— Você está me conhecendo hoje? Não sabia que eu e as mulheres nunca somos razoáveis? — Gabriel falou com um sorriso malicioso, seus olhos brilhando de provocação.— Não vejo muitas diferenças. A única coisa que te separa de uma mulher, na minha visão, é a parte biológica. — Gilbert respondeu com um raro tom de brincadeira. — Se você fosse uma garota, até acharia bonitinho.— E agora, eu não sou? — Gabriel arregalou os olhos, fingindo indignação.— Não. Você é um coitado sem ninguém que te ame.— Que merda! — Gabriel praguejou, irritado. — As pessoas que me querem dariam a volta no Pacífico e você ainda diz que não sou amado?Gilbert ignorou a provocação e mudou o tom:— A cirurgia do Charles... Muito obrigado.Gabriel parou, piscando os olhos, surpreso com a mudança abrupta no clima.— Graças à sua ajuda, o Charles pôde se recuperar. — Gilbert respirou fundo. — Salvando o Charles, você salvou a Vivia também. Não é só ele que te deve essa, eu também te devo.— Toda vez que falam disso,
Cinco horas depois, o jato particular pousou suavemente em Yexnard.Ao chegarem ao aeroporto, uma equipe médica já estava pronta, organizada previamente por Gilbert, para levar Charles ao hospital.— Não preciso ser internado. — Charles recusou de maneira firme.— Como assim! Não pode fazer isso! — Olívia ficou furiosa. — Você prometeu que iria ao hospital para continuar o tratamento! Mentiroso!Charles suspirou, derrotado, e se aproximou para envolvê-la em um abraço apertado.— Vivia, me perdoa. Pode me bater, me xingar, fazer o que quiser... Só não me ignore, por favor.— Pois vou te ignorar sim! Mentiroso! — Olívia resmungou, encolhida nos braços dele, virando o rosto para não olhá-lo.Gilbert e os outros assistiam à cena com um sorriso divertido. Pareciam duas crianças brigando, tão teimosos e imaturos.Percebendo que Olívia estava realmente chateada, Charles ficou pensativo por um instante e, logo em seguida, seu rosto assumiu uma expressão mais séria.— Vivia, o mais importante a
Benjamin se despediu dos amigos e saiu correndo de volta para casa, com o coração acelerado. Nos últimos dias, ele fingia ser o típico homem durão, que não liga para romantismo, mas a verdade é que, quando estava sozinho, se enfiava debaixo das cobertas e ficava revendo as fotos íntimas dele com Samara. Quanto mais olhava, mais os olhos marejavam.Sem a mulher ao seu lado, Benjamin se sentia abandonado, mal comia, mal dormia, e a saudade estava prestes a consumi-lo. Ver Charles e Olívia trocando carícias minutos antes só piorou a situação: o desejo e a ansiedade que ele tentava controlar explodiram de vez....A noite já havia caído, e o céu estava pontilhado de estrelas.Durante os dias em que Benjamin esteve ausente, a temperatura em Yexnard subiu rapidamente. As plantas do jardim, antes adormecidas, agora floresciam com vigor, como se respondessem ao calor da primavera.Já fazia cinco dias que seu chefe não dava notícia, e Stéphanie estava cada vez mais preocupada. Embora tivesse m
— A Dalila disse que ela e Samara eram colegas de colégio e que tinham uma boa relação naquela época. Afirmou que, depois de refletir sobre o que aconteceu, percebeu que foi egoísta e teimosa. Por isso, veio hoje para conversar e fazer as pazes com Samara pessoalmente.— Você acredita nisso? — Benjamin perguntou com frieza.Stéphanie balançou a cabeça, sem emoção.— Não deixei ela entrar.— Então ela te bateu só porque você não deixou ela ver a Samara? — Benjamin perguntou, incrédulo.Stéphanie não respondeu.— Então tudo o que ela disse foram mentiras! — Benjamin respirou fundo, tentando conter a raiva crescente. — Está claro que a Dalila não veio aqui com boas intenções. Ela é uma cobra, fingindo ser boazinha. Quem sabe se ela até já não virou aliada da Tânia?Stéphanie deu de ombros, resignada. Ela sabia que não havia muito o que fazer.— Stéphanie, você está sempre no meio dos problemas da minha família e ainda tem que cuidar da Samara. Desculpe por isso. — Benjamin suspirou, senti
Nos últimos dias, foi a primeira vez que Samara esboçou um leve sorriso.Agora que Samara estava acordada, Benjamin não poderia simplesmente deixá-la em paz. O homem, tomado pela urgência de vê-la, não se preocupou nem em tomar banho. Enquanto tirava as roupas, suas mãos deslizavam rapidamente e buscavam seus lábios, que ele tanto desejava, até finalmente deitá-la por completo na cama.A delicada camisola de renda branca de Samara foi jogada no chão, amassada, enquanto suas pernas, levantadas pelos movimentos do homem, tremiam de leve. Na luz suave da lua, o quarto foi preenchido com a mistura de respirações ofegantes e gemidos sutis.Os amantes, conectados em corpo e alma, se entregavam um ao outro.Depois do ato de amor, ambos estavam exaustos demais para qualquer coisa. Nem banho tomaram. Cobertos de suor, eles se abraçaram e caíram no sono, sem o mínimo desconforto.— Meu amor, me desculpa... Te faço esperar demais. — Benjamin murmurou, a culpa evidente em sua voz.Por dentro, ele
— Bianca, você cuidou muito bem da casa nesses dias. Foi um grande esforço. — Charles disse, enquanto abraçava Olívia pela cintura. Os dois estavam diante de Bianca, parecendo um casal recém-chegado da lua de mel.Nenhum dos dois mencionou o fato de Charles ter ficado gravemente ferido. Bianca já era idosa, e mesmo que Charles estivesse fora de perigo, eles preferiam poupá-la de preocupações desnecessárias.Foi nesse momento que a campainha tocou. Dante apareceu carregando duas enormes caixas de comida, suando e ofegante.— Sr. Charles! Enfim consegui... Os pratos que o senhor pediu do La Vie en Rose!— La Vie en Rose? Meu Deus... Aquele restaurante é difícil de conseguir reserva. No mínimo, três horas de espera. — Olívia disse, engolindo em seco, enquanto olhava para Charles com um misto de surpresa e leve reprovação. — Por que você fez o Dante passar por isso?— Porque você estava com vontade de comer algo especial. — Charles respondeu, sorrindo.— Eu? Quando?— Na noite passada, enq
Aquele sequestro aterrorizante foi um capítulo sombrio na história do Grupo Marques, algo que ninguém da família gostava de mencionar.Na época, os dois filhos da família Marques foram sequestrados por uma quadrilha de criminosos notória em todo o país. Eles foram levados para um galpão abandonado nas profundezas de uma floresta, um lugar imundo, infestado de ratos e baratas, enquanto os criminosos exigiam um resgate exorbitante de Haroldo e Felipe.Charles não conseguia se lembrar de quantos dias passou naquele lugar. Era sujo, húmido e fedia horrivelmente. Não havia como saber quando o dia começava ou terminava. Ainda criança, ele era espancado constantemente, e para garantir que não fugissem, os sequestradores os alimentavam apenas uma vez a cada três dias. A vida ali era um pesadelo, pior que a morte.Foi em um desses momentos que seu irmão Alonso, quatro anos mais velho, encontrou uma brecha para distrair os sequestradores que estavam vigiando. Graças a esse ato, Charles teve uma
— Ele quer, ele que lute por isso! — Dante exclamou, com tanta convicção que seus punhos já estavam cerrados. — Como assim? Sem você, o Grupo Marques nunca teria chegado onde está hoje! Você dedicou tudo à empresa, até sua saúde está comprometida! Você já quase perdeu a vida ao visitar os canteiros de obras pessoalmente! E agora que as coisas estão finalmente melhorando, ele aparece para roubar os frutos do seu trabalho? Não tem cabimento! Ele pode até ter o apoio de Felipe, mas você tem o do Haroldo! Seu avô é quem tem a palavra final!— O que vocês estão cochichando aí? — Uma voz doce e brincalhona soou ao fundo. Era Olívia, que se aproximava com uma bandeja.Charles imediatamente fez sinal para Dante ficar quieto, enquanto um sorriso afetuoso surgia em seu rosto.Olívia entrou na sala, trazendo duas xícaras de café na bandeja.— Sobre o que estavam conversando? Dante parecia bem agitado. — Ela perguntou, com um sorriso curioso.— Nada demais. Ele se empolga até vendo dois cachorros