O casal ficou completamente atônito e, em uníssono, exclamou:— Hebe, o que você disse?A expressão de Hebe era de firmeza e determinação, como se não houvesse mais espaço para hesitação.— Não importa se for para ir à delegacia prestar depoimento ou, no futuro, para testemunhar contra o Gael no tribunal... Eu estou disposta. Se isso ajudar a fazer com que ele seja punido pela lei e que aquelas garotas finalmente tenham justiça, eu aguento qualquer pressão.O silêncio que se seguiu foi tão denso que parecia congelar o ar ao redor.Hebe acreditava que sua determinação seria recebida com entusiasmo pelos dois. No entanto, para sua surpresa, os rostos de Olívia e Charles escureceram instantaneamente. Nenhum dos dois disse uma palavra.— Gael pode não ter conseguido completar o que tentou comigo, mas o fato é que foi uma tentativa de estupro. E, se eu usar a minha posição para acusá-lo, isso vai atrair a atenção da mídia e da sociedade. Eles não vão conseguir abafar o caso. Por mais que a
Uma única frase fez o ambiente despencar para um frio glacial. Olívia arregalou os olhos, a mágoa latejando em seu peito como uma ferida aberta. A sensação amarga de injustiça fervia dentro dela, e sua voz saiu carregada de ressentimento: — Hebe, o que você quis dizer com isso? Está insinuando que eu sou alguém que só se preocupa com a segurança da minha família, ignorando o sofrimento dos outros? Que sou uma egoísta? As duas irmãs, que desde pequenas eram inseparáveis como unha e carne, pela primeira vez, estavam de frente uma para a outra com os ânimos exaltados. O coração de Charles disparava no peito, preso entre as duas, sentindo o desconforto crescer. Ele engoliu seco, tentando aliviar a tensão que parecia prestes a explodir. Tocou levemente na barra da blusa de Olívia. — Vivia, calma. Hebe nunca quis dizer isso. Não pensa assim. Não leve para o lado pessoal. — Não estou exagerando! Então ela que explique o que quis dizer! — Olívia puxou a barra de sua blusa das mãos
— Hm… O que você está fazendo? E se a Bianca aparecer? Que vergonha. — Olívia apertou os lábios, os olhos brilhando de leve embaraço.— Estou evitando que você vá pular no mar da Antártica. Achei que era melhor ajudar a esfriar a cabeça. — Charles respirava fundo, a voz rouca pelo calor do momento. — E aí, funcionou? Já está se sentindo melhor?— Mais ou menos… — Ela suspirou, mas logo o nó em seu peito voltou a apertar. — Ainda estou tão frustrada… E magoada. O olhar dela, cheio de uma tristeza delicada, fazia o coração de Charles doer.Ele segurou o rosto dela com as duas mãos, dedilhando as bochechas coradas. Suas palmas estavam quentes, transferindo para Olívia um calor que parecia ser só dela.— Olha pra você… Está tão nervosa que seu rosto está quente como febre. Vocês duas são inseparáveis, e agora, por causa de um canalha como o Gael, vocês brigaram. Não vale a pena. Por favor, não fique mais assim, tá?— Eu não consigo ficar com raiva da Hebe. — A voz de Olívia soava frágil,
— Chorar faz bem. É melhor colocar para fora do que guardar tudo no coração. — Charles apertou de leve as bochechas úmidas dela, com um sorriso suave. — Hoje à noite, você e a Hebe precisam se acalmar. Amanhã, nós dois vamos até ela e conversamos com calma. Tenho certeza de que vamos encontrar uma solução para tudo.Ele entendia cada preocupação dela, mesmo que o mundo inteiro não entendesse.Transformada em uma "chorona", Olívia esfregou os olhos com as mãos e, num tom manhoso, pediu:— Estou com fome. Faz alguma coisa para eu comer.Charles levou a mão direita ao peito e a esquerda às costas, inclinando-se como um mordomo elegante e charmoso.— Como quiser, minha rainha....No dia seguinte, Charles e Olívia voltaram a Matear para procurar Hebe.Mas, para sua surpresa, descobriram que ela sequer havia voltado para casa. Hebe havia entrado em contato com Glória, dizendo que estava resolvendo algo importante na faculdade e que, nos próximos dias, ficaria no dormitório.Os dois se entre
Naquele momento, Hebe estava sozinha na frente da delegacia do distrito leste de Yexnard. Ela respirou fundo, cerrou os dentes e deu o primeiro passo para entrar. — Moça, você veio fazer uma denúncia? — Perguntou uma policial que a recebeu no balcão. Hebe assentiu com firmeza e perguntou baixinho: — O capitão Vasco está? ... Vasco havia trabalhado por dois dias e duas noites seguidos. Naquele momento, tirava um cochilo na sala de descanso. Ao saber que Hebe o procurava, levantou-se imediatamente e foi ao encontro dela. No escritório, Hebe e Vasco estavam sentados frente a frente. Ela entrelaçava os dedos com força, torcendo as mãos até que os nós dos dedos ficassem vermelhos. — Hebe, o que aconteceu para você vir me procurar assim de repente? — Vasco perguntou, o olhar atento e preocupado. Apesar de serem apenas meio-irmãos, Vasco nunca tratou Hebe de forma diferente. Embora ela fosse tímida e sempre vivesse à sombra de Vivia, com quem cresceu ao lado, Vasco sempre a co
As luzes da cidade já começavam a iluminar o horizonte quando Olívia e Charles se encontraram com Breno. Os três, sem perder tempo, partiram na maior velocidade de volta para Yexnard. Durante todo o caminho, Breno não parava de ligar para Hebe. No final, o telefone dela simplesmente desligou. — Hebe, por que você não atende minhas ligações? Hebe! — Murmurava Breno, aflito, como se falasse consigo mesmo. — Breno, calma. — Charles disse, olhando para ele pelo retrovisor. Sua voz era tranquila, mas carregava um tom firme. — Já mandei o Dante e a equipe procurarem por ela na faculdade. Estamos a menos de meia hora de Yexnard. Vamos direto para lá assim que chegarmos. Enquanto isso, Olívia apertava a barra da blusa, o nervosismo evidente em seus gestos. Sua testa estava coberta por suor frio, e seus lábios trêmulos deixaram escapar um murmúrio hesitante: — Chad... Eu estou tão arrependida... Não devia ter brigado com a Hebe. — Vivia, não fale assim. — Charles rapidamente a puxou
— Vasco, sua confiança é realmente impressionante! — Olívia exclamou, levando a mão à testa, visivelmente frustrada.Charles mantinha o rosto rígido, as linhas da testa marcadas pela tensão. Enquanto pensava no próximo passo, algumas estudantes surgiram pelo portão dos fundos da faculdade, mexendo nos celulares e conversando alto. Suas vozes carregadas de deboche cortaram o silêncio como lâminas:— Meu Deus, eu vi direito? Aquela ali não é a Hebe, do curso de atuação? Ela acabou de abrir uma live acusando o Gael de estupro!Aquelas palavras caíram como um raio sobre Olívia, Charles e Breno, deixando-os completamente atordoados.O rosto de Breno perdeu toda a cor. Ele deu um passo para trás, o corpo tremendo como se tivesse levado um golpe direto no estômago.— Essa Hebe é mesmo inacreditável. Já era a maior estrela do nosso curso, chamando atenção de todo mundo. Agora, mal acabou de se formar e já está desesperada para chamar mais atenção, né? — Comentou uma das garotas com um sorriso
Olívia era irmã da Hebe?As garotas ficaram de boca aberta, paralisadas como estátuas. Até a que chorava antes já não conseguia soltar um único som.A garota de cabelos ondulados, caída no chão, tremia como uma folha ao vento. Com as mãos cobrindo o rosto inchado, suas pernas tentavam inutilmente se arrastar para trás, mas já não havia para onde fugir.Embora Hebe também fosse uma Bastos, sua postura sempre foi discreta. Ela vivia como uma garota comum, com roupas e hábitos simples. Quem poderia imaginar que ela fosse herdeira de uma das maiores fortunas do país?Os três homens observavam a cena com expressões diferentes, cada um com seus próprios pensamentos, mas todos compartilhando uma espécie de admiração.Breno, que momentos antes estava prestes a abandonar qualquer resquício de sua compostura para ensinar uma lição às garotas, ficou surpreso com a postura implacável de Olívia. Ela não hesitou em agir e fez exatamente o que ele tinha vontade de fazer.Charles, por outro lado, rela