Por que ela nunca contou para ele?Esses dias, cada segundo parecia um tormento interminável. Charles se afogava em perguntas, consumido por uma culpa corrosiva que o dilacerava por dentro.Se ele soubesse na época que ela estava grávida. Se soubesse que eles tinham perdido um filho...— Chad, por favor, não se culpe tanto. Não proteger o nosso bebê não foi só culpa sua. Como mãe... Eu também tenho minha parcela de responsabilidade.Olívia piscou os longos cílios e, em seguida, sorriu com uma serenidade que doía ainda mais nele.— Mesmo que você tivesse conseguido voltar naquela época, não teria adiantado. O importante é que o vovô está bem. Só isso já é uma bênção. Senão, eu teria me sentido culpada para sempre.Através da névoa de água quente, os olhos de Charles ficaram marejados, mas a garganta parecia cada vez mais seca. Quando conseguiu falar, sua voz saiu rouca e hesitante:— E depois? Você teve milhares de oportunidades para me contar sobre isso... Por que nunca disse nada?Olí
— Como assim? — Os olhos de Charles estreitaram-se, e ele trocou um olhar imediato e preocupado com Olívia.— Foi agora há pouco. — A voz de Dante estava tomada pela indignação. — Tiago e Jair o tiraram da delegacia. Mas não foi só isso! Eles levaram uma porção de jornalistas junto. Jair, aquele desgraçado, teve a audácia de limpar a imagem do Gael na frente da mídia. Ele disse que o Gael é inocente, que tudo foi uma armação de pessoas maldosas. Chamou isso de “um grande mal-entendido”!— O quê! — Olívia, que estava deitada, deu um salto na cama como um peixe fora de água.Charles ficou pálido, segurando-a pelos ombros e tentando mantê-la deitada.— Vivia! Não se mexa tanto! O soro pode sair da veia!— Como assim? Aquele desgraçado saiu da delegacia? — Ela pegou o celular de Charles e quase gritou. — Dante, eu e Chad já tínhamos tudo arranjado. Até o Érico sabia disso! Ele adorava a Hebe, ele jamais deixaria a família Moura agir nos bastidores. Ele nunca permitiria isso!— Sra. Marques
Poucas palavras, mas profundas como cicatrizes. Não era preciso dizer mais nada.Os irmãos finalmente haviam se reconciliado.Para Olívia, Gilbert era tão importante quanto Charles. Ela nunca quis realmente brigar com ele, mas resistir à pressão da família era algo que não podia evitar.— Mano, como aquele desgraçado do Gael conseguiu ser solto? — Ela perguntou, com o coração em chamas. — E o Érico? Como ele deixou isso acontecer?— Na verdade, eu liguei exatamente para falar sobre isso. — Gilbert respirou fundo, apertando os dentes. — A tia Glória, preocupada com a reputação da Hebe e da nossa família, conversou com o papai. No fim, eles decidiram retirar a denúncia.— Retirar a denúncia? — Olívia e Charles exclamaram, incrédulos.— Caso contrário, como você acha que o Gael teria saído da delegacia? — A voz de Gilbert carregava um peso de frustração. — E não foi só isso. A família Moura comprou várias redes de mídia em Yexnard. Eles estão publicando matérias para limpar a imagem do Ga
Charles inclinou o queixo sobre os cabelos dela, acariciando-a com delicadeza.— Meu amor, se você quer começar por ela, então vamos providenciar isso....— Hebe... Por quê? — Breno estava ajoelhado ao lado da cama, segurando as mãos suadas de Hebe entre as suas. Seus olhos estavam cheios de espanto e tristeza. — Eu posso ser seu advogado! Posso enfrentar a família Moura por você! Nós vamos vencer esse caso! Por que você desistiu? Por que recuar agora?— Breno... Me desculpe... — Hebe murmurou, abraçando os joelhos enquanto lágrimas escorriam por seu rosto. — Eu sei que você quer me ajudar, mas... Me perdoe...Quanto mais ela pedia desculpas, mais o coração de Breno parecia ser esmagado por uma força invisível. Era uma dor sufocante, como se suas próprias veias estivessem sendo torcidas.Ela não tinha culpa. A culpa era da família Moura, era daquele monstro chamado Gael!— Breno, por favor, deixe isso para lá. — Hebe implorou, com lágrimas nos olhos. — Não se envolva mais por minha ca
O coração de Breno deu um salto, e ele desceu as escadas correndo em direção à sala de estar.Érico não estava em casa naquele dia. Ao saber que a filha rebelde havia fugido novamente para encontrar Charle, e ainda por cima pulado de uma janela, ele, tomado por uma mistura de pânico e fúria, partiu às pressas para Yexnard, acompanhado de Dimitri.No entanto, no meio do trajeto, ele foi interceptado por Gilbert e Bernardo. Este último, em um ato extremo para impedir o pai de separar os dois amantes, chegou a atirar no pneu da luxuosa Rolls-Royce, um carro de milhões.O que aconteceu depois... Ninguém sabia ao certo. Para onde os dois irmãos levaram o pai, e o que se desenrolava naquele exato momento, era um mistério.Assim, a casa estava praticamente vazia, ocupada apenas pelas mulheres da família.— Mãe, vá com calma, por favor. A senhora não está bem. — Joaquim segurava Gilda, que se sentava no sofá com o rosto marcado pelo cansaço. Sua voz era cheia de uma falsa suavidade. — Agora qu
Maia, por outro lado, estava tão furiosa que teve que se segurar para não pegar um punhado de terra do vaso ao lado e jogá-lo na boca de Gilda.— Mãe! O que a senhora está dizendo? — A voz de Breno ecoou pela sala, grave e carregada de fúria. Ele desceu as escadas como um raio, parando em frente a Gilda com os olhos negros ardendo de indignação. — Como pode dizer essas coisas?Gilda, ao vê-lo de perto, notou o curativo sobre o olho esquerdo e as marcas de hematomas ainda visíveis em seu rosto. Seu coração apertou de dor, e as lágrimas começaram a escorrer.— Meu filho! O que aconteceu com você? Quem fez isso com você? Diga-me, por favor! Eu vou atrás dele, custe o que custar!Ela estendeu a mão trêmula para tocar o rosto de Breno, mas ele a afastou com um tapa seco.— Se ainda quer que eu a chame de mãe, nunca mais deixe palavras como essas saírem da sua boca! — Sua voz era tão controlada quanto cortante, mas seus olhos brilhavam de raiva. — E mais uma coisa: Hebe é minha mulher! Eu só
Mesmo que Breno quisesse ficar ao lado de Hebe, não teve outra escolha senão levar Gilda ao hospital. Afinal, por mais que amasse Hebe, não podia ignorar a condição da mãe.Depois da intensa e tumultuada cena familiar, o enorme salão da casa ficou envolto em um silêncio sufocante, carregado de tensão.Glória segurava a gola do vestido com a mão direita, enquanto a esquerda agarrava firme o braço de Maia. Seus olhos estavam marejados, mas ela não conseguia dizer uma palavra sequer.— Glória... Você está bem? — Maia perguntou, acariciando o dorso gelado da mão da amiga.— Estou... Estou bem. — Respondeu Glória com a voz rouca e trêmula, embora estivesse longe disso.— A família Moura é um ninho de cobras, mas esses Vieira não ficam atrás! — Maia balançou a cabeça, visivelmente indignada. — E pensar que Érico os ajudou no passado. Achávamos que eles seriam gratos à nossa família, mas, no fim, criamos um bando de ingratos! Breno é um bom rapaz, mas os pais dele... E aquele irmão? Meu Deus,
Na noite seguinte, em uma casa noturna de luxo, o ambiente estava tomado por fumaça de charutos, risadas e música alta. Dentro de uma suíte VIP, Joaquim aproveitava o momento cercado por mulheres e bebidas caras. Ele parecia o retrato da satisfação, completamente no controle.Sentado à sua frente estava ninguém menos que Jair Moura, o herdeiro e atual CEO do Grupo Moura. O simples fato de ter sido convidado por Jair já era uma vitória para Joaquim, pois significava que ele havia conquistado a confiança do poderoso empresário.Agora, com Jair ao seu lado, Joaquim se sentia no topo do mundo. Ele já tinha um pé na família Marques e, agora, com a família Moura, podia jogar dos dois lados. Quem precisaria se preocupar com a família Bastos?— Sr. Jair, foi uma pequena ajuda, nada demais. O senhor é que está sendo generoso demais. — Disse Joaquim, segurando uma mulher no colo e exibindo um sorriso cheio de vaidade.— Algumas taças de vinho não são nada. — Jair respondeu, balançando o copo de