Já passava das quatro da tarde quando tomou o caminho de volta á casa grande, seguindo pela rua principal da vila.
– Não quer que um de nós a leve, professora? – indagou um dos homens que fora pegar a esposa na escola.
– Não, Armando – agradeceu sob um meio sorriso. – Obrigada, mas quero andar um pouco.
Voltou-se para a rua após um aceno de cortesia do homem. Queria muito estar a sós com seus pensamentos e dentro daquela casa não conseguia ordená-los. Desceu a rua sem perceber, em passos largos, ainda imersos em conjecturas. Penetrou instintivamente na
Nota da AutoraEssa história contém fatos verídicos, entrelaçados à trama fictícia. Datas e nomes foram mantidos no intuito de transmitir mais autenticidade ao leitor.Lady Alice Le Kyteler foi realmente acusada de bruxaria, mas fugiu para Inglaterra, salvando-se das chamas; Petronella de Meath era sua criada e foi a primeira bruxa irlandesa a ser queimada na fogueira em 1324. Earl Pembroke era dono do castelo de Kilkenny em 1192, que conheceu seu auge pelas mãos do Clã Butler, muitos anos depois. Robin MacArt foi o demônio acusado de ter se deitado com Lady Alice. O romance, entretanto, entre esses quatro personagens foi criado pela autora c
Kilkenny – Irlanda, 1324– Minha senhora... – A moça de intensos olhos azuis prestou uma única reverência à mulher na sua frente, sentada em uma cadeira recoberta de peles diante da lareira. – Não vai se deitar?– A febre cessou? – indagou, sem lhe dirigir o olhar.– Não, senhora. – Abaixou a cabeça, fitando o vestido de lã amassado entre seus dedos. Os cabelos ruivos presos á uma pequena rede, por onde fugiam alguns cachos sobre as orelhas. A pele de sardas sombreada pela luz brux
Kilkerny, maio de 1341– Conde Pembroke... – disse-lhe o criado, enquanto ele se encontrava na tina para o banho.– Diga, Adam. – Esfregou os ombros com força, sem fitar o criado.– Há um homem lá embaixo que deseja vê-lo – respondeu, com medo da represália do seu senhor.– A uma
Londres, 1666O ritmo da Pudding Lane, uma estreita rua na parte oeste do centro de Londres, corria no seu habitual. Os pequenos prédios e casas de madeira se amontoavam num corredor quase medieval, com pessoas andando apressadamente ao seu redor. O movimento no prédio mais alto da rua, onde funcionava a padaria, era intenso. Fornadas saíam praticamente a cada meia hora, com vários tipos de pães. O homem de longos cabelos escuros e olhos astutos, como uma ave de rapina, cuidava de tudo pessoalmente. Suas ordens repercutiam pelas paredes de madeira com urgência. Thomas Farriner subia agora as
Nova Orleans, 1860 – LouisianaEra uma linda manhã ensolarada de verão, com temperaturas amenas para meados de julho. O cabelo preto dela ricocheteava com a brisa enquanto caminhava pela grama verde, que se estendia além das plantações de algodão até as margens do Mississipi. O vestido de saias amplo erguido para possibilitar sua fuga da moça negra que arfava há muitos metros de distância, com uma sombrinha de tecido e renda entre os dedos, alertando-a:– Senhorita Aragón, não vá por a&i
A brisa daquela noite corria entre as árvores da fazenda dos Aragón. O louro suspirou ao descer do coche e entrar na residência, deixando a cartola e a bengala aos cuidados de um dos muitos escravos da propriedade, postado à porta. Entrou no amplo salão, onde muitas pessoas conhecidas já circulavam em vestidos e casaca. Deteve seu sorriso em muitas atenções até encontrar a morena que acabara de se desvencilhar da companhia do pai e da ama, e também o identificara em meio ás pessoas.– Sr. Pembroke. – Esticou a mão, que foi capturada pelos dedos ágeis dele. – É uma honra tê-lo aqui.– As janelas bateram fortemente com a rajada de vento frio que inundou seu quarto, acordando-a de sobressalto com o barulho seco de madeira estalada. Ela tomou consciência aos poucos do que acontecera e se ergueu da cama para fechá-las, mas foi detida alguns instantes pelo brilho da lua que se pronunciava no céu entre as nuvens escuras. Amanhã certamente choveria, analisou de pé em frente à janela. Pensara em arriscar ir até Little Channel, mesmo sem ser convidada, para saber como estava o escravo... Ou, pelo menos, teria uma desculpa para vê-lo. Afinal, ele não lhe dera notícias como prometera e ainda houve aquela visita à tarde de John. Deitou os olhos sobre o anel em seu dedo, a pedra ganhava um brilho perolado sob o luar. Amira sorriu, rodando o aro de ouro no dedo e se virou para cama quando seus olhos caíram dentro dos olhoSegredos Desvendados
– E então? – o louro indagou quando Joseph pôs os pés dentro da sala de estar de Little Channel. – Estou mais enrascado do que antes.Aiden sorriu.– Era de se esperar... – fitou-o atentamente. – John esteve aqui há poucos minutos.– O que ele queria?– Oferecer seus préstimos para caçar um lobo... Parece que suas atividades amorosas andaram despertando o ciúme alheio.