulância, Yasmin estava deitada, ainda desacordada. O oxigênio do respirador ajudava a estabilizar a respiração, mas o rosto pálido dela, que já não tinha mais os tons arroxeados causados pela asfixia, era de partir o coração. — Yasmin... Por favor, não me deixe... Não desista. Dante, mesmo com o rosto inchado e coberto de hematomas, não se preocupava nem um pouco com sua condição. A única coisa que importava naquele momento era a garota. Ele segurava sua
Hospital do Grupo Bastos.Olívia e Charles chegaram às pressas assim que receberam a notícia e trataram de providenciar tudo o necessário. Graças ao atendimento rápido, Yasmin conseguiu sair do estado crítico e, agora, estava em um quarto comum. Dante, por sua vez, apesar de estar com o rosto machucado e o braço esquerdo quebrado, não havia sofrido ferimentos graves. Ficou internado em um quarto ao lado do de Yasmin. Mas ele não tinha a menor intenção de descansar. Assim que o gesso foi colocado no braço, Dante ignorou todos os avisos médicos e correu até o quarto de Yasmin, ansioso para saber como ela estava. Enquanto isso, Vasco, depois de assegurar que tudo estava sob controle no hospital, voltou imediatamente à delegacia. Ele fazia questão de interrogar pessoalmente o criminoso que havia tentado assassinar a testemunha. No quarto de Yasmin, o Dr. Álvaro havia vindo especialmente para examiná-la. Charles envolveu a cintura de Olívia com um dos braços, puxando-a para perto
— Nossos movimentos foram meticulosos. Não vazamos nenhuma informação. — Os olhos de Charles escureceram, o tom de voz carregado de frieza. — Imagino que alguém da família Moura tenha colocado olheiros próximos às casas das duas testemunhas. Eles estavam monitorando cada passo delas. Quando perceberam que fomos atrás de Yasmin, ficaram com medo de que ela testemunhasse contra eles. Por isso, decidiram agir rápido para eliminá-la. — Desgraçados! — Olívia e Dante exclamaram em uníssono. — Gael está detido na delegacia, sem contato com o exterior. Então, quem está por trás disso? Será que foi o Diogo? — Dante perguntou com raiva, apertando os punhos. Olívia balançou a cabeça levemente, ponderando. — Não foi o Diogo. Entre todos na família Moura, ele é o que mais quer ver aqueles desgraçados se afundarem. Ele jamais ajudaria o Gael. Aposto que foi o Jair, junto com gente como o Tiago. — Foi Jair. Só pode ter sido ele. — Charles afirmou, firme como uma rocha, os olhos brilhando co
Charles sentiu um aperto no peito e imediatamente olhou para Olívia: — Vivia, eu vou falar com eles. Ele sabia que, naquele momento, o nome de Olívia estava sendo arrastado por rumores maldosos e que havia uma enxurrada de críticas contra ela. Estavam em um hospital, um ambiente delicado, e qualquer confronto com os familiares das testemunhas poderia piorar ainda mais a imagem pública dela. Charles estava disposto a lidar com qualquer coisa — críticas, ofensas, ameaças. Ele suportaria tudo. Mas não queria que sua mulher precisasse enfrentar aquilo. Só de pensar nisso, seu coração doía. — Chad, eu entendo o que você quer dizer. — Olívia segurou a mão dele entre as suas e, com um sorriso tranquilo, tentou acalmá-lo. — Mas eles vieram aqui para falar comigo. Além disso, se eu não tivesse pedido para Yasmin se envolver, nada disso teria acontecido. Eu tenho a obrigação de me desculpar e de mostrar que estou disposta a ajudar. Você sabe que eu nunca fujo das minhas responsabilidades
— Eu sei... Eu sempre soube! E daí? — Fabiane tremia da cabeça aos pés, quase em um surto histérico. — Eu prefiro assim... Antes isso do que ver minha filha sofrer qualquer ameaça, qualquer perigo! A vida dela finalmente tinha voltado ao normal, tudo estava melhorando! Mas vocês... Vocês vieram e bagunçaram tudo! Quase tiraram a vida da minha filha! Vocês, esses capitalistas arrogantes, que só pensam no próprio conforto, acham que podem controlar o destino dos outros! Quem vocês pensam que são? O coração de Olívia foi atravessado por uma dor aguda. Ela era rápida com as palavras e tinha argumentos para rebater cada acusação, mas, naquele momento, sua garganta estava travada por um misto de culpa e indignação. Queria falar, mas não conseguia emitir som algum. — A senhora é ingênua demais. — Charles segurou firme a cintura de Olívia, que tremia levemente, enquanto sua expressão permanecia implacável. — Vocês só estão conseguindo viver em paz agora porque o Grupo Moura está em um caos
Na tarde seguinte, Yasmin finalmente despertou do coma. Ao abrir os olhos, viu sua mãe e também Dante, que permanecera ao lado de sua cama desde a noite anterior, esperando pacientemente que ela acordasse. A jovem, emocionada e tocada pela cena, lançou-se nos braços de Fabiane. As duas choraram juntas, mãe e filha, unidas novamente após o susto. Dante, que até então mantinha-se firme, sentiu os olhos marejarem. Talvez fosse a idade ou o peso do momento, mas não conseguiu conter uma lágrima solitária que logo tratou de enxugar discretamente. — Mãe, não importa o que a senhora diga, eu não vou mudar de ideia. — Yasmin, com um gesto suave, enxugou as lágrimas da mãe. Seu olhar, porém, era resoluto. — Eu já decidi. Vou depor como testemunha. Meu destino é meu, e se eu mesma não lutar por ele, nem Olívia nem Charles poderão me ajudar. Fabiane engasgou no choro. — Yasmin... Meu coração não aguenta te ver assim. — Mãe, se a senhora realmente se importa comigo, então, por favor, não
— Eu também achei que fosse o Jair ou o Tiago. Mas, sem sombra de dúvida, foi alguém do próprio círculo do Gael. — Vasco estreitou os olhos, visivelmente desconfiado. — E tem mais: estou começando a achar que o Gael está tramando alguma coisa. Por via das dúvidas, mandei minha equipe monitorar de perto cada passo do advogado dele nos últimos dias. Até agora, o sujeito não fez nada fora do normal. Chequei até os registros de chamadas e não há nenhuma ligação dele com o assassino. — Isso é estranho. — Olívia murmurou, franzindo a testa. — Será que algum subordinado do Gael agiu por conta própria? Pra proteger o chefe, com medo de que algo vazasse? Ele tem capangas tão leais assim? De repente, ela soltou uma risada fria. — Ou será que... Foi o Jair quem deu o golpe e usou o Gael como bode expiatório? — Você acha que ele usou o “método do Gael” pra matar? — A voz de Charles era grave, carregada de uma frieza quase cortante. — O Jair está com pressa. — Olívia começou a juntar as pe