Como nos dias anteriores, Íris acordou aturdida. Não saber o que a esperava mais adiante era assustador. A única coisa absurdamente certeira era que em pouco tempo ela estaria dividindo parte de seus dias com um total desconhecido, que aparentemente faria de tudo para levar a melhor as custas dela e dos filhos adotivos, dele.A vida não estava sendo justa com ela e só em pensar que teria sua rotina alterada por conta de um marido indesejado, dava-lhe vontade de jogar tudo para o alto e voltar atrás na palavra empenhada. Para aumentar ainda mais o seu desgosto em torno desse contrato de casamento; Íris descobriu que Ágata tinha uma irmã caçula e seu irmão poderia muito bem casar-se com ela, e tudo estaria resolvido. Mas, não; seu pai preferiu jogá-la aos lobos para puni-la, como forma de compensação pelos danos que ela causou a ele em sua infância, ao invés de forçar Leandro a assumir às consequências dos erros dele.Outra coisa que também a deixava furiosa era o fato de acreditar que
Íris chegou no hospital com os nervos à flor da pele, e o perfume do desconhecido impregnado em seu nariz. Ao contrário do que ela pensou na noite anterior, sua mente não o deletou no dia seguinte e isso de certo modo era preocupante, e por um momento, ela chegou a cogitar na possibilidade de o destino está armando uma armadilha para ela. Não era possível que depois de tanto tempo sozinha, aquele homem queria entrar em sua vida para tirar-lhe o pouco de sossego que ainda lhe restava. E se brincar com a cara dela já não fosse o suficiente, o mesmo destino estava se encarregando de jogar na vida dela, um marido que ela não fazia a menor ideia de quem fosse. Era muita falta de sorte para uma pessoa só. — Ela pensou ainda lutando contra o fantasma do perfume do desconhecido impregnado em suas narinas.Antes de descer do carro, ela foi invadida novamente pela vontade de jogar aquela peça de roupa fora, contudo, a imagem dele a despindo foi maior e, ao contrário de jogá-la, ela o agasalho
Pior do que o atrevimento daquele homem insolente, só mesmo ter que engolir a seco as palavras atravessadas em sua garganta, com um sorriso nos lábios. A ocasião, infelizmente, não era favorável, e ela teria que guardar seus desaforos no fundo do bolso do seu jaleco; vestir a capa de boa moça, solícita e prestativa; esmagar seu orgulho e o acompanhar até o estacionamento, para entregar-lhe a “bendita” jaqueta. Tudo isso sobre o olhar de advertência de Nikos e o olhar de gozação de Lucas, que naquele momento resolveu tirá-la para judas.Mas, como naquela altura de sua vida, ela já não tinha mais nenhum controle sobre si e nem sobre a situação; ela foi obrigada mais uma vez a amargar o fel da derrota, recolher o que lhe restou de dignidade e aguentar as piadinhas de seu amigo, durante aquela longa e maçante tarde.Mesmo sentindo-se perdedora naquele primeiro round, ela não se permitiu sair por baixo e disse sarcástica, ostentando um sorriso tão falso, quanto a boa vontade dela.— Me aco
A indignação de Íris frente à audácia daquele desconhecido era imensa, mas pior do que a ousadia dele, só mesmo o calor e o tremor que ele conseguiu deixar no corpo dela.Íris já tinha sido beijada antes, porém não com tanta intensidade, com tanta emoção e isso de certo modo, mexeu intimamente com os desejos reprimidos dela, e, se para ela já estava sendo difícil expulsar o cheiro dele de sua mente; aquele beijo então, seria praticamente impossível de esquecer, e isso poderia se transformar em um grande problema; pois entre o beijo do estranho e os desejos dela, pairava o fantasma de um noivo indesejado.O terrível estado de nervos dela estava visivelmente estampado em seu rosto, e isso também poderia se tornar um grande aborrecimento caso Lucas percebesse; de maneira que ao invés de retornar para a lanchonete, ela dirigiu-se diretamente para o seu consultório. Lá estaria livre do olhar crítico de seu irmão e do ar de gozação de seu melhor amigo.Para não preocupa-los, ela enviou uma
Depois de se gladiar com Íris; Alexandro a deixou e retornou para a empresa quase voando. O resultado audacioso dele, em passar-lhe a perna e roubar-lhe um beijo estava visivelmente estampado em seu rosto, no formato de cinco dedos, onde ela fez questão de deixar suas impressões digitais como lembrete de que, quem brinca com fogo acaba queimado. No caso dele; ele saiu esbofeteado.Por outro lado, aquele tapa já deveria ser esperado e ele só lamentou por mais uma vez, ter metido os pés pelas mãos. Ficou claro para ele, que ela não era do tipo que aceitava imposição e que, se não fosse do jeito dela, nada feito.Lidar com ela era como pisar em ovos; exigia cautela, paciência e, principalmente, controle emocional, pois além de atrevida e rebelde, ela tirava qualquer cristão do sério, e, como dois bicudos não se beijam era bem provável que o casamento fajuto deles, acabasse antes mesmo de ele piscar um olho.Entrar no setor administrativo sem chamar a atenção era no mínimo impossível, poi
Depois de todo o ocorrido entre ela e o estranho que a beijou sem aviso prévio, Íris retornou para casa no final do dia, ainda amargando sua estupidez por ter-se deixado enganar por aquele belo homem.O beijo do desconhecido era outra coisa que estava tirando-lhe a paz, e mesmo tendo sido beijada no início da tarde, ele ainda queimava em seus lábios e, assustadoramente, ela ansiava pelos beijos do estranho de lábios macios.Deixando suas inquietações de lado, ela estacionou o seu carro e entrou em casa. Para sua surpresa, a família se encontrava toda reunida, em plena semana; o que era no mínimo estranho.O sorriso de deboche estampado no rosto de Catarina e Thais, ao vê-la não a agradou nenhum pouco. Geralmente quando isso acontecia era sinal de que ela ia levar uma bronca daquelas de seu pai. Contudo ela não lembrava-se de ter feito algo que pudesse contrariar ou desagrada-lo.De todas as possíveis causas de afrontas que pudessem ter feito, a única que lhe veio a cabeça foi a do des
A cabeça de Íris estava para dar um nó de tanta confusão para tentar entender o que se passou pela cabeça daquele louco para ter feito o que fez.Primeiro ele tentou seduzi-la e teve a audácia de beijá-la, para logo em seguida descartá-la como se ela fosse uma peça danificada ou imprestável.Sentir-se pisada em seu orgulho era humilhante e ela não deixaria barato. Aquele homem iria se arrepender amargamente pela infelicidade de ter cruzado o seu caminho.Para aumentar ainda mais a sua contrariedade, ela estava sendo obrigada a suportar a cara de zombaria de alguns membros de sua família.Estar diante daquela peça de roupa que despertava-lhe tantos sentimentos adversos, aumentou ainda mais a indignação dela e sem contar conversa ela a rasgou de cima a baixo.Depois de refazer cuidadosamente o embrulho, ela disse virando-se para Michaelis. — Devolva-lhe! Diga-lhe que é uma cortesia minha.— Por acaso, eu virei garoto de recado de vocês dois? — Michaelis disse ainda sustentando um risin
Depois daquela terrível discussão, não teria mais clima e nem espaço para Íris na casa de seus pais e ela pretendia sair daquele lugar – que um dia considerou como seu lar – de uma vez por todas.Mesmo triste por ter que deixar sua mãe, ela não teria mais condições emocionais para dividir o mesmo espaço com o seu pai. Apesar de ela ser uma jovem forte e decidida; ela não era de ferro: era humana, e como todos de sua espécie, ela sofria e algumas vezes era melhor entregar os pontos, como acabara de fazer. Ela podia até ser taxada de rebelde por sua família, mas não era burra e reconhecia muito bem que aquele era o momento de recolher as armas e aceitar passivamente sua derrota.Antes de deixar definitivamente a casa, ela arrancou o embrulho das mãos de Michaelis e pediu visivelmente transtornada.— Dê-me o endereço do dono dessa jaqueta.— Que merda, tu pretende fazer agora? — Seu irmão a questionou não gostando nenhum pouco da expressão no rosto dela. — Só dê-me o endereço. — Pediu