Gael encarava Diogo com um ódio quase palpável, os olhos fixos naquele rosto que encenava inocência e bondade com perfeição. A raiva, que parecia subir diretamente de suas entranhas, estava prestes a explodir.Quando ele já não conseguia mais se controlar, Jair interveio a tempo, lançando-lhe um olhar discreto. Aquele olhar frio e calculista foi suficiente para trazer um pouco de lucidez à mente descontrolada de Gael.Ainda no carro, Jair já tinha deixado claro que, dessa vez, talvez não fosse Olívia quem estivesse por trás do caos.— Se a Olívia quisesse acabar com você, teria feito isso na época em que você prejudicou a irmã dela. Não teria esperado até agora. Além disso, quem sabe de todos os detalhes das suas sujeiras? Fora eu, só tem mais uma pessoa.— Quem? Quem é o desgraçado que tá querendo ferrar comigo? Vou acabar com ele, vou transformá-lo em pó!— Tábata.— É isso... Só pode ser ela! Aquela vagabunda ingrata! Deve ter me denunciado pra polícia pra conseguir reduzir a pena!
Com um sorriso afável, Jair deu um passo à frente e deu um leve tapa no ombro de Diogo, falando num tom suave:— Papai já não é mais jovem e tem andado muito desgastado ultimamente. Ele precisa descansar um pouco. De agora em diante, qualquer questão de trabalho, trate diretamente comigo. Não precisa mais incomodá-lo.— É isso mesmo, Dido. — Tiago acrescentou, concordando de imediato. — Seu irmão é o presidente da empresa. Você ainda tem muito o que aprender com ele. Aproveite essa oportunidade para trocar experiências com Jair e crescer junto com ele.Diogo manteve o olhar fixo nos olhos de Jair, que pareciam duas cavernas escuras, cheias de segundas intenções. Apesar do ódio fervendo por dentro, ele sorriu de maneira educada e até humilde:— Irmão, você realmente é muito habilidoso. Eu ainda tenho muito o que aprender com você. Espero que esse seu projeto traga resultados tão bons quanto você promete.Ao sair do escritório, Diogo caminhava pelo corredor com passos firmes e uma expres
— A Vivia de hoje, para mim, é como uma deusa sagrada, inalcançável e intocável. Eu já não consigo sequer me aproximar dela, por mais que me esforce. Essa dor de vê-la tão distante, tão fora do meu alcance, é algo que você nunca seria capaz de entender. — Diogo fechou os olhos, e seu peito pareceu se apertar, como uma prisão inquebrável. Seu coração, uma fera selvagem encurralada, batia freneticamente, tentando escapar de correntes invisíveis que o sufocavam. — Antes, eu só queria que ela fosse feliz. Mas agora... Agora eu quero sujá-la. Se ela é um anjo imaculado, quero arrastá-la para o chão, fazê-la cair do pedestal e mergulhar comigo na lama. Ele pensou com uma intensidade sombria: “Olívia, eu sou um escorpião, envenenado até os ossos. Escorpiões matam os sapos que os ajudam a atravessar o rio, porque essa é a sua natureza cruel. Mas você... Eu nunca poderia matar você. Vou amar você à minha maneira.”…Charles não demorou muito para encontrar o endereço das duas vítimas. N
— É aqui. Este é o endereço da Yasmin. — Dante disse enquanto olhava ao redor, visivelmente desconfortável.Vindo de uma família rica, Dante, apesar de anos de trabalho ao lado de Charles, raramente tinha se deparado com um ambiente tão precário como aquele. O cenário era típico de bairros humildes, com construções desgastadas e ruas em más condições. Sem seguranças acompanhando, ele estava claramente em alerta.Charles, no entanto, desceu do carro com a tranquilidade de quem estava em casa.A chuva da manhã havia deixado o chão cheio de poças e lama, e ele pisou diretamente em uma delas, sujando os sapatos de couro feitos à mão. Nem sequer olhou para baixo.— Sr. Charles! Cuidado onde pisa! — Dante exclamou alarmado, já tarde demais.— Não se preocupe. — Charles respondeu, sem dar importância.Olívia estava prestes a sair do carro quando, de repente, sentiu o mundo girar. Antes que pudesse entender, já estava nos braços de Charles.— Ai! — Ela soltou um pequeno grito, instintivamente
Olívia ergueu o olhar, e seus olhos límpidos se encontraram com o olhar intenso de Charles. Entre eles, não foi preciso dizer nada — ela o compreendia profundamente, e aquele momento de silêncio dizia tudo. Os três chegaram ao último andar, atravessaram o corredor estreito e pararam diante da porta mais ao fundo. Antes mesmo de baterem, uma senhora de idade, apoiada em uma bengala, subiu as escadas com passos cambaleantes e os encarou. Ao ver os três vestidos em elegantes ternos pretos, a idosa pareceu entrar em pânico. O corpo frágil tremia de indignação, e ela bateu a bengala no chão com força. — Vocês ainda têm coragem de aparecer aqui? Acham que só porque aqui vivem mulheres sozinhas, sem um homem para protegê-las, podem fazer o que quiserem? Já dissemos que não vamos processar mais ninguém, o que mais vocês querem? Querem destruir a vida delas de vez? Charles e Olívia trocaram um olhar rápido, e tudo ficou claro. Era óbvio: a família Moura já havia estado ali antes, amea
— Hmpf, você e aquele Gael são farinha do mesmo saco! Aposto que ele mandou você aqui para ferrar ainda mais a minha Yasmin, não foi? — Fabiane acusou, o olhar cheio de desconfiança e raiva.— Não é isso, eu...— Você também não tem boas intenções! Fez até cirurgia naquele desgraçado... Você só está ajudando um monstro! Vai embora daqui! Não volte a incomodar a Yasmin! — Os olhos de Fabiane estavam vermelhos e, com um grito de dor e indignação, despejou sua fúria em Olívia.Quando estava prestes a fechar a porta com força, Olívia, tomada pela ansiedade, foi rápida e segurou a lateral da porta.— Sra. Fabiane! Eu realmente estou aqui para ajudar a Yasmin! Por favor, me dê um minuto para explicar!A mãe enfurecida não quis saber. Pegou uma sacola de sabão em pó que estava sobre a janela e, sem pensar duas vezes, atirou-a diretamente no rosto de Olívia!Olívia sentiu o suor frio escorrer pela testa. Tentou desviar, mas era tarde demais.De repente, uma força firme a puxou para o lado. Em
Os dois se viraram imediatamente.— Hebe?Olívia arregalou os olhos de alegria, soltou a mão de Charles e correu em direção à figura solitária parada na beira da estrada. Assim que alcançou a irmã, envolveu-a em um caloroso abraço.— Quanto tempo você ficou aqui esperando? Por que não entrou? A Bianca está em casa, ela te reconheceria e com certeza te convidaria para entrar. Por que ficou aqui fora, sozinha?— Desculpa, irmã. Eu vim sem avisar... Espero não estar atrapalhando você e seu namorado. — A voz de Hebe era baixa, delicada, daquele jeito que sempre fazia o coração de Olívia se apertar.— Sua boba, que história é essa? Você nem imagina o quanto eu penso em você e me preocupo com você. — Olívia acariciou o rosto macio da irmã mais nova, sorrindo com ternura. — Meu namorado ainda comentou anteontem que, assim que terminarmos essa correria, vamos tirar umas férias juntos. Podemos até fazer uma viagem ao redor do mundo, se você quiser!Charles, que até então permanecia em silêncio,
Charles apertou suavemente a cintura de Olívia, seus dedos firmes refletindo o quanto ele se sentia impotente diante dela. Aquela mulher... Sempre cheia de ideias mirabolantes, sempre criando algo inesperado. Com ela, ele sabia, nunca haveria tédio. Passar uma vida inteira ao lado de Olívia seria uma aventura que ele jamais se cansaria de viver. — Irmã... Eu sei que você está tentando me confortar. — A voz de Hebe tremia, e seus olhos começaram a ficar vermelhos. — Mas, no fundo, eu sei que tudo isso é culpa minha. Se não fosse por mim, você nunca teria se envolvido nisso. Nunca teria sofrido as represálias da família Moura... Tudo é culpa minha. Eu sou fraca, eu fui burra... Por isso as coisas chegaram a esse ponto. Enquanto falava, lágrimas cristalinas começaram a escorrer pelo rosto de Hebe, caindo sobre suas mãos trêmulas como gotas de chuva, criando uma cena que partia o coração. Olívia olhou para Charles, fazendo um sinal sutil com os olhos. Ele hesitou por um breve segun