Alex— O que eu quero dizer, Alex, é que você fugiu do problema, nós criamos a cobra e agora ela está se enrolando em nossos pescoços, não é só um problema familiar. A família dela criou raízes dentro da nossa empresa e Jhon teve a audácia de dizer para o seu pai, que iria desfazer a sociedade. — Que desfaça.— Você sabe que não é tão simples, ele está praticamente nos ameaçando e um escândalo nunca é bom. Você sabe bem como funciona esse mercado. Seu pai está tentando contornar a situação, ele não vai jogar você na fogueira, você é nosso filho, mas estou preocupada.Parecia um inferno, esse problema só aumentava. — Vou conversar com o pai sobre isso. Quanto a Megan, a ignore, eu não vou voltar. Ela já deve saber onde estou e agradeço aos céus por ela não ter vindo aqui.— Eu não duvido que saiba. — Suspirou. — Estou bem, mãe, como há muito tempo não estive, eu preciso dessa paz. Me perdoe por estar sendo egoísta, mas a senhora não faz ideia do quanto me fez bem me afastar de tudo
YukiDurante esses dias em que estive ensinando Alex, comecei a me sentir culpado, de certa forma, eu estava o enganando. Queria dizer o quanto o desejava, queria ter a oportunidade de abraçá-lo, provar seus lábios, comprovar se eram realmente saborosos como pareciam. Queria tocar em seu corpo, passar meus dedos sobre sua pele, deitar juntinho para sentir seu calor. Às vezes eram coisas tão bobas…Ainda não sabia o dia em que iria falar sobre isso, minha desculpa era a procura por um momento certo. Mesmo consciente disso, escolhi me enganar como se não fosse grande coisa, tudo porque eu queria prolongar aquele clima bom entre nós. Bem… estava bom em termos.No último dia em que lhe dei aula quase aconteceu, estive tão perto de sua boca, tão perto de sentir o sabor. Alex pareceu tão envolvido quanto eu. Se não fosse aquele celular… No fim, nós comemos embaixo de um clima estranho e depois de limpar minimamente a bagunça da farinha eu fui embora. Depois disso, ele agiu como se nada
YukiO que será que ele queria a essa hora? Aceitei sua ligação quando pediu e logo em seguida sua foto de perfil apareceu na tela indicando a ligação de vídeo, então apenas me sentei encostado na parede antes de atender.— Oi — ele disse sorrindo e prestei atenção em seus lábios. Um homem não devia ter um sorriso tão bonito assim.— Oi — respondi tentando esconder o fato de ter ficado eufórico com sua ligação e agradeci pelo quarto estar a meia luz.— Estava indo dormir?— Ainda não, só me deitei por um momento, minha vista está cansada de tanto ler.— Às vezes fico assim também, tem horas que as letras se embaralham, é a hora que eu costumo parar.— Você devia trabalhar um pouco menos, Alex-san, pelo que estou vendo ainda está.Ele olhou para baixo, confirmando o que eu já sabia, ele estava sentado no chão, encostado na cama.— Eu sei, mas infelizmente não depende de mim. Mas não liguei para falar disso, quero te fazer um convite.— Convite?— Sim, eu ia falar naquele dia que você
AlexDias depois…— Pensei que não vinham mais! — Emi nos recebeu com um grande sorriso apesar do puxão de orelha.— Desculpe, a culpa foi minha, compromissos familiares. — Soltei um suspiro cansado.— Sendo assim, está perdoado. — Olhou por cima do meu ombro, então me afastei para lhe dar melhor visão de Yuki.— Esse é Yuki, meu amigo e vizinho.— Então esse é o famoso Yuki? — Estendeu a mão para cumprimentá-lo. — Muito prazer, Yuki. Sou Emi, obrigada por aceitar meu convite.Talvez ele estranhasse a informalidade de Emi, mas eu falava tanto dele que ela devia se sentir íntima.— Boa noite, eu quem agradeço e, meus parabéns — respondeu gentilmente apertando sua mão. Estava feliz por apresentá-los, ansiava por isso há um tempo.— Que gentil. Entrem, a comemoração é lá dentro e não aqui na porta.— Aqui. — Entreguei um pequeno embrulho. — É um presente simples, espero que goste.— Obrigada, Alex, foi muita gentileza de sua parte. Vamos entrem, fiquem à vontade, é uma confraternização
AlexAquela sua proximidade me deixou um pouco enciumado, eu sei que não devia, mas ninguém controla certos sentimentos e Diana, claramente estava interessada nele, seus olhos castanhos chegaram a brilhar.O pior é que eu estava certo, porque em um determinado momento, me vi sobrando entre aqueles dois, então precisei sair de cena, não queria empatar nada.Peguei mais uma taça de vinho e fui para a varanda, juntei-me a um grupo de pessoas que estavam em uma conversa animada e embora eu sorrisse, minha atenção estava em Yuki. Sempre nele.E foi assim boa parte da noite, Diana me tomou Yuki. Só me aproximei dele na hora de cantar os parabéns. Estava cansado, irritado na verdade, queria voltar para o meu apartamento vazio e silencioso, acho que não me encaixava mais em lugares barulhentos.Isso poderia ser verdade, no entanto, o real motivo para minha irritação, chamava-se Nakamura Yuki e ele é mais novo que eu, além de ser solteiro, o que lhe dava liberdade de querer terminar a noite c
AlexEu sou gay…Gay…Isso ficou ecoando na minha mente sabe-se lá por quantos segundos ou minutos, não sei… — Você nunca percebeu? — perguntou me tirando daquele limbo momentâneo.Yuki deu um longo suspiro antes de olhar para fora e meu olhar cruzou com o do motorista pelo retrovisor, ele rapidamente desviou e voltou sua atenção para a pista.Ótimo. Um expectador.Não tinha palavras para dizer, simplesmente todas fugiram no momento em que ouvi aquela afirmação.E sobre perceber… sim, mas... não.É claro que Yuki já tinha dado sinais, mas sei lá, eu não quis acreditar e neguei como muitas coisas.A negação é uma grande merda.Eu realmente sou um idiota. — Não… quer dizer… em alguns momentos talvez, mas depois achei que era só impressão minha, sei lá, eu não sou a melhor pessoa para perceber as coisas.Isso era verdade, infelizmente.— Vai se afastar por saber disso? — Yuki não me olhava, seu foco ainda estava na paisagem fora do carro.Realmente eu sou um idiota. Se ele está me faz
AlexFaltando alguns quarteirões para chegar no condomínio, diminuí meus passos, correr sozinho não era tão bom.Sinto falta de Yuki, dos seus incentivos disfarçados de ofensas por ele ser mais jovem que eu, porém, se fosse apenas silencioso, eu também não me importaria. Bastava estar com ele. Sentimentos são complicados. Não falo com ele desde aquele dia, o que nem é muito tempo, isso aconteceu na sexta e hoje é domingo, mas parece que muitos dias se passaram. Dizem que homens são práticos e insensíveis, bem, para mim até podia ser até um tempo atrás, mas as coisas mudaram um pouco pois eu me sinto tão perdido que não sei o que fazer. Eu só sei que preciso conversar com ele para resolver essas questões, o problema é que tenho medo de piorar ainda mais as coisas. — Alex-san! — Virei ao ouvir meu nome, era Kaito, ele vinha apressado com uma bagagem nas costas. — Bom dia. — E aí, Kaito. Bom dia. — Ele me acompanhou e olhei a mochila com um saco de dormir nas suas costas. — Voltou ma
Alex— Tudo bem. E gosto da comida que ele faz, principalmente, o café, mesmo que Yuki tenha me ensinado inúmeras vezes, o dele ainda continua sendo o melhor. — Mudei um pouco de assunto.— Eu concordo, o café dele é igual ao da nossa mãe, toda vez que tomo me dá a sensação que foi ela quem fez. — Não sei como ele consegue, ele nem usa medidas, simplesmente coloca o pó no filtro e depois joga água. Cara, é humilhante. Só falta ele me dizer que o jeito de jogar a água é que faz a diferença.Kaito riu ao concordar e eu o acompanhei, a essa altura já estávamos subindo as escadas do condomínio. Estava ansioso para vê-lo. Não dá para negar os fatos, mas quero tentar olhar isso de maneira mais apropriada, sem machucá-lo, para isso, preciso ter uma conversa honesta com ele.Eu preciso entender primeiro o que está acontecendo entre nós, mas não supor e imaginar, quero que ele me fale de forma clara o que está sentindo, eu também lhe devo isso, quero que ele entenda minhas questões.Sim, eu s