— O quê? Casar?! — Íris gritou desnorteada. — O senhor não pode está falando sério!O choque diante das palavras de seu pai era visível no rosto tenso dela, e um leve tremor era perceptível na sua voz ao se contrapor a proposta de Konstantinos. De todas as possíveis insanidades de seu pai, aquela com certeza não fazia parte delas. Seu pai não poderia estar levando o contrato de Michaels a sério. Ela jamais se submeteria a um casamento forçado só para reparar um erro que nunca fora dela.A expressão de incredulidade de Íris era uma forte evidência que ela ainda não tinha-se dado conta que o casamento, no momento, ainda era a melhor solução para os problemas de sua família. Diante dessa quase relutância em aceitar os fatos, Konstantinos disse resoluto. — Não estou falando nenhum disparate. Você sabe tão bem quanto eu, que aqui na Grécia, muitos casamentos ainda são arranjados.— Não na nossa família. — O lembrou consternada. Refeita do impacto inicial das palavras de seu pai, disse cau
A resistência de Íris não era nenhuma novidade para Michaelis. Era óbvio que a irmã não ia facilitar para eles, e isso o abrigaria a usar uma abordagem mais dura com ela, que, consequentemente, a machucaria e poderia até se tornar letal, caso ela não estivesse equilibrada emocionalmente. Era chegada a hora do tudo ou nada. Assim como Íris; Michaelis não se dava por vencido tão facilmente, e naquele momento, dobrar Íris para ele era questão de honra.Já saturado da teimosa dela, disse sarcástico.— Ora, ora! A mocinha só vai se casar por amor! — Depois de um breve riso debochado, vociferou. — Não seja ridícula. O que é que você sabe de amor? ... Nada! Desde a tua adolescência, até agora, posso contar os teus namorados a dedo; se tivestes três foi muito. As chances de você vir a escolher e casar-se por amor, são mínimas. — Acrescentou atiçando a fúria dela.— Você é muito cruel. — Disse entredentes, enquanto lutava para controlar a mão que queria alcançar o rosto de Michaelis com um ta
Mesmo consciente de que deveria ser forte para enfrentar os vendavais e remar contra a maré, Íris sentiu-se fraquejar frente as expectativas da família que esperava o consentimento dela para participar daquele jogo desumano — vidas seriam mudadas, principalmente a de seus sobrinhos, que não tinham a menor culpa disso.Amargurada, deixou o escritório de seu pai entre lágrimas. Cada palavra de Michaelis sobre si tinha o peso de uma tonelada e conscientemente ela sabia que não seria mais a mesma depois daquela noite. Com apenas algumas palavras, Michaelis conseguiu não apenas o seu “sim”, mas também derrota-la diante de toda a família.Contrariando sua decisão inicial de subir diretamente para o quarto, Íris pegou o carro e deixou a mansão sorrateiramente. Ficar em casa só iria aumentar o seu nível de estresse, e mais do que uma noite tranquila de sono, ela necessitava urgentemente respirar novos ares, espairecer, antes que sua cabeça entrasse em pane.Sem destino certo, ela percorreu al
A pequena fuga de Íris não contribuiu de maneira alguma para aliviar a tensão que a rodeava, pelo contrário, só trouxe-lhe mais aborrecimentos e o que era para ser uma noite restauradora, transformou-se em mais uma carga de estresse.O atrevimento daquele desconhecido a tirou do sério e por pouco ela não o mandou procurar alguém da laia dele para perturbar. Não era porque ela era mulher que iria deixar uma afronta daquelas passar em branco. Ele pode até considerar-se sortudo por ela não ter revidado a altura; se não fosse pela gama de problemas entulhando sua paciência, ela o teria colocado em seu devido lugar.Como de problemas já bastavam os seus, o estranho era o de menos. O dia seguinte certamente se encarregaria de arrancar a imagem daquele homem atrevido de sua mente e tudo voltaria a normalidade — pelo menos em relação àquele infortúnio.Depois de decidir esquecer aquela noite frustrada, ela deitou-se. Porém, o silêncio do quarto, ao invés de proporcionar-lhe calmaria, jogou so
Como nos dias anteriores, Íris acordou aturdida. Não saber o que a esperava mais adiante era assustador. A única coisa absurdamente certeira era que em pouco tempo ela estaria dividindo parte de seus dias com um total desconhecido, que aparentemente faria de tudo para levar a melhor as custas dela e dos filhos adotivos, dele.A vida não estava sendo justa com ela e só em pensar que teria sua rotina alterada por conta de um marido indesejado, dava-lhe vontade de jogar tudo para o alto e voltar atrás na palavra empenhada. Para aumentar ainda mais o seu desgosto em torno desse contrato de casamento; Íris descobriu que Ágata tinha uma irmã caçula e seu irmão poderia muito bem casar-se com ela, e tudo estaria resolvido. Mas, não; seu pai preferiu jogá-la aos lobos para puni-la, como forma de compensação pelos danos que ela causou a ele em sua infância, ao invés de forçar Leandro a assumir às consequências dos erros dele.Outra coisa que também a deixava furiosa era o fato de acreditar que
Íris chegou no hospital com os nervos à flor da pele, e o perfume do desconhecido impregnado em seu nariz. Ao contrário do que ela pensou na noite anterior, sua mente não o deletou no dia seguinte e isso de certo modo era preocupante, e por um momento, ela chegou a cogitar na possibilidade de o destino está armando uma armadilha para ela. Não era possível que depois de tanto tempo sozinha, aquele homem queria entrar em sua vida para tirar-lhe o pouco de sossego que ainda lhe restava. E se brincar com a cara dela já não fosse o suficiente, o mesmo destino estava se encarregando de jogar na vida dela, um marido que ela não fazia a menor ideia de quem fosse. Era muita falta de sorte para uma pessoa só. — Ela pensou ainda lutando contra o fantasma do perfume do desconhecido impregnado em suas narinas.Antes de descer do carro, ela foi invadida novamente pela vontade de jogar aquela peça de roupa fora, contudo, a imagem dele a despindo foi maior e, ao contrário de jogá-la, ela o agasalho
Pior do que o atrevimento daquele homem insolente, só mesmo ter que engolir a seco as palavras atravessadas em sua garganta, com um sorriso nos lábios. A ocasião, infelizmente, não era favorável, e ela teria que guardar seus desaforos no fundo do bolso do seu jaleco; vestir a capa de boa moça, solícita e prestativa; esmagar seu orgulho e o acompanhar até o estacionamento, para entregar-lhe a “bendita” jaqueta. Tudo isso sobre o olhar de advertência de Nikos e o olhar de gozação de Lucas, que naquele momento resolveu tirá-la para judas.Mas, como naquela altura de sua vida, ela já não tinha mais nenhum controle sobre si e nem sobre a situação; ela foi obrigada mais uma vez a amargar o fel da derrota, recolher o que lhe restou de dignidade e aguentar as piadinhas de seu amigo, durante aquela longa e maçante tarde.Mesmo sentindo-se perdedora naquele primeiro round, ela não se permitiu sair por baixo e disse sarcástica, ostentando um sorriso tão falso, quanto a boa vontade dela.— Me aco
A indignação de Íris frente à audácia daquele desconhecido era imensa, mas pior do que a ousadia dele, só mesmo o calor e o tremor que ele conseguiu deixar no corpo dela.Íris já tinha sido beijada antes, porém não com tanta intensidade, com tanta emoção e isso de certo modo, mexeu intimamente com os desejos reprimidos dela, e, se para ela já estava sendo difícil expulsar o cheiro dele de sua mente; aquele beijo então, seria praticamente impossível de esquecer, e isso poderia se transformar em um grande problema; pois entre o beijo do estranho e os desejos dela, pairava o fantasma de um noivo indesejado.O terrível estado de nervos dela estava visivelmente estampado em seu rosto, e isso também poderia se tornar um grande aborrecimento caso Lucas percebesse; de maneira que ao invés de retornar para a lanchonete, ela dirigiu-se diretamente para o seu consultório. Lá estaria livre do olhar crítico de seu irmão e do ar de gozação de seu melhor amigo.Para não preocupa-los, ela enviou uma