Amanda chegou à porta de seu quarto, girou levemente a maçaneta, ela esperava encontrar a filhinha escondida debaixo da cama, num daqueles acessos de brincadeiras inconseqüentes que as crianças fazem de vez em quando. Ela a princípio ficaria furiosa, mas perdoaria a filha.
— Ceci? Cecília minha filhinha, já está na hora de parar com essa brincadeira! Mamãe está aqui!
A luz azulada da tempestade lá fora iluminava mais que a vela que trazia consigo, mas nada, nada de Ceci. Estava disposta a olhar cada canto minuciosamente quando ouviu um gemido. Era sua filha? Estaria machucada?
— Mamãe? É a senhora?
A voz estava meio abafada e parecia vir da suíte.
No andar de baixo Joselina lembra-se de que a filha tinha uma lanterna, já que a que ficava na cozinha havia desaparecido, abriu uma gaveta e l&aa
Nick tenta mais uma vez abrir os olhos, era inútil, era como se algo muito pesado impedisse que suas pálpebras se abrissem. Tentou mexer-se e novamente foi em vão. Outra tentativa foi gritar por socorro e, assim como os olhos, algo também pesava sobre sua boca e garganta. Seu fim era este? Num instante estava de volta à sua casa na cidade, no instante seguinte estava num lugar frio, escuro e que o deixava imobilizado. Tentava pensar, organizar os acontecimentos, no entanto era muito difícil pensar, apenas uma coisa importava naquele momento: sair dali.Joselina estava parada olhando aquela parede, aquele horripilante mural com desenhos infantis e propósitos malignos. E as letras? Letras redondas e bem feitas, como de uma criança que treinava bastante a caligrafia. Com um nó na garganta ela observa o final da frase feita com giz de cera, o trecho onde dizia que sua filha havia sido v&
Amanda aproxima-se da banheira para ver o vulto que parecia estar com sua filha. De passos lentos e cuidadosos ela avança. Um raio caído lá fora, na tempestade, ilumina o ambiente e o brilho da faca ofusca a visão da mulher. Pode ver também que sua filha estava realmente lá, e junto com ela uma moça que não tinha ainda trinta anos, era de uma beleza exótica e seu rosto lhe era familiar.Joselina está parada no meio do quarto da filha, de um lado o mural perverso com desenhos das crianças fantasmas e um recado macabro, do outro, uma figura comprida, usando uma mortalha preta e um véu também negro. Era ela, só podia ser! Era a Antônia. Sua filha havia voltado para casa e estava viva. Isso era o que desejava com todas as forças o seu coração, mas aquela pessoa que estava ali, apesar da semelhança, parecia
Nick está na praia, sente o calor, o cheiro de maresia, o barulho das ondas... Fazia tempos que não aproveitava o seu tempo com a família, não só o pessoal de sua casa, mas os tios e primos. Era muito tímido e não brincava muito com os parentes. Ele era o mais novo e por isso não lhe davam muita importância, mas naquele dia as coisas iam mudar, sentia isso. Quatro meninos e duas meninas, todos mais velhos, adolescentes e o pequeno Nick possuía naquela ocasião apenas dez anos. — Vejam só! É o pequeno com o cabeção! Um dos garotos faz gozação, mas é interrompido por outro que lhe fala algo no ouvido. — Sabe Nick... A gente fez uma competição e eu sou o re
Os olhos de Joselina ardiam depois de tanto chorar. Continuava algemada na cadeira e via figuras incomuns a sua frente:Um casal com uma boa aparência, ao contrário dos demais, pareciam seres iluminados, eles traziam junto a si a garotinha que Joselina havia resgatado de um monstro asqueroso metade homem, metade molusco, aquela menina seria a representação de sua infância sofrida;Numa cama em estado sonolento a adolescente de nome Flora, uma jovem que se viu obrigada a entrar para a prostituição. Novamente uma versão de outra fase de sua vida;Ao lado de Flora, segurando maldosamente o seu corpo, está um homem conhecido como Senhor “T”. O sujeito era um dos proprietários do bordel onde Flora era escravizada. Veste-se com um grosseiro traje feito de couro negro, com adereços metálicos, de suas costas, curiosamente ainda saem filetes de fumaça, co
— Vamos Lucas! Não sei se teremos muito tempo. Eles podem convencer Ceci a ficar na mansão para sempre!— Pra você é fácil, as pedras e galhos não a machucam enquanto você corre, você não pode nem sequer escorregar e cair no meio de toda essa lama!— Alguém já lhes disse que és muito resmungão, um jovem lindo e resmungão!— Você me acha bonito?— Não pense besteiras numa hora dessas, somos de mundos diferentes! Temos que nos concentrar em salvar sua irmã!— Tem razão! Vamos!E Lucas continua a correr pela floresta assustadora de tantas histórias tenebrosas. A todo momento sente que está sendo observado, ouve o farfalhar das folhagens se mexendo e vê vultos por entre os troncos brilhantes com a água da chuva. Quando Lucas e Eva já estava
No meio da floresta, na clareira, os raios de sol buscam caminho entre as folhas das copas das árvores para chegar ao solo enegrecido. Apenas o vento se faz notar por muito tempo. Todos os animais residentes parecem estar descansando e ninguém nota quando uma pequena mão ergue, saindo debaixo da terra fofa, com alguns movimentos ela busca apoio e em seguida surge o corpo de um garoto pré-adolescente abraçado a uma garotinha, ambos cobertos de sujeira. O menino balança a cabeça de um lado para o outro até ouvir o próprio pescoço estalar, ele olha para baixo, para o corpinho de sua irmã.— Ceci! Conseguimos mana! Ceci?O corpinho estava frio e imóvel, o irmão a puxa para saírem do meio da terra fofa, ele a deita entre as folhas caídas no chão.— Irmãzinha! Não faz isso comigo! Responde!Lucas sacode a irmã segurand
Antes de iniciar a sua leitura quero fazer duas observações:A primeira é um aviso.Apesar das máscaras na ilustradas na capa este não é um livro infantil, trata-se de um suspense, portanto, impróprio para menores.A segunda observação é sobre o título.Apesar de ser coerente com a trama, não estou aqui em momento algum me posicionando sobre qualquer ideologia. É simplesmente uma ficção e deve ser tratada como tal.Este livro, assim como outras histórias que transcrevi, teve início em um breve sonho, onde me via como criança, brincando de pega-pega com uma linda garotinha loira e outros meninos. Corríamos por um casarão antigo que ficava em uma fazenda, mas este lugar continha uma estranheza peculiar que me deixava apreensivo, lá fora uma névoa deixava tudo com um ar fantasmagó
Ainda estava escuro quando o casal de empregados se posicionava para seus afazeres matinais, um farto café da manhã deveria ser feito, com frutas, sucos, café, biscoitos caseiros e pães, mas a mulher parecia ter outras preocupações. Ela olhava seriamente para o seu marido enquanto falava. —Vou te falar só mais uma vez: nunca mais comente sobre as crianças que moravam aqui entendeu bem? E o homem nervoso apenas acena positivamente e surpreende-se ao ver Lucas de pé na entrada da copa, o garoto teria ouvido que foi dito? Só então ele percebe que o menino estava com seus fones de ouvido. — Bom dia gente! — Bom dia jovem Lucas, dormiu bem?&nbs